THRASHERA





Essa entrevista ficou engavetada por muito tempo. A ideia inicial dela era saber mais sobre o primeiro álbum do Thrashera, lançada no já longínquo ano de 2014, mas o tempo é implacável e quando a banda em questão é o Thrashera, o tempo vira um grande inimigo para qualquer veículo que deseje manter a todos atualizados. Sem contar que de 2016 para cá a banda adotou a postura de NÃO ceder entrevistas para veículos virtuais, apenas fanzines impressos envolvidos realmente com a arte subterrânea, o que torna essa entrevista uma exclusiva para o Recife Metal Law. Então, como talvez seja a última entrevista deles por aqui, aproveitamos para incluir outras perguntas para falar sobre o álbum de estreia da banda e tudo que aconteceu até o momento atual, já que a banda está divulgando o seu segundo álbum de estúdio, “Morte Webbanger”, o qual apresenta um tema polêmico, misturando as críticas de sempre à questões políticas e comportamento humano em meios digitais.  

Recife Metal Law – Talvez o Thrashera seja um dos maiores representantes do que seja a cena do submundo do Metal. Doentio, rude, despojado, primitivo. A banda nasceu para ser assim, nunca se importando com a “evolução do Metal”?
Chakal -
Agradecemos o espaço grande Valterlir! Cara, essa sua definição aí nos deixa honrados. Não nos preocupamos com isso de evolução, padrão fonográfico e outras terminologias usadas por músicos. Não somos músicos! Somos apenas bêbados que curtem Rock ‘n’ Roll e se reuniram para musicar nossas ideias e ‘viagens’. E não temos nenhuma pretensão de ser citados como músicos em nenhum veículo de comunicação. Seria uma afronta maior do que o que já fazemos.

Recife Metal Law – “For All Drunks ‘N’ Bitches” foi o primeiro álbum da banda, contendo onze temas que vai de encontro a toda a frescura imposta no meio Heavy Metal. Como foi a receptividade do álbum no meio especializado?
Chakal -
O “For All Drunks ‘N’ Bitches foi a síntese do início de tudo. Seguimos aquela ideia batida de gravar Demos, regravar as músicas para o ‘debut’ e colocar mais umas novas. O material foi bem distribuído e se você chama meio especializado de fanzines, blogs e publicações independentes envolvidas com bandas sem fama, sim. O que chegou ao nosso conhecimento foram comentários bem legais. Bem acima do que nenhum de nós esperava.

Recife Metal Law – Eu sempre digo que a música do Thrashera é realmente destinada ao submundo e seus seguidores. De certa forma isso não impede que a banda se apresente em eventos de maior porte?
Chakal -
Não! Até porque, nos últimos anos, surgiram grandes festivais com estrutura muito boa no Underground. No Brasil temos uns quatro ou cinco que se destacam muito pela qualidade, organização e escolha dos ‘casts’, valorizando bandas brasileiras e muitas dessas com mais trajetória no subterrâneo. Inclusive, em 2016, tivemos a oportunidade de integrar o ‘cast’ do “Guaru Metal Fest” que, na minha opinião, é um dos maiores ‘fests’ de São Paulo, ao lado do “Setembro Negro” e “Extreme Hate Festival”. Tem outros ‘fests’ muito legais que, dependendo do ‘cast’ e condições, gostaríamos, sim, de tocar em alguma edição.

Recife Metal Law – As letras, como sempre, tratam do cotidiano, bebedeiras, orgias, destruição... No país que vivemos encontramos um pouco (na verdade muito) de tudo isso. Quem é o principal responsável por criar as letras? Já surgiu alguma ideia que não segue tal linha lírica?
Chakal -
Esse ciclo iniciado em 2010 teve várias oscilações na nossa linha lírica. Tudo que escrevemos durante esse tempo teve inspirações relacionadas a situações que vivenciamos, gostos pessoais e outras loucuras que observamos por aí. A maioria das letras sou eu quem escreve, mas muitas foram encabeçadas pelo Madcrusher (guitarra) e Sürtür Impurus (bateria). Tivemos momentos que a coisa estava indo mais na direção dos excessos, luxúria, e retratava ambientes caóticos relacionados à contracultura somados a hábitos sociais destrutivos. Em outros momentos, escrevemos sobre as mesmas coisas de forma mais depressiva, com uma dose de desesperança, e mantivemos sempre presente o que nos move, desde aquele churrasco louco lá em 2009. Heavy Metal, Rock ‘n’ Roll, Horror e mais um monte de clichês usados por um monte de gente, mas que achamos legais e nos apropriamos!

Recife Metal Law – O disco vem repleto de músicas que são um deleite para adoradores de Thrash Metal, Rock ‘n’ Roll e até mesmo Punk, como é o caso da urgente “The Black ‘n’ Roll”, que traz um pouco de cada estilo mencionado. Há alguma inspiração exterior na hora de compor?
Chakal -
Cara, no início pensávamos em fazer coisas parecidas com isso ou com aquilo que gostávamos. Como muitas bandas fazem até hoje, citávamos influências no release e procurávamos falar que gostávamos disso ou daquilo. Mas percebemos, escutando os sons, que não iríamos conseguir fazer algo que fosse identificado e acabaria parecendo que estávamos tentando ser uma cópia mal feita de algo. Não que isso importe, mas se é para ser “mal feito”, que seja algo só nosso. Eu acho que é até digno. Sempre preferimos deixar bem livre esse lance de composição seguindo as mesmas ideias e sem preocupações se irá soar repetitivo, clichê. A única regra era nós mesmo escutarmos e curtirmos. Jogamos muita coisa fora nos ensaios que ficaria até bom para ouvidos de músicos, mas não ficaria legal para ser algo nosso. Inspiração exterior tem muita coisa, cara. Cada um da banda curte uma gama enorme de coisas que às vezes coincide e às vezes não. Citar bandas aqui soa até vago.

Recife Metal Law – O ‘debut’ apresenta duas músicas em português. Isso não é novidade no Thrashera. Mas de que forma vocês procuraram encaixar, no ‘track list’, “Bar Culto ao Metal” e “Boteco Selvagem”, e qual a importância de ambas as músicas para o disco?
Chakal -
Isso foi outra coisa que não era regra e essas duas músicas aconteceram por acaso. “Bar Culto ao Metal” teria outro título e seria usada em algum lançamento futuro e “Boteco Selvagem” foi uma ‘zoeira’ de ensaio que o Madcrusher começou a tocar no intervalo e esqueceu parte do riff. Aí ficamos enchendo o saco dele. No dia de gravar o disco, ele lembrou do riff e no intervalo das gravações tocou. Paramos de gravar e usamos o resto do período para terminar a ideia só para encaixar no disco como faixa extra. Da letra, tínhamos vários fragmentos jogados numa pasta e montamos na hora de gravar. Curiosamente o som ficou com uma sonoridade melhor que das outras músicas do disco e nos surpreendeu muito quando notamos que aqueles que escutaram o disco haviam gostado desse som. Hoje, quatro anos depois do lançamento e após escutar comentários de pessoas com quem fomos esbarrando pela estrada, só dá para afirmar que cantar em português e essas duas músicas tem uma importância ímpar em tudo que rolou até aqui.

Recife Metal Law – O primeiro álbum foi lançado numa parceria entre diversos selos. Em tempos atuais, onde os ditos Headbangers preferem baixar as músicas a comprar um CD, qual foi a ajuda real que o Thrashera teve ao ter todos esses selos envolvidos nesse lançamento?
Chakal -
Isso foi sensacional. Realmente, na época, estava começando a rolar esse lance de valorização maior pelo digital e desinteresse por material físico. Ver 17 selos do Underground brasileiro se unindo para lançar um CD já nos deixou muito satisfeitos, pois foi criado um canal de distribuição automático desde a hora que o disco saiu da fábrica. No primeiro momento, começamos a ver o material em distros de várias partes do Brasil e também em alguns cantos da América do Sul. Mas o que nos surpreendeu mais foi saber que havia lojas da Alemanha, Bélgica, Japão, EUA, Espanha, Noruega e China que tiveram esse disco em suas prateleiras. Quando montamos a ideia da banda, lá nos esgotos da Zona Oeste carioca, nunca imaginamos lançar algo oficial e muito menos sabíamos que chegaria tão longe em formato físico.

Recife Metal Law – A capa ficou magnífica e transmite de forma direta o que significa o Thrashera e sua música. Tal capa foi idealizada pelo vocalista Chakal. Ela realmente tinha esse objetivo de mostrar o que a música da banda, ou apenas é uma ilustração para uma capa de disco?
Chakal -
A capa foi idealizada, na verdade, pelo Colt .45, que acabou saindo da banda antes do “For all Drunks ‘N’ Bitches” ser gravado. Ele também não pensou muito no tema associado à ilustração. Falamos o tema para o Emerson Maia que, em nossa opinião, é um dos melhores ilustradores do Brasil, e o deixamos livre para criar. Ele entregou o desenho e na hora ficou. Seria aplicado em preto e branco mesmo, mas na época sacamos os trampos de coloração que o Bitch Hunter estava fazendo e decidimos pintar. Acabou que o Bitch Hunter além de colorir a capa, gravou toda linha de baixo do álbum. Respondendo à pergunta, era para ser apenas uma capa para o disco, mas acabou mostrando o que havia dentro.

Recife Metal Law – O álbum tem pouco mais de 37 minutos, ou seja, é o tempo de execução dos velhos discos de vinil da década de 80. Existe essa possibilidade desse disco ser lançado em vinil?
Chakal -
É nosso sonho! O álbum foi relançado em cassete ano passado, mas em vinil não tivemos nenhuma proposta. Houve uma época que pensamos em lançar 300 cópias em 12”. Mas realmente o custo não cabe no bolso de quem ‘trampa’ em emprego formal e também volta e meia tá desempregado e tendo ‘responsas’ familiares. Pensamos até em fazer aquele lance de vaquinha online, mas com a fama de viciados e cachaceiros que temos, desconfiamos que seria limitador para o headbanger apoiar. Mas vamos buscar alguém disposto a lançar esse material em bolacha. Se for de São Paulo, já começamos bem falando bolacha, né? (risos)

Recife Metal Law – “For All Drunks ‘N’ Bitches” foi lançado em 2014 e mesmo ainda o divulgando, a banda continuou a fazer lançamentos. Como vocês conseguem ter tantas ideias?
Chakal -
Madcrusher, Bode de Sade e Sürtür têm muita coisa guardada e vivem compondo para outras bandas e projetos dos quais eles participam. E como nossa música é simples, não é tão difícil compor sons novos. Já temos material composto para quase dois próximos álbuns. Mas vamos revisar tudo, desconstruir músicas e refazer como sempre rola. Se dependesse de mim eu já estaria querendo gravar as ideias novas, mas decidimos juntos divulgar bem este álbum mais novo.

Recife Metal Law – Após o “For All Drunks ‘N’ Bitches”, a banda dividiu alguns splits, lançou um álbum ao vivo, participou de tributos e teve alguns materiais relançados em formato cassete. Tais lançamentos não são feitos apenas no Brasil... Como foi todo o trabalho para lançamento desses trabalhos?
Chakal -
Parece sacanagem, velho, mas te digo que muita coisa foi coincidência e surpresas agradáveis. Rolaram convites em momentos que tínhamos material gravado para uma coisa e virou outra. O álbum ao vivo foi pura cagada, foi gravado sem sabermos, recebemos um CD-R ao final do show, escutamos meses depois, mostramos para um cara de um selo de São Paulo que ‘pilhou’ e lançou o material em formato oficial limitado em 1000 cópias, rachando o lançamento com um selo da Bahia. Alguns splits nasceram de ideias conversadas em boteco e que acabaram se concretizando; outros eram convites antigos que gravamos para atender. Os dois últimos, “O Grito Sujo do Subterrâneo” e “Sem Regras & Sem Deuses”, foram os mais loucos, pois tivemos todos aqueles atrasos do Underground. Um foi idealizado no final de 2014 e só saiu em 2016, e o segundo no final de 2013 saindo só em 2017. O ‘trampo’ é bem simples: gravamos e catamos selos interessados em lançar. Todos os materiais que tivemos lançados foram alianças entre selos do Underground, desde as Demos. Nosso segundo álbum, que foi lançado agora em 2018 em dois formatos, que foi o primeiro material a ser lançado apenas por uma gravadora para cada formato.

Recife Metal Law – Depois dessa enxurrada de informações, existem mais títulos do Thrashera que serão relançados em outros formatos?
Chakal -
Ainda em 2018, o “For All Drunks ‘N’ Bitches” e o “Losers Rotten Bootleg – Alive Metal Reunion Festival” serão relançados em cassete por uma gravadora que já lançou alguns materiais da banda nesse formato, e temos mais duas propostas de splits com bandas de São Paulo que vamos decidir se iremos participar ou ajustar composições apenas para os próximos álbuns. Ainda existem algumas conversas rolando para relançamentos em outros países, mas como não tem nada concreto, vamos deixar acontecer para falar sobre.

Recife Metal Law – Apesar de a banda já ter chegado ao seu oitavo ano de estrada, ela não é muito de se apresentar ao vivo. Isso é algo proposital ou algo além?
Chakal -
Desde 2015 começamos a reduzir isso de múltiplas apresentações por diversos motivos. Infelizmente o Underground ainda é celeiro de muito pilantra e canalha que acaba se envolvendo em produção de eventos, distros, assessoria de imprensa... Para você ter uma ideia, na nossa cidade tem gente envolvida com música gospel fazendo evento de Metal extremo e sendo apoiada por uma manada de pessoas que vestem preto. Tem muita gente sem palavra que combina uma coisa e faz outra e muito pau no cu, safado e oportunista que tá nessa por sei lá o quê. E muitos desses aí nem curtem Metal. Se inserem dentro da contracultura por ser um meio agregador e que vive de portas abertas para qualquer um que mostre interesse em apoiar essa cultura, que por sua vez não recebe incentivos de praticamente ninguém aqui no país do futebol e do samba. O Metal Underground ainda continua sendo feito no esquema ‘DIY’. Mas também tem muita gente envolvida de verdade, fazendo bons ‘trampos’ e apoiando de fato as bandas que estão na correria. Mas só descobrimos a existência dessas pessoas sérias quando começamos a filtrar mais e tocar menos. De uns tempos para cá acabou sendo proposital, sim.

Recife Metal Law – Qual o principal critério para um produtor levar o Thrashera para tocar em sua cidade? A banda já chegou a cogitar em fazer alguma turnê no Brasil ou no exterior?
Chakal -
Não pedimos nada além das passagens, cerveja e um canto para cair após o evento. Já cogitamos uma turnê no Nordeste, que teria que rolar nos finais de semana. Inclusive estamos conversando com alguns amigos para tentar incluir essas datas no tour de divulgação do “Morte Webbanger”. Queremos fazer uma tour na Europa em breve. Vamos nos organizar para tirar férias juntos para dar esse rolê. Aproveitar para fazer um pouco de turismo sexual, etílico e se internar em Amsterdã uma semana usando o máximo de ‘tiricoticos’ que a carcaça suportar. Tipo ficar uns 30 dias lá e fazer umas cinco apresentações.

Recife Metal Law – Chegamos ao ano de 2018 e com ele vem o lançamento de “Morte Webbanger”. A banda, por um período, cogitou em não mais ceder entrevistas para os meios digitais, apenas para os velhos fanzines impressos. Levando-se em conta que fanzines impressos são cada vez mais raros, isso não prejudica a banda em divulgar seus lançamentos?
Chakal -
Isso prejudica uma banda que se preocupa em DIVULGAR (em caixa alta mesmo). Desde que criamos isso aqui, nossa única ideia referente à comunicação é informar as novidades, sem encher o saco dos outros com repetições (spam), ou seguindo essa ideia de que o mundo de hoje é muito dinâmico - blablabla - e tem que massificar a marca e a cara feia da gente - blablabla. Seguinte cara: Tiramos por nós mesmos. Quem se interessa por algo, vai lá nas páginas da banda, redes sociais, YouTube, Metal Archives... e busca informação. O mesmo acontece com quem curte ler fanzines impressos (uma minoria por sinal). Mas essa minoria é a que nos interessa.

Recife Metal Law – “Morte Webbanger” apresenta sete músicas cantadas em português e uma releitura de “Alive in Hell”, que integrou o 2way Split com o Flageladör. Por que a escolha em ter a maioria das músicas cantadas em português e por que regravar essa música, especificamente?
Chakal -
Nos dois últimos splits dos quais participamos, a maioria das músicas foi cantada em português e tivemos bom feedback de amigos e gravadoras que participaram lançando, além de eu me sentir mais à vontade cantando em nosso idioma. Também tem o fato do meu inglês ser uma merda e as pronúncias às vezes ficam rudes, causado entendimento diferente do que está sendo cantado.

Recife Metal Law – O título “Morte Webbanger” e as mensagens apresentadas nas capas, que foram desenvolvidas pelos artistas Edgar Franco e Guga Burkhardit, fazem uma associação violenta a um personagem que nos dias atuais é bem comum no meio Heavy Metal: O “Headbanger de internet”. O cara que não frequenta eventos, não apoia nada que esteja fora de seus interesses particulares e apresenta uma espécie de prazer agindo como ‘hater’, promovendo e alimentando ‘tretas’ que não ajudam em nada a cultura. Mas temos um contraponto: hoje a maioria dos Headbangers usa meios virtuais para viver essa cultura. Como saber se a mensagem do novo disco não será entendida como um ataque a todos?
Chakal -
Acreditamos que não. Que só vai vestir a carapuça de ‘Webbanger’, quem tiver todas as características que você citou em sua perfeita descrição do personagem. Quem é banger de verdade, se modernizou sim e sabemos disso. Mas ser Headbanger para nós nunca foi algo associado aos meios que se usa para se comunicar, o formato de áudio que escuta ou se usa ou não um visual. Headbanger é um estado de espírito. Um sentimento maior do que essa porra toda de visual e competição de quantas discografias tem mais que o outro, ou outras coisas idiotas que foram agregadas como valores a uma parcela de pessoas que se intitulam Bangers. Headbanger é emoção e ponto. Quem é sabe e não vai ficar ‘ofendidinho’ com o título do disco. E se ficar também, foda-se!

Recife Metal Law – O álbum está sendo lançado em cassete no Brasil e Bolívia, e terá uma versão em CD oficial saindo por aqui. Fale desses lançamentos e nos diga se, devido ao tempo e número de faixas, existe uma possibilidade de “Morte Webbanger” ser lançado também em vinil?
Chakal -
Em abril foi lançada uma tiragem especial em K-7 limitada em apenas 77 cópias pelo selo Balrogh Records de Brasília, onde usamos a ilustração feita pelo Edgar Franco, o que foi outra surpresa sensacional, descobrir que um artista do porte dele curtia nosso ‘trampo’. A versão em digipack limitada em 500 cópias foi lançada pela gravadora Mutilation Productions de São Paulo, que tem um trabalho já bem conhecido no Underground. A outra versão em K-7 Pro estará sendo lançada pelo selo Boliviano Maniac Force Records, que recentemente lançou Violator, Axecuter e uma enxurrada de bandas do Brasil. O lançamento dessa versão teve um atraso, mas quando essa entrevista estiver no ar, acho que já terá sido lançado. A questão do vinil foi pensada desde antes de gravarmos. A quantidade de faixas e tempo do disco foi proposital para tentarmos lançar nesse formato. Vamos ver se rola.
 
Recife Metal Law – Já li alguns comentários, em meios sociais (onde existe um grande número de “formadores de opinião”), que o Thrashera em nada acrescenta para o meio Heavy Metal e sua música é malfeita, tosca (o que praticamente diz o que falei acima sobre a música da banda). Isso, de alguma forma, afeta a banda e a sua continuidade?
Chakal -
Estamos fazendo o que queremos há oito anos e vamos continuar fazendo, independente de opiniões ou de pseudo-formadores de opinião. Até porque, as únicas opiniões que nos importam são daqueles que agregam alguma coisa, mesmo que seja apenas enchendo nossos copos com cachaça ou fortalecendo com algo que nos deixe loucos.

Recife Metal Law – Assim como na política, o Heavy Metal, no Brasil, parce que foi dividido em esquerda e direita. Eu acho que sempre deve se falar em política e o mal que os políticos nos causam. Mas agora tomaram partido mesmo. Headbangers hoje lutam por políticos e não para combater o mal que políticos, muitos deles há dezenas de anos no poder, nos faz. O que os integrantes do Thrashera acham dessa alienação e briga entre partidos no meio Heavy Metal?
Chakal -
Sinceramente, esse comportamento pós-modernista aí é mais uma característica de ‘Webbanger’. Sentimos saudades da época em que Headbangers odiavam políticos, padres e apresentadores de TV. Quando o banger debochava disso tudo. Só queria saber de encher os cornos, botar um vinil ou K-7 no “3x1”, encher as paredes do quarto com pôsteres de filmes de terror e aquelas páginas centrais das revistas Sexy, Playboy e Penthouse, e vestir uma roupa que causasse estranheza em todos do bairro. Sentimos saudades da época em que o Headbanger não precisava escrever textão no Facebook para se autoafirmar ou ter um político de estimação para balizar sua ideologia, caráter e valores.

Recife Metal Law – Apesar de o novo álbum ser de 2018, já estão nos planos do Thrashera composições para novos lançamentos, tendo em vista a velocidade com que a banda trabalha em suas composições?
Chakal -
Sim, como comentei em outra resposta, já temos músicas praticamente prontas para mais dois álbuns, já temos até as ilustrações das capas e também estamos juntando material para tentar atender à ideia de uma gravadora louca que deseja lançar um DVD até 2020. A ideia agora é divulgar o álbum “Morte Webbanger”. Em 2019 entramos em estúdio para fazer algo novo sim. Só não decidimos quando.

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Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Leonardo Pk