ONE OF THEM





Apesar de contar com 16 anos de formação, a banda gaúcha de Thrash Metal One Of Them, até o lançamento de seu EP, “Blind Faith”, em 2019, tinha apenas uma Demo lançada em 2009. Assim, pouco se ouviu falar sobre a banda durante todos os anos de formação. Mas é de se esperar que isso venha a mudar, afinal, o EP mencionado é uma bela amostra do teor explosivo contido nas músicas da banda. Atualmente formada por Alex Guterres (baixo), Jonas Koehler (bateria), Jeff Witt e Ivan Lopes (guitarras) e GG Mussi (vocal), a banda continua a divulgar “Blind Faith”, e na entrevista a seguir poderemos saber um pouco mais sobre o One Of Them e os seus planos.


Recife Metal Law – “Um Deles”. De onde veio a ideia para o nome da banda? O que de fato ele quer dizer?
Jeff Witt – Primeiramente gostaríamos de agradecer o espaço para nossa banda! Bem, O nome veio da mente brilhante do nosso ex-baterista e cofundador Zé Henrique. Ele dizia que a banda que mais odiava no mundo era Nenhum de Nós (banda daqui do Sul também). Então, quando a gente pensava em um nome, sugeriu colocarmos o inverso do nome da banda, para ele lembrar todos os dias o quanto ele odeia Nenhum de Nós! (risos) Primeiro ensaio já foi de One of Them!

Recife Metal Law – Surgida em 2004, em 2009 a banda lançou a Demo “I Am One of Them” e, em 2019, o EP “Blind Faith”. Para uma banda com 16 anos de atividades é pouco (muito pouco) o número de lançamentos. Por que isso ocorre?
Jeff –
Pois é, concordo 100%. Na verdade, a gente teve um hiato... tanto de shows como de gravação. Teve cara que achou que a banda tinha acabado. E nunca paramos. O que aconteceu é que teve troca duas vezes de guitarra e a saída do Zé Henrique. Isso fazia a gente recomeçar. Retomar as músicas. Abandonar umas que chegamos a tocar em show, mas nunca gravamos. Daí agora com a formação mais estabilizada deu para focar e sair como a gente queria.

Recife Metal Law – Conheci a banda mais recentemente, quando dela recebi o EP. E, confesso, fiquei espantado com o que foi apresentado nesse trabalho. É Thrash Metal em sua essência. Veloz, agressivo,
pesado, “na cara”. O One of Them desse EP é o mesmo One of Them da Demo, em termos musicais?
Jeff –
Diria que no EP temos nossa identidade. Temos o Thrash Old School que é o que nos move. Na Demo de 2009 tinha o Thrash Metal ali, mas tinha também o Heavy. Com o passar dos anos da para dizer que o que está no EP é o som da One of Them. Como comentei antes, umas músicas que tocávamos em show ficaram para trás. Não entraram na gravação agora. A formação atual está mais propicia para o “sarrafo”.

Recife Metal Law – Quando terminei de ouvir o EP a primeira coisa que veio a minha mente foi: “Porra! Já acabou??!”. Vocês chegaram a cogitar em lançar um álbum completo?
Jeff –
Porra! Muito obrigado! Isso é um baita elogio! Justamente para não ter que demorar mais para lançar o trabalho a gente optou por lançar com as seis músicas que mais tinham a ver com o que a gente realmente gosta. Tem uma ali que foi feita um mês antes de entrar no estúdio. Alinhamos ela na gravação – “Pulverizados”. Ainda assim ele (o EP) tem quase 30 minutos. E alguns dos álbuns mais legais do Metal tem esse tempo ou pouco mais. Então, acho que gravamos o que seria legal de mostrar.

Recife Metal Law – Notadamente, todas as músicas têm uma energia altíssima, fazendo com que o EP, como um todo, seja o grande destaque. Compondo ou em estúdio, qual era a principal meta da banda para “Blind Faith”, em termos musicais?
Jeff –
Somos, acima de tudo, fãs de Metal. A gente ama essa ‘bagaça’! E sendo da geração que viu surgir o Thrash Metal a gente queria soar bem orgânico, sem soar plástico. E as músicas, na composição, queremos
sempre trazer essa energia e agressividade do Thrash. Gravamos com o Sebastian Carsin, do Hurricane Studio, que também é um fã devotado do Metal e entendeu o que a gente queria e conseguiu captar os timbres exatamente como tinham que ser. Ele foi certeiro!

Recife Metal Law – Entre as músicas existe uma cantada em português. Ela não difere das cantadas em inglês, em termos de energia, bem como não destoa das demais. Qual foi a razão para se inserir uma música em português no EP?
Jeff –
“Pulverizados” surgiu em inglês. O Jonas (bateria) veio com a letra e tinha numa outra folha a tradução. Na hora de a gente desenvolver o som a gente achou que em português soava melhor. Mais agressiva e encaixava melhor. Daí juntamos ao fato de que bandas brasileiras que a gente é fã desde os anos 80 gravavam em português (destaco aqui Korzus e Overdose). Então, além de soar melhor, foi uma espécie de homenagem aos pioneiros!

Recife Metal Law – A faixa-título tem uma letra que fala sobre (anti) religião, fé e como isso cega as pessoas. Em um país como o Brasil, que deveria ser laico, qual a análise da importância que vocês fazem para essa música, tanto para o EP como para a banda?
Jeff –
Excelente pergunta! O Estado tem que ser laico. Impor uma religião deixa todas as outras como incorretas ou “menos aceitáveis”... As pessoas têm que ter o direito de acreditar ou não. Nossas letras tratam, de forma geral, da maldade humana, de que ela não tem limites. E a religião usada de forma incorreta gera falta de empatia (para com aquele que pensa diferente), gera intolerância, gera violência (física ou emocional). Tudo que for fanatismo cega, e quem fica cego pode perder a razão e fazer apenas o que mandam ou tentar impor o que pensa. A religião tem sido uma ferramenta de domínio e gerado violência há milênios.

Recife Metal Law – A capa do EP faz menção ao seu título, mostrando um mundo devastado pela cegueira humana. Veja bem, curiosamente a capa fez uma espécie de premonição dos dias atuais. Como a banda vê isso?
Jeff –
A arte foi feita por um cara excelente: o Jean Michel do Paraná. A gente passou os sons para ele, as letras e o cara, pow! Veio-me com essa arte que nos deixou impressionados! Realmente captou não só o nome do EP, mas o que todas as faixas tentam passar. Não só com as letras, mas também com o som. Não mudamos um ponto no que ele nos mandou. Foi de primeira. Infelizmente pareceu mesmo uma premonição... acho que ainda estamos longe de terminar tudo isso. Espero que as cidades não fiquem como a capa, mas creio que não escaparemos de algo assim um dia... espero que num futuro BEM distante.

Recife Metal Law – Mudando o foco, um pouco, no release que recebi menciona que os integrantes da One of Them cresceram ouvindo som lá nos anos 80, na Loja Megaforce (bem popular em Porto Alegre/RS). Os tempos são outros, não há como comparar, mas, depois de todo esse caos que assola o mundo, haveria a possibilidade de uma volta aos tempos áureos? De o público dar mais importância aos shows, ir às lojas, adquirir mais material das bandas?
Jeff –
Eu acho que o que se teve nos anos 80 não acontece nunca mais. Foi um momento único e fantástico. Pessoal saía de casa para ver e ouvir sons que nunca tinha ouvido antes. Era para conhecer as bandas. Curtir os sons e bater cabeça. As bandas nem tinha material para vender quase. Era o show pela diversão em si. Fomos a dezenas de festivais de colégios aqui. Tinham vários. Nem sabíamos quem ia tocar direito. Creio que vai demorar para o pessoal sentir coragem de sair de casa e se enfiar em lugares fechados para ver shows. Mas, também penso que pode haver uma demanda reprimida por eventos. Daí quando voltar ao normal o pessoal vai querer recuperar o tempo perdido. Espero que isso realmente aconteça.

Recife Metal Law – Por fim, se não for rápido; se não for Thrash, é bom?
Jeff –
(Risos) Pode até ser bom, mas não será excelente!

Contatos:
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Entrevista: Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, Mitnel Produções