PERC3PTION





São 15 anos de formação (a banda surgiu em 2007), com mudanças na formação, como é habitual em bandas, seja ela de grande renome ou do Underground, porém com o Perc3ption (isso mesmo, com um “3” na grafia) sempre se mantendo firme durante todo esse período. Tive a oportunidade de conhecer o som e, consequentemente, a banda, quando ela me enviou o ótimo “Once And For All”, lançado em 2016. O disco é o segundo da carreira do Perc3ption, tendo sido gravado por Dan Figueiredo (vocal), Glauco Barros e Rick Leite (guitarras), Peferson Mendes (bateria) e Wellington Consoli (baixo). Hoje a formação conta com o vocalista Kleber Ramalho, o qual substituiu Dan e, junto com os demais, trabalha na gravação do terceiro álbum, previsto para ser lançado agora em 2022. Saibamos mais a respeito, não só do que vem pela frente, mas da história da banda, álbum mais recente, entre outros tópicos.

Recife Metal Law - Algo que sempre me deixou curioso foi o nome da banda: Perc3ption, com um “3”. Por que grafar o nome da banda dessa forma?
Rick Leite -
Olá pessoal do Recife Metal Law! Muito obrigado pelo convite para participar da entrevista. Sobre a pergunta, quando montamos a banda existiam algumas bandas covers e empresas de outros setores que utilizavam a grafia normal para criar suas páginas e redes sociais. Como tínhamos colocado o “E” invertido no logotipo da banda, decidimos aproveitar e utilizar o “3” para que não houvesse qualquer problema futuro com o nome.

Recife Metal Law - A banda está na ativa desde 2007 e algumas mudanças, na formação, foram inevitáveis. Apenas os guitarristas Glauco Barros e Rick Leite permanecem desde o início. A que se deveu as mudanças nos postos de baterista, baixista e vocalista?
Rick -
Quando montamos a banda, tínhamos um propósito que foi amadurecendo e mudando com o passar dos anos e com as oportunidades que surgiam. Com isso os integrantes, diante da necessidade de mais dedicação e alinhamento de ideias, acabaram mudando. Acredito que é um processo natural e que faz parte em um país que não é fácil se viver de música. Temos a felicidade de ter a amizade de praticamente todos mantida ao longo dos anos e poder contar com alguns deles em participações em shows.

Recife Metal Law - Falando sobre o vocalista, hoje o posto é ocupado por Kleber Ramalho, que substituiu Dan Figueiredo, o qual foi o responsável pelos vocais no mais recente álbum, “Once And For All”. Como vem sendo o trabalho com o novo vocalista e quais as principais diferenças apresentadas nas linhas vocais? Houve uma mudança brusca?
Wellington Consoli -
Acredito que desde a entrada do Kleber no Perc3ption, todos nós criamos uma grande expectativa para iniciar os trabalhos de composições e gravações do nosso terceiro álbum. Sabíamos que ele iria agregar muito para a banda e também ao novo álbum! A banda trabalhou em conjunto na maioria das músicas novas, desde composição de melodias, letras, até solos de guitarra, que, aliás, fazendo um parêntese, tem música que tem solo de autoria dele. Fora todo talento, o Kleber é um cara muito bem humorado e divertido, é impossível ficar dez minutos ao lado dele e não dar risada. (risos) Então, respondendo como tem sido trabalhar com ele... Extremamente positivo, eu diria. Além de muito produtivo, fazemos tudo com muita tranquilidade e é garantia de boas risadas sempre. (risos) Para falar se existe diferença nas linhas vocais e se houve uma mudança brusca, antes tenho que mencionar que este álbum está muito mais maduro musicalmente falando, e grande parte disso se dá ao fato do Kleber ser um cantor extremamente versátil, sem falar da interpretação e emoção que transmite quando está cantando. Experimentamos todas as ideias possíveis para as músicas, sem nenhuma limitação. Então houve, sim, uma mudança, mas acredito que é um processo natural. Apesar disso, continuamos soando com a mesma essência de sempre do Perc3ption.

Recife Metal Law - “Once And For All”, como mencionado, é o álbum mais recente da banda e o segundo de sua carreira, lançado em 2016, em formato físico, pela Shinigami Records. O trabalho de divulgação desse disco, que já tem seis anos, foi o apropriado para difundir o nome da banda Brasil a fora?
Wellington -
O Perc3ption completou 15 anos de existência no mês de abril (2022), então acredito que posso dizer que atualmente temos um certo reconhecimento, muito mais devido aos ótimos shows de abertura que fizemos ao lado de grandes bandas, como Pain of Salvation, Amorphis, Evergrey, Grave Digger, Angra, Sepultura, entre outras, do que através da divulgação do disco propriamente dita. E, como mencionado anteriormente pelo Rick, nós passamos por mudanças na formação da banda em um momento totalmente inesperado, o que acabou comprometendo todo nosso planejamento de divulgação do “Once And For All”. Não realizamos a quantidade de shows que gostaríamos e, consequentemente, não divulgamos o disco como ele merecia. Apesar de todos estes contratempos o disco teve uma boa aceitação, tivemos excelentes resenhas nacionais e internacionais. Mas acredito, e acho seguro afirmar, que talvez o grande responsável por difundir o nome do Perc3ption Brasil a fora seja nosso terceiro álbum, que lançaremos em breve!

Recife Metal Law - Esse álbum contém nove músicas, passando de uma hora de execução, ou seja, o disco contém músicas que são bem longas e outras medianas, no que se diz respeito a sua duração. Mas o que encontramos no álbum é uma gama de variações musicais, o que torna a audição bem agradável. O que os músicos tinham em mente na hora de compor as músicas desse trabalho, no que concerne em deixar o disco agradável de se ouvir?
Glauco Barros -
Acredito que a banda sempre teve, mesmo que intuitivamente, o objetivo de fazer discos com variações climáticas. Músicas que não soassem iguais, que tivessem claro um contexto em comum, mas suas características individuais. Essa diversidade na hora de compor pode ser uma consequência dos gostos e influências diversas que temos entre os integrantes, que passam do Hard Rock ao Death/Black Metal.  

Recife Metal Law - As músicas, longas, apresentam um instrumental cheio de alternância nos andamentos, e numa mesma música encontramos a velocidade do Power Metal e as quebras de tempo e andamentos bem típicos do Prog Metal. Alguns casos são temas como “Persistence Makes the Difference”, “Braving the Beast” (maior música do álbum, com mais de dez minutos), “Magnitude 666” (música que traz bastante levadas Power Metal) e “Extinction Level Event” (essa a mais Power Metal do disco). Mesclar velocidade e quebra de andamentos foi algo premeditado e com alguma espécie de objetivo ou apenas as músicas surgiram de forma natural?
Glauco -
Eu diria que, sim, foi algo premetidado. (risos) Algo que de uma forma natural buscamos quando estamos compondo as músicas. A base das músicas inevitavelmente sempre será o Power Metal, pois crescemos ouvindo isso, mas elementos de Prog e até de Metal extremo trazem sempre um elemento surpresa que gostamos muito e em nossa visão só torna as músicas mais fortes e inesperadas.

Recife Metal Law - Ainda sobre as músicas, a gama de variações é extensa. Uma que serve como exemplo é “Through the Invisible Horizons”, que apresenta passagens Power Metal, variações Prog Metal, peso enorme nas guitarras... Essa é uma de minhas preferidas no álbum e que o fecha de forma extraordinária. Quais músicas mais agradaram ao público e quais mais agradaram aos músicos?
Rick -
Acredito que a música mais pedida do “Reason and Faith” seja a “Surrender” e do “Once and for All” a “Braving the Beast”. São músicas muito queridas pelos integrantes também, mas as preferidas de cada um muda um pouco. Para mim é a “Rise” (do “Once and for All”); para o Glauco a “Magnitude 666” (do “Once and for All”); o Kleber e o Alessandro votam na “Surrender” (do “Reason and Faith”); e para o Wellington a “Persistence Makes the Difference” (do “Once and for All”) é a música!

Recife Metal Law - A arte da capa é muito bonita, com muitos detalhes. Tais detalhes nos faz com que fiquemos a observando para descobrir algo. A arte foi feita apenas para ilustrar o título do disco ou traz algo a mais, para aguçar a percepção do ouvinte (o trocadilho foi inevitável)?
Wellington -
Este trocadilho é inevitável! (risos) Acredito que o maior objetivo do Perc3ption sempre foi causar diferentes percepções através das músicas. O que nós fizemos, desde nosso primeiro lançamento, “Reason and Faith”, foi trazer este mesmo conceito para as artes da capa e encarte. E o que nós buscamos é exatamente isso, que as pessoas observem e encontrem pequenos detalhes, já que a grande maioria das artes possui alguma ligação entre si. Para exemplificar vou citar dois (entre outros) elementos da capa que possuem ligação com o encarte. Temos na capa o pianista como protagonista que, apesar das adversidades de um mundo que parece ter passado por um “evento de extinção” ele “persiste” em continuar seguindo com seu propósito. Aos aficionados em desvendar mistérios, pode ser interessante dedicar algum tempo observando a capa, garanto que irão encontrar muitas coisas legais. (risos)

Recife Metal Law - Ainda sobre a arte, o encarte, bem rico em detalhes, também, ilustra cada letra apresentada. Qual a temática principal que vocês procuraram abordar nas letras de “Once And For All”? Percebi que alguns temas são bem (tristemente) realistas...
Glauco -
Falando de uma forma ampla, no “Once and for All” temos como conceito o comportamento humano, sentimentos, sensações e o impacto desses sentimentos em nossas vidas. Dentre os diferentes temas, o que temos em comum é que todos giram em torno do comportamento humano e seus sentimentos. Por exemplo: em “Persistence Makes the Difference” falamos sobre persistência e superação e o quanto isso pode nos impactar. Em “Oblivions Gate” falamos sobre a dependência, nesse caso psíquica e química. Na “Rise” falamos sobre a dor e o sentimento da perda, o medo e a saudade de um ente que se foi. “Magnitude 666” fala sobre o sentimento da ira e maldade, o lado negro do ser humano e o quão maldoso pode ser o homem. “Braving the Beast” fala sobre esperança e o sentimento de um dia melhor, a sensação de persistência e, principalmente, da esperança de que nos move para mudanças na busca de melhorar nossas vidas.

Recife Metal Law - Já tenho a informação de que a Perc3ption está finalizando seu novo álbum de estúdio, o terceiro da carreira. O que podemos esperar desse novo disco? Ele já tem título definido? Data de lançamento?
Rick -
Esse será um disco que fizemos com muito carinho e paciência; é um disco mais maduro e que englobará tudo que o Perc3ption construiu nesses anos. Podem esperar uma temática conceitual e forte, algumas baseadas em histórias reais, assim como já fizemos anteriormente. E quanto as músicas, teremos de músicas mais diretas até mais complexas com orquestrações pesadas e uma pitada de “cinematic Metal”.

Contatos:
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Entrevistas por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, Mazza Fotografias