TERRORSTORM



 

Thrash! Terrorstorm, banda carioca que iniciou suas atividades em 1996, com o objetivo principal de fazer Thrash Metal com base na ‘velha escola’ bombástica dos anos 80. Após várias mudanças na formação se estabiliza e lança no ano de 2004 o seu primeiro trabalho, “Neurotic World”, que foi muito bem recebido pelos headbangers. A tour de divulgação desse primeiro CD foi brindada com mais de cem shows em vários eventos do cenário nacional. Em 2007 o segundo CD da banda, batizado com o nome polêmico de “Euthanasia”, foi lançado em Portugal e distribuído na Europa por alguns selos e distros de parceiros. Em abril desse ano a banda lançou de forma independente o “Euthanasia” no Brasil e segue divulgando esse segundo artefato. Para sabermos mais do Terrorstorm, conversei com o vocalista Chakal, e esse bate papo segue nas linhas abaixo.

 

Recife Metal Law – Para começar a entrevista, Chakal, me fale quais são os ideais do Terrorstorm, atual ‘line up’ e influências sonoras da banda...

Chakal - Temos ideais bem simples, cara. O principal está ligado a nós mesmos, que é sempre buscar melhorar como seres humanos. O outro é conseguir levar nossa música ao maior número de headbangers possível, dentro de nossas possibilidades e oportunidades que surgirem. A formação atual do Terrorstorm é: Carlos Brutal (guitarra e voz), Glauco Ricardo (baixo e voz), Evanildo Gouveia (bateria) e eu (voz). As influências do Terrorstorm são muitas, mas concordamos em deixar rolar o som tendo apenas como referências, entende? Vou citar aqui algumas bandas que curtimos e com certeza influenciam nossas composições... Slayer, Possessed, Dark Angel, Destruction, Kreator, Sodom, Morbid Angel e Death.

 

Recife Metal Law – Você criou o selo Music Reunion. Fale-me sobre sua proposta, e quais bandas o selo tem distribuído? E o que uma banda precisa para fazer parte de seu ‘cast’ e ser divulgada?

Chakal - Opa cara! O selo surgiu por acaso. Quando lançamos nosso primeiro CD, “Neurotic World”, fizemos tudo de forma independente e sem nenhuma experiência. Demos sorte que no mesmo ano dois amigos foram morar no exterior (Inglaterra e Suécia) e levaram algum material para divulgar por lá. Um dos amigos não era ligado em cultura headbanger, então pensei: “Fudeu, jogamos fora os CDs!”. (risos) Mas para minha surpresa comecei a receber e-mails dos gringos querendo comprar materiais e algumas distros Underground querendo distribuir. Poxa cara! Achei massa isso. Enfim a tiragem inicial, que foi de quinhentas cópias acabou rápido em função disso e também devido à distribuição aqui no Brasil mesmo. Tivemos que fazer outra tiragem, que também se esgotou rápido; os canais de distribuição aumentaram (tudo no esquema Underground mesmo) e conseguimos que nosso disco chegasse a países como: Japão, Malásia, Indonésia, Alemanha, Bélgica, Portugal e alguma coisa na costa leste dos EUA. Com o tempo os contatos viraram parcerias, aumentaram e foram se fortalecendo, inclusive através de trocas de material. Então, em 2007, observei que poderia utilizar esses canais de divulgação e distribuição do Terrorstorm para contribuir de alguma forma com outros. Sabia também, que muitas bandas Underground ‘gringas’ gostariam de divulgar seus trabalhos musicais aqui no Brasil. Então, conversei com o Zartan do Anaites ZDP Records (Maranhão), que tem uma vasta experiência com esse lance de coletâneas e lançamento Underground, e com o Paulo da PJ Prod’s (Açores – Portugal), que me passaram alguns detalhes importantes. Dei o nome de Music Reunion ao selo, para poder abranger mais vertentes do Rock, não ficando limitado apenas ao Heavy Metal. Enfim, em agosto de 2007 iniciamos o primeiro projeto batizado com o nome de Headbangers Metal Reunion. A idéia foi reunir bandas nacionais e de outros países através de um certo “intercâmbio” dentro de dois CDs. Para não ficar pesado para bandas e selo, adotamos o formato CD-R que já é utilizado no Underground há muitos anos e traz bastante resultado; e também o sistema de parceria bandas e selo, onde as mesmas pagam uma taxa de participação, que por sua vez é utilizada para confecção do material gráfico (capas, encartes, flyers) e custeia também parte das correspondências para divulgação, distribuição e também demais remessas. Depois de muito bater cabeça, conseguimos lançar esse primeiro trabalho em Dezembro de 2007 e terminamos de distribuir em janeiro desse ano. Foram 26 bandas envolvidas sendo vinte brasileiras, quatro portuguesas, uma americana e uma polonesa. Foi muito legal para todos e o resultado, tanto de satisfação dos envolvidos quanto de resultado de divulgação, foi excelente. Contamos com 28 parceiros na divulgação e distribuição (zines, distros, selos, produtores de eventos...), Agora em julho de 2008 lançamos o segundo volume da Headbangers Metal Reunion em um formato mais simples (apenas um CD-R), que também foi divulgado nos mesmos canais e muito bem recebido desde sua divulgação. O Music Reunion distribui materiais de todas as vertentes do Heavy Metal e estamos abertos a qualquer outra manifestação que tenha base no bom e velho Rock. Os lançamentos do selo se resumem as compilações, mas recentemente lançamos em material promocional, em CD-R da banda Echidna www.myspace.com/echidnabrazilianblackmetal e estamos em negociação para lançar o Promo/Demo das bandas Frozen Aeon e Tarrask ainda em 2008 e também mais duas compilações, sendo uma Headbangers Metal Reunion e outra voltada para estilos mais extremos como Porn Gore, Gore, Grind... Acredito que o Rock é baseado na liberdade de pensamento, acima de tudo, e respeito isso, mas NÃO TRABALHO COM BANDAS CRISTÃS E NÃO APOIO NADA LIGADO A MARKETING RELIGIOSO DENTRO DO ROCK /METAL, pois esses buscam outros objetivos que não estão ligados à nossa arte e cultura. Informações de lançamentos [email protected]

 

Recife Metal Law – A banda lançou recentemente o disco “Euthanasia”. Como tem sido a distribuição e aceitação perante a cena nacional e no exterior? O que ele representa ao Terrorstorm? E se não for pedir muito, Chakal, diga-nos, de forma resumida, o que é abordado em cada letra das nove faixas do CD. Em, por fim, quem as escreveu?

Chakal - É cara. Apesar de estarmos na região sudeste e esse lance de baixar som da internet ter virado um vício por aqui, a saída dos CDs está dentro do esperado e essa tiragem está praticamente no fim. Tivemos apoio de algumas lojas e produtores Underground, que contribuíram para o lançamento, comprando o CD antes de ser lançado e essa grana ajudou muito no desenrolar da produção. No exterior estamos com distribuição somente nos EUA e Japão, pois optamos em deixar a Europa para a PJ Prod’s distribuir com certa exclusividade. Esse CD é algo muito importante para a banda. É um trabalho produzido totalmente por essa formação, diferentemente do CD anterior, que tinha músicas que existiam desde 1996 e compostas através de muitas mudanças de formação. Tivemos problemas com formação às vésperas da gravação, problemas na gravação, problemas na prensagem... A falta de experiência em produção musical contribuiu muito para gerar esse corre doido. (risos) Mas após dois anos de lutas e persistências o “filho nasceu”. Consideramos que todas as barreiras e dificuldades que rolaram foram coisas muito boas para banda, pois aprendemos muito com os erros e conseguimos nos organizar mais para futuros projetos. O título “Euthanasia” foi escolhido, pois havia uma música com esse nome e após observarmos melhor as outras letras conseguimos sacar que estávamos falando de eutanásia indiretamente em muitas delas. Vou tentar descrever rapidamente cada som... “Africa Agonizes” fala do abandono que aquele continente sofre dos países ricos (o descaso é como uma injeção letal). Citamos seus problemas mais corriqueiros como guerrilha, crianças mutiladas, AIDS e fome; “Euthanasia” é uma música que busca representar os pensamentos do moribundo que está entrevado em uma cama, sobrevivendo através de aparelhos, que em sua “viagem” deseja de forma extrema que todos aparelhos sejam removidos para acabar com seu sofrimento; “Infected by Evil” é uma “viagem” minha pensando como seria se um acidente em laboratório liberasse uma substância através do ar que transformasse toda raça humana em criaturas primitivas, com sede de sangue e promovessem uma enorme matança, ocasionando o auto-extermínio. “Vivisection” é uma música de repúdio ao tratamento que os animais recebem nas universidades, laboratórios e grandes empresas que fazem pesquisas utilizando os bichos como cobaias. Aproveitando para promover diversas formas de tortura devidamente autorizadas pelo estado. “Hidden Enemy” foi escrita baseada em um lance de abuso sexual que aconteceu com a filha menor de idade de um amigo nosso. Como na época ficamos muito revoltados com o acontecido, a letra acabou exaltando sentimentos que são naturais nesses casos. É muito triste, cara, sabermos que em pleno século XXI ainda rolem atitudes primitivas, cometidas por bastardos como esses. Colocamos no refrão um clamor à vingança com as próprias mãos de forma bem direta, não para incentivar a justiça com as próprias mãos, mas sim para expor da melhor forma possível aquilo que geralmente todos que são vítimas de coisas do gênero sentem; “As if Absolved of Vour Cruelties” é uma música com uma pegada mais Rock e que sua letra fala daqueles tipos que cometem atrocidades a vida toda (matam, estupram, roubam, espancam a mãe...), e depois entram para uma igreja protestante, dessas aí, e simplesmente são perdoados por um Deus ilusório e abstrato. E para piorar são seguidos por um bando de alienados que confiam nele com uma fé imbecil. “Welcome to Mordor” é uma música baseada na trilogia “Senhor dos Anéis”, que exalta Saurom como governante supremo daquela terra obscura e dá valor a toda atuação de suas tropas monstruosas de Orcs e Trolls. “Terrorland” é uma letra obscura, que fala de uma sociedade contemporânea, assolada pela guerra, terror e abusos governamentais. Foi escrita por Elio Leão (ex-guitarra da primeira formação). Essa faixa deveria ter entrado no primeiro CD, mas preferimos deixar guardada; e “The Illusion” é uma música totalmente instrumental, bem antiga, que passou por uma reformulação, aí colocamos nesse CD como um extra mesmo. As letras das faixas 1, 2, 4, 5 e 6 são de autoria do Evanildo; “Infected by Evil” é minha; “Welcome to Mordor” é do Carlos e “Terrorland”, como disse antes, é de Elio Leão.

 

Recife Metal Law – Qual foi o motivo para nomear o disco de “Euthanasia”?

Chakal - Como citei antes, o título “Euthanasia” foi escolhido, pois havia uma música com esse nome e após observarmos melhor as outras letras conseguimos sacar que estávamos falando de eutanásia indiretamente em muitas delas. Aí acabou sendo o tema mais adequado, sem ficar como cara de álbum temático.

 

Recife Metal Law – Sobre a cena do Rio De Janeiro, o que pode me dizer a respeito dela? A galera tem ido a shows Underground ou há muitos ainda por aí que se dizem bangers e só saem de suas casas para prestigiar um show do Morbid Angel, por exemplo, deixando de apoiar as bandas nacionais. Como anda a consciência das pessoas em relação a isso?

Chakal - O que vejo é que de uns três anos para cá as coisas tem melhorado muito. Os eventos Underground têm ficado mais cheios e com isso os produtores estão mais animados em fazer eventos. Estão, inclusive, conseguindo trazer bandas ‘gringas’ e também de outros estados para diversificar as atrações e com isso a cena só ganha. Os eventos com bandas covers reduziram também e isso é outra vitória; os eventos autorais estão ganhando força. Ainda temos muitos casos de bangers que só saem para “mega eventos”, mas esses não contam para a cena. Em minha opinião, a cena é aquilo que sempre está presente, participando e atuando de alguma forma; esses caras, que não vão a shows Underground, não compram material de banda nacional e simplesmente escutam seu som em casa, são headbangers também e com certeza tem seu valor, mas não fazem parte da cena. Tenho observado que está rolando também boa união entre bandas (sem ser panela); os caras ficam amigos, bebem cerveja juntos e apóiam os lançamentos e ‘trampos’ uns dos outros com prazer em apoiar. Iniciativas muito legais têm acontecido aqui e espero que elas cresçam muito e com isso nosso cenário se fortaleça cada vez mais.

 

Recife Metal Law – Em relação a shows, como tem sido as apresentações da banda e aceitação? E em relação às novas músicas, quando elas serão desferidas ao vivo?

Chakal - Geralmente nos shows mesclamos músicas do primeiro CD e do “Euthanasia” e acaba ficando um ‘set list’ bem diversificado. Estamos divulgando as músicas do “Euthanasia” desde 2006 até para sacar a aceitação dos bangers. Nesse ano estamos com um ‘set list’ que tem mais músicas desse último trabalho e algumas novas que ainda não foram gravadas. O pessoal tem recebido bem o ‘trampo’ nos shows e geralmente, ao final das apresentações, vamos para casa com menos CDs em nossa bolsa de materiais. Isso sempre é bom, porque é daí que conseguimos os subsídios para custear os projetos da banda e continuar na estrada.

 

Recife Metal Law – Já estão preparando algum material para o futuro?

Chakal - Sim. Já temos cinco músicas prontas e estamos ensaiando muito, pensando em algo para o ano que vem, mas nada definido ainda. Vamos esperar o final da distribuição do “Euthanasia” e também ver se aparece alguma gravadora interessada em lançar esse terceiro trabalho. Paralelo a isso existem alguns contatos na Europa e América Latina, que estão buscando gravadoras interessadas em lançar e distribuir o novo material por lá, como também agendar algumas datas para uma pequena tour naquelas terras. Mas isso é outra história, para um próximo bate papo.

 

Valeu pela amizade Chakal! Por enquanto é isso irmão! Deixe suas últimas considerações...

Chakal - Agradeço muito pela oportunidade em nome de todos da família Terrorstorm e deixo aqui os desejos de sorte e sucesso a essa importante publicação Underground, que só vem a somar para a unificação tão desejada pelos reais headbangers. E também em todas as batalhas da vida que possam surgir. Conte conosco! Força!

 

Contatos:

www.myspace.com/terrorstormbrazil

[email protected]

 

Entrevista por Wender Destruction