LAND OF TEARS





Para iniciar minha contribuição ao Recife Metal Law, eu conversei com Robson Souto, vocalista/guitarrista da banda carioca Land of Tears, o qual expôs suas opiniões e me contou algumas novidades do grupo para o ano de 2010.


Recife Metal Law – Salve aliado! Vamos fazer esse bate papo de forma rápida, ok? Desde o começo da banda, em 2000, ocorreram algumas mudanças na formação e também no andamento das composições. Como você poderia definir a banda Land of Tears hoje? Apresente um pouco da trajetória do grupo aos leitores do Recife Metal Law.
Robson Souto –
Como uma criança que nasceu, cresceu e aprendeu com seus erros e acertos, e que está em constante evolução. Eu sempre quis fazer parte de algo importante nessa vida; o Land of Tears sempre foi como um filho pra mim; sempre me dediquei à banda com muito amor e empenho. Já são 10 anos de estrada! Eu poderia dizer que os últimos cinco anos foram muito agitados... Já participamos de várias coletâneas, lançamos duas Demos e um EP, por gravadora; já tocamos nos estados do PR, MG, SP e RJ, é claro! Sempre fazendo o que nós curtimos: tocar o bom e velho Death Metal. Nós já passamos por várias formações e isso sempre é ruim, mas faz parte do negócio. Continuamos na estrada sem desistir!

Recife Metal Law – Você como o líder do Land of Tears pode nos informar se já houve alguma atitude na banda que você ‘não’ fez e que deveria ter feito ao longo desse tempo?
Robson –
Sim! Às vezes esperar por demais para tomar certas decisões. Hoje essas decisões são tomadas ontem! (risos) Não podemos perder tempo com quem não está envolvido realmente com a banda. Estar no Land of Tears é ter compromisso! Eu sou ‘linha dura’ e cobro muito! Às vezes sou até mal interpretado, mas se você quer algo bem feito tem que arregaçar as mangas e fazer da melhor forma possível!

Recife Metal Law – Como você analisa musicalmente os primeiros trabalhos lançados? Acha que eles serviram de base para fazer o estilo mais tradicional do Death Metal feito hoje pela banda?
Robson –
Considero importantes, porque foram à iniciação do trabalho da banda, fazendo parte de nossa raiz criativa. Nosso som, posso dizer que é um pouco de cada fase nossa, seja lá atrás quando tocávamos Death/Doom Metal, quanto hoje mais voltado pro Death Metal, e às vezes Black Metal... O diferencial é saber equilibrar em doses certas.

Recife Metal Law – Depois de anos de luta o Land of Tears conseguiu lançar de forma independente (e profissional) o EP “World of Pain”, o qual, em minha opinião, foi um passo a frente em sua música. Quais foram às dificuldades para gravar e lançar? Atualmente vocês estão compondo algo novo?
Robson –
Como todo processo de gravação no Underground, buscar e encontrar um selo. É óbvio que pesa a grana e tempo investidos também, mas o resultado, antes de tudo, tem que satisfazer a banda, pois se o ‘trampo’ é real como conseqüência vai, mais na frente, agradar aos fãs. No momento estamos compondo um arsenal musical bem interessante.

Recife Metal Law – Vocês estão divulgando o EP... Como tem sido a receptividade dentro e fora do país?
Robson –
A melhor possível, haja vista que o público e mídias especializadas têm elogiado muito nosso trabalho. Demos várias entrevistas para sites e zines, do Brasil e de outros países.

Recife Metal Law – As abordagens nas letras tratam de consequências causadas pelo comportamento ignorante da humanidade e religiões, ou seja, nada fictício. Você acha que algumas literaturas podem influenciar nas músicas e no conceito das letras?
Robson –
À exceção da música “Land of Tears”, que é um conto, a maior parte das nossa letras antigas foram criações sem a influência literária. Porém o novo álbum tem 100% de influência dos grandes poetas e escritores importantes. Tenho lido muito a respeito da antiguidade de nossa civilização e descobri um mar de possibilidades. Podem, sim, influenciar nas composições. Precisa-se ter sensibilidade para fazer bem feito.

Recife Metal Law – Como assim? O próximo trabalho será temático? Fale mais a respeito.
Robson –
Sim, será conceitual, tratando das civilizações antigas e suas respectivas mitologias, como Grécia, Mesopotâmia, Macedônia, Babilônia, Roma, etc. Tenho lido muito a respeito da História Antiga, bem como sua política, artes, guerras e mitos. Tenho certeza que irá impressionar ao público pela riqueza de informações, provando que existe  muito assunto a ser tratado ainda, e que mostra que o Metal pode e deve ser encarado como arte.

Recife Metal Law – Manter uma banda de forma séria e com objetivos é bastante difícil em nosso país. O que é ‘ser’ uma banda ou ‘estar’ em uma banda, em sua opinião?
Robson –
Ter comprometimento, responsabilidade, maturidade, respeito pelo que se faz e com as pessoas com que se trabalha e fundamentalmente, amar o que se faz.

Recife Metal Law – Já que vocês são aqui do Rio de Janeiro, me diga, em relação ao ‘Underground carioca’, qual a sua visão sobre as questões união e apoio? Você acredita que existe essa atitude por aqui ou aquela letra, “Metal Desunido” da Dorsal Atlântica ainda faz sentido?
Robson –
Com certeza faz! Em uma escala de 0 a 10 eu daria 8 para apoio e 5 para união, para não ser taxado de extremista! Pois os dois existem, mas são mal distribuídos. (risos) Muita ‘panela’, isso estraga tudo que é feito com anos de trabalho, pois, às vezes bandas muito boas não têm espaço por conta desses pseudos organizadores e essas ‘bandecas’ de ‘filhinhos de papai’. Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, só trocam as cores e endereços dos locais de shows; sempre as mesmas caras mal lavadas. Curioso, né?

Recife Metal Law – Sou integrante de banda também e observo que alguns oportunistas pedem materiais afirmando dar apoio, porém sem nenhum histórico ou referência, no entanto, outros que são contatados não se dão nem o trabalho de responder um simples e-mail. Como você lida com essa situação?
Robson –
Os oportunistas estão aí desde o inicio dos tempos e vão continuar até o fim. Cabe a nós distinguirmos quem presta e quem não presta, afinal educação é igual à inteligência, nem todos nasceram pra ter! Precisamos eliminar esses picaretas, por isso serve de dica: pra quem quer ter uma banda é ter uma boa assessoria de imprensa, isso sim dá certo e ajuda a filtrar o que realmente irá dar alg
um retorno para a banda. Atualmente estamos tendo suporte do pessoal da Music Reunion Prod’s para assuntos relacionados a contatos e atualizações do ‘press release’ da banda. Um trabalho feito por quem realmente está aí como mais um integrante do Land of Tears e afirmo, com total segurança, que é uma parceria que deu muito certo. É o nosso canal direto com o público e a mídia independente Underground.

Recife Metal Law – Não sei se concorda comigo, mas por qual razão as bandas ‘gringas’ de pouca qualidade (ou nenhuma) são mais valorizadas pelo público nacional do que as boas bandas que constituem o cenário do Metal extremo em geral em nosso país? Você entende esse comportamento do público?
Robson –
Entendo! Mas isso não é só no Underground. O brasileiro, de uma forma quase geral, tem essa atitude de valorizar mais o que é dos outros, não dando o devido valor ao que é nosso. Temos que mudar essa mentalidade, afinal nós incomodamos e agradamos mais do que se pensa lá fora! Só que muitos não se deram conta disso.

Recife Metal Law – Com o mercado da música em decadência você acha que uma banda de nível Underground pode ter que tipo de retorno, após tanto investimento? Quais as vantagens e desvantagens que se tem e se vale a pena?
Robson –
Com certeza não é o financeiro, mas mesmo assim no fim das contas o que vale é fazer o que nem todo mundo faz! Querendo ou não, fazemos parte de um seleto grupo. O carinho do público e seu reconhecimento são verdadeiros troféus, isso sim vale à pena! O que não vale a pena já se descarta logo, não tem necessidade de se mencionar.

Recife Metal Law – Você acha que uma banda por ainda estar em nível Underground tem que ter sempre uma postura Underground?
Robson –
Jamais! O dia que você acorda e diz: “a partir de hoje terei uma nova conduta” a sua vida muda, afinal você é aquilo que você pensa ser!


Recife Metal Law – Qual sua opinião sobre organizadores que acham que estão prestando um ‘favor’ abrindo espaço para bandas sérias tocarem em troca da venda de ingressos?
Robson –
O cúmulo do absurdo e da ignorância. Essa conta está errada! (risos) As bandas têm que parar com a ideia de que se não entrarem nessa não vão tocar! Besteira! Um bom planejamento te faz escolher melhor onde e quando tocar!

Recife Metal Law – Quando uma banda impõe sua condição e exige certo tratamento com respeito, algumas pessoas imaginam logo que a banda esta se ‘achando’ somente pelo fato de querer manter a integridade do nome e imagem perante o público. Vocês sofrem por ter tal atitude?
Robson –
Quando tocávamos em eventos organizados por oportunistas e aproveitadores, sim. Mas como deixamos isso no passado, não temos mais esse problema. É uma questão de conhecer com quem esta lidando e vice-versa!

Recife Metal Law – Quais os planos futuros para o Land of Tears?
Robson –
Alcançar todos os horizontes possíveis e ainda não conquistados. Estamos com planos de fazermos shows no Nordeste e nos preparando para uma tour de lançamento do novo trabalho pela Europa, em meados de 2011.

Recife Metal Law – Essa é uma pergunta que pretendo fazer sempre: Como você interpreta o trabalho de sua banda? Como entretenimento ou arte?
Robson –
Sempre como arte! O entretenimento varia de acordo com a percepção de quem tem acesso a sua arte e acredito que é a consequência do que se faz.

Recife Metal Law – Obrigado Robson pela entrevista! Desejo sucesso a banda Land of Tears e o espaço é seu para as considerações finais...
Robson –
Agradeço a todo o espaço dado ao Land of Tears e gostaria de dizer que sem essa real oportunidade o público não teria como nos conhecer. Espero poder levar o som do Land of Tears a todos vocês que nos dão esse suporte e apoio sempre, pois o que fazemos é feito de coração. O nosso sincero muito obrigado!

Site: www.myspace.com/landoftearsbrasil

Entrevista por Chakal
Fotos: Divulgação