Mesmo com todos os escândalos políticos que passamos, a ‘politicagem’ ainda está em alta, e muitos estão praticando aquele velho esquema: enxergar a necessidade do povo, pregar o discurso a favor e depois não fazer nada. Entrando um pouco neste prefácio o guitarrista Pedro Rocha do Stoneria comenta que: “Primeiro, eu parto do princípio que político faz politicagem. Existem propostas boas e políticos que tem o interesse em fazer algo, mas é raro e, em geral, eles têm pouco apoio e pouco espaço. Segundo, o político tem que ter um projeto para justificar sua manutenção no poder, um propósito. Na realidade ele tem mais interesse em defender o seu lado e favorecer quem o ajudou a alcançar o seu posto. Não é interessante para o cara acabar com a fome, a pobreza e a desigualdade, porque, se de fato acabar, o trabalho dele também acaba. E qual vai ser a ‘luta’ dele a partir daí? Estamos vendo políticos velhos com o mesmo discurso há anos e não vemos uma mudança ou uma melhora real na vida das pessoas. O país ainda carece de infraestrutura, de saúde, a pobreza ainda é presente. Nós nos cegamos com esses discursos populistas, com toda essa propaganda bonita e emotiva, e acabamos relevando todos os erros cometidos por trás dos panos. Qualquer benefício que a propaganda diz ter criado, o prejuízo tem sido consideravelmente maior”.
A ideia de se rebelar contra o sistema parece algo batido, mas que falta atualmente em nossa geração, pois o certo seria o político ter medo do povo não o contrário. “O problema é que as pessoas estão se rebelando contra aquilo que elas acham que é o sistema. Criticam a atuação das entidades privadas e acreditam em tudo o que é do Estado. Porém, você não é obrigado a contratar um serviço privado, se você não está feliz ou não concorda com a proposta. Agora, o Estado te obriga a sustentá-lo, através dos impostos abusivos que o povo paga. Você tem a opção de sair do seu emprego, buscar uma oportunidade melhor, comprar um produto mais barato em outro mercado, mas não tem a opção de dizer não para o Estado. Ou pelo menos, deveria ter. Político não tem medo do povo, porque sabe que é fácil manipular a opinião pública. É fácil convencer alguém a te apoiar, se você conseguir fazer o povo ter medo do seu concorrente nas urnas”.
E completa: “Nas manifestações de 2013, pareceu que o povo tinha entendido a força que tem para isso, para dar um belo e grande não para o governo, quando não está contente. Mas aconteceu o oposto, as opiniões se tornaram ainda mais polarizadas, as pessoas começaram a brigar por ideologia e para defender um partido, e o sistema se alimenta disso. Qualquer tentativa de debate entre pessoas com ideias diferentes, vira briga. Amizades estão acabando por extremismos, e isso é uma burrice. O povo tem que entender que, independente do que acredita, todos esses políticos que estão figurando nesses escândalos que vemos diariamente, buscam a mesma coisa: dinheiro e poder. São todos iguais, e cometem os mesmos crimes, então por que defender um ou outro? Os dois lados estão errados, essas brigas têm que acabar. Não é possível que as pessoas não se sintam traídas por quem elas confiaram em determinado momento, por promessas vazias de melhorias e que seriam mais honestas, que no fim das contas, se mostraram tão corruptas quanto os outros”.