FACADA
“O Joio”
Death Toll/Kasamata/Gallery Productions/Independência – Nac.
Esse novo álbum do cearense Facada deveria vir com um aviso: ‘não recomendado para plateias requintadas’. Uma palavra só poderia definir “O Joio”: cavalar! Isso mesmo, já que encontramos aqui doses cavalares de Crust, Hardcore e Death Metal, mas impostas de forma bem feita, para, assim, não soar algo embolado e sem sentido. O quarteto formado por James (baixo/voz), Ari e Miguel (guitarras) e D’Angelo (bateria) não poupa ninguém em músicas como “Podem Vir”, “O Joio”, “Os Porcos Comem Meu Rosto” e “Escasses=Lucro”. São músicas pesadas, violentas, velozes e simplesmente levadas ao extremo. Riffs portentosos e densos de guitarras dão uma veia mais Death Metal em alguns andamentos, como os ouvidos em “Inferno do meio-fio”, uma música mais cadenciada (se compararmos com as demais), onde a parede sonora é totalmente maciça, com boa intervenção da ‘cozinha’ (baixo e bateria). Como é de se esperar em bandas do estilo, as músicas são curtas, diretas, vorazes, e o disco não chega aos vinte e um minutos de duração, nas catorze faixas apresentadas. Letras politicamente incorretas, como um dedo na ferida daqueles que fazem e daqueles que calam e consentem toda a degradação social que nos rodeia. O álbum conta com uma boa parte gráfica, apresentada num encarte tipo papelão reciclado. Apesar da boa ideia, a nitidez da capa ficou um pouco comprometida. A gravação está muito boa, deixando tudo audível, mas sem perder a ‘sujeira’ característica do estilo. Como deu para perceber, as letras contidas nesse novo disco do Facada são todas em português, com exceção de “Distinction to Gain Respect”. Além das músicas próprias, “O Joio” conta com dois covers: “Satanist” da ‘cult’ banda sueca de Death/Thrash/Grindcore Filthy Christians e “O Lucro é o Fim” da banda brasiliense de Hardcore DFC. Quem estiver procurando por melodias bonitinhas e refinadas, é bom passar longe desse novo disco do Facada.