O Malkuth é uma verdade entidade do Black Metal nordestino, afinal não é uma banda desse estilo e com tantas mudanças de formação que permaneça ativa, firme e forte durante 25 anos (completados) ano passado (2018). Também ano passado a banda lançou o seu sétimo álbum de estúdio, “Voodoo”, o qual já vem angariando boas resenhas nas mídias especializadas. Novamente tive a oportunidade de realizar uma entrevista com Sir Ashtaroth, membro-fundador do Malkuth, onde nessa entrevista falou não apenas nesse álbum. Além de Sir Ashtaroth, a atual formação do Malkuth conta com Destroyer (bateria), Ghoul (baixo) e Rangda Daeva (guitarra).
Recife Metal Law - Quero dar início a essa entrevista falando sobre o trabalho anterior “Strongest”, lançado em 2011. Como foi todo o processo de divulgação, seja na distribuição física do álbum, digital e shows?
Sir Ashtaroth - Necro saudações mais uma vez! O álbum “Strongest” foi lançado e distribuído fisicamente por uma parceria entre a Impaled Records e a Obskure Chaos Distro (ambas de São Paulo) e a Nefando Produções (Pernambuco). O lançamento nas plataformas digitais mundiais ficou a cargo da Sangue Frio Produções (Paraná). Tanto a divulgação e a distribuição foram bastante satisfatórias. Fizemos shows de divulgação em Pernambuco, nossa terra natal, em alguns estados do Nordeste e em São Paulo no decorrer dos anos seguintes.
Recife Metal Law - Como sempre, mesmo com a banda divulgando o disco, houve mudanças em sua formação, algo já rotineiro no Malkuth. Isso não mais parece importunar você, único membro original da banda, mas, sim, moldar o som da banda a cada lançamento. Estou certo?
Sir Ashtaroth - Sim, estás certo! Estão no Malkuth quem têm compromisso e honra com a nossa causa. Enquanto apoiar a ideologia contida em nossa música e se dedicar com afinco, resistir aos inimigos e aos obstáculos típicos da nossa estrada é um membro malkuthiano! Sempre firmes na guerra contra o cristianismo hipócrita e suas fraquezas!
Recife Metal Law - O novo álbum, “Voodoo”, foi antecedido pelo single “Anticristum (Bellicus)”, uma pequena amostra do poderio do novo trabalho, e do EP “Shoot to Kill (je$u$)”, lançado apenas em formato digital. Qual a razão para que essa faixa fosse a escolhida para ser a música de trabalho?
Sir Ashtaroth - Foi uma escolha em comum acordo entre os membros na ocasião e é uma faixa bastante forte que traduz bem, como dissestes, o poderio do que estaria por vir!
Recife Metal Law - Caso não me falhe a memória, durante a gravação do novo álbum a banda sofreu alterações em sua formação. Esse foi um dos motivos para se lançar o EP, tendo em vista que novas alterações iriam atrasar as gravações?
Sir Ashtaroth - As mudanças de formação se deram após as gravações do novo álbum, não durante. O EP digital “Shoot to Kill (je$us)” possui três faixas do álbum “Voodoo”, posteriormente lançado fisicamente pela Obskure Chaos Distro, nosso selo parceiro de alguns anos de estrada.
Recife Metal Law - “Voodoo” traz nove músicas, e percebi um Malkuth mais violento, mais direto, porém, para quem conhece a banda e os seus discos já lançados, notará que é a mesma banda, mesmo que não se repita. A criação musical do álbum teve esse cuidado: de não se repetir, porém de mostrar que se trata do mesmo Malkuth?
Sir Ashtaroth - Foi um processo natural de composição lírica e musical de 2011 até 2018, ano de seu lançamento. Com as mudanças de formação as músicas desse novo álbum foram sofrendo moldes de acordo até atingir a sua plena maturidade para o oportuno lançamento. O Malkuth sempre procurará evoluir musical e liricamente falando, mas jamais perderá a sua essência negra, oculta, pagã e mística.
Recife Metal Law - Os últimos lançamentos da banda vêm trazendo sempre uma música em português. Isso é uma mera coincidência ou o Malkuth, em todos os seus próximos lançamentos, sempre trará alguma música em nossa língua pátria?
Sir Ashtaroth - Sempre homenageamos a nossa língua máter com uma faixa em português em cada álbum nosso! Só não sei se o padrão permanecerá para os próximos álbuns, vamos aguardar para ver.
Recife Metal Law - Além da música em português, a banda novamente lançou mão de instrumentos como o djembe, percussão e guitarras acústicas, e isso acrescenta peculiaridade no som da banda, sem soar forçado. Como vocês trabalham a inserção de tais instrumentos na musicalidade do Malkuth?
Sir Ashtaroth - Sim, tais instrumentos citados foram e sempre serão explorados pelo Malkuth por permitirem criar uma atmosfera mística e sombria, características típicas da nossa sonoridade desde longos ciclos da nossa existência terrena. Para tal proposta, criamos tais passagens com muita inspiração e simplesmente as encaixamos em alguns trechos de nossas músicas em estúdio.
Recife Metal Law - O encarte, além de apresentar as letras - bem agressivas, por sinal - traz imagens bem fortes e de puro ataque ao cristianismo. Num Brasil conservador, de “deus acima de todos”, inclusive de muitos “headbangers”, como vem sendo a receptividade para tais imagens?
Sir Ashtaroth - Muito gratos pela sua excelente observação referente ao encarte do álbum “Voodoo”. Até o momento teve uma ótima receptividade por parte do nosso público-alvo. Não sofremos, por enquanto, nenhuma contestação específica quanto a isto aqui no Brasil. Porém, vale salientar que nas plataformas digitais do Oriente Médio o nosso EP digital “Shoot to Kill (je$us)” sofreu censura por ter a capa e conteúdo blasfêmicos e por atacar à religiosidade local, lamentável... Por outro lado, já sofri ataques textuais de um covarde cri$tão na internet que já foi do meio Underground (ou nunca o foi - risos). Mas, este relevo, por ser um ínfimo ser frustrado e com problemas psicológicos tentando se destacar forçosamente no cenário nos alvejando com as suas loucuras eunucas.
Recife Metal Law - A arte da capa nos remete a rituais de vodu (numa clara referência ao título do disco) e, assim, nos remete, também, a rituais de magia negra, canibalismo... A arte foi apresentada em preto e branco e o desenho chega a parecer que foi feito à mão. Como foi desenvolvida toda a arte da capa?
Sir Ashtaroth - Foi uma ideia minha em conjunto com o nosso artista gráfico Wagner Demonart de São Paulo. Além de tatuador e artista profissional, excelente músico e guitarrista das bandas Wodanaz e Labor Oculto. Ele pintou esta arte concebida em um bandeirão negro com tinta branca (com o qual nos apresentaremos ao vivo em breve) e a fotografou, assim o utilizamos também como capa oficial do nosso álbum “Voodoo”.
Recife Metal Law - O Heavy Metal (e suas derivações) encontrou, ao passar dos anos, bons estúdios em todo o país, e uma amostra disso é a gravação de “Voodoo”, num ótimo patamar, e feita aqui mesmo em Pernambuco, mais precisamente no J.A. Studio, sob a responsabilidade de Joel Lima. O resultado final era o que vocês procuravam, em termos sonoros?
Sir Ashtaroth - Sim, com certeza! Satisfação total! O Joel Lima é um excelente técnico e produtor local, além de ter um ouvido bastante apurado para a música em geral e possuir equipamentos tecnológicos de alta qualidade, sempre renovando seu estúdio a cada ano que se passa. É um investidor sonoro no campo da música.
Recife Metal Law - O novo álbum ainda não teve um show de lançamento, haja vista que dois eventos onde a banda tocaria foram cancelados. O primeiro foi o “Olinda Extreme Music” e o mais recente foi o show do Krisiun que ocorreria em Recife. Há planos para um show de lançamento desse novo álbum?
Sir Ashtaroth - Infelizmente os shows que citastes foram cancelados por motivos de força maior, essas coisas acontecem... Para 2019 estamos planejando/negociando alguns shows de lançamento locais e fora do estado. Aguardem!
Recife Metal Law - Falando sobre planos, o que o Malkuth planeja para 2019?
Sir Ashtaroth - Planejamos espalhar cada vez mais as nossas blasfêmias em forma de música aqui no Brasil e lá fora, seja como as forças negras ocultas quiserem! E obrigado, mais uma vez, pelo espaço concedido à nossa palavra! Hail!