O Malkuth, apesar das várias mudanças em sua formação, segue firme e forte sendo a mais antiga banda de Black Metal pernambucana em atividade. Mas limitar o estilo musical desses pernambucanos apenas ao Black Metal é algo bem injusto, afinal a banda sempre trouxe algo de peculiar em sua sonoridade, e em “Strongest”, seu novo álbum, não poderia ser diferente. Nesse novo trabalho encontramos passagens mais cruas e violentas, tipicamente Black Metal, mas numa mesma música existe uma alternância de andamentos, inclusive com a adição de teclados (que ficaram a cargo do músico convidado Diego D’Urden, do Infested Blood – também responsável pelas guitarras solo), o que torna as músicas mais sinistras, sombrias. O início, após a intro “Pagão” (um tema de abertura excelente, trazendo uma voz feminina numa espécie de narrativa), já mostra essa faceta da banda, que não se prendeu a apenas fazer música veloz, crua e violenta. Os riffs estão magníficos, com uma levada pesada e convidando ao bangin’. As linhas de baixo estão extremamente audíveis, muitas vezes ficando em primeiro plano. A bateria, que foi gravada pelo antigo membro Nighhtfall, também segue essa tendência, ou seja, mostra técnica e agressividade, quando cada música pede isso. O Malkuth conseguiu criar, nesse álbum, músicas que fogem do lugar comum, cada uma trazendo sua própria personalidade, adicionando elementos do Heavy Metal e até mesmo do Rock n’Roll mais cru, aquele feito pelo Motörhead (escutem a música “Sol Negro”, e saibam do que estou falando, afinal essa música traz riffs parecidíssimos com o de “Them Not Me”, música que faz parte do álbum “Overnight Sensation”) ou até mesmo do Pagan Metal, inclusive em algumas letras. Assim como nos trabalhos anteriores, o Malkuth, em “Strongest”, também adicionou algumas músicas cantadas em português, e digo que tais músicas não fugiram nem da proposta do álbum, nem da proposta do próprio Malkuth, pelo contrário, adicionaram ainda mais uma característica inerente à banda. Muito bom ouvir temas como “Nas Sombras do Mal a Revelação”, “Sol Negro” e “Malkuth”. Além de Diego, esse álbum traz outras participações: Ângela FullMoon e Catarina Rosa (vocais femininos) e Ricardo “Rama” Shiva, tocando os peculiares Didgeridoo (instrumento de sopro dos aborígenes australianos) e Djembe (um tipo de tambor originário de Guiné, na África Ocidental). O Malkuth, que hoje é composto por Sir Ashtaroth (guitarra e backing vocals), Nefando (vocal e baixo) e Gladiathor (bateria), nos apresentou um álbum que impressiona pela originalidade, sem fugir das raízes.