Confesso que eu estava muito ansioso para escutar o novo trabalho dessa grande banda, formada por figuras veteranas da cena Underground do Vale do Paraíba. O Morfolk é uma banda paulista da cidade de São José dos Campos, fundada com a proposta de fazer Death Metal tradicional. “World of Lies” é o segundo álbum do grupo, que atualmente conta com Roberto Repolho e Reinaldo Tio (guitarras), Renato Predador (bateria), Walter Rômulo (vocal) e Ryan Roskowinski (baixo). Um artefato que certamente irá surpreender todos aqueles que escutaram o seu antecessor, “Blind’s Paradise”. Em “World of Lies” o Morfolk mostra, em menos de 35 minutos, todo seu poder de fogo adquirido ao longo desses anos de estrada, e também reafirma através de suas nove faixas destruidoras o seu real compromisso em fazer Death Metal com base na ‘velha escola’, mas sem soar retrô ou clichê. “Fear Within is All” abre a carnificina, ora cadenciada, ora extremamente brutal e com momentos densos que proporcionam uma atmosfera sombria muito interessante. Em seguida a faixa título do álbum, que entra com peso acima da média, fazendo tremer os móveis. As músicas “The Unknown” e “Slaves of the Underworld” promovem um verdadeiro festival de riffs certeiros e combinados, que somados a cadência violenta do baixo, uma bateria muito dinâmica e a um vocal devastador, mesclando o horror de forma gutural assustadora e insanidade com berros rasgados, se encaixam perfeitamente. A quinta faixa é uma surpresa à parte “No Tomorrow” é uma paulada, que ao vivo deve funcionar como um verdadeiro ‘moedor de carne humana’ no mosh. O disco é um show e acho até desnecessário ficar aqui descrevendo cada faixa. Resumindo, as demais músicas são uma grande celebração ao Death Metal e com certeza vão agradar os ouvidos dos amantes de bandas como Master, Benediction, Cannibal Corpse, Entombed, Disharmonic Orquestra, Bolthrower, entre outras. Um lançamento totalmente independente, muito profissional, com arte da capa muito legal, contendo letras, fotos da banda, ficha técnica e demais informações. A gravação está excelente. Os fonogramas foram muito bem mixados e masterizados, não ficando ‘a dever’ nada para produções independentes ‘gringas’ que tenho escutado ultimamente. Arrisco afirmar que esse álbum tem qualidade de gravação superior a muitos discos de bandas internacionais que muitos brasileiros adoram ficar ‘pagando pau’. Um maravilhoso trabalho, extremamente recomendável e que merece muito ser valorizado por aqueles que acreditam de verdade no nosso Metal, não só pelo seu conteúdo devastador, mas também pelo fato de ter sido feito com muita atitude, de forma honesta, por guerreiros que já atravessam anos de batalhas por amor ao Underground.