
“Está chovendo, que maravilha! É assim que uma situação ruim fica ainda pior. É 1993 e enquanto eu sento dentro da minha surrada minivan 1984 da Toyota com mais de 215 mil quilômetros rodados [nada a ver com ‘rock star’], eu leio os panfletos pela última vez. ‘CABELO E MAQUIAGEM PARA CASAMENTOS. LIGUE PRA SUZETTE’, e daí o nosso número de telefone. Simples, direto, e um modo de Suzette ganhar umas cem pilas para trabalhar umas duas horas em um fim de semana. Nada como ser cafetão dos talentos da sua mulher. Perdedor. Eu coloco o capuz do meu moletom bem apertado na cabeça, não só pra me proteger da chuva, mas pra que as pessoas não me reconheçam. Quase dez anos depois do meu auge, e mesmo com um chapéu e óculos, as pessoas ainda vem até a mim todo dia e dizem, ‘Hey, você não é o...?’. Que merda ter essa cara! Eu me lembro de trabalhar com Billy Joel e ele dizer: ‘Ser rico e famoso é difícil; ser pobre e famoso deve ser uma baita duma merda’. Ele estava certo. Vocês acham que Billy está colocando panfletos em carros essa noite?. Mas isso tinha sido uma década antes, e eu estava sentado no topo do mundo com a minha banda, Twisted Sister. Estávamos no topo das paradas, queridinhos da mídia mundial, com um disco multiplatinado e turnês internacionais. Eu era a imagem do Heavy Metal. Eu tinha bons carros, barcos e uma casa cara em uma vizinhança rica. Tínhamos uma governanta e uma babá, jardineiros, pessoal de manutenção e contadores que pagavam minhas contas. Eu tinha conta em toda loja, guarda-costas e primeira classe em tudo. Agora eram os anos 90, e eu tinha perdido tudo. Tudo. Exceto pelas coisas verdadeiramente importantes em minha vida – minha esposa e filhos... E eu tinha que sustentá-los”.
O texto acima é foi retirado (e traduzido) da autobiografia de Dee Snider, “Shut Up And Give Me The Mic”.
A banda se apresenta em São Paulo no Live N’ Louder Festival no dia 14 de Abril, no Espaço das Américas.