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Manowar em Recife (Crushing the Enemies of Metal Tour 2024)

Evento: Manowar em Recife (Crushing the Enemies of Metal Tour 2024)
Data: 24/11/2024
Local: Armazém 14. Recife/PE

Resenha por Valterlir Mendes
Fotos: Rosberg Rodrigues


O show do Manowar na capital pernambucana foi anunciado com uma boa antecedência e deixou os fãs da banda, em Pernambuco e estados vizinhos, bastante entusiasmados. Confesso que nunca fui um grande fã do Manowar, mas, claro, após o anúncio do show decidi por ouvir, com afinco, os discos da banda. É óbvio que eu conheço alguns discos, principalmente os clássicos. Redudante mencionar, aqui, que tais discos trazem clássicos absolutos do Heavy Metal mundial e tornam a banda algo único no seu estilo característico e épico de fazer Heavy Metal.

De início, o show do Manowar seria realizado no Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães, mais conhecido como “Geraldão”. Um local amplo, enorme mesmo, e que comportaria um público gigantesco. Sabe-se a importância do Manowar para o Heavy Metal mundial, porém, ao meu ver, não é uma banda para lotar um ginásio como aquele. Acho que esse tenha sido um dos fatores para a mudança de local, semanas antes do show. Isso fez com que houvesse mudança nos valores dos ingressos. Muita gente que queria ver o show estava reclamando dos valores, por ser bem alto, o que não cabe no orçamento de muitos Metalheads.

O local escolhido e definitivo para receber a apresentação do Manowar foi o Armazém 14, que comporta bem shows de médio porte, após uma boa reestruturação pela qual passou há alguns anos. Além disso, fica localizado no Recife Antigo e é de fácil acesso para todos, tanto para quem mora na capital, assim como para quem vem de outros estados e cidades.

Falando em outras cidades de Pernambuco e estados vizinhos, ao chegar no local do show, por volta das 19h30, eu me deparei com um bom aglomerado de pessoas, boa parte vinda de outras cidades/estados. Vi muita gente de Fortaleza, João Pessoa, Natal, Campina Grande, Salvador, entre outras cidades. Era esse público, com bastante gente de fora, que estava formando uma enorme fila, além dos muitos outros que estavam por ali, confraternizando, tomando umas cervejas e até mesmo comprando merchandising não oficial da banda.

Mencionei que cheguei às 19h30, ou seja, meia hora antes do horário informado que seria o do início do show e meia hora depois do que seria o horário de abertura dos portões. Porém, após conversa com o pessoal, fiquei sabendo que ocorreria um atraso, tendo em vista que a mesa de som havia queimado e precisou ser trocada. Mas o tempo foi passando e muita gente se irritando com o atraso, que, no total, durou mais de duas horas para a abertura dos portões. E não foi tão somente pelo “fator mesa de som”. Joey DeMaio passou cerca de uma hora (ou mais), segundo informes, “proseando” no baixo, algo que ele fez em todos os shows no Brasil.

Eu consegui entrar, juntamente com Rosberg, o fotógrafo que foi credenciado juntamente comigo, logo no início: 21h20. Então, fiquei de boa e procurei algumas informações. Com a pulseira, tive acesso a “pista premium”, porém o fotógrafo não podia tirar fotos (???), por uma exigência da banda. Isso é bem estranho e, claro, não foi uma determinação da produção, nem da local e nem da produção responsável por trazer o Manowar ao Brasil.

Às 22h20 a introdução “March of the Heroes Into Valhalla” começou a soar no som mecânico. Assim, era anunciado o início do show do Manowar. Começaram a apresentação com a música que dar nome à banda, “Manowar”. A “pista premium”, a que ficou bem perto do palco, já tinha um bom número de pessoas, mas, depois, fiquei sabendo que muita gente, neste momento, ainda estava fora. E começou um empurra-empurra para entrar, gente entrando sem apresentar ingresso... Eu fiquei sabendo, também, que ficou bem caótico e muitas pessoas só conseguiram entrar, de fato, quando a terceira música já estava rolando. Tive acesso a tais informes apenas no fim do show, com um pessoal que estava comentando na saída...

Continuando a falar sobre o show, o palco estava impecável, visual e sonoramente. O som estava límpido, poderoso e muito alto! Eric Adams, no alto dos seus 72 anos de idade, estava simplesmente fantástico, com vocais fortes, sejam nas linhas agudas, rasgadas ou limpas. Mas notei que no início a banda deu uma parada entre as músicas. Talvez um momento para respirar. O ‘set list’ oficial, anunciado antes do show, foi modificado, pois logo no início percebi que algumas músicas não seriam tocadas. Sem tocar a excelente “The Dawn of Battle”, a banda foi direto para “Warriors of the World United”, com boa parte do público cantando junto. Falando em público, dava para notar a nítida emoção de muitos; alguns cantando juntos, outros com lágrimas nos olhos... A banda, em palco, se limitou a fazer seu show, de forma profissional, sem qualquer comunicação com o público, a não ser com o conhecido símbolo de segurar o pulso e levantar os braços - acmpanhado pelo público -, o que não agradou a alguns. Eric em nenhum momento mandou sequer um “boa noite”, mas fazia uma apresentação sem defeitos e com um grande sorriso no rosto. E, sinceramente, não vejo problemas nisso. Quem foi para ver um show de Heavy Metal, teve isso. Como mencionei, o som estava muito alto - mais alto que o inferno (não consegui evitar o trocadilho) e soava como um trovão! As linhas de baixo de Joey DeMaio eram fortes, bem nítidas, o que não deixava lacunas enquanto o guitarrista Michael Angelo Batio fazia solos ou até mesmo durante a execução de linhas de guitarras das músicas. A bateria de Dave Chedrick acrescentava uma dose a mais de peso. Era incrível poder ver e ouvir todo o profissionalismo dos músicos, presenteando os nossos ouvidos com o que há de melhor no Heavy Metal. Com algumas paradas entre uma música e outra, mandaram “Immortal”, que é uma música mais recente, seguida de cinco clássicos: “Brothers of Metal Pt. 1”, “Blood of My Enemies”, “Call to Arms”, “Sign of the Hammer” e “Mountains”, o que deixou os fãs mais fieis da banda em êxtase. Porém logo percebi que a não menos clássica “Gates of Valhalla” foi limada, também, do ‘set list’. Uma pena. Após essa chuva de clássicos, em uma de suas saídas do palco, apenas retorna Joey e Michael, que fizeram um dueto de baixo e guitarra, o que levou um tempo. O público ficou atento, porém eu sei que esse dueto poderia ter sido trocado por uma música. Mas também sei que o intervalo se fazia necessário, pois as linhas vocais de Eric estavam realmente altas e ele não se poupou. Esses intervalos serviam até mesmo para que ele descansasse um pouco. O palco, como já mencionei, estava muito bonito visualmente e em algumas músicas foram projetadas imagens, o que deixou o show ainda mais interessante. Após o dueto de baixo/guitarra, a banda toda retorna ao palco e executam “Fighting the World”, “Kings of Metal”, “King of Kings”, “Kill With Power” e “Hail and Kill”, ou seja, não pouparam nos clássicos. E quem foi ver o Manowar foi justamente para ver/ouvir isso: os clássicos. E entre músicas épicas, com Eric usando de tons mais suaves em algumas delas, também teve espaço para algo mais Power Metal, como “Fight Until We Die”, com Dave simplesmente detonando na bateria! Após o fim dessa música, a banda saiu do palco, mas o público não saiu do local, então Joey volta, com microfone em mãos e começa um discurso, em português e puxando no “sotaque” nordestino. E então agradece aos presentes; fala da importância e do caráter histórico do show do Manowar no Nordeste e, entre outras palavras (o cara mandou muito bem no português), para levar o público à loucura, disse: “quem não gosta de Heavy Metal, vá se lascar! Quem não gosta dos nordestinos, vá se lascar! Quem não gosta de Manowar, vá se lascar!”. Foi um discurso, ao mesmo tempo, legal de se ouvir (e até engraçado), bem feito (um bom português) e atencioso com o público do Nordeste. Após esse discurso, mandam “Black Wind, Fire and Steel”, para depois a banda ficar no palco, ao som da guitarra “zunindo”, e um baixo tendo cada corda sendo arrancada por Joey, fazendo um barulho de trovão. Um tímido obrigado e a banda se despede, deixando no som mecânico “Army of the Dead, Part II”, que anunciava o fim da apresentação.

Falando-se exclusivamente do show, foi simplesmente fantástico! Sendo fã ou não da banda, quem foi, presenciou um show verdadeiramente histórico, beirando a perfeição, com uma banda que entrega ao público o que ele realmente espera de um show do Manowar. Palco bem iluminado e uma sonorização fantástica, soando muito alta, mas sem qualquer falha técnica. Ao menos de onde eu estava não percebi qualquer falha durante toda a apresentação.

Já com relação ao local, o Armazém 14 comporta um público mediano, entre duas a três mil pessoas, mas notei que não ficou lotado. Ainda teve o fator de divisão das pistas. Quem não foi para a “pista premium” foi bastante prejudicado, pois havia uma torre (para iluminação e luzes), separando as pistas. Ficava bem difícil para quem estava atrás ver a banda, ainda mais que o palco não era alto. E esse é outro fator que deve ser observado ali no Armazém 14: altura do palco. O atraso, claro, eu não poderia deixar de mencionar, pois foi a maior reclamação de quem foi, haja vista que muita gente chegou logo cedo no local, e passou horas numa fila, sem saber ao menos de que horas os portões seriam abertos. E quando foram abertos, o pessoal teve muito pouco tempo para entrar, o que ocasionou um início de confusão. Tirando esses fatores, que não são coisas simples, o show, em si, foi magnífico. Quem foi para ver uma apresentação fantástica do Manowar, não teve menos que isso. Pena, para alguns, não ter sido disponibilizada nenhuma camiseta oficial da tour para venda.
 
 
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