“Faithless” foi um álbum concebido durante um período nebuloso para a humanidade. Enquanto o mundo enfrentava uma pandemia devastadora e o Brasil um (des) governo que sequer ligou para o que o povo passava num momento tão delicado, o Pandemmy criava seu protesto em forma de música e daí surgiu o seu novo álbum, lançado no final de 2024. “Faithless”, liricamente, é um disco que abrange todo o período caótico pelo qual passamos, mas sem deixar de apresentar temas mais atuais, como a destruição da Palestina. É um álbum, no que concerne às letras, para quem se preocupa com os temas mais delicados que a humanidade passou e vem passando. Não há espaço para momentos alegres ou para relaxar. É o dedo na ferida, mesmo! Musicalmente, é o Pandemmy de sempre (mas sem soar igual, se é que me entendem). A banda transita entre o Death e o Thrash Metal, claro, sem se apegar, em demasia, aos clichês dos estilos. Sua música cria uma aura que combina com a lírica. Temos momentos ríspidos, agressivos, raivosos, alternando com peso e, até mesmo, alguns andamentos mais melancólicos, densos (o uso de teclados em algumas músicas evidencia isso). É um álbum que combina lírica, música e visual. Digo visual, porque a capa, criada por Juh Leidl, é cheia de simbolismo e casa com tudo o que encontramos no disco. Uma capa bonita, mas também impactante, cheia de detalhes e ‘easter eggs’, dando uma ideia do que encontrar nas letras. “Faithless” começa com “The Shadow”, que tem um início melancólico, com partes acústicas, guitarras dedilhadas, logo abrindo para um Death/Thrash Metal com várias alternâncias de andamentos. Vocais usados de forma bem grave, riffs e solos cortantes, andamento coeso de bateria e o baixo complementando tudo. Esse som é um bom exemplo do que ouviremos ao decorrer do álbum, porém não estou dizendo que as demais músicas soem iguais. O exemplo é justamente em razão da musicalidade bem prolífica encontrada no disco. Haverá momentos mais trabalhados, algo mais ríspido, outras passagens mais marcadas e até mesmo Hardcore, como ouvido em “Manifesto (Antifascista)”. A versão física de “Faithless”, além de seu ‘track list’ regular, com oito faixas, traz duas faixas bônus (dois covers): “World Beyond” do Kreator e “Mina (The Curse’s Rise)” da banda pernambucana Inner Demons Rise. O álbum foi gravado por Pedro Valença (guitarra), Guilherme Silva (vocal/guitarra) e Aquiles Albino (baixo), sendo as linhas de bateria gravadas pelo baterista convidado Jhoni Rodrigues.