Uma estreia é sempre algo a se tomar cuidado, um deslize, algo mal feito ou desleixado, vai deixar uma mancha por toda uma carreira. A Evocati, oriunda da cidade de Moreno, região metropolitana do Recife, parece que estudou muito bem como se fazer uma estreia e o resultado foi seu belíssimo primeiro trabalho, simplesmente intitulado “Evocati”. Um álbum coeso, que transita pelo Heavy Metal tradicional, mas com uma produção sonora límpida, bem cuidada, contemporânea, que deixa transparecer até mesmo certas influências, em alguns riffs de guitarras, do falecido Dimebag Darrell. Mas não pensem que o Pantera seja influência para a banda, pelo contrário, a banda bebe na fonte originária do Heavy Metal, com traços mais modernos na sua música. O instrumental é bem feito, com um vocal de alta qualidade e impostando alguns agudos só quando necessário. Mas o mais importante é que a música soa com ‘feeling’ durante todo o tempo. Seja em canções mais velozes, como “The Battle Will Begin” (belo título de música para um álbum de estreia) ou em algo que pende para algo mais balada, como é o caso de “Real Fight”, que começa com riffs no melhor estilo Iron Maiden, e depois parte para algo mais sentimental, não só no instrumental, mas também na letra (que vale salientar, não fala de amor). Já “Death is Reality” me chegou a lembrar o Hibria, já que é um Power Metal de alta qualidade. “Tribe of Jó” arrepia com as linhas de baixo comandando o início da música. A música que dá titulo ao álbum e nomeia a banda é um épico, com muitas alternâncias de andamentos e influências, em seus mais de 13 minutos, iniciando com um Doom Metal, com riffs a la Iommi, passando pelo Heavy Metal tradicional, numa odisseia musical bastante criativa. Certamente um dos destaques do álbum, não só por sua duração, mas por sua bem feita e empolgante construção musical, com um refrão a ser cantado a plenos pulmões. Eu praticamente citei todas as nove músicas, mas é isso que esse álbum traz: faixas que se destacam pela sua criatividade e ‘feeling’ Heavy Metal. O álbum é fechado de forma empolgante com a também Power Metal “No Permission”, trazendo certa ferocidade, tanto no instrumental como nos vocais. A parte gráfica, a cargo de Alcides Burn, ficou muito bem feita, com o encarte, ao se desdobrar, se transformando num pequeno pôster, com a imagem de um soldado romano carregando uma cabeça decapitada. Os responsáveis por essa bela estreia foram: Luiz Neto (baixo), Sérgio Costa (vocal), Nenel Lucena (guitarra/vocal) e Diego Coutinho (bateria).