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Reviews Shows

ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
 

Recife Metal Law - O seu portal de informação!

 

Abril Pro Rock 2019 - 3º dia

Evento: Abril Pro Rock
Data: 20 de abril de 2019
Local: Baile Perfumado. Recife/PE
Bandas:
- Exorcismo (Thrash Metal - PE)
- Pesado (Crossover - PE)
- Eskröta (Crossover - SP)
- Flageladör (Thrash Metal - RJ)
- Manger Cadavre? (Hardcore/Crust - SP)
- The Mist (Thrash Metal - MG)
- Desalmado (Grindcore - SP)
- Nuclear Assault (Thrash Metal - EUA)
- Sanctifier (Death Metal - RN)
- Ratos De Porão (Hardcore - SP)

Resenha & fotos: Valterlir Mendes

Terceiro e último dia do Abril Pro Rock de 2019. Um sábado de chuvas, não tão fortes, mas que mesmo assim sempre traz transtornos à capital pernambucana. Chego nas imediações do Baile Perfumado quase às 17h00 e a movimentação, já nessa hora, era bem satisfatória. Claro que muita gente deixa para chegar bem depois do evento já ter começado, por opção ou, simplesmente, porque alguns trabalham no sábado ou mesmo se atrasam, afinal, muito do público do Abril Pro Rock é formado por pessoas de cidades e estados vizinhos.

Aguardando pela a abertura do portão, aproveito para tomar uma cerveja e comer algo antes de entrar. E sobre a abertura do portão, houve certo atraso, pois tal abertura estava marcada para às 17h00 e só ocorreu às 17h20, o que fez com que o público já presente reclamasse do atraso, ainda mais que uma chuva estava caindo e todos procuravam abrigo. Ainda no horário da abertura uma das bandas, no palco principal, passava seu som. Então, não precisava ser nenhum “vidente” para prever que haveria atraso no início dos shows, algo não corriqueiro no Abril Pro Rock. E, se não me falhe à memória, essa foi a primeira vez que pude ver tal atraso. Lembrando: houve atraso, mas nada escandaloso ou de horas. Na verdade, o atraso para início dos shows foi de apenas 20 minutos.

A primeira banda a se apresentar foi a pernambucana Exorcismo, que vem numa boa ascendente de shows, seja em eventos de pequeno porte ou até mesmo em algo maior, como foi sua abertura para os irmãos Cavalera, ano passado. Com seu Thrash Metal veloz, bastante influenciado por Attomica e até mesmo por álbuns como “Beneath the Remains” e “Arise”, a banda fez um show correto, coeso, forte, com boa comunicação com o público, e tempo até mesmo para um breve histórico sobre o surgimento e caminhada da banda pelo Underground. Claro, houve o contumaz agradecimento à produção do Abril Pro Rock. Divulgando seu álbum de estreia, “Exorcise and Steal”, o ‘set list’ da banda foi totalmente baseado nesse disco, o qual foi tocado na íntegra. Então pudemos ouvir temas como “Disgrace and Terror”, “Surrounded by Fakes (Kill the Falses)” e a faixa-título, não necessariamente nessa ordem. E em músicas velozes, beirando a insanidade, a banda não perdeu o pique, seja nos riffs ou nos solos e até mesmo nas linhas de baixo, que acompanhavam de perto as linhas de bateria. Saliento que os vocais são feitos pelo baterista Denis Violence, que em nenhum momento perde o pique e se garante exercendo ambas as funções. O público já era bem numeroso e ainda chegou a abrir algumas rodas de mosh, garantindo, assim, uma boa abertura de evento. “Bendita chuva”, assim disse o guitarrista Carlos Ragner. E, sim, a chuva fez com quem estava no lado de fora adentrasse logo para conferir a primeira banda da tarde/noite.

Como sempre e como eu já narrei diversas vezes em resenhas do Abril Pro Rock, não há espaço entre uma apresentação e outra. Terminando um show, o outro já começa na sequência, sem intervalos. Então era correr para pegar um chopp e ir conferir a outra apresentação. Ocorre que aí estava o problema. As filas para se pegar chopp eram enormes e lentas. Aí tinha que se escolher entre conferir o show ou ficar na fila, por um bom tempo, para poder aplacar sua sede... Então...

...Segunda banda da noite: Pesado, que tem como seu líder, claro, o vocalista Pesado, figura bastante conhecida do meio Underground de Pernambuco, por ter liderado a decana banda Câmbio Negro HC. E, confesso, pensei que o vocalista iria realizar um show com músicas oriundas de sua antiga banda, mas para minha - agradável - surpresa o show trouxe praticamente apenas músicas próprias. O som estava bem nítido, dando para ouvir todos os riffs das três guitarras, apesar de alguns pequenos ‘zumbidos’. Isso mesmo! Uma banda de Hardcore com três guitarras, o que deu uma dinâmica bastante interessante para as músicas, já que, sem perder a agressividade do estilo, trazia boas linhas instrumentais, algumas bem Thrash Metal, outras até trazendo (pasmem!) algo do Heavy Metal tradicional. Mas, repito, sem perder a agressividade em nenhum momento. O show foi pura energia, do primeiro ao último segundo. Isso significa que, ao dar início a sua apresentação, a banda fez com que boa parte do público fosse para a frente do palco e, assim, as rodas de mosh/pogo foram abertas sem piedade. As músicas, muitas delas, eram bem curtas, diretas, algumas soando Punk, principalmente nas letras de protesto, outras um pouco mais longas, com a bem vinda e já comentada influência Thrash Metal no instrumental, e entre “Até Quando”, “15 anos”, “Desemprego, Desespero”, “08 de Março”, essa com a participação da vocalista Luciana, Pesado mandou uma de sua antiga banda: “Farsa”, vociferando “Machismo é o caralho! Homofobia é o caralho! White Metal é o caralho! Bolsonaro é o caralho!”. Se a banda já havia ganhado o público, o que dizer depois disso? A banda foi simplesmente ovacionada por sua postura. Um show de pura energia Hardcore em apenas 30 minutos!

Algo não corriqueiro no evento ocorreu: antes de a terceira banda da noite dar início ao seu show, houve um pequeno atraso. Claro, nada exorbitante. Creio que por algum problema técnico no palco secundário. Tentei novamente pegar um chopp para molhar a garganta, mas as enormes filas me fez desistir.

A Eskröta, depois dos ajustes, deu início a sua avalanche sonora sem precedentes. Tendo a sua frente a vocalista/baixista Tamy Leopoldo, a banda apresentou um som que transita entre o Hardcore e o Grindcore, com algo de Crossover, além de temas fortes e puro protesto em suas letras, o show foi puro explosivo plástico do início ao fim. A banda fez um ‘set list’ baseado no seu mais recente álbum de estúdio, “Eticamente Questionável”. O público se amontoou no palco secundário, com isso muito mosh; empurra-empurra e uma banda afiada, sonoramente. O único “alívio” era quando a vocalista interagia com o público, tirando isso, o pandemônio comia solto durante a apresentação da banda que, apesar dos problemas antes de iniciar o seu show, teve a sua disposição uma sonorização de altíssimo nível, deixando toda a parte instrumental bem audível. Vi boa parte do show do lado do palco, na fila do chopp. Ou era isso ou garganta seca durante todo o evento. Felizmente de onde eu estava dava para ver a banda em ação, bem como ouvir de forma nítida sua sonoridade. Também dava para ver que o público disputava espaço na frente do palco secundário, que por ser menor, limitava o espaço para quem quisesse ficar de frente ao palco. Por um lado isso foi uma boa para a banda, que agradou bastante quem a conhecia e quem a não conhecia, esse último é o meu caso.

Depois um longo tempo na fila e sem muito tempo para andar pelo local, já praticamente todo tomado pelo público da última noite do festival, fui para a frente do palco principal, afinal, o palco já estava com uma das bandas que eu mais gostaria de ver nesse dia.

O relógio marcava 19h40 quando a banda carioca Flageladör deu início a sua apresentação. A banda já é bem conhecida do público Underground de Pernambuco, tendo em vista que já tocou diversas vezes por esses lados. Tendo a disposição, agora, um palco enorme e uma aparelhagem sonora de alto nível, as duas primeiras músicas quase não deu para reconhecer ou ouvir de forma satisfatória, a exemplo de “Obcecado por Sangue”. A guitarra de Armando Exekutor (também vocal e que tocou todo o show com um capuz de carrasco) praticamente não se ouvia. Felizmente a partir de “Missão Metal” a parte sonora deu uma boa melhorada, não chegando ao ideal, mas dando para ouvir as linhas de guitarra, algo de suma importância para um show do Flageladör, uma vez que seu Thrash Metal tem muito do velho Heavy Metal, principalmente daquele feito na década de 80 no Brasil. Ver boa parte do público no mosh pit ao som de “Perseguir e Exterminar” e até mesmo na nova “Nas Minhas Veias Corre Fogo” foi impressionante. Digo que foi de impressionar, uma vez que grande parte do público, nitidamente, não conhecia a banda. E a banda em palco, tirando os problemas técnicos, tem uma boa movimentação e aquele espírito Heavy Metal, até mesmo nas coreografias. Foi um show conturbado, em razão dos problemas técnicos, mas que satisfez parcela do público e que deixou outra um tanto frustrada. Bem, eu achei mais Heavy Metal impossível: moshes, microfonias e até mesmo o final cortado. Isso mesmo! “Assalto da Motoserra” não foi finalizada. Depois de o baixista Alan tropeçar no cabo da guitarra e a tentativa de encerrar a música, a produção informou que o tempo havia estourado. Uma pena esses ocorridos, mas nada que tenha deixado o público inerte durante todo o show do Flageladör.

Sem intervalo e todos se dirigem para o palco secundário. Nele um som extremamente límpido (notei que o palco secundário tinha uma sonoridade melhor) a favor de um show extremamente agressivo e que arrancou muitos elogios. Manger Cadavre? traz algo de contemporâneo na sua sonoridade, com alguns ‘breakdowns’ em meio ao seu caótico Hardcore. A banda, assim como a Eskröta, tem uma figura feminina a sua frente. Como já mencionado, o som estava bem equalizado, nítido, deixando todo o instrumental e até mesmo os vocais bem claros. A linha lírica? Afrontando o atual governo com faixa de “Marielle Vive!”, gritos de “Marielle Presente” e de “Cadê os vizinhos de milicianos que a mandaram matar?”, a banda foi ovacionada. E a música da Manger Cadavre? não deixou de ser enérgica por um só segundo. O público respondeu a altura e novamente o palco secundário foi tomado por rodas de mosh e muita agitação. E boa parte dessa agitação vinha em decorrência do discurso antifascista da banda: “com fascismo não se dialoga, fascismo se esmaga!” ou então uma imagem do atual presidente sendo erguida e logo em seguida sendo rasgada, para delírio de muitos dos presentes, porém deixando alguns poucos desconfortáveis. A banda foi um exemplo claro do slogan do evento desse ano: revolta e resistência.

O The Mist era uma das bandas mais esperadas da noite. A banda retornou faz pouco tempo para uma turnê comemorativa dos 30 anos de seu álbum de estreia, “Phantasmagoria”, e se vai continuar ou não após tal turnê, não se sabe, ao certo. O certo é que o vocalista Vladimir Korg é um dos mais carismáticos ‘frontman’ da história do Metal nacional. Sua interpretação vocal em cada música executada foram a tônica do show. Mas isso não significa que o restante da banda não tenha suas qualidades. Muito pelo contrário, para se fazer o Thrash Metal que a banda faz, necessário músicos gabaritados. Jairo Guedz, apesar de alguns problemas na sua guitarra, logo contornados, segurou bem o fato de a banda ter apenas um guitarrista para fazer um som tão intrincado; o novo baixista, Wesley Ribeiro, é de uma qualidade técnica espantável. E o baterista Christiano Salles chegava a ditar alguns andamentos no show. Com um belo backdrop no palco, a banda fez um show mais contido, em sem falando da agitação do público, que preferiu conferir a performance da banda do que ficar agitando em rodas de mosh. Até mesmo porque temas como “Barbed Wire Land”, “Phantasmagoria”, “A Step Into the Dark” e “Flying Saucers in the Sky”, apesar de alguns andamentos mais velozes e de puro Thrash Metal, trazem levadas mais intrincadas com um instrumental que classificar apenas como Thrash seria limitar a musicalidade dessa excepcional banda. A banda veio a encerrar o show com “Hate”, que teve uma pequena bandeira no palco, com alguns acreditando se tratar de outra coisa, mas que tal bandeira era só para anunciar a música mesmo. Ah, a guitarra de Jairo chegou a parar nessa música, com Wesley segurando a onda até que o The Mist tivesse que parar e recomeçar. Saliento que a banda também executou músicas do disco “The Hangman Tree”. Enfim, um show excelente, sem a agitação dos shows anteriores, mas com o público prestando atenção a cada detalhe.

Se o show anterior foi de maior contemplação, o palco secundário e sua frente novamente se tornou um caos! E o ‘culpado’ por tal foi o violento Grindcore do Desalmado. Iniciando seu show com “Preço da Liberdade”, do EP “Estado Escravo” (2014), a violência sonora era emanada em sua forma mais bruta (redundante, não?). E, mais uma vez, o palco secundário apresentou uma sonorização bem superior ao palco principal. O que houve, ao certo, não sei, mas praticamente em todos os shows no palco secundário a sonorização estava bem melhor. E digo que isso foi primordial, afinal as bandas mais agressivas da noite passaram por tal palco. O Desalmado foi uma delas e com sua sonoridade poderosa não deixou pedra sobre pedra. O público sentiu toda a energia emanada e mais uma vez a frente do palco se tornou hostil. Digo hostil no sentido das insanas rodas de mosh/pogo, porém não cheguei a ver, sequer, algum início de confusão. Eram rodas por pura diversão. O vocalista Caio Augusttus interagiu bem com o público, mas sem discursos prolongados, afinal aproveitou o curto tempo de apresentação para apresentar a música do Desalmado, que agradou em cheio àqueles que gostam de um Grindcore que é puro esporro sonoro e anti-música. E digo que as músicas em português, tais como “Glória” e “Estado Escravo” tem um apelo maior. E, claro, uma banda como o Desalmado não poderia deixar de ‘homenagear’ o atual presidente. Na fala de Caio: “Se ele veio para destruir, vai acabar morto como Mussolini e Hitler”, mandando “Sem Nome” na sequência. Mais um show marcante da terceira noite do Abril Pro Rock.

A banda mais aguardada da noite foi a responsável por trazer praticamente todo o público para a frente do palco principal. Pela primeira vez em Pernambuco, o Nuclear Assault era bastante aguardado e muita gente da ‘velha guarda’ foi vista nas dependências do Baile Perfumado. E não era para menos, afinal o Nuclear Assault é uma das bandas mais importantes do Thrash Metal e seus primeiros discos são nada menos que clássicos, responsáveis por músicas que serviram para definir o estilo. Apesar da idade dos músicos e uma ‘cola’ para que o vocalista/guitarrista John Connelly lembrasse de algumas letras, o que se viu foi um show que foi pura energia. Preciso dizer como ficou a frente do palco principal? Claro, né? Circle pits, stage divings, mosh... E isso não foi na primeira música, ou na metade do show, ou no final. Foi durante toda a apresentação. A galera simplesmente parecia não cansar. Foi incrível! Foi lindo! O grandalhão Dan Lilker, além de detonar nos graves de seu baixo, tem muito carisma e procurou sempre se comunicar com o público. Já o guitarrista Erik Burke se mostrou bem a vontade em palco, tocando descalço e mandando muito bem nos riffs. Fechando a banda, o não menos competente baterista Nick Barker, seguro em praticamente todo o show, em todas as músicas. Músicas não, afinal a mais nova contida no ‘set’ foi “Analog Man” do EP “Pounder”, lançado em 2015. De resto, clássicos como “Rise From the Ashes”, “F#” (com um pequeno problema no baixo, se não me falhe a memória), “New Song” e o clássico mais que absoluto “Critical Mass”, que quase põe tudo abaixo. E olha que isso foi apenas o início do show. Foi um ‘set list’ contendo muitas músicas e a cada música tocada maior era a energia do público. Lembro que em nenhum momento John Connelly perdeu o pique nos vocais. Inclusive, os seus agudos continuam intactos. Teve a ‘cola’ sim, mas tirando isso, ele se garante, e inclua nisso os seus solos. Não houve altos e baixos. O Nuclear Assault fez um show impecável da primeira a última música, e em “Lesbians”, assim como ocorreu em outras músicas, integrantes da banda Eskröta subiram no palco para fazer vocais. Um show sem firulas e carregado de clássicos, que o digam “After the Holocaust” e “Hang the Pope”.

A maratona de shows estava chegando ao fim, mas, apesar de o cansaço já se fazer aparente no rosto de muitos, ainda haviam duas apresentações e, assim, muitos permaneceram no local depois da, digamos, banda principal do festival. E mesmo sem haver intervalo entre bandas, muitos aproveitavam para ver o merchandising, comprar algo, trocar ideias, tomar uma cerveja... E o festival este ano parece que deixou todos muito à vontade. Enfim, voltemos para os shows.

A banda potiguar Sanctifier não ‘caiu’ numa posição muito confortável. Como mencionei antes, parte do público já mostrava cansaço após a maratona de shows. O Sanctifier foi a nona banda da noite e, apesar de sua competência com seu Death Metal que foge do lugar comum, mas sem soar estranho ao estilo, não conseguiu agitar o público. Não, o show, de forma alguma, foi maçante. Pelo contrário, a banda, que baseou seu ‘set’ nos seus três discos de estúdio, mostrou seu Death Metal que bebe na fonte da ‘velha escola’, intercalando brutalidade com momentos mais técnicos e com passagens marcadas e pesadas. Alguns reclamaram da sonorização do palco, dizendo que o som da banda ficou muito alto, atrapalhando a audição de forma adequada. Fiquei um pouco mais longe do palco e não cheguei a perceber isso. Já fazia um bom tempo que eu não via a banda ao vivo e uma coisa bem contumaz no Sanctifier é a mudança de integrantes, principalmente nos vocais. Atualmente essa posição é de responsabilidade de Jefson Souza, o qual manteve a pegada feroz que a banda sempre teve em seus vocalistas, ou seja, nada de mudanças abruptas nas linhas vocais. Uma pena que o show do Sanctifier não tenha sido numa posição mais confortável. Uma parte do público não arredou pé de frente do palco secundário, mas não agitava como nos shows anteriores. Mas, apesar das reclamações com o som e a apatia do público, a banda fez um show correto, ao meu ver.

O relógio marcava 00h00. Apesar de não adentrar madrugada a dentro, era esperado que o público não tivesse tanta energia para o último show da noite. Ledo engano... Ratos de Porão simplesmente estremeceu as estruturas do Baile Perfumado e quem esperava que o público tivesse uma atitude mais amena, de apenas ver o show da banda, se enganou, já que o público novamente foi para as rodas de mosh/pogo. O público simplesmente se esbaldou e usou o restante de suas forças para agitar sem parar durante TODA a apresentação da banda. Mas não poderia ser para menos. Ratos de Porão é uma das bandas mais queridas do público nordestino e sempre que anunciada no Abril Pro Rock é recebida com bastante entusiasmo, seja nas reações em redes sociais ou simplesmente durante todo o seu show. E João Gordo, sempre que se apresenta no evento, fala de sua satisfação em tocar para o público desses lados. Atualmente o Ratos de Porão vem fazendo uma turnê que marca os 30 anos do álbum “Brasil”, álbum este que soa mais atual do que nunca, apesar de suas três décadas. Bem, executar um disco em que praticamente todas as músicas são clássicos é jogar uma partida com a certeza de já ter ganhado o jogo. Talvez essa analogia não seja, de fato, a correta, mas deu para ver que “Amazônia Nunca Mais”, “Retrocesso” e “Lei do Silêncio” são músicas que descrevem bem o atual cenário que vemos em nosso país. E vi que a banda não agradou alguns ali, primeiro por causa de uma bandeira do MST e depois uma outra que foi erguida com os dizeres “Foda-se Bolsonaro!”, ambas do lado do baixista Juninho. Um coro enorme tomou conta do Baile Perfumado antes da execução de “Beber Até Morrer” numa singela ‘homenagem’ ao atual presidente. O público gritava a plenos pulmões: “Ei, Bolsonaro vai tomar no cu!”. Parece que alguns, até hoje, não entenderam a verdadeira mensagem do Ratos de Porão e não gostaram de tal posicionamento por parte da maioria presente. Voltando ao show, foi executado um ‘set list’ avassalador e não foi para menos, afinal “Crianças Sem Futuros”, “Farsa Nacionalista” e “Vida Animal” já fazem parte de um ‘set list’ normal do Ratos de Porão e nesse show ganhou ainda mais vida; ganhou ainda mais energia. E ainda pudemos ouvir/ver “Máquina Militar” e “Terra do Carnaval”, com Jão demolindo na guitarra e Boka destruindo o kit de bateria. A cada show que vejo do Ratos de Porão me impressiono com a violência sonora emanada. O encore veio com músicas oriundas do disco “Just Another Crime... In Massacreland”, tais como “Bad Trip” e “Diet Paranoia”, recebidas com menos furor pelo público. Mas o fim com “Morrer” e o clássico dos clássicos “Crucificados Pelo Sistema” foi o tiro de misericórdia, para tirar de vez o restante da energia do público e, em seu lugar, deixar só um largo sorriso estampado na cara.

As imagens do Abril Pro Rock desse ano deixaram bem claras o recado que o festival quis passar: resistência/revolta. Foi possível ver, também, que muitas mulheres se fizeram presentes no festival, não só com as bandas, mas no público, nas palestras, nas convidadas. Foi possível ver que o festival, mesmo sem o patrocínio de outrora, permanece vivo e forte. O público, nesse último dia do festival, deve ter passado das duas mil pessoas, e deixou o Baile Perfumado abarrotado. É uma vitória não só para a produção, mas, também, para as bandas e para o público que resiste. Alguns parecem ter se incomodado com o discurso de algumas bandas, alguns outros apenas reclamaram via rede social, mas, o mais importante, foi a maioria do público presente no festival, fazendo da edição desse ano uma das mais fortes que já houve.

Em tempo: além de todas as opções de merchandising que podia se encontrar no local, o evento abriu espaço para uma exposição do artista gráfico Alcides Burn e a edição desse ano homenageou Enzo, que faleceu recentemente, vítima de câncer e que sempre foi um frequentador assíduo do Abril Pro Rock.

O Abril Pro Rock resiste! Aguardemos a edição de 2020!
 
 
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