A união de consagrados músicos deu vida a essa promissora banda nomeada The Ordher, uma das melhores formações de Death Metal surgida nos últimos tempos. A “experiência” dos trabalhos de suas antigas bandas (Nephasth e Rebaelliun), se deu o lançamento do excelente álbum “Weponize”. Confiram a entrevista com os músicos da The Ordher, aonde falam coisas interessantes sobre a banda, comentários sobre a saída do também fundador, o ex-baterista Maurício, para a entrada de Cássio... Guardem esse nome: THE ORDHER!
Rodrigo Sardi) De quem partiu a idéia em montar a The Ordher?
Fabiano Penna) A gente (Fabiano, Fábio e Maurício) já tinha conversado isso há muitos anos atrás, mas não tinha tempo pra tocar junto... Acabamos nos falando no início de 2005 e a idéia veio à tona novamente, então marcamos um ensaio e como rolou legal decidimos manter a banda.
Rodrigo) Fabiano, você é um cara que eu conheço desde 1993/94 ainda quando era integrante da saudosa Blessed, passando por Rebaelliun e hoje The Ordher. Desde aquela época sei que era focado ao Death Metal e somente por isso alcançou um reconhecimento como músico. Depois de todo esse esforço, acha que agora é hora de apenas “colher” os frutos?
Penna) Cara, ainda tem muita coisa pra melhorar se eu quiser chegar realmente onde quero estar.
Rodrigo) Hoje, quantas horas tem tocado por dia?
Penna) Não tenho estudado muito; toco mais nos ensaios, mas quando tenho tempo, estudo umas três ou quatro horas por dia.
Rodrigo) Quais as bandas que hoje em dia você acha que representam o Metal "extremo" com profissionalismo e seriedade (a nível de Brasil e exterior), buscando um trabalho o mais original possível? Cite alguns nomes.
Penna) Morbid Angel é o que se tem de melhor no estilo, Cannibal Corpse, Krisiun, Nile, Behemoth, Vader...
Rodrigo) Do Brasil, somente Krisiun poderia merecer esse destaque?
Penna) Há bandas com talento, mas o Krisiun é a única que trabalha no mercado mundial.
Rodrigo) O que achou dos últimos shows da The Ordher? Alguma coisa interessante que gostaria de comentar, ou quem sabe um pouco de cada show, sendo que foram em diferentes estados, público?
Penna) Os shows foram bons de uma forma geral, boa receptividade do público, teve uma boa saída de material também. Foram os primeiros shows que fizemos, então sabemos que é um trabalho de investimento, estamos ainda formando um público para banda.
Rodrigo) De uma forma geral, “Weaponize” atingiu as expectativas de vocês, tanto em qualidade do trabalho ou mesmo desempenho individual de vocês?
Penna) Sim. O álbum é muito bem executado, gostamos muito da sonoridade, das composições. Achamos que o disco difere do que a maioria das bandas têm feito no estilo, de uma forma geral. Enfim, estamos muito satisfeitos.
Rodrigo) Ainda sobre “Weaponize”, foi gravado aonde? No encarte tem o nome de dois estúdios. Comente a respeito.
Penna) Captamos bateria, baixo e vocais no estúdio 1000, de propriedade do Fábio. Todos os trabalhos de guitarra, solos, mixagem e masterização foram feitos no meu home studio, chamado El Diablo.
Rodrigo) Mas então quem trabalhou com mixagem e masterização do “Weaponize” foi você?
Penna) Sim, eu mixei e masterizei, mas sempre consultando o Fábio e o Maurício.
Rodrigo) Em sua experiência como músico, durante todos esses anos, o que acha do Maurício ser considerado o melhor baterista do Brasil?
Penna) Com certeza ele está entre os melhores no país. Temos excelentes bateristas de extremo por aqui, como o Max (Krisiun) e o Didi (Subtera).
Rodrigo) Aproveitando a pauta sobre baterista, porque o Maurício não está mais na banda? Continuam amigos?
Fábio Lentino) Maurício decidiu sair para se dedicar a outros projetos como músico. Continuamos amigos sim, foi uma decisão pessoal dele e respeitamos isso.
Rodrigo) De onde surgiu o Cássio e como está o desempenho dele, já que não é para qualquer um substituir o posto de um baterista como o Maurício?
Penna) O Cássio foi uma das indicações que o Maurício deu quando saiu da banda, era aluno dele. Vimos uns vídeos dele, conversamos e resolvemos fazer uns ensaios. Ele é bem disciplinado, tirou as músicas em poucas semanas, pegou o pique rápido nos ensaios e está pronto pra tocar ao vivo com o The Ordher.
Rodrigo) Quais suas influências como guitarrista, como músico?
Penna) Escuto de tudo, e muita coisa diferente. Gosto muito hoje em dia de Johnny Cash, Jimmi Hendrix, Steve Ray Vaughan, Angus Young e tudo do AC/DC, trilhas sonoras, muita coisa boa em todos campos da música.
Rodrigo) E quanto a "Metal", o que você escuta?
Penna) Slayer, Morbid Angel, Pantera...
Rodrigo) E você Fábio, quais suas influências como músico (dentro e fora do Metal)?
Fábio Lentino) Fui influenciado inicialmente por Sepultura e Slayer, que foram as bandas que me motivaram a tocar. Hoje em dia continuo escutando praticamente as mesmas coisas, Slayer, Morbid Angel, Motörhead, AC/DC, entre outras.
Rodrigo) E do Cássio, quais são as influências? Quais os bateristas que ele mais admira?
Cássio) Minhas influências vão desde Slayer, Vader, Hate Eternal até Rammstein, Beatles e também Sepultura (das antigas). Os bateristas que mais admiro dentro do Metal são Derek Roddy, Gene Hoglan, Pete Sandoval, Vinnie Paul, entre outros. Tenho influência também de outros bateristas fora do Metal como: Kiko Freitas, Virgil Donati e Dave Weckl.
Rodrigo) Você acha que o "Metal extremo" está saturado hoje em dia?
Penna) Sim. Muitas bandas estão apostando na mesma fórmula, a internet também viabiliza que todo mundo possa divulgar seu trabalho pelo mundo inteiro, então qualquer um monta uma banda, faz um Myspace e diz que está na cena mundial. Quem está na cena é quem está tocando, é a estrada que faz de uma banda uma banda de verdade, não um projeto!
Rodrigo) Faz quantos anos que você, além de músico, trabalha como produtor?
Penna) Comecei com estúdios em 1995; gravei muitos trabalhos de bandas gaúchas, mas geralmente como assistente e tal... Acho que comecei a produzir mesmo por volta de 2002, quando morei em São Paulo.
Rodrigo) Sendo “Weaponize” recém lançado, vocês já possuem novas músicas para um próximo CD?
Penna) Já temos muita coisa gravada, mas ainda não tivemos como organizar essas idéias e transformar todo material em músicas. Temos trechos isolados, letras, refrões, mas ainda não começamos a ensaiar nada disso.
Rodrigo) Sobre o clipe da faixa “Rise”, do que se trata a letra? Há cenas de “conflitos urbanos”, mesclados a “takes” ao vivo do show de vocês em Porto Alegre. Qual a ideologia da The Ordher e de onde saiu a concepção do clipe?
Penna) “Rise” fala da ascensão do homem como individuo, tornando-se maior e melhor superando os obstáculos do tempo e abatendo os inimigos que surgem no caminho. A concepção do clipe foi simples em função da verba baixa, não houve roteiro, nada disso. Simplesmente aproveitamos da melhor forma possível os takes que tínhamos dum show que fizemos aqui no Sul ano passado e mesclamos cenas fortes que têm a ver com a temática do disco. O mérito e crédito do clipe é do Eddie Jr., grande amigo lá de Manaus que colocou todo o tempo dele à disposição pra gente conseguir um resultado acima da média com pouca verba. Em relação à ideologia do The Ordher, não temos ideologia, focamos na música e falamos da realidade, que por si só já é agressiva o suficiente.
Rodrigo) E esse papo de uma possível turnê nos Estados Unidos, o que poderia adiantar sobre isso? Vocês pretendem tocar apenas com bandas do estilo ou não irão exigir certas bandas e estilos para dividir palco?
Penna) A Unique Leader abriu essa possibilidade e está negociando com uma agência, não é 100% certo, até porque depende de vistos e tudo mais, mas estamos trabalhando pra isso. Vamos tocar com bandas de extremo, não poderia ser diferente!
Rodrigo) Sua experiência já tendo tocado fora do Brasil, turnês com outras bandas, isso certamente vai ajudar a The Ordher a organizar seus trabalhos em relação a shows fora do Brasil, certo? As velhas amizades (do exterior) permanecem ativas para essa troca de ajuda?
Penna) Sim, felizmente o que foi plantado no passado continua aí, tanto da minha parte quanto do Fábio e do Maurício. Aquelas pessoas que se diziam próximas na época e depois nos viraram as costas sabemos quem são, mas temos muitos contatos ainda lá fora e isso vai ajudar bastante na hora de começar a fechar datas fora do país.
Rodrigo) O que músicos profissionais como você, ou músicos como de bandas tipo The Ordher, Mental Horror, Krisiun e/ou Subtera pensam quando se preparam muito para fazer um show e ao chegar o dia, se deparam com meia dúzia de pessoas, perdidas a uma imensidade de headbangers e bandas, existentes, que lutam (ou deveriam lutar) pelo mesmo ideal?
Penna) Eu pessoalmente não reparo nesse tipo de coisa, não me importo se o local está cheio ou não está, se quem está lá usa preto ou branco, enfim, o que me importa é continuar fazendo música e criar cada vez mais condições para que isso seja possível. O cara que entra no “rock” esperando que vai ser tudo como ele acha que deve ser, cai fora rapidinho, especialmente falando de Underground.
Rodrigo) Existe quem "queima" bandas por cobrar para tocar (se apresentar)... O que pensa sobre "cobrar para tocar"? A The Ordher se apresenta sem receber passagens e cachê?
Penna) Qualquer trabalho deve ser remunerado... Se você vai num local e toca para pessoas, essas pessoas estão pagando para ver o show, quem deve receber é o artista. Ninguém vive sem dinheiro e como todos nós vivemos de música no The Ordher, se a gente está saindo de casa tem que ter um retorno financeiro.
Rodrigo) As músicas da The Ordher surgiram de forma natural, sendo mescla do brutal Death Metal com o Death Metal europeu?
Penna) A sonoridade do The Ordher surgiu nos ensaios mesmo, foi a soma de todas nossas experiências como músicos. Em nenhum momento dissemos que o som da banda seria uma mescla disso e daquilo, a única coisa que tivemos em mente desde o primeiro ensaio é que a gente queria fazer som extremo, mas de forma limpa, consciente, tocando dentro do limite e acrescentando elementos não muito típicos no estilo.
Rodrigo) As composições de “Weaponize” mesclam faixas rápidas como é o caso de “Weaponize”, “Shot”, “Rise”e “Blessed Be All Wars”, com outras mais lentas, repletas de palhetadas, como, por exemplo, “Father” e “When The Storm Arrives”. Seria essa a idéia das composições da The Ordher? E os solos um tanto diferenciados que você gravou nesse trabalho, usando efeitos não tradicionais ao “Metal extremo”, de onde partiu essa idéia? Pretende manter nos próximos trabalhos? Achou que a idéia foi aprovada?
Penna) Não queremos um disco repetitivo em momento algum. Você ouve Slayer e fica preso ao disco do início ao fim porque eles mesclam velocidade com peso, o Morbid Angel segue a mesma fórmula, o Black Sabbath já fazia isso, ou o Motörhead. Gostamos disso, dessa variação. Os solos são diferenciados propositalmente também, sinceramente acho solos de guitarra na maioria das vezes algo forçado, que está na música porque é regra pra uma banda de Metal ter solo, e pensei seriamente em não incluir solos nesse disco. Mas tenho ouvido muita coisa bacana em termos de guitarra e mudei minha concepção em relação aos solos, por isso, fiz uma tentativa no disco, coloquei solos não tão velozes, usando mais melodia e efeitos. Gostei do resultado e devemos manter assim nas próximas músicas.
Rodrigo) No próximo álbum vocês procuram manter a timbragem alcançada no atual álbum? Ou seja, limpa, porém pesada? Não possuem receio de “limpar” demais o instrumental e, assim, perder?
Penna) Vamos buscar mais peso no próximo disco, mas a limpeza vai continuar. Essa limpeza vem muito da forma, como estamos executando nossas músicas também, não é apenas questão de timbres, entende? Não temos vontade em gravar um álbum sujo, iria contra o que temos em mente para o som do The Ordher.
Rodrigo) Quem desenhou a capa do álbum “Weaponize”? Ela foi baseada em que?
Penna) Foi o Rafael, do Insane Tattoo Studio. Foi baseada na concepção do álbum, que tem alguns aspectos bélicos, mas que trata no geral sobre a estratégia de armar-se e enfrentar o inimigo cara a cara.
Rodrigo) E o lançamento das 5.000 cópias do “Weaponize” na revista polonesa “Thrash ′em All”, como foi? Quem lançou esse material?
Penna) O “Weaponize” saiu numa edição especial da revista, que é lançada pelo selo Empire Records da Polônia, de propriedade do Mariusz, manager do Vader. Foi valioso porque muita gente teve acesso ao álbum, o público da revista é um público de Metal extremo, então atingimos o ponto certo. Recebemos muitos e-mails e mensagens da Polônia logo após o lançamento, o que nos mostra que foi um tiro certo.
Rodrigo) Diga-nos os próximos planos do The Ordher e deixe sua mensagem aos fãs da banda.
Penna) Agora em Julho além da abertura da tour do Possessed no Brasil, aonde foram três datas (São Paulo, Recife e Belo Horizonte), também o Obscure Faith, festival aqui no Sul do país e logo em seguida no Forcaos em Fortaleza. Temos alguns shows pra Agosto sendo marcados, e agora com a nova formação estabilizada vamos começar a trabalhar no novo disco. Gostaríamos de agradecer a você, Rodrigo, pelo espaço; a todos que nos mandam mensagens, que compraram nosso disco, foram nos shows da banda ou simplesmente acompanham nosso trabalho, somos muito gratos pelo reconhecimento. Quem quiser maiores informações sobre a banda ou sobre essas datas em Julho, acesse www.theordher.com ou www.myspace.com/theorderextreme.
Entrevista por Rodrigo Sardi
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