Quase com uma década de atividades, o Devil On Earth, surgiu com o intuito de fazer uma sonoridade calcada no Thrash com muitas nuances do Speed Metal. Durante o seu período de atividades, a banda sofreu diversas baixas em sua formação, porém isso não foi capaz de abalar as suas estruturas. Depois do lançamento da Demo “Cold Reality”, o Devil On Earth chamou a atenção do selo Kill Again de Brasília, que lançou no ano passado o violento “Hunting, Shooting, Slashing and Thrashing”, o qual ainda continua sendo divulgado. Nas palavras do guitarrista Macedo saibamos um pouco mais sobre o Devil On Earth...
Recife Metal Law – O Devil On Earth surgiu em 1999 e de lá para cá sofreu diversas baixas em sua formação. A que se deve esse ‘vai e vem’ na formação?
Macedo – Olá Valterlir, tudo bem? É uma honra estar no Recife Metal Law e falar sobre nosso mundo. Esse ‘vai e vem’ na formação acontece devido aos compromissos da banda se tornarem maiores e ocupar mais tempo dos membros, tornando difícil a conciliação entre a banda e vida particular. As mudanças acontecem para que a banda não atrapalhe a vida pessoal do ex-membro e para que a vida pessoal do ex-membro não atrapalhe a banda.
Recife Metal Law – Pelas constantes mudanças na formação, nota-se que em Barra Bonita existem muitos músicos e arranjar substitutos para as baixas na banda não é uma tarefa tão difícil. Estou certo?
Macedo – Barra Bonita é uma cidade bem pequena (38.000 habitantes), e fãs de Heavy Metal é algo escasso por aqui. Músicos para o gênero, então, nem se cogita. A banda existe devido a muita insistência e ao amor pela causa. Para os membros que deixaram à banda será muito difícil encontrar outra banda, como também para a banda foi difícil encontrar os substitutos que tenham a mesma “alma metálica” que é exigida.
Recife Metal Law – A linha sonora seguida pela banda é um Thrash Metal altamente violento e veloz, com nuances de Speed e Death Metal. Vocês decidiram montar uma banda para fazer o som nesses moldes ou isso surgiu naturalmente?
Macedo – A banda nasceu com o propósito de ser Thrash Metal; a velocidade foi acontecendo naturalmente. Sempre fomos admiradores de álbuns como “Illusions” do Sadus e “Pleassure to Kill” do Kreator, dentre vários outros álbuns velozes, e com os ensaios fomos nos tornando mais velozes e ainda hoje pretendemos nos superar cada dia mais.
Recife Metal Law – O álbum “Hunting, Shooting, Slashing and Thrashing” é um verdadeiro massacre Thrash Metal. Com músicas potentes e um instrumental arregaçador, onde certamente não deixam ninguém parado. Como vocês analisam esse lançamento?
Macedo – Muito obrigado pelas gentis palavras! O “Hunting, Shooting, Slashing and Thrashing” é, para todos nós, o fruto de um árduo trabalho. Esforçamo-nos ao máximo e ele tem um valor especial. Ele é tudo o que podíamos alcançar na ocasião; com pouca verba e muito apoio de muitos amigos que fizemos na cena ao longo da existência da banda. O “Hunting, Shooting, Slashing and Thrashing” é fruto de muita paixão pela cena.
Recife Metal Law – Como as músicas estão sendo recebidas ao vivo? Qual a reação do público a músicas tão violentas como “Torment in Fire”, “No Scape” e “Metal Mass”?
Macedo – O recebimento acontece de várias maneiras: algumas vezes o público parece frio, quando na verdade está super atento, e só vamos perceber ao terminar a primeira música, que aí explodem em gritos; às vezes ficam esperando por um momento mais cadenciado pra agitarem junto com a banda; e às vezes tentam bater cabeça nas partes rápidas, mas fica difícil agitarem assim uma música toda. São diversas formas que já verificamos; sempre todas foram muito positivas pra gente.
Recife Metal Law – Tudo soa ‘old school’ nesse álbum, começando pela parte gráfica. A capa lembra os velhos vinis de bandas Thrash Metal. De quem foi à idéia da capa? Notei que ela foi feita à mão, e hoje em dia isso é uma prática quase extinta...
Macedo – A capa foi idealizada pelo desenhista “Lion”, de Porto Ferreira/SP. Ele recebeu a letra da música “Torment in Fire” para, a partir daí, com o que surgisse da sua mente. Apenas pedimos pra que fosse toda feita à mão. Foi à mesma forma que trabalhamos a capa da Demo “Cold Reality”. Adoramos capas feita a mão como, por exemplo, Kreator antigo e até uma pouco citada: “Why... Dirty War?” do Acid Storm.
Recife Metal Law – O que o Devil On Earth procura aborda em suas letras?
Macedo – As letras, de maneira geral, citam violência, violência urbana, guerras etc. Em algumas letras falamos sobre “Metal” e, às vezes, alguma citação fictícia, que é o caso da “Werewolf”.
Recife Metal Law – Falando nas letras, o guitarrista/vocalista Max foi responsável por todas as letras contidas nesse primeiro álbum. Por que os outros integrantes não colaboraram na parte lírica desse disco?
Macedo – O Max tem mais facilidade para criar. Ele cria as letras de forma que ele possa ter liberdade para tocar bem à vontade enquanto canta, evitando as dificuldades pra não se tornarem de difícil execução quando ao vivo. Quando estamos no palco, estamos curtindo e atentos, tanto quanto quem está no público. Somos naturais e espontâneos devido a essa forma de compor, sendo assim fica mais excitante uma apresentação.
Recife Metal Law – O álbum traz de bônus a Demo “Cold Reality”. Algumas músicas dessa Demo foram regravadas para o álbum, então por que colocar a Demo de bônus?
Macedo – A Demo foi colocada como bônus devido a um conselho do Antonio Rolldão da Kill Again Records; achamos boa a idéia de que alguém que comprasse o CD já levasse a Demo para conhecer todo o trabalho da banda e também ter consciência de que estamos trabalhando para melhorar a cada trabalho. Fica nítida a evolução da banda entre os dois lançamentos, e também a Demo acaba, por conseqüência, um material oficializado, porque na forma que ela foi feita à época os discos eram gravados em casa, hoje vem de uma fabricação profissional.
Recife Metal Law – Agora falando na cena Underground em Barra Bonita, como ela é? Por aí existem muitos lugares para shows e um bom público para shows de Heavy Metal?
Macedo – Barra Bonita tem pouca influência na cena Metal. Aqui só houve dois festivais do gênero em toda sua história. Bandas que chegaram a gravar algum material são mais duas, além do Devil On Earth, uma delas está em atividade ainda hoje e chama-se Orckout; tem um EP gravado. A outra é a antiga banda do Max e de nosso ex-baterista Francisco. Ela se chamava Nebadom; tiveram duas Demos gravadas e faziam Black Metal.
Recife Metal Law – O Devil On Earth já tem novas músicas compostas? Poderia nos adiantar algo a respeito?
Macedo – O Devil On Earth está em fase de ensaios e elaboração de músicas que farão parte do próximo álbum, ainda sem previsão de lançamento. Podemos dizer aos interessados que se tratará de mais um veloz Thrash Metal. Trabalharemos com o propósito de fazer algo tão rápido quanto o “Hunting, Shooting, Slashing and Thrashing”, e trabalharemos buscando algo mais profissional dentro do estúdio para atingirmos clareza e nitidez dentro da velocidade!
Recife Metal Law – Quais os planos traçados para o restante de 2008?
Macedo – Planejamos trabalhar muito para adiantar ao máximo as músicas que estarão no próximo álbum. E com certeza faremos mais shows para destroncar alguns pescoços e interagir com o público que compõe a cena Metal em diversas regiões. Eu que agradeço a você, Valterlir, pelo espaço cedido, e por nos procurar para essa ótima troca de idéias. Vida longa ao Recife Metal Law! Forte abraço a você e todos os leitores. Esperamos ansiosos pelo dia que bateremos cabeça junto em um festival!
Site: www.myspace.com/devilonearthband
Entrevista por Valterlir Mendes