Numa mistura de Grindcore, Splatter, Thrash e Death Metal, a banda cearense Scatologic Madness Possession, formada em 2002 e de grande respeito na cena Grind nacional, acaba de lançar seu esperado ‘debut’ CD, intitulado “Devotes of Insalubrity”. E é pra falar do lançamento do CD e da história da banda que convidamos o baterista Marcelo a participar do Recife Metal Law.
Recife Metal Law – Olá Marcelo! Vamos começar contando um pouco sobre a história da Scatologic Madness Possession aqui, para o Recife Metal Law.
Marcelo – Oi Vivi! Vou fazer um breve resumo sobre a história da banda: em 2001 Charles e Rogério decidiram tocar Grindcore e como eu já tentava tocar com o Rogério numa banda anterior (que não vingou!), fui chamado para um tremendo desafio – que era tocar rápido! Marcamos alguns ensaios e os sons iam saindo. Mas, no final do ano, fizemos uma sacanagem (resolvida há muito tempo) com o Rogério e montamos uma outra banda. Essa banda não deu certo! Então conversamos com Rogério e, em fevereiro/2002, nasceu o Scatologic Madness Possession. A formação era: Charles (vocal), Rogério (guitarra), Lucas (baixo) e eu (bateria). O ritmo de ensaios era intenso e as (de) composições apareciam rapidamente. Poucos dias após o nosso amigo Eduardo Vomitorium nos chama para participar de um split com o renomado Industrial Noise. Depois disso, a banda começou a receber elogios e foi chamada para participar de outros lançamentos até que, em 2003, entramos em estúdio (já com Abraão no baixo) para gravar a Demo “Scathologic Paradise”. Com essa Demo apareceram mais oportunidades na cena. Em 2005 gravamos o ‘debut’ CD, que só foi lançado em setembro/2008!
Recife Metal Law – É notória as influências no som de vocês de grandes nomes como Carcass, Napalm Death, Regurgitate... Mas e as bandas nacionais? Sentiram ou sentem influência de alguma banda brasileira?
Marcelo – Claro que sim! Os dois principais nomes como nossa influência são Agathocles e Rot, grandes expoentes do Grind mundial. Além do Rot, temos influências de antigas bandas nacionais de Death e Thrash metal.
Recife Metal Law – Conte-nos também sobre os materiais lançados, especialmente o ‘debut’ CD, recém lançado. O que os fãs do mais podre Grind podem esperar do trabalho? Como foi o processo de gravação?
Marcelo – Como você sabe, no grindcore existe muita interação e cooperação mútua entre as bandas do mundo todo, com colaboração de zines e selos. Participamos de diversos splitS e compilações. Vou citar alguns: split com Industrial Noise (SP); 3way com Neoplasm Disseminator (RS) e Pulmonary Fibrosis (FRA); Demo “Scathologic Paradise”; split com Autophagia (GRE), entre outros que, sinceramente, esqueci (peço desculpas as bandas e selos que esqueci – risos). O ‘debut’ CD foi um convite do nosso amigo Paulo Castro (DFL Prods). Inicialmente ia ser lançado pela DFL Prods e Rotten Foetus Prods. Gravamos os quarenta sons em 2005, mas devido a diversos problemas, remixamos no final de 2007, para (enfim) ser lançado nesse ano. Garanto que foi a nossa melhor gravação e estávamos na melhor fase quando gravamos e (de) compomos esse material.
Recife Metal Law – Como está a questão da divulgação desse primeiro álbum?
Marcelo – Viviane, sinceramente, estamos começando a divulgação por nossa parte. Você sabe as dificuldades para se passar materiais originais hoje em dia. Eu estou até achando boa a receptividade do material, levando em consideração essas dificuldades. Em relação à gravadora, é um selo que visualiza mais na cena Grind gringa, com uma boa rede de contatos na Europa!
Recife Metal Law – Novamente ocorreu mudança na formação da Scatologic Madness Possession. A que você atribui essa turbulência de vocalistas e baixistas que a banda sempre passa?
Marcelo – É um carma! (risos) Falando sério, eu entendo que aqui no Ceará, e no Nordeste em geral, não existem muitos fãs desse tipo de som. Fica restrito a um pequeno grupo de pessoas, daí vem a dificuldade de se manter uma formação por muito tempo. Junte a isso os problemas usuais que as bandas brasileiras vivem, como dividir o tempo com várias outras atividades. Mas assim que é bom: encaramos a banda, acima de tudo, como uma forma de diversão – feita por prazer!
Recife Metal Law – Vocês acreditam que há hoje mais aceitação do Gore/Grind por parte do público?
Marcelo – Acredito que tenha um pouco mais que antes. Mas nada que tenha aumentado tanto que se torne uma moda, como aconteceu e acontece com outros estilos. Eu credito isso ao fato do Grind/Gore não ter um estilo de visual específico. Você e os leitores sabem que as modas começam pelo visual explorado pela mídia! O som também não segue padrões que tornam a audição bonita e fácil de se ter. É necessário paixão pelo som!
Recife Metal Law – Desde o início da banda, em 2002, é observado uma preocupação com a qualidade dos materiais lançados, independente do formato. A que você atribui essa necessidade de se manter um padrão qualitativo?
Marcelo – Eu penso exatamente dessa maneira. A banda começa a ser bem recebida logo pela qualidade de gravação. Se a banda é boa e tem uma gravação boa, torna-se fodástica! Se as banda são ruins, mas tem gravações boas, se tornam audíveis!
Recife Metal Law – Um dos destaques da banda é as temáticas abordadas nas músicas. Quem é o responsável pelas letras?
Marcelo – Viviane, nós somos adeptos da temática “No Fucking Lyrics”. A responsável é a mente doentia dos integrantes dessa banda. (risos) É uma maldição de quem entra na banda, inevitável! Acreditamos que uma banda pode se expressar não somente pelas letras, e sim por atitudes, arte gráfica, etc... Já fomos criticados por isso, mas minha preocupação é do tamanho do cu de uma formiga. (mais risos)
Recife Metal Law – Apesar da melhora na aceitação do estilo, nota-se uma grande queda de público nos eventos. Como você avalia esse declínio em shows?
Marcelo – É, você tem razão! O público diminui muito nos shows locais, me refiro aos locais que costumo ir a shows! Eu acredito que isso acontece devido ao público ser muito volátil e também pela pouca fidelidade da “galera” ao Rock em geral! Esse declínio é muito maléfico, porque diminuem as possibilidades de se manter ótimas bandas com qualidade de lançamentos e composições! Vale salientar o aumento da violência por parte de alguns “bangers melhores que os outros” nos shows. Isso afasta muita gente!
Recife Metal Law – E as mulheres, andam mais freqüentes no cenário Grind?
Marcelo – Vejo pouquíssimas mulheres envolvidas com o Grind. Não sei o por quê! Eu vejo muitas mulheres envolvidas em bandas e shows, mas não de Grind, e sim nos de Heavy, Thrash e Death Metal.
Recife Metal Law – Há previsão de uma turnê da Scatologic Madness Possession nos próximos meses?
Marcelo – Turnê sempre foi um sonho nosso que fica cada vez mais difícil de ser realizado. Eu mesmo tenho muitas atividades extra-banda, então fica difícil cair na estrada por semanas, a não ser que seja num período de férias de todos na banda! Eu nunca digo nunca! Vamos ver os próximos capítulos da novela Scatologic Madness Possession!
Recife Metal Law – Marcelo, meu grande irmão, eu vou ficando por aqui, deixando o espaço em aberto pra tuas últimas considerações e agradecendo a força aí. Valeu!
Marcelo – Agradeço muito pela oportunidade, irmã! Espero que aconteçam alguns shows pelo Nordeste e pelo Brasil para divulgarmos o ‘debut’ CD! Espero muito tocar pela primeira vez na sua cidade (João Pessoa) e também em Recife. Ver e rever os amigos que fiz em várias cidades através da banda! Muito obrigado a você e ao pessoal do Recife Metal Law!
Site: www.myspace.com/scatologicmadnesspossession
Entrevista por Viviane Nihilisme