KRISIUN
Não se pode, em tempos atuais, falar em Death Metal sem associar o estilo ao Krisiun, um dos maiores expoentes do estilo em território brasileiro. A banda, como todos bem já sabe, teve um início de muita batalha, e enfrentou a entressafra do estilo, porém sem nunca se curvar, e lançando álbuns essenciais para deixar o Death Metal sempre vivo. Com uma formação forte e coesa, que reúne três irmãos: Alex Camargo (baixo/vocal), Max Kolesne (bateria) e Moyses Kolesne (guitarra), a banda está em fase final de divulgação de seu último álbum de estúdio, “Southern Storm”. Alex Camargo tirou um tempo da agenda sempre lotada da banda, e concedeu essa entrevista ao Recife Metal Law. Confiram!
Recife Metal Law – O álbum “Southern Storm” já está sendo aclamado pela mídia como o melhor álbum da banda. Vocês também pensam dessa forma?
Alex Camargo – Eu acredito que sim. Cada álbum tem seu valor, mas o “Southern Storm” traz uma produção superior aos outros, e as músicas também funcionaram muito bem. Apesar desse já ser o nosso oitavo álbum, ainda mantemos viva a chama da nossa motivação, que é manter o Krisiun forte, gravando grandiosos álbuns e levando o Metal brasileiro a todos os cantos do mundo.
Recife Metal Law – O que você tem escutado de novo na cena mundial? Qual é a banda nacional que mais te chama à atenção pela sua sonoridade e agressividade apresentada?
Alex – Tenho acompanhado algumas bandas. Das brasileiras curti o The Ordher, Claustrofobia, que está sempre na correria. Curti, também, o Assassination, que é aí de Pernambuco, e as bandas tradicionais de sempre. Na verdade e difícil apontar alguma coisa nova.
Recife Metal Law – Vocês pensam em um dia voltar a trabalhar com algum produtor brasileiro na gravação de um disco?
Alex – Quem sabe? Tudo e possível! Tudo depende da situação.
Recife Metal Law – Qual o segredo para se lançar em pouco tempo um disco atrás do outro?
Alex – O Krisiun é nossa prioridade. Desde que fundamos a banda nossa meta era fazer disso uma realidade. Devotamos nossas vidas a música e ao compromisso de manter essa banda viva e forte. Música, diversão e motivação nos fazem gostar muito do que fazemos. Mas também tem que se ter uma disciplina em estar sempre procurando progredir e acrescentar algo positivo ao estilo.
Recife Metal Law – O Krisiun tem uma formação sólida, isso todos já sabem. Caso um dia, por força maior, algum dos Kolesne se ausentasse de forma definitiva a banda encerraria suas atividades?
Alex – Boa pergunta, mas complicada de responder. Isso é uma situação difícil de imaginar. Os irmãos forjaram suas marcas por muito tempo; batalharam e buscaram seu espaço. Se isso acontecesse teríamos que mudar o nome da banda.
Recife Metal Law – Pensam colocar a Demo Tape “The Plague” como bônus em algum álbum, assim como já fizeram com o “Unmerciful Order”?
Alex – Acredito que não, esse material já expirou.
Recife Metal Law – Já li várias entrevistas da banda e até hoje não fiquei sabendo qual foi o real motivo para as saídas dos guitarristas Mauricio Nogueira e Altemir Souza (R.I.P.) do Krisiun? Vocês ainda têm contato com o Maurício?
Alex – Isso faz muito tempo... O Altemir, na época, começou a tocar com a gente por sermos amigos e termos as mesmas ideias, mas na realidade ele não se adaptou em morar longe da família e se dedicar 100% à banda. O Maurício entrou quando viemos pra São Paulo. Ele era muito novo e também não se adaptou... Na verdade o Krisiun sempre foi uma banda de uma guitarra.
Recife Metal Law – Qual a opinião do Krisiun sobre a propagação do nazismo dentro do Death Metal? Vocês apóiam?
Alex – Se está se propagando eu não tenho visto. Quando percebo não ligo, por ser um assunto sem fundamento nenhum, que não me interessa. Cada um é livre pra seguir o que quiser, mas acho que os que inserem isso na música passam por uma crise ideológica profunda e descabida.
Recife Metal Law – Qual o pensamento da banda sobre bandas de Metal que um dia já dividiram o palco com White’s? O que o Krisiun pensa sobre eventos como o Brasil Metal Union, que rolava em São Paulo?
Alex – Na verdade, às vezes, você está tocando ao lado de bandas gospel sem saber. Acredito que não seja certo julgar determinada banda por tocar em festivais com bandas de outro estilo, como o Noise Fest em Goiânia, por exemplo. E, claro, tem que se ter um limite. Quando a ‘farinhada’ e muito grande aí não tem jeito. Se fossemos escalados pra tocar em um festival gospel ou com bandas medíocres da cena pop com certeza não tocaríamos.
Recife Metal Law – Para vocês da banda, o que vem a difamar e empobrecer o cenário Underground, ou seja, quais atitudes e postura de bandas e bangers que não devem ser adotadas de forma alguma?
Alex – Na verdade o que mais eu vi acontecer foram bandas ‘sérias’ surgirem e desaparecerem com a mesma velocidade. Muito se fala pouco se faz. Os shows Underground ainda são muito precários e o Metal nacional ainda precisa evoluir muito. Mais profissionalismo e boa música, menos falação e fofoquinhas. Hoje em dia, com a internet, qualquer verme tem opinião atrás do seu computador, no seu mundinho.
Recife Metal Law – O que mudou nas letras do Krisiun com o passar dos anos? Quem é o que mais compõe na banda?
Alex – O direcionamento é o mesmo. As mensagens são uma extensão das músicas. Acredito que estamos mais realistas, abordando fatos e assuntos essencialmente reais. Todos na banda são responsáveis pelas composições.
Recife Metal Law – Sobre o futuro da banda, o que pode nos adiantar?
Alex – No momento estamos trabalhando duro em cima das músicas novas, com previsão para gravar em fevereiro/março do ano que vem. Estamos bastante satisfeitos com o resultado que as músicas estão tendo. Como já havia dito, o Krisiun e uma realidade e assim vai continuar sendo enquanto tivermos força pra manter.
Recife Metal Law – Para finalizar essa simples entrevista, em sua opinião, quais foram os motivos para o declínio do Sepultura? Valeu pela atenção de sempre Alex!
Alex – É foda falar de sepultura hoje em dia. Uma vez eu falei a um jornal dos Estados Unidos que o Sepultura já não era mais o mesmo, aí um fanzine sensacionalista ficou usando isso pra causar alvoroço. O Sepultura ainda faz boa música. O Andreas será sempre um grande guitarrista, mas aquele Sepultura dos anos 90, que foi tão grande quanto Slayer ou Metallica, já não existe mais... Valeu pelo espaço, brother!
Site: www.krisiun.com.br / www.myspace.com/krisiun666
Entrevista por Wender Destruction
Introdução: Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Phil_Rogers