DEMONIZED LEGION





Manter uma banda de Death Metal em terras brasileiras não é nada fácil, e quando se trata de manter uma banda do estilo em solo Nordestino, as coisas ainda ficam mais difíceis. É dificuldade para se lançar um material, fazer shows, ou até mesmo manter um ‘line up’ sem alterações. Mesmo com todas essas dificuldades, a banda paraibana Demonized Legion, advinda de Campina Grande, continua sua luta, firme e forte, fazendo Death Metal de alta qualidade, e disseminando seu nome por toda a parte do Globo Terrestre. Divulgando o EP “When Heaven Falls in Darkness”, o vocalista Diego Vomitory nos fala um pouco sobre esse trabalho, e sobre tudo que envolve o Demonized Legion.


Recife Metal Law – O Demonized Legion surgiu no ano de 2005 e já contou com algumas mudanças em seu ‘line up’. Quais foram às principais dificuldades para manter, inicialmente, a banda na ativa?
Diego Vomitory –
Saudações meu amigo Valterlir! Primeiramente, é um prazer estarmos presentes em mais este seu honroso trabalho! Na verdade, o Demonized Legion surgiu em agosto de 2003; fizemos nosso primeiro show em janeiro de 2004, e gravamos nossa primeira Demo em junho de 2005. Nossa maior dificuldade, desde o inicio até hoje, está em estabilizar uma formação para a banda. As constantes mudanças na formação naturalmente atrasam gravações e dificultam as possibilidades dos shows. Nossa última baixa foi a saída dos guitarristas Terrorizer (que gravou nossos dois trabalhos) e Hellbanger, que havia assumido o posto no início de 2009. Estamos agora com uma guitarrista, a Luênya, e já estamos nos preparando para fazer uma série de shows no Nordeste até o fim do ano. E assim seguimos superando os empecilhos...

Recife Metal Law – Como citado, em 2005, vocês lançaram a Demo “The Return of Death’s Empire”. Como foi a aceitação dessa Demo no meio Underground e de que forma ela ajudou na divulgação da banda?
Diego –
A aceitação foi muito boa, recebemos muitas cartas e e-mails de pessoas elogiando o trabalho, e muitos outros interessados em adquirir a Demo depois de ler alguma resenha em fanzines. Apesar da inexperiência em gravações, conseguimos produzir a Demo com uma qualidade legal, que deixou a banda satisfeita e também o público. O respaldo da Demo “The Return of Death’s Empire” nos levou a apresentações em muitas cidades do Nordeste e a muitos contatos em todo o Brasil, além de alguns lugares do mundo.

Recife Metal Law – Vocês também chegaram a lançar um split ao lado da banda Abantesma, porém com as mesmas músicas contidas na Demo. Já que a Demo vinha sendo bem divulgada, por que vocês optaram em lançar um split com as mesmas músicas, sem sequer apresentar nenhum bônus, como um cover ou música nova?
Diego –
A primeira prensagem da nossa Demo se esgotou rápido, em cerca de seis meses as 500 cópias já estavam espalhadas na esfera, propagando a poesia da desgraça. Ainda fizemos uma segunda prensagem da Demo, com 300 cópias, e só em 2007 surgiu a proposta de relançar o trabalho em K-7, junto com o Abantesma. Acatamos com muito prazer, até por que não tínhamos previsão de lançar algo novo no momento, além de ser uma satisfação dividir um lançamento com o Abantesma.

Recife Metal Law – Em 2009 foi à vez de vocês lançarem o violento EP “When Heaven Falls in Darkness”. Como foi todo o processo criativo desse EP e o trabalho em estúdio?
Diego –
Todo o processo gráfico foi feito por nossa conta. As imagens são recortes de rascunhos e caricaturas de desenhistas espanhóis, uns relativos à inquisição, outros de panfletos anarquistas da guerra civil. As imagens foram escolhidas para representar duas fortes abstrações da realidade humana: a dor e o ódio. A tortura é uma forte personificação desses dois elementos, e toda parte lírica do EP remete a esta ideia central: dor e ódio como face e reflexo da existência. Também ficamos a cargo da coprodução do disco; algumas composições do EP “When Heaven Falls in Darkness” foram feitos ainda na época da Demo, e como resolvemos deixá-las para o trabalho seguinte, isso acabou favorecendo para que ficassem com uma pegada mais precisa. Essa gravação foi bastante complicada para nós, tivemos que regravar todo o disco às pressas depois que o computador do estúdio ‘deu pau’, mas no fim das contas o trabalho está feito, e vem recebendo bons comentários, o que nos impulsiona a continuar na luta, buscando fazer cada vez melhor!

Recife Metal Law – Acho que esse lançamento tem tudo para fincar de vez o nome do Demonized Legion no meio Underground. Quais as expectativas de vocês para esse lançamento?
Diego –
Sem grandes projeções. Apenas fazer alguns shows e divulgar nosso novo trabalho. Queremos expressar nossa arte nos meios que remanescem ‘os da mão esquerda’, ou seja, no Underground. É nesse submundo que ‘demônios’ se fazem surgir e disseminar no mundo outros ‘demônios’ de mente subversiva, os ditos entusiastas do caos! No fim das contas o que conta é a qualidade, e não quantidade. Sendo assim, o Underground honesto, aquele feito a ‘face a face’, é o nosso lugar.

Recife Metal Law – Uma música que me chamou bastante a atenção foi “The Christian’s Annihilation”, onde a banda mostrou total sincronismo, com vocais bem encaixados, baixo usado de forma correta, bateria técnica e guitarras afiadas, além de um excelente refrão. Qual música é a preferida da banda e qual foi aquela que mais deu trabalho para ser composta?
Diego –
Que bom que você gostou brother! Eu também gosto muito dessa música: “destruir, profanar e demonizar!!!”. É um dos nossos sons mais antigos, que muita gente se identifica. Uma prova disso é que, dos nossos vídeos na internet, ela é a que mais tem acessos. Mas acho que minha favorita é “Sexual Death Massacre”, que conta a história verídica de um psicopata aqui das terras paraibanas, que sequestrou, estuprou, matou e decapitou (nesta sequência) cerca de doze pessoas, entre homens e mulheres, na década de 1950. Toda vez que tocamos esse som ao vivo, as imagens dos assassinatos ficam passando na minha cabeça. Com relação a que mais deu trabalho para ser composta, creio que foi “Árdua Malevolência”.

Recife Metal Law – Já em “Devilish Apocalypse” vocês lançaram mão de guitarras acústicas, que ficaram a cargo do convidado Guto Odysseus. Isso foi para mostrar que a banda sabe o que faz na parte instrumental e para mostrar que para se fazer Death Metal tem que saber tocar de verdade os instrumentos?
Diego –
Não queremos provar nada pra ninguém. Nossa única preocupação com a parte musical do Demonized Legion é permanecer fazendo Death Metal, brutal e ao mesmo tempo denso. Não focamos a técnica, mas o feeling. Se bem que é notório que todos nós evoluímos bastante na questão musical, desde a Demo até o EP, mas isso ocorreu naturalmente. Com relação a “Devilish Apocalypse” fizemos o convite ao Guto (Abhymanium), que é um grande amigo nosso, ele aceitou e fez o solo. Gostamos do resultado, curtimos muito a harmonia do violão clássico, das rápidas escalas flamencas, e casou bem com a base que o solo acompanha.

Recife Metal Law – Na primeira Demo foram apresentadas apenas músicas em inglês, já no EP a música “Árdua Malevolência” foi escrita em nosso idioma. Qual a razão para isso?
Diego –
Nenhuma em especial. Apenas queríamos ver como soaríamos em português. Mas nossa intenção é continuar compondo em inglês.

Recife Metal Law – A parte lírica da banda trata basicamente de insulto ao cristianismo e a igreja, de uma forma geral. Isso é bem usual em bandas de Black Metal. Já foi cogitado, por vocês, abordar outros temas?
Diego –
Cara, nem acho que nos focamos tanto assim em criticar o cristianismo. Na Demo, as duas músicas que abordam crítica direta ao cristianismo são a própria “The Return of Death’s Empire” e “Psychotic Purgatory”. As demais falam de conflitos; abordam o caos existencial, o fascínio da morte, o absurdo da vida, a guerra e o suicídio. Em nosso novo trabalho, o EP “When Heaven Falls In Darkness”, apenas “The Christian’s Annihilation” faz referência a medíocre cristandade, a própria faixa título (Quando o céu cai na escuridão) é uma metáfora para a terra como inferno, e a Morte (enquanto um sono sem sonhos atemporal), como o verdadeiro paraíso. Como citado acima, justamente pelo cristianismo ser medíocre, que estamos cada vez menos o abordando. Tipo, cansei de dizer para os bostas que eles são uns bostas e também cansei de dizer para os grandes, os verdadeiros, que os bostas são uns bostas, eles já sabem. Enfim, estamos mais abordando outros temas, como o individualismo libertário, que para mim é uma forma de Satanismo filosófico, ou as psicopatias humanas, como ‘uma outra forma de razão’. Abordamos também alguns contos de assassinatos e atentados, alguns verídicos como “Sexual Death Massacre”, ou seja, queremos
mostrar a ‘cômica desgraça’ que a vida é, através da filosofia, da literatura e da história.

Recife Metal Law – De que forma vocês pretendem intensificar a divulgação do EP? Existe a possibilidade de a banda fazer shows por outros estados/regiões do país?
Diego –
Espero que sim amigo! Estamos programando uma tour pelo Norte/Nordeste em janeiro e fevereiro. Se tudo der certo passaremos um mês na estrada, nos entorpecendo e firmando aliança com os diversos demônios que se espalham pela esfera! Cair no abismo do mundo, obter prazer porque estamos vivos, obter mais prazer ainda porque sabemos que vamos morrer...

Recife Metal Law – Para quem não conhece o Demonized Legion, o que se encontrará ao vê-la ao vivo ou através dos seus lançamentos, principalmente do mais novo?
Diego –
Antes de finalizar, peço desculpas a você pela demora em responder, você saca meus ‘corres’. Ademais, gostaria de lhe agradecer meu caro, por toda força, não só nessa entrevista, mas em todos os outros momentos de apoio. Valeu mesmo! Para os que se interessarem em conhecer a Legião Demonizada certamente irão encontrar antes de qualquer coisa Hellbangers, que fazem o que amam com o sangue nas veias borbulhando! Descarregamos nosso ódio em forma de música, é simplesmente Death Metal, brutal e satânico. Headbangers, força e honestidade sempre!

Contatos: A/C Diego Vomitory. Rua Teixeira de Freitas, 257 – São José. Campina Grande/PB. CEP: 58.400-438.
Site: www.myspace.com/demonizedlegion666
E-mail: [email protected]

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação