CATACUMBA





A banda Catacumba foi criada em dezembro de 2003, e de lá para cá passou por diversas formações, porém sempre mantendo seu ‘embrião’ intacto, com Gordoroth Vomit Noise (vocais) e Count Único Del’Inferni (guitarras). Já o baterista Amazarack chegou a integrar a formação quase que inicial da banda, se desligando por um período e depois retornando ao ‘line up’. Mesmo com certa inconstância em sua formação, a banda sempre se manteve ativo, e vencendo os percalços, procurou sempre lançar materiais no meio Underground, culminando com o seu primeiro álbum, “Kratos”, lançado ano passado pelo selo ‘gringo’ Onslaught Records. Apesar de a versão inicial desse material só ser encontrada de forma importada, já existe a possibilidade do full lenght ser lançado no Brasil. E essa, entre outras informações acerca do Catacumba poderão ser lidas na entrevista a seguir...


Recife Metal Law – O Catacumba sempre se mostrou uma banda ativa no meio Underground, inclusive tendo suas Demos sendo lançadas em outros países. Como vocês procuram trabalhar a divulgação da banda para que a mesma tenha tanta exposição?
Gordoroth Vomit Noise –
Salve camarada Valterlir! Nós procuramos como parceiros na divulgação de nossos trabalhos selos/distros/zines sérios com uma proposta austera, lúcida e eficaz para nossos intentos no Underground. Ocorre em diversas ocasiões de alguns deles não se revelarem nos finalmentes da maneira que divulgam, resultando em decepção para nós. Temos um posicionamento cosmopolita quando o assunto é abragência da divulgação de nossos atentados, não nos importando a localidade e sim o modelo de gestão dos materiais e ideiais das parcerias em voga. Sociopatas e maníacos emergem do subterrâneo de todas as formas, não importando a escala geográfica.

Recife Metal Law – A banda surgiu em 2003, na cidade de Serra/ES. Quais foram os principais percalços para se manter na ativa durante esses anos?
Gordoroth Vomit Noise –
Vários bode velho... Mudanças de ‘line up’, membros não inteirados, selos desonestos. Intempéries são constantes para os que enfrentam a tempestade que é o Underground. Acredito firmemente que a convicção e paixão pela arte que urge dos três membros fundadores são os motivos pelo profícuo aborto sobre o mundo de nossas blasfêmias e devaneios.

Recife Metal Law – Vocês chegaram a lançar duas Demos, um DVD e dividiu um Split com o Grave Desecrator, esse lançado no formato vinil. Qual a importância que cada trabalho desse tem para a carreira do Catacumba?
Gordoroth Vomit Noise –
A Demo de estúdio “Birkat Ha-Minim A Benção dos Hereges” foi o registro que descortinou o cenário para a entidade. Por meio dela conseguimos entrevistas, parcerias e respaldo em vários nichos do globo, mesmo o material tendo sido gravado após meros dois ensaios! Sinto um extremo orgulho dessa bomba de iconoclastia desenfreada que registra uma época de paixão pueril de afoitos headbangers interessados apenas em destruir o paradigma global. A segunda Demo, que é um registro sonoro de nossa apresentação no “Metal Hordes Fest II”, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, foi algo inusitado para nós na época, pois a celebração ali contida foi captada pelo mesário sem estarmos conscientes da ação, o que tornou o conteúdo genuíno! Não considero uma amostra de nossas melhores performances em palcos, mas no fim nos rendeu uma boa divulgação do conjunto de ações subversivas. O DVD foi filmado por uma única câmera por um conhecido meu no evento “Legiões do Abismo – ato I” e após alguns contatos receberem o conteúdo, os mesmos acabaram espalhando a peste, culminando com o interesse da Dead Center Prods. (Ucrânia) em lançar o vídeo em PRO-DVD-R. O split 7” vinil “Tombs on Fire” surgiu da camaradagem que temos com os integrantes da banda Grave Desecrator e com a sugestão do Valak para registrarmos algo juntos apenas no formato vinil. Depois de muitos transtornos promovidos pelo selo que originalmente lançaria o mesmo, nosso aliado Frank da Necromancer Records (Alemanha) interessou-se em materializar tal projeto, o que terminou por fazer com muita maestria! Um grande orgulho tal registro para a posteridade.

Recife Metal Law – O Split contém apenas uma música, “Spiritual Vomit”, que é uma música inédita. Houve a cogitação de essa música fazer parte do álbum de estreia da banda?
Gordoroth Vomit Noise –
Não. Ela foi gravada exclusivamente para tal lançamento juntamente com a música “Underworld Worshippers”, igualmente inédita. Como o Grave Desecrator decidiu usar apenas uma ode no pedaço de plástico, assim também o fizemos escolhendo no processo a canção citada. “Underworld Worshippers” será usada em nosso próximo split 7” com o Grotesque Communion, que será lançado ainda em 2011 pelo selo francês Chalice of Blood Angel.

Recife Metal Law – Por falar em álbum de estreia, “Kratos” foi lançado no ano passado, pelo selo ‘gringo’ Onslaught Records, ou seja, essa álbum não é encontrado numa versão nacional, e quem o quiser terá que optar pela versão importada. Isso não atrapalha na divulgação desse material em solo brasileiro?
Gordoroth Vomit Noise –
De início sim, mas tal condição não perdurará. Temos um acordo com a Undercover Brazil Records, capitaneada pelo nosso grande ‘Goat-hermano’ Zulbert (Baixista – Headhunter D.C.), para o lançamento da versão CD nacional. Acredito que o mercado brasileiro será contemplado com um material de maior qualidade no quesito gráfico, pois a Onslaught Records alterou várias partes do encarte e tal ação nos desagradou muito em seu resultado final. Já a versão brasileira virá com a arte completa e da maneira que desejamos, sem interferência externa alguma.

Recife Metal Law – O álbum conta com oito músicas, dentre elas três já fizeram partes de outro lançamento da banda. São elas: “Evolute Paragon Tale”, “The Seed of Hate” e The God Betrayer”, todas presentes na Demo “Live 2005”. Duas dessas músicas tinham títulos diferentes. Qual a razão para a mudança do título?
Gordoroth Vomit Noise –
Tais odes apareceram no “Live 2005” e remetem sua composição à época da formalização das canções da Demo de estúdio. A mudança de título ocorreu por eu ter feito algumas alterações no contexto lírico, o que demandou uma apresentação de maior impacto e relevância para as mesmas.

Recife Metal Law – A sonoridade da banda sempre caminhou pelo Black Metal, porém existem inserções de alguns andamentos mais Death Metal no som do Catacumba. Como vocês procuram inserir tal influência sem que haja alteração no som tipicamente Black Metal da banda?
Gordoroth Vomit Noise –
Panta Rei! Tudo flui naturalmente, meu caro, e nada que fazemos musicalmente foge da reminiscência de nossas influências musicais, não nos importando se soará mais “Black”, “Death”, “Thrash”, “Doom” ou similar. Penso que tais rótulos no quesito musical vêm tendo uma fronteira cada vez mais tênue, acabando por apenas os precursores de tais estilos ostentarem um ‘modelo’ musical inerente a cada título. Não nos preocupamos muito em como iremos soar, nos preocupamos apenas em vomitar sobre os Homo Sapiens o modo mais extremo e blasfemo de Metal extremo que podemos conceber dentro de nossos limites, mesmo quando tais limites somem por ação de psicotrópicos! No quesito musical a estética do Black Metal, seja qual for a escola, acaba sendo apenas o ponto de partida para nosso processo criativo.

Recife Metal Law – Esse trabalho conta com uma música em português, “Funeral”. Qual o motivo que os levou a colocar essa música no primeiro full lenght da banda?
Gordoroth Vomit Noise –
Ter algum som com conteúdo lírico em português sempre foi uma aspiração minha e acima de tudo uma experiência nova. É do meu total agrado as hordas que vociferam em línguas que não sejam o inglês, mostrando o quão intrínseco ao Homo Sapiens é o comportamento expressivo considerado patológico em meio ao seio social. Em nosso caso, o resultado ficou do agrado de todos e acredito que devemos experimentar algo nessa direção novamente, superando os limites das composições traçados pelos próprios hereges.

Recife Metal Law – Todas as músicas contidas em “Kratos” foram compostas por Count Único Del’Inferni, enquanto a parte lírica ficou a cargo de Gordoroth Vomit Noise. Os outros integrantes da banda nunca apresentam ideias para as músicas ou letras do Catacumba?
Gordoroth Vomit Noise –
Como todo o contexto do Catacumba sempre girou em torno dos três membros fundadores, acredito eu, que outros membros não se sentiram confortáveis, capazes ou inspirados para comporem algo para nós, o que é lamentável e demonstra o quão aquém de nossas expectativas eles estavam. Todos os integrantes que por nossas fileiras passaram tiveram liberdade para expor suas opiniões e ideias, se não o fizeram não cabe a mim ficar lamentando tal incapacidade.

Recife Metal Law – O álbum foi totalmente produzido no MG Studios, aí em Serra, entre os meses de janeiro e setembro de 2009. Por que o álbum demorou tanto tempo para ser gravado?
Gordoroth Vomit Noise –
Tivemos grandes problemas com os horários do estúdio se conciliarem com os nossos, além de alguns membros que conosco estavam que não injetavam nenhum tipo de adrenalina no processo, mostrando-se até mesmo relapsos ou incapazes de registrarem as partes que a eles eram devidas, o que acabou gerando um stress generalizado e maior atraso do que já havia ocorrido. Suponho que seja algo comum nos processos de registros de materiais do Underground.

Recife Metal Law – A capa do álbum foi feita por Igor d’Ávila e totalmente desenhada à mão, algo bem difícil de se ver atualmente. O que vocês acharam do resultado final dessa arte?
Gordoroth Vomit Noise –
Nós gostamos da capa, algo bem simples e direto como queríamos. Muitos aliados se mostraram descontentes com ela e gosto de saber que o conteúdo despertou diversas opiniões. No fim serviu para nossos propósitos destinados ao material.

Recife Metal Law – O álbum também ganhou versões em vinil e em K-7. O vinil ainda é bastante cultuado no meio Heavy Metal, mas e a versão K-7, como tem se saído? Ainda existem muitos adeptos desse tipo de mídia?
Gordoroth Vomit Noise –
O vinil ainda não se encontra disponível, acredito que em breve estará pela Blood Harvest, que fechou o acordo conosco, ou algum outro selo que tenha demonstrado interesse no caso de não cumprimento do acordado por parte da Blood Harvest. A versão K-7 tem grande aceitação na Europa e é de tiragem ultra limitada, direcionada para os aficionados no formato mais ortodoxo do nekrounderground! Os tapes que lançamos tem suas tiragens esgotadas na Europa de uma maneira surpreendentemente veloz, acredito que a do nosso full lenght seguirá os passos dos antigos lançamentos.

Recife Metal Law – O título do álbum vem do grego e significa “força e poder”. Na verdade, Kratos se trata, na mitologia grega, de um deus, filho de Estige e Pallas. Quem decidiu colocar esse título no ‘debut’ e por qual motivo?
Gordoroth Vomit Noise –
O título foi criado para representar a ‘força’ que o Catacumba teve que demonstrar para não se liquefazer durante o processo de gravação do álbum. As turbulências foram muitas, mas não deixamos fraquejar por influência externa e extirpamos tudo que atrasava o prosseguimento da banda de maneira interna. Além de ser uma homenagem a cultura grega que foi o berço da dinâmica da sociedade moderna e seu ótimo estilo de se fazer Black Metal de suas antigas manifestações Metal!

Recife Metal Law – O responsável pela gravação do baixo em “Kratos” foi o guitarrista Metalkiller. Mas e ao vivo, quem vem exercendo a função de baixista?
Gordoroth Vomit Noise –
Ele gravou as partes de contrabaixo por motivo de Infernalium 666 (ex-baixista) ter deixado nossas fileiras ao iniciar das gravações, tendo o próprio Metalkiller se desligado da banda após finalizar suas gravações. Temos um novo ‘line up’ com membros antigos da cena Black/Death Metal, em breve revelarei as alcunhas dos maníacos! Somos cinco como as pontas do pentagrama mais uma vez...

Recife Metal Law – Qual a relação que existe entre os nomes Sarcófago, Sepultura e Catacumba? Afinal eles designam quase a mesma coisa (não musicalmente, claro).
Gordoroth Vomit Noise –
Os dois primeiros materiais do Sepultura e do poderoso Sarcófago são de importância ímpar em nossa formação musical e o nome Catacumba soa como uma homenagem a esse embrião do cenário extremo brasileiro e sua característica de possuir um nome em português e expressar-se em inglês. Agradeço mais uma vez pelo apoio dado a nós por você grande camarada Valterlir!

Contatos: A/C Jhonata Gordoroth Vomit Noise. Caixa Postal 045072. Serra/ES. CEP: 29.165-973.
Site: www.myspace.com/catacumba
E-mail: [email protected]

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação