CEFFALIUM
A banda Ceffalium surgiu em João Pessoa, capital paraibana, há pouco mais de três anos, e já vem trabalhando duro para divulgar seu Brutal Death Metal no meio Underground. Recentemente a banda lançou seu primeiro EP, intitulado “Servant of Tyranny”, no formato SMD. Tal formato barateia bastante o preço final do produto e é de bastante ajuda para as bandas principiantes. A formação do Ceffalium conta com Walldo Akino (baixo e vocal), Bruno Motta e Cláudio Lima (guitarra) e Bruno Laert (bateria). E nas palavras do baterista Bruno Laert o leitor do Recife Metal Law ficará sabendo um pouco mais sobre o Ceffalium, que tocará em Recife no próximo dia 12 de março, no Distorção Metal Festival.
Recife Metal Law – O Ceffalium surgiu em 2007, na capital paraibana. Como foi que os músicos da banda se juntaram?
Bruno Laert – Na verdade tocamos juntos desde 2005; tínhamos uma antiga banda chamada Regicide, onde tocavam Walldo Akino no baixo, Bruno Motta na guitarra, Luciano Ryan nos vocais e eu na bateria. Essa formação durou dois anos e depois de algumas divergências o Luciano acabou deixando a banda, mas continuamos como trio em 2007, dessa vez com o nome Ceffalium e com o baixista Walldo assumindo também os vocais, logo depois o segundo guitarrista Claudio Lima, ex-membro da banda P.D.M., entra na formação completando o quarteto atual.
Recife Metal Law – Desde a sua formação, a meta da banda era seguir a linha mais brutal do Death Metal?
Laert – A princípio sim, mas hoje estamos trabalhando em algumas composições mais diversificadas, com mais quebras de bateria, riffs menos corridos e tal, mas sempre dentro do Brutal Death Metal.
Recife Metal Law – E o nome Ceffalium, como surgiu? Quem foi o autor e como ele se encaixa na sonoridade feita pela banda? A sua pronúncia é bem parecida com Dissidium, que também é uma banda aí de João Pessoa...
Laert – Ceffalium é um composto usado em tratamentos neurológicos, e como a banda trabalha sobre temas sociológicos, gerando certas críticas ao comportamento humano, fizemos essa apologia. Eu fui o autor do nome. As três letras no final da palavra podem até lembrar um pouco Dissidium, como também lembra Metallium, Rebaelliun...
Recife Metal Law – O primeiro trabalho da banda veio em forma do EP “Servant of Tyranny”. Como foi o trabalho de composição e em estúdio? Os integrantes da banda já tinham experiência anterior, dentro de um estúdio?
Laert – As composições são feitas de forma bem simples; o Motta cria uma sequência de riffs, depois o baixo é adicionado, em seguida ponho a linha de bateria. Quando essa base está feita Walldo encaixa os vocais, depois são decididos os lugares para solos e detalhes finais. Em estúdio é a segunda experiência, a primeira com Ceffalium. Inicialmente é feita a gravação de uma guitarra guia com metrônomos, depois a bateria é gravada sobre essa guia, logo em seguida o baixo, depois vem as guitarras pra valer e a guia é descartada, em seguida os vocais e os solos, mixagem e masterização.
Recife Metal Law – Esse EP tem início com a intro “KatÚn”. Por que a inserção dessa intro é o que significa seu título?
Laert – KatÚn, segundo o estudo Maia, é um movimento cósmico correspondente ao período de 20 anos que surge no final de cada ciclo solar de 5.125 anos. Eles acreditavam que essa renovação universal poderia afetar o comportamento dos seres, devido a toda essa autodestruição, poluições e tantas guerras trazendo algumas consequências para o mundo, como mudanças climáticas, inundações e desastres meteorológicos... Eram (os Maias) grandes observadores e matemáticos, infelizmente a maioria associa esses estudos ao ‘fim dos tempos’ devido a mídia sensacionalista.
Recife Metal Law – As músicas apresentadas nesse EP são bem violentas, ou seja, puro Brutal Death Metal. Como vocês procuraram trabalhar brutalidade (como em “Regicide”) e partes mais trabalhadas e trilhando o caminho do Death Metal tradicional (a exemplo da faixa título)?
Laert – Ótima pergunta! O Brutal Death Metal sempre foi uma grande influência, gostamos do som rápido e cru, apesar de gostarmos de vários estilos de música. Faixas como “Regicide” e “Hateful Kind” foram as primeiras composições da última formação. Acredito que ficaram dessa forma devido a euforia da época. Hoje a coisa já não funciona assim. Em “Servant of Tyranny” resolvemos mesclar o som rápido com um som mais tradicional mesmo, e gostamos do resultado. Esse tipo de composição aparecerá ainda mais em trabalhos futuros.
Recife Metal Law – As letras procuram abordar temas como anticapitalismo e anarquia, entre outros. Qual a importância que as letras têm para as músicas do Ceffalium?
Laert – Tem uma boa importância; gostamos desses temas clássicos, como Sociologia, Filosofia e História, fatos que aconteceram, fatos que acontecem diariamente... Escrevemos o que achamos válido, assuntos que são mais visíveis e que, de certa forma, façam mais sentido. Cada artista tem sua temática.
Recife Metal Law – Por falar no teor lírico, vocês acham que uma sociedade anarquista seria a solução para os problemas do nosso país? Poderiam nos falar um pouco mais a respeito do tema?
Laert – O que existe, e existiram, foram tentativas para uma melhoria social. Existem inúmeras ideologias por aí a fora, cada uma com suas opiniões e teorias... Desde muito isso causa diferentes opiniões: capitalismo, socialismo, comunismo, anarquismo, anarco-comunismo e etc. Fatores históricos, como imperialismo, ocidente e oriente durante a guerra fria, também ficaram marcados no tempo. Não se pode dizer ‘a solução para os problemas’, pois problemas sempre existirão; não é um regime econômico que fará do mundo um paraíso. A anarquia tem como ideologia uma economia controlada de forma mútua, sem essa desigualdade grotesca. Acontecimentos na Espanha na década de 30, e em outros lugares, ajudam a pensar e analisar sobre o tema. Em 1936 a cidade de Barcelona foi tomada por um regime de autogestão, mais um fator marcante.
Recife Metal Law – Vocês lançaram esse EP no formado SMD (Semi Metalic Disc), que vem ganhando bastante espaço atualmente. Seria essa uma solução para combater a pirataria e downloads ilegais, haja vista que o preço final do material é bem baixo?
Laert – Acreditamos que de certa forma isso ajuda, levando em consideração que esse material é de boa qualidade e preço bastante acessível.
Recife Metal Law – A capa do EP foi feita por Alcides Burn, e vocês da banda já disseram que a mesma tem ligação com o hinduísmo. Mas qual seria a real ligação que essa capa tem com o hinduísmo? Pergunto isso, pois a mesma mais se adequa a arte para bandas de Death e Gore...
Laert – Aquela arte é um símbolo Maia. Eles desenhavam esse símbolo, e vários outros, em paredes de templos. O Alcides atendeu bem as expectativas de arte. O significado é simples: a figura segurando a própria cabeça significa o domínio da própria mente, do próprio raciocínio, das próprias opiniões (justamente o que não acontece em nossos dias, né?) e a ampulheta refere-se ao estudo do tempo. Aparentemente, existe sim uma semelhança com capas desses estilos, mas as ideias são bem diferentes. Sabíamos que essas comparações aconteceriam, mas isso não importa. Gostamos dessas simbologias; algumas teorias Maia apareceram... Isso não significa que a banda tenha como símbolo esse tema e talvez já não apareça no próximo trabalho.
Recife Metal Law – O EP foi lançado de forma independente, já que foi lançado via SMD, como já mencionado. Mas a banda tem contado com algum apoio para distribuição desse material?
Laert – Surgiram alguns contatos, mas nada de oficial.
Recife Metal Law – E quais são os próximos passos do Ceffalium com esse EP em mãos?
Laert – Shows, distribuição em lugares que já temos em vista e contatos no exterior. Desde já agradecemos a atenção da Recife Metal Law e vamos seguindo. Valeu!
Site: www.myspace.com/ceffalium
E-mail: [email protected] / [email protected]
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação