FLESHOUT





Após sua passagem pelas bandas Flamma e Hellvolution (que depois se transformou em Firetomb), o músico Lívio Silva não parou de produzir no meio Underground, e para que seu processo criativo viesse à tona, o músico criou o Fleshout. Mesmo tendo iniciado o Fleshout como um projeto, Lívio sempre teve a intenção de transformá-lo numa banda. Contando com a ajuda de Léo Araújo (baixo) e David Spooner (bateria), o músico lançou recentemente o primeiro álbum da banda, que recebe o título de “Fleshout”. Sobre esse lançamento e algumas outras curiosidades o Recife Metal Law conversou com Lívio Silva, mentor do Fleshout. Confiram!

Recife Metal Law – Lívio, tu já participaste dos vocais das bandas Flamma e Hellvolution, e agora estás à frente do Fleshout? Quando surgiu a ideia de formar essa nova banda?
Lívio Silva –
Foi em 2006, logo após sair do Hellvolution pela segunda vez. Como é uma tradição seguida pela maioria das bandas, o vocalista acumula também a função de letrista, o que eu sempre fiz nas bandas onde toquei. Entretanto, eu sempre tive um forte impulso criativo e muita necessidade de externá-lo, desejando muito construir minhas composições próprias, com independência total. Foi assim que surgiu o Fleshout.

Recife Metal Law – Antes do lançamento do ‘debut’ álbum tu já havias lançado no meio Underground duas Demos, que não teve uma divulgação tão ampla, mas serviu para mostrar que tu estavas, ainda, trabalhando no meio Heavy Metal pernambucano. Quais objetivos tu pretendias atingir com esses materiais Demos?
Lívio –
Cara, a qualidade da primeira Demo ficou horrível. (risos) Já na segunda, mesmo com baixa qualidade, a bateria ficou melhor. Na verdade o objetivo foi inserir o nome Fleshout na cena com ‘pouquíssimo’ orçamento e ter um registro das músicas para que os músicos com quem eu fosse tocar pudessem pegar as músicas mais facilmente.

Recife Metal Law – Fleshout é uma junção entre as palavras “Flesh” (“Carne”) e “Shout” (“Grito”). Num dos trechos que explicam o nome da banda, tu citas que significa “o grito de uma alma oprimida, que anseia por liberdade”. De quem seria essa “alma oprimida”?
Lívio –
Essa parte da explicação seria muito mais uma metáfora para esse tal grito de desespero da condição humana ao qual me referi. Eu gosto muito de Filosofia, Sociologia, Ciência Política e Psicologia, entre outras ciências humanas; e minhas letras falam sobre isso. Nossa condição humana (dor, sofrimento, solidão, doenças, morte, etc.) e a vida em sociedade nos cercam de medos e desafios constantes e nos levam a criar compensações (arte, religião, filosofia, etc.) para atenuar as mazelas do espetáculo breve da vida. Diante disso, a melhor representação para essa espécie de ‘angústia’ da existência humana é o Grito! É através dele que o impotente expressa sua fragilidade diante daquilo que o aflige.

Recife Metal Law – Agora no início de 2011 foi lançado o primeiro álbum homônimo do Fleshout. Esse material foi lançado de forma independente. Tu chegaste a manter contato com algum selo para fazer o lançamento desse ‘debut’?
Lívio –
Não, eu realmente planejei fazê-lo de forma completamente independente.

Recife Metal Law – Trabalhando de forma independente, como vem sendo a divulgação desse material? A banda vem tendo algum apoio para distribuição do álbum, seja aqui no Brasil ou no exterior?
Lívio –
Mesmo conhecendo as dificuldades do Underground nacional, confesso que não achei que seria tão difícil quanto está sendo. Mas aos poucos, os caminhos estão se abrindo. O mais difícil eu consegui: gravar um álbum, coisa que venho tentando desde que comecei a tocar Heavy Metal, no ano de 2001. De qualquer forma, gostaria de agradecer as pessoas que estão me apoiando.

Recife Metal Law – “Fleshout” conta com sete músicas, e tem pouco mais de meia hora de duração. As músicas são bem intricadas, e trazem diversos elementos do Metal, seja Heavy, Death, Thrash e até Doom Metal. Dessa forma, é bem difícil definir o estilo da banda. Como tu definirias o estilo da banda Fleshout?
Lívio –
Minhas influências vão desde o Hard Rock até o Metal Extremo. É natural que tenha um pouco de cada estilo, de cada banda que eu gosto. Além do mais, cada música foi escrita em uma época diferente, em um contexto diferente. Eu me sentiria à vontade ‘rotulando’ a música do Fleshout simplesmente de Heavy Metal, sem qualquer pretensão a mais, ou a menos.

Recife Metal Law – Eu considero o Fleshout uma banda, e o álbum contou com os músicos Léo Araújo (baixo) e David Spooner (bateria), além de tua pessoa, claro. Porém todas as músicas foram escritas por você, além da produção do álbum ter ficado ao teu cargo. O Fleshout é mesmo uma banda ou um projeto de Lívio Silva?
Lívio –
O Fleshout surgiu de um anseio meu em compor minhas próprias músicas, mas nasceu pra ser ‘banda’ e vou trabalhar bastante pra ser uma referência do Heavy Metal! Bem, o David Spooner é um amigo de longa data que colaborou na gravação do álbum. Apenas isso. Atualmente eu e o Léo somos os únicos membros da banda, por enquanto.

Recife Metal Law – O encarte do ‘debut’ veio bem simples, e nem todas as letras estão presentes no mesmo. Isso foi proposital ou o intuito era economizar, falando financeiramente mesmo?
Lívio –
Foi proposital, mas sem intuito de economizar. Na verdade a tradição de fazer encartes bem trabalhados se dá pela época do auge do Heavy Metal, quando não dispúnhamos de sites e redes sociais. Um encarte mais enxuto, apenas com indicação dos músicos participantes e dos endereços eletrônicos da banda já é suficiente, até porque quando as pessoas gostam realmente de uma banda criam fanzines, fã clubes, divulgam até mesmo na base do boca a boca. No caso do Fleshout, eu pus as letras de apenas quatro músicas, as outras três estão no Myspace da banda, onde estão disponibilizadas três músicas do álbum. É uma forma de estimular as pessoas a visitarem o site, o Orkut, o Myspace, tentar se comunicar por e-mail, ou seja, interagir através das várias formas de comunicação disponíveis na atualidade.

Recife Metal Law – A capa mostra um homem numa espécie de cela. Na verdade o cara na cela parece mesmo um Headbanger. Qual o significado dessa capa?
Lívio –
Com certeza, a intenção foi a de representar um Headbanger, a fim de proporcionar uma identificação com os fãs do estilo. A cela foi idealizada pra representar aquele contexto que eu expliquei algumas linhas atrás, a angústia de estar preso a uma situação de onde não se pode sair. É uma arte simples, mas de visual impactante. Quem assina a capa é Emerson Fialho, um amigo meu, artista gráfico daqui de Recife. Inclusive fiquei muito orgulhoso, pois a capa foi muito elogiada por várias pessoas.

Recife Metal Law – E qual foi a temática lírica abordada nesse álbum? Existe algum tipo de mensagem, em especial, que tu quiseste transmitir com as letras contidas no ‘debut’?
Lívio –
Como falei antes, as letras abordam temas relativos aos conflitos inerentes à condição humana, como problemas psicológicos, disputas políticas, caos social, entre outros. Por exemplo, a letra de “No One’s Land” foi inspirada no episódio da série de ataques do PCC em 2006 e aborda a criminalidade e o poder paralelo que invade a sociedade e fragiliza as autoridades. Outro exemplo é a letra de “To Die Or Not To Live”, que fala exclusivamente de “Eutanásia” e as perspectivas sob as quais ela pode ser abordada.

Recife Metal Law – Com o primeiro álbum lançado, quais são os próximos passos do Fleshout?
Lívio –
Antes de responder a pergunta, gostaria de agradecer o espaço cedido pelo Recife Metal Law e parabenizar todos vocês que, de alguma forma, contribuem para a manutenção do site. O Heavy Metal não é apenas música, é todo um contexto cultural e diria mais: é universal, pois praticamente no mundo inteiro existem headbangers. As bandas, os fãs, a impressa especializada, os produtores de shows, enfim, todos nós fazemos o Heavy Metal acontecer e é nossa responsabilidade não deixá-lo morrer, jamais! Voltando à pergunta, o espírito atual é o de reunir os músicos que faltam, começar os ensaios e tentar tocar no máximo possível de locais. O Brasil e o mundo devem conhecer o Fleshout!

Site: www.fleshout.com.br

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação