FACADA





Facada. Banda cearense de Grindcore com influências que vão de Crust ao Hardcore, às vezes passando pelo Death Metal. Já dividiram os palcos com grandes nomes da música, a exemplo do Discarga e Torture Squad, preparando-se agora para dividir os palcos no Abril Pro Rock, em Recife, com bandas como D.R.I., Misfits, Violator e Musica Diablo. Com toda essa bagagem, riffs simples, diretos e uma bateria alucinante, o Facada lançou ano passado seu álbum “O Joio”. E quem nos conta um pouco mais sobre a banda e o lançamento é o Carlos James, baixo e vocal da banda, pela primeira vez aqui, no Recife Metal Law.

Recife Metal Law – Primeiramente, dizer aqui que é uma honra para o Recife Metal Law ter vocês do Facada com a gente. E por esse motivo, James, eu gostaria muito que você contasse um pouco sobre a história da banda desde seu início, em 2003.
Carlos James –
Antes de tudo, nós da banda éramos muito amigos. A gente sempre tocava em festivais juntos com nossas outras bandas e sempre se encontrava e trocava uma ideia. Quando eu e o D’Angelo decidimos formar uma banda de Grindcore, pensamos logo no Ari. A partir daí as coisas fluíram muito bem. A gente nem esperava nada, só tocar os sons do jeito que a gente gostava, gravar uma Demo, sem pretensão nenhuma mesmo. Desde isso foi uma Demo, dois CDs e um monte de show entre eles.

Recife Metal Law – A banda deu uma parada em 2007 quando Ari foi morar em Berlim. Como foi agora, para gravar “O Joio”?
James –
Ele veio passar férias em Fortaleza no final do ano de 2008 e já tinha uns quatro sons prontos. Ensaiamos umas quatro ou cinco vezes com o D’Angelo (baterista) e entramos em estúdio pra gravar. A gente só foi gravar o resto do disco nove meses depois com o outro guitarrista. Hoje a gente está com o Danyel.

Recife Metal Law – Fale um pouco sobre a produção do CD... Sei que você participou do processo artístico do álbum “Indigesto”. E agora, como foi com “O Joio”? Como é feita a escolha das letras? Quais as principais influências em termos literários?
James –
Eu que fiz a parte gráfica toda, uma vez que trabalho com isso daí é mais fácil; já sei onde vai ser tudo. (risos) As letras eu que fiz também. Geralmente as faço em cima da música. Tem uma ou outra coisa que eu adapto, como em “A Arrogância é Meu Privilégio”, que eu tirei dos diálogos de uma história em quadrinhos de terror antiga. As influências, eu acho que é tudo que você vive, não apenas literárias. Filmes, música, gente, coisas que acontecem...

Recife Metal Law – Por falar no álbum “O Joio”, como foi o processo de lançamento por quatro gravadoras, três brasileiras e uma inglesa?
James –
Foi bem tranquila. Pegamos os custos totais e dividimos. Cada um deu sua parte e recebeu a sua parte. Todos são pessoas fáceis de lidar.

Recife Metal Law – Como foi a escolha do cover da música “Lucro é o Fim”, da banda brasiliense DFC? Que meus conterrâneos não levem a mal, mas a música ficou com muito mais peso do que a original...
James –
Eu vivia cantando essa música. Quando a gente soube que ia participar do tributo a eles, foi logo o primeiro som que pensamos em gravar. Valeu o elogio, Viviane. A gente quis fazer ela mais Crust pesadão mesmo.

Recife Metal Law – Vocês tiveram um grande reconhecimento por parte da mídia na época da Demo, e muito mais reconhecimento com o CD “Indigesto”. Como está sendo agora com o lançamento de “O Joio”?
James –
Acho massa quando a galera vem dizer que achou o disco legal. Muito mesmo. Não sei se ninguém ‘tá mentindo, né? Mas todos falam muito bem do “O Joio”. Estamos orgulhosos dele.

Recife Metal Law – Muito se fala em influência de bandas internacionais na cena Grindcore nacional. Aliás, é notável a influência de grandes bandas no som de vocês, a exemplo da Nasum, Napalm Death... Quem influencia mais o Facada? A cena sueca ou inglesa?
James –
As duas. Acho que a gente tenta misturar essas duas influências porque cada uma é bem nítida. A sueca mais desgraça, sujeira e a inglesa mais direta. Cada uma tem sua parte.

Recife Metal Law – E com relação ao cenário nacional, em especial ao Nordeste, o que citarias como sendo grandes destaques?
James –
Chronic Infect (Death Metal do Ceará, animal!), tem o Lustfer e o Krenak daqui também, fora o Expose Your Hate, Bow to Nothing, Homem Meteoro, Rabujos, Vingança, Lei do Cão, Catarro, Nucleador, Inrisório, Devastuus... Tem um bocado.

Recife Metal Law – Com relação a shows e eventos, como você acha que os produtores do Underground nacional dão um bom suporte na realização de eventos, em especial aos voltados para o Grindcore?
James –
A galera faz o possível pra que tudo role na limpeza. A gente sabe dessa condição também. Nem sempre o som é o foda, mas a galera FAZ ACONTECER. E eu acho isso foda! A gente viaja esperando o mínimo: comer, deitar, tomar banho. Nunca passei fome na estrada porque a galera dá o gás; uns tem mais outros menos, mas todo mundo da cena Hardcore/Grindcore faz questão que você se sinta muito bem na casa deles.

Recife Metal Law – Tem rolado muitos shows de bandas ‘gringas’ aqui no Nordeste. Você considera isso como um ponto relevante para o Underground local?
James –
Acho massa como formação de público. Teve uma galera que ficou fã do Motörhead porque eles vieram pra cá. Meio inocente pensar que uma pessoa vire fã, mas ela vai ter a curiosidade, escutará depois... Isso é bacana pra nós, pois conhecendo as bandas de abertura, eles terão curiosidade de ir atrás de informações, baixar o som...

Recife Metal Law – O Facada sempre disponibilizou suas músicas em MP3, algo que é criticado por algumas bandas que reclamam sobre a possibilidade de se baixar o álbum completo, diminuindo assim a vendagem do material. Você acha que isso prejudica a cena Underground?
James –
Acredito que a vendagem do material não diminua. Quero que as pessoas conheçam nosso som. A pessoa escuta o disco. Quem gosta, mesmo, compra o CD, a camiseta, o adesivo, vai ao show, leva o amigo que vê o show, gosta e compra o CD. Acho que funciona assim. Quem não gosta, nunca compraria mesmo. A troca de informações é muito importante, porém tem seu lado prejudicial pela descartabilidade. No Underground e pra quem gosta de música é um prato cheio pra saber o que lhe interessa ou não.

Recife Metal Law – E novamente falando sobre shows, quais os eventos previstos vindo por aí?
James –
Agora a expectativa é o Abril Pro Rock, que é um dos maiores eventos daqui do Nordeste e onde dividiremos o palco com grandes bandas da cena local e internacional.

Recife Metal Law – Tenho certeza de que o Facada fará um dos melhores shows da programação do Abril Pro Rock desse ano, James. Agora vou ficando por aqui. Mais uma vez agradecendo a participação de vocês no Recife Metal Law e abrindo espaço para as últimas considerações.
James –
Muito obrigado, Viviane. Um abraço a todos que curtem nosso som! Facada na goela!

Contatos: A/C Carlos James. Avenida Léa Pompeu, 525 – Jardim das Oliveiras. Fortaleza/CE. CEP: 60.821-490.
Site: www.myspace.com/facadanagoela
E-mail: [email protected]

Entrevista por Viviane Nihilisme
Fotos: Divulgação