LACERATED AND CARBONIZED
Estava escutando o primeiro CD da banda Lacerated And Carbonized chamado “Homicidal Rapture” que, em minha humilde opinião, é uma obra muito importante para o Metal extremo brasileiro e acredito que entrará na parte dos clássicos nas prateleiras de muitos bangers. Os quatro garotos cariocas estão nessa há pouco tempo, mas já tem no currículo muita estrada e experiência. Já tive a oportunidade de assistir diversas apresentações da banda e, também, já dividi o palco com eles em shows insanos dentro do Underground. Decidi trocar uma ideia rápida com o guitarrista Caio Mendonça sobre a trajetória da banda, Demos, álbum, tours, shows e planos de tudo mais que está por vir. Nossa conversa segue abaixo para você leitor do Recife Metal Law.
Recife Metal Law – Para iniciarmos nossa conversa apresente um breve resumo da história da banda.
Caio Mendonça – Eu (Caio Mendonça – guitarra), Jonathan Cruz (vocal) e Paulo Doc (baixo), somos amigos há muito tempo e sempre tocamos juntos. Em 2006 nos juntamos ao baterista Victor Mendonça para formar o Lacerated And Carbonized. A intenção era fazer um som brutal que expusesse nossas raízes extremas. No ano seguinte gravamos nossa Demo, intitulada “Chainsaw Deflesher”, que foi muito bem recebida no Underground e nos levou a tocar Brasil afora, ao lado de nomes consagrados do Metal extremo, como Sepultura, Mayhem, Torture Squad, Confronto, Claustrofobia e Unearthly. Em 2010 lançamos o websingle “Darkened Spite”, uma prévia do nosso full lenght que estava em vias de sair. E agora em 2011 estamos lançando nosso álbum de estreia, “Homicidal Rapture”, pela Mutilation Records e que também saiu no Peru pelo selo Undermetal Records.
Recife Metal Law – Uma Demo de estreia com várias tiragens lançadas, uma tour na América do Sul, dezenas de shows, web singles e vídeos no Youtube com centenas de acessos, um CD oficial gravado e produzido em um dos melhores estúdios do Brasil, apoios, endorsers... Faço uma pergunta que já escutei muito: como uma banda com tão pouco tempo de estrada conseguiu fazer tanta coisa?
Caio – Acredito que isso se deve ao comprometimento da banda. Todos sabem que dar passos largos no Heavy Metal é muito complicado, uma vez que não temos o apoio da grande mídia. Então os resultados só aparecem com extrema dedicação. Tenho certeza que os apoios, endorsements, gravadoras e investidores são a consequência de muito trabalho, e um trabalho de qualidade.
Recife Metal Law – Eu programei esse bate papo para falar do ‘debut’ álbum da banda, mas vamos falar de outros assuntos também, ok? Conte-nos como foi esse lance de sair em tour pela América do Sul... Quantos shows foram? Em quais países vocês tocaram? Quais foram os eventos mais brutais? Como foi a recepção do público ao trabalho da banda?
Caio – A “Homicidal South American Tour” foi feita em suporte ao lançamento de “Homicidal Rapture”, que estava saindo no Peru pela Undermetal Records. Foram cerca de vinte shows entre Bolívia, Peru, Chile, Equador e Colômbia. Nesta turnê pudemos ver o quanto o Metal brasileiro é respeitado e apreciado em todos os países por onde passamos. Como aqui no Brasil, o público sul-americano é insano! A resposta que tivemos do público não poderia ter sido melhor, inclusive vendemos todo nosso merchandising antes do fim da turnê. Para que todos possam conferir um pouco dos lugares por onde passamos, dos shows e da intensidade da turnê, lançamos um vídeo recentemente para a faixa “Triune Filth” em nosso canal oficial no youtube com imagens da “Homicidal South-American Tour”: www.youtube.com/laceratedband.
Recife Metal Law – Relacionar-se com outras culturas durante uma tour deve ser muito gratificante, mas eu acho que Headbanger, seja ele de qualquer canto do globo, já tem uma forma universal de se comunicar. É isso mesmo ou existe alguma particularidade cultural de nossos ‘hermanos’ em algum dos países que vocês passaram?
Caio – Viajar conhecendo novas culturas, pessoas e lugares é uma experiência única, e fazer isso graças ao Heavy Metal é realmente algo muito gratificante. Nosso tempo de estrada comprova isso o que você falou. Não importa o lugar, sempre podemos trocar uma ideia com o Headbanger local sobre alguma banda, equipamento... As referências são as mesmas, o que muda mesmo é a comida! (risos)
Recife Metal Law – Fiquei sabendo que vocês dividiram o palco com os caras do Monstrosity ano passado. Como aconteceu isso?
Caio – Foi ótimo dividir a estrada com o pessoal do Monstrosity! Isso foi possível graças à viabilidade de coincidir algumas datas nas agendas da turnê sul-americana das duas bandas. Para os produtores e investidores também foi interessante, uma vez que puderam ter num mesmo ‘cast’ uma banda americana e uma brasileira.
Recife Metal Law – “Homicidal Rapture”, esse álbum foi gravado em 2009, mas só saiu agora no início de 2011 pela Mutilation Records? O que aconteceu para ter ocorrido esse atraso todo no lançamento? Isso comprometeu alguma atividade que a banda tinha planejado?
Caio – Esse ‘delay’ ocorreu graças a um problema judicial que tivemos com o selo que havíamos acertado. O contrato não foi respeitado e tivemos que esperar por sua rescisão. Felizmente, acertamos com a Mutilation Records, uma companhia de muito prestígio no Metal nacional e que vem nos dando todo o suporte necessário. Esse atraso no lançamento gerou alguns problemas. Além de o álbum ter saído um ano antes em outros países sul-americanos, tivemos o adiamento de uma turnê europeia.
Recife Metal Law – Fale mais sobre esse trabalho para nossos leitores. Por que o nome “Homicidal Rapture”? Explique cada faixa e dê uma ideia geral de qual mensagem as composições do álbum buscam passar para o ouvinte.
Caio – O título “Homicidal Rapture” representa bem a confluência dos elementos e temáticas que tentamos transmitir com esse CD, desde a parte gráfica, as letras e as composições. Apesar de não ser um disco necessariamente conceitual, todos esses elementos estão interconectados e somente somam ao aparato final. As dez faixas presentes no álbum são uma mescla entre regravações reformuladas da Demo “Chainsaw Deflesher” e músicas inéditas. As letras expressam nossa própria visão de mundo, refletindo a agressividade e violência do cotidiano carioca, além de possuir também elementos típicos do Death Metal, com uma abordagem não só splatter, mas também crítica.
Recife Metal Law – No Rio de Janeiro é bem normal a banda estar presente no ‘cast’ de vários eventos que rolam na cidade. Tem alguma tour nacional específica para divulgar o full lenght sendo agendada? Planejam retornar a outros países da América do Sul ou mesmo Europa?
Caio – Os shows no Brasil somente acontecem as sextas, sábados e domingos, e graças ao excesso de ‘days-off’ é muito difícil agendar uma turnê extensa, abrangendo boa parte do território nacional. No passado fizemos sequências de shows por muitas cidades em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. Temos como objetivo realizar datas em todo o território nacional para divulgar o “Homicidal Rapture”, porém uma extensa turnê pelo Nordeste e outra para o Sul do país será agendada somente em 2012. Ainda em 2011 vamos realizar uma nova tour sul-americana, passando por Uruguai, Argentina e Paraguai, países que não fizeram parte da primeira turnê. Já estamos negociando também datas para a turnê europeia, que vai acontecer em abril de 2012.
Recife Metal Law – Com esse atraso no lançamento do “Homicidal Rapture, eu acredito que a banda já tenha composições novas para um futuro álbum. Estou certo? Fale um pouco sobre o que vem por aí em termos musicais e aproveite para falar de forma geral dos planos do Lacerated And Carbonized para 2011, que já está indo para a sua metade.
Caio – Graças a esse atraso pudemos compor muita coisa paralelamente aos shows. Posso lhe dizer que o novo material está matador! A experiência que angariamos com a estrada está se refletindo diretamente nas composições. Ainda em 2011 faremos uma nova turnê sul-americana e, em setembro, entraremos em estúdio para gravar um novo álbum de inéditas.
Recife Metal Law – Com a certeza de que teremos muitas conversas iguais, agradeço o tempo cedido para as respostas em nome de todos do Recife Metal Law e deixo as últimas linhas para suas considerações finais. Tive o prazer de ver a banda nascer e desejo, sinceramente, muita sorte na estrada, que com certeza será longa.
Caio – Obrigado ao Recife Metal Law e a você, Chakal, que nos acompanha desde o início. Agradeço a todos que apóiam nosso trabalho e ao Underground nacional. Fiquem atentos em nosso site, bem como ao nosso Twitter, Facebook, Orkut e demais meios sociais para as novidades que virão ainda em 2011. Esperamos ver todos na estrada!
Site: www.laceratedandcarbonized.com / www.myspace.com/laceratedandcarbonized
Entrevista por Chakal
Fotos: Divulgação