DESECRATED SPHERE





Tudo que envolve o Desecrated Sphere pode parecer prematuro, porém a banda mostra que se planeja antes mesmo de cada passo dado. Com poucos meses de atividade a banda, que é formada por José “Motor” Mantovani (baixo), Renato Sgarbi (vocal), Gustavo Lozano (guitarra) e Rodolfo Bassani (bateria), já lançou seu primeiro álbum, gravou vídeo clipe e tem planos para fazer uma turnê na Europa. O que bandas demoram anos para concretizar, o Desecrated Sphere conseguiu fazer em alguns meses de atividades. Sem mais delongas nesse texto introdutório, passo logo para a entrevista, concedida pela banda ao Recife Metal Law, onde diversos assuntos são abordados. Com certeza estamos diante de uma grata revelação do Underground nacional.


Recife Metal Law – A banda Desecrated Sphere surgiu após a saída de dois músicos do CollapseNR. O que levou José “Motor” Mantovani (baixo) e Rodolfo Bassani (bateria) a deixar sua antiga banda e formar o Desecrated Sphere?
Desecrated SphereNa verdade não foram dois, e sim três integrantes. Entramos os três juntos no CollapseNR e saímos os três para montarmos o Desecrated Sphere. O que aconteceu é que nós três (Renato, José, Rodolfo) estávamos finalizando as gravações de um álbum com a colaboração do guitarrista Rubens Fraleone (DxOxRx), em um processo que havia sido iniciado com o CollapseNR. Dado o fato de que o último integrante original do CollapseNR saíra da banda e a sonoridade do álbum não tinha muito em comum com o material anterior da banda, decidimos por criar uma nova identidade, que é o Desecrated Sphere.

Recife Metal Law – E como vocês chegaram aos nomes de Gustavo Lozano (guitarra) e Renato Sgarbi (vocal)? Qual perfil de músicos que vocês procuravam para fechar a formação da banda?
Desecrated SphereNa verdade o Gustavo já estava cotado para o posto de guitarrista do CollapseNR. Quando na finalização do álbum nós tomamos a decisão de iniciar esta nova fase; estávamos procurando por um guitarrista talentoso, que trabalhasse bem em grupo e com técnica apurada. Tanto o Rubens (que gravou nosso álbum) quanto o Gustavo apresentaram essas credenciais. O Gustavo ficou com o posto definitivo, após ter tido contato com o Renato, fazendo uns testes conosco e demonstrando seu imenso potencial.

Recife Metal Law – O nome da banda é bem apropriado para o estilo feito por vocês. De quem foi a ideia do nome?
Renato Sgarbi –
Sim, desde a música, capa do álbum ao nome da banda, tudo para nós é muito importante. Não por acaso tudo faz parte e se encaixa como um só no Desecrated Sphere. Quanto ao nome, todos nós estávamos procurando um nome que combinasse com tudo que disse anteriormente e foi até engraçado, aconteceu assim: A Anne, namorada do José sugeriu vários nomes, e dentre estes tinha um nome composto com uma palavra seguido pela palavra ‘Sphere’. Ficamos com o ‘Sphere’ na cabeça pela sonoridade e significado dentro de nossas ideias e tudo mais. Buscávamos ainda um nome, sem saber se acharíamos algo que combinasse com ‘Sphere’, e não traísse nossos conceitos. Na madrugada achei a palavra ‘Desecrated’ numa lista que fiz em casa e pensei: ‘É isso! Desecrated Sphere! (risos) Perfeito, amanhã consulto todos para ver o que acham’. E na tarde seguinte, enquanto o José estava dando entrevista para uma webradio da Noruega, ainda pelo CollapseNR, informei o Rodolfo e ele ficou muito empolgado, aprovando na hora. Assim que terminada a entrevista falamos para o José: ‘temos um nome para a banda’. E na hora que ele ouviu Desecrated Sphere aprovou de imediato também, assim como Gustavo. A cereja no bolo foi o logotipo que o Gustavo criou para a banda no dia seguinte. Este nome para nós simboliza o impacto e o rastro de destruição que o homem deixa no nosso planeta.

Recife Metal Law – A banda é nova e, com certeza, é a banda mais nova no Brasil a lançar um álbum. A mesma surgiu em janeiro de 2011 e em abril já estava lançando seu primeiro álbum! Como foi todo o processo criativo das composições que fazem parte de “The Unmasking Reality”?
Desecrated SphereO álbum estava pronto quando passamos por mudanças e decidimos aproveitar para lapidar e melhorar os arranjos (rearranjamos todas as guitarras). O processo que realmente contou para o resultado final foi essa preparação para a gravação do instrumental. O processo criativo foi bem leve e tranquilo. Trabalhamos sempre sobre uma ideia inicial dada por um dos integrantes, às vezes em ‘jam’, às vezes com uma seção já definida da música e progredimos daí, atentando para que as mudanças soem o mais natural possível. Todos os integrantes dão ideias sobre todos os instrumentos e daí fica mais fácil criar arranjos mais complexos.

Recife Metal Law – Em algum momento, desde a sua formação até a criação das músicas, vocês pensaram em lançar primeiramente uma Demo para saber qual seria o respaldo do som perante o público e a mídia especializada?
Desecrated SphereNão, em nenhum momento pensamos em lançar Demo, EP, nada disso. O pensamento no Desecrated Sphere sempre foi debutar com um álbum, gravado com alta qualidade e assim mostrar de maneira profissional, tanto para os fãs como para a mídia, um trabalho feito de forma totalmente profissional. Independentemente da receptividade do público este é o material que estava pronto e o que queríamos lançar. Felizmente estamos tendo uma ótima repercussão, tanto quanto à qualidade da produção quanto à qualidade técnica e das composições, disso nós sempre tivemos segurança, que faríamos nosso melhor.

Recife Metal Law – O álbum traz dez músicas, calcadas no Death Metal, que mesmo mantendo suas raízes, têm algo de peculiar. A banda conseguiu criar algo com cara própria em um estilo que tem muitos anos de criação. Como vocês trabalharam as músicas para que as mesmas tivessem essa peculiaridade?
Desecrated SphereTemos ouvido bastante esse comentário sobre a banda soar original num estilo já criado: o Death Metal. Ficamos muito felizes com isso; quer dizer que entenderam nosso som como queremos passar. Quando você está compondo, seja no feeling, ou com o livro de teoria embaixo do braço, você sabe como você quer soar, mas não sabe exatamente como as outras pessoas vão achar que você soa. Acho que a resposta pra isso é o amálgama de diferentes influências que temos e como abordamos essa variedade de estilos musicais dentro do contexto do Death Metal e música extrema em geral, sempre procuramos ter uma linguagem musical que nos diferenciasse e estamos felizes com o resultado das composições. Temos a mente aberta para ideias que soem legal para a banda, trazendo assim características que você não vê em outras bandas, deixando o material (em nossa concepção), mais rico e interessante.

Recife Metal Law – E quais foram os temas que vocês procuram abordar nas letras das músicas contidas no álbum? Existe alguma preocupação em se passar algum tipo de mensagem com as letras?
Renato
“The Unmasking Reality” é um álbum semi-conceitual, já que não foi composto como conceitual, mas no final existe uma sensação de continuidade entre as músicas. Nas letras isso foi proposital, pois queríamos que elas tivessem uma conexão. Os temas abordados nas letras são controle político, militar e (em sua maioria) falando de religião e a lavagem cerebral da fé, seja através das grandes mídias, opressão, que aconteceu através dos séculos e ainda nos tempos de hoje, assassinatos e crimes acobertados por eles para se manterem no controle. Também falamos de fatos históricos, como Peste Negra e a Inquisição. Iremos repetir isso no próximo álbum com algum outro tema, já que gostamos bastante. Falamos também de temas apocalípticos fazendo contraponto entre o apocalipse bíblico e a destruição da natureza pelas mãos do homem. Foram estes temas que escolhemos para ter sua imagem estampada na capa do álbum.  E em todas as letras coloco uma mensagem de liberdade e consciência de suas escolhas e atos, cada música à sua maneira. Não sei se todos vão ver a mesma coisa, mas aí é que esta a graça, cada qual enxerga à sua maneira. O ponto de apoio entre as letras é que todas elas descrevem uma busca obstinada ou uma crença cega, que atraem tanto os homens comuns quanto os do poder. Uma necessidade de crer em algo superior  por se sentirem desprotegidos. Se não há algo superior para cuidar deles, os religiosos se sentem fracos e frágeis. “The Unmasking Reality” é um título na medida do álbum, pois não somos nós que estamos desmascarando, citamos fatos históricos, coisas do dia a dia, narramos fatos em que a realidade em um momento aparece e desmascara a verdade.

Recife Metal Law – Um dos destaques do álbum são as linhas de baixo criadas por José Mantovani, bem contundentes e presentes em todas as músicas. Num estilo extremo, como o praticado pelo Desecrated Sphere, não é comum de se ouvir o baixo com tanta evidência...
José “Motor” MantovaniNossa ideia sempre foi fazer todos os instrumentos soarem nitidamente, para que até o ouvinte casual escute todas as notas presentes e as técnicas inerentes a cada instrumento. Sempre tentei trazer elementos variados para as linhas, para preencher o arranjo e fazer a ponte entre a bateria (rítmica) e a guitarra (melodia), para isso preciso que o baixo esteja realmente audível na mixagem.

Recife Metal Law – A gravação do álbum foi feita no Área Livre Estúdio, em São Paulo. Já a mixagem foi feita no Stage One Studio, na Alemanha. Por que vocês optaram por fazer a mixagem do álbum fora do país?
Desecrated SphereQuando estávamos fazendo as pré-gravações do álbum no Estúdio Área Livre ficamos sabendo do contato do nosso produtor Tomaz com o Andy Classen, a princípio por intermédio do Gustavo Guru (Funeratus). Então antes de entrar em estúdio já queríamos produzir no exterior. O Andy é um produtor muito experiente e muito respeitado na cena, e seu estúdio é muito bem equipado para fazer esse serviço de mixagem e masterização. Dada a facilidade do contato e a qualidade do material que ele vinha produzindo (Krisiun, Belphegor, Holy Moses) não foi uma escolha difícil. O resultado até nos surpreendeu, de tão monstruoso, apesar de que a pré-produção feita meticulosamente com o Tomaz foi o que fez a diferença.

Recife Metal Law – Devo dizer que o álbum é bem linear e altamente indicado para os fãs do Death Metal. Porradas sonoras como “Gospel is Dead”, “Century of Tyranny” e “Defraudation” chamam a atenção por sua força destruidora. Quais músicas são as mais indicadas para se conhecer o que é a sonoridade do Desecrated Sphere?
Desecrated SphereDifícil dizer, já que todos nós tivemos faixas preferidas diferentes e que foram mudando com o tempo. Todas têm qualidades para representar a sonoridade do Desecrated Sphere. Um exemplo é que para escolha do clipe a dúvida chegou a ser entre cinco faixas, e quase que de última hora decidimos pela “Gospel is Dead”. Indicamos a todos que compre o álbum porque vale à pena. (risos)

Recife Metal Law – Eu mencionei “Gospel is Dead”. Essa música foi à escolhida para ser o primeiro vídeo clipe da banda, lançado recentemente. De que forma vocês pretendem divulgar esse vídeo? Existe a possibilidade de ele ser veiculado em algum programa de TV?
Desecrated SphereO clipe vem sendo muito bem recebido, esperávamos uma resposta positiva, mas o público vem nos surpreendendo seguindo a banda e apoiando e elogiando muito. Para uma banda de alguns meses de vida, e independente até o momento, vem sendo algo maravilhoso para nós. Sim, pretendemos divulgar em programas de TV e estamos apenas começando a divulgação, ainda há muito a ser feito.

Recife Metal Law – De que forma vocês procuraram aliar a imagem da capa com o título do CD, bem como as imagens contidas no encarte com as letras das músicas?
Desecrated SpherePara esse álbum foi muito fácil aliar tudo. Absolutamente tudo, desde a capa até as letras, as imagens contidas no encarte, tudo tem conexão e foi bem pensado para fazer parte do ‘pacote’, do conceito do disco. Todos nós achamos essencial trabalhar assim, para nós soa muito mais interessante.

Recife Metal Law – Tudo na banda parece ser prematuro, mas, de alguma forma, muito bem pensado. Já existem planos de uma turnê na Europa ainda para esse ano de 2011. Isso vai acontecer mesmo?
Desecrated SphereParece prematuro, mas já estávamos na batalha antes de formar o Desecrated Sphere com a banda anterior; fizemos um trabalho inteiramente profissional, desde a música trabalhada e com alta qualidade de gravação, arte gráfica, gravação, vídeo clipe... O público vem recebendo tudo isso de braços abertos e agradecemos a todos por isso. Montamos o Desecrated Sphere para ser uma banda profissional desde o seu início e logo alcançar os voos que buscamos. Há planos de uma turnê para Europa para esse ano, ainda mais agora, depois que lançamos o álbum o interesse triplicou. E a resposta também vem sendo excelente lá fora, tudo de forma independente.

Recife Metal Law – E já existem negociações para que a banda faça uma turnê em solo brasileiro?
Desecrated SphereNão ainda para uma turnê. Seria incrível, mas para isso precisamos de uma estrutura e uma turnê organizada para a banda atravessar o país. Existem, sim, várias negociações de shows, trincas de shows, mas não uma turnê pelo país. Esperamos que os promotores entrem em contato para viabilizarmos isso.

Recife Metal Law – Já que a banda vem trabalhando de forma rápida e contínua, sem perder tempo, o que podemos esperar para um futuro próximo?
Desecrated SphereLançamos nosso álbum há pouco, no dia 23 de abril. Há muito que “The Unmasking Reality” possa nos oferecer e vamos aproveitar cada momento para curtir o que ele tem para retribuir nossa dedicação da melhor maneira possível. Já estamos compondo material novo, mas não há previsão de quando lançaremos um próximo álbum. Com certeza vocês podem esperar algo ainda mais insano e trabalhado do que viram até agora! Obrigado pela bela entrevista, pela oportunidade e apoio ao Desecrated Sphere. Queremos agradecer principalmente aos fãs que tem nos apoiado e seguido fielmente a banda. Continuem a nos apoiar! Fãs interessados em adquirir o material da banda e promotores interessados em contratar o Desecrated Sphere para shows podem entrar contato por email. Vemo-nos na estrada!
 
Sites:
www.myspace.com/desecratedsphere
www.youtube.com/desecratedspherebr
E-mail: [email protected]

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação