GESTOS GROSSEIROS





Com o lançamento de “Countdown to Kill” em 2007, mesmo lançado de forma independente, a banda de Death Metal Gestos Grosseiros escreveu seu nome no cenário Underground. Daí em diante a banda começou a fazer diversos shows, e mesmo com a mudança de formação e os boatos de um possível fim das atividades, a banda continuou firme e forte. Agora em 2011 o Gestos Grosseiros chegou ao seu segundo álbum, “Satanchandising”, e mostra que está mais forte do que nunca, inclusive fazendo planos para uma possível turnê a nível nacional em 2012. Na entrevista a seguir poderemos ficar sabendo um pouco mais sobre os planos da banda, entre outros fatos, nas palavras do baterista/vocalista Andy Souza e do baixita/vocalista Danilo Dill. O ‘line up’ é complementado pelo gutarrista Kleber "Binho".


Recife Metal Law – Afora as mudanças na formação, o que mudou no Gestos Grosseiros de sua formação (em 1998) para os dias atuais?
Andy Souza –
Primeiramente gostaria de agradecer a você, Valterlir, e toda equipe do Recife Metal Law, pela oportunidade dessa entrevista. Sobre a pergunta, a ideia ainda é a mesma, de sair tocando e espalhar nosso som. Mas no passado não tínhamos experiência alguma, o que implicava, em muitas vezes, nas dores de cabeça, seja em palco, gravar uma simples Demo ou na maneira de divulgar a banda. Hoje isso já não acontece, pois sabemos o que fazer em certas situações. E é claro que ainda passamos por poucas e boas, mas já sabemos contorná-las de maneira mais racional, afinal de contas já se passaram quase catorze anos. Caramba, comecei a toca com 17 anos, quase a idade da banda! (risos)

Recife Metal Law – Sobre as mudanças na formação, a mais curiosa foi à saída do baixista/vocalista Índio, isso porque ele saiu uma primeira vez, voltou e depois saiu novamente da banda. O que de fato aconteceu para esse entre e sai do Índio no Gestos Grosseiros?
Andy –
Já vínhamos tendo certos desentendimentos, até mesmo antes de lançar o “Countdown to Kill”, e na tour do mesmo. Como estávamos na estrada praticamente todo final de semana, os desentendimentos aumentaram. Em 2008 no Bob Rock Festival, em Dona Emma/SC, o Índio bebeu e decidiu ficar lá, enquanto a banda seguiu viagem para São Paulo. Entendi, então, que ele não faria mais parte da banda e os outros dois integrantes (Kleber e, na época, o Bruno Santos) também pensaram assim. Depois conversei com o Índio e ele demonstrou interesse em voltar e começar uma nova vida na banda. Após fazer alguns shows, tanto a banda como o Índio, perceberam que era melhor cada um seguir o seu caminho, pois já não existia o mesmo feeling. O último show do Índio no Gestos Grosseiros foi em 11 de setembro de 2009, e quero deixar aqui registrado que ainda somos amigos e sempre conversamos.

Recife Metal Law – Após duas Demos, em 2007 vocês lançaram o primeiro álbum, de forma independente, “Countdown to Kill”. Passados quatro anos, como vocês analisam a importância desse disco para a carreira da banda?
Andy –
O primeiro álbum de uma banda, eu acho que sempre é especial, pois é algo totalmente inédito e não há como saber se após o ‘debut’, você conseguirá lançar outros, pois depende de muita coisa, tipo: divulgação, shows, tour, controle de onde está sendo distribuído o álbum, além de muito stress, pois eu penso que para divulgar um álbum você precisa pegar a estrada e encarar muitas coisas até consolidar um certo nome, saca? O primeiro CD de uma banda mostra realmente quem é que está preparado para encarar uma tour, tocar direto, ficar longe da família, e ficar horas na estrada. Acho que passamos neste teste. Foi com o “Countdown to Kill” que aprendemos a conviver mais como pessoas, como um grupo, ou seja, este álbum fez com que a banda realmente entendesse o que é ser uma banda e acredito que deixou o nome do Gestos Grosseiros um pouco mais forte no cenário Underground.

Recife Metal Law – O novo álbum foi lançado em parceira com alguns selos. Como surgiu tal parceria e de que forma essa parceria vem ajudando na divulgação de “Satanchandising”?
Andy –
Todos os parceiros (Tornhate Records, Rapture Records e Fly Kintal Zine & Underground Distro Brasil) já distribuíam nosso ‘debut’, então apenas acertamos alguns detalhes para lançar o “Satanchandising”. Essas parcerias estão fazendo com que o nome da banda seja mais consolidado, não só em termos de Brasil, mas em outros países também. 

Recife Metal Law – De onde foi tirado o título “Satanchandising” e qual a razão para usar esse título para o novo álbum?
Danilo Dill –
O nome foi idealizado pelo Kleber. Sua inspiração foi devido ao seu trabalho com marketing e a um grande templo de exorcismo cristão, construído em Guarulhos. O nome em si vem da união da palavra Satã com a palavra merchandising. Dentro disso começamos a reparar que a religião tem um grande índice de marketing por todo o Brasil e no mundo, independentemente de qual ‘facção’ seja. Nossa intenção é que o público do Gestos Grosseiros e do Metal em geral pense e repense sobre suas atitudes, pois somos livres para pensar e agir
independentemente de sua religião, cristã, satanista ou ateu. Acreditamos na liberdade de expressão. O nome “Satanchandising” ajudou a inspirar algumas letras como “Religious Plague”, “Slaves of Imagination” e “Predator of Soul”. 

Recife Metal Law – As mudanças na formação não afetaram a evolução musical da banda, pelo contrário, parecem ter feito muito bem, afinal o novo álbum mostra uma banda mais segura e amadurecida musicalmente. Como foi o trabalho de composição desse novo álbum?
Andy –
Algumas músicas já tocávamos na turnê do “Countdown to Kill” e outras foram compostas depois que o Dill entrou na banda. Eu fazia os riffs de guitarra, levava para os ensaios e lá o Kleber e o Dill faziam os ajustes e mudanças necessárias para que as músicas fossem executadas de tal maneira que nos agradassem. A “Satanchandisng” e a “Predator of Soul”, o Kleber fez os riffs, e o Dill e eu fizemos alguns ajustes. Foi basicamente assim que surgiu o álbum “Satanchandising”.

Recife Metal Law – Gravando como trio, houve algum tipo de mudança na hora de trabalhar em estúdio? A banda sentiu algum tipo de dificuldade com esse novo formato (Power Trio)?
Danilo –
Não, não houve qualquer mudança. Antes de iniciarmos a gravação gravamos duas Demos para ouvir o som e ver as modificações necessárias, para que na hora da gravação não houvesse qualquer contratempo. Cada um gravou seu instrumento sem dificuldade de entrosamento. Em relação ao ‘Power Trio’, já havíamos tocado juntos algumas vezes, o que nos ajudou com o entrosamento. É importante ressaltar que a banda não está entrosada apenas no som, mas, também, nas ideias do trabalho e do Gestos Grosseiros em si.

Recife Metal Law – As letras continuam a abordar críticas as religiões, como na faixa título, “Slaves of Imagination” e “Religious Plague”, mas também não se prende a só essa temática lírica, a exemplo de “Stronger Than Never”, que parece trazer algo mais pessoal...
Andy –
Realmente Valterlir! Parabéns cara, você está manjando muito do Gestos Grosseiros, hein!? (risos) Bom, quando tivemos a mudança radical na banda (saída do Bruno Santos e Índio), muitas pessoas achavam que a banda iria acabar. Chegaram até a divulgar aqui em Guarulhos o fim da banda. Sendo assim, pegamos todas essas afirmações que não eram verdadeiras, chamamos o Danilo Dill (que já o conhecíamos) e começamos a traçar esta nova empreitada, que por sinal está indo muito bem. Isto realmente foi uma inspiração para a letra dessa música.

Recife Metal Law – Em “Satanchandising” encontramos um Death Metal violento e brutal, mas não se prendendo apenas a esse estilo, uma vez que podemos ouvir algumas partes acústicas (“Humanity Victory” e “Satanchandising”), e levadas mais cadenciadas e pesadas (“Evil Witness”). Essa linha instrumental foi algo premeditado?
Andy –
Nós da banda escutamos de tudo, não só Death Metal. Além disso, cada um gosta de uma vertente do Metal e isso ajuda bastante na hora de fazer a parte instrumental. Porém não nos preocupamos em fazer nada parecido com ninguém, apesar de ser praticamente impossível hoje em dia seu som não parecer ou lembrar sons de outras bandas, pra mim isso é normal. A parte instrumental saiu de maneira natural e também o Dill opinou bastante com suas influências, pois o cara chegou e deu novas ideias. A ideia de colocar partes acústicas veio do Kleber, pois ele gosta muito de tocar violão e escutar outros estilos de músicas com esse tipo de pegada. Penso que tudo que é agradável para colocar numa música, desde que não fuja do estilo, deve ser aproveitado.

Recife Metal Law – A última música do novo álbum é uma versão Demo para “Extreme Aggression” do Kreator. Por que incluir esse cover numa versão Demo?
Danilo –
A ideia de “Extreme Aggression” foi retratar a versão original gravada pelo próprio Kreator com umas levadas do Gestos Grosseiros. Pegamos uma versão nossa de estúdio ao vivo e adicionamos algumas coisas em cima na hora de sua masterização. A proposta foi chegar o mais perto possível da agressão extrema original, procurando relembrar a época de Demos da banda.

Recife Metal Law – A gravação, masterização e produção ficaram a cargo de Pedro Esteves (Masterpiece Digital Studios). Pedro também é conhecido por ser o guitarrista da banda de Heavy Metal Liar Symphony, banda esta que segue uma linha mais melódica. Como foi trabalhar com o Pedro, que toca numa banda que é o oposto musical do Gestos Grosseiros?
Andy –
O bom de trabalhar com o Pedro é que ele não se prende ao fato de tocar no Liar Symphony e respeita o que você quer fazer, além de dar muitas dicas durante a gravação. O primeiro CD também foi gravado lá, e como o resultado ficou bom. Não teríamos porque mudar de estúdio e produtor. O Pedro conhece o som do Gestos Grosseiros, e isso ajudou na hora da gravação. O CD ficou melhor do que esperávamos, pois, sem querer puxar o saco do Pedro, o cara ali gosta de Metal, não se prende a rótulos, é muito profissional e acho que hoje em dia isso é importante.

Recife Metal Law – Do álbum, só a capa que achei que poderia ser mais bem cuidada. O que vocês acharam do resultado final da capa desse álbum?
Danilo –
A arte final da capa foi escolhida dentre diversas artes. Procuramos utilizar a arte que mais retrata a palavra “Satanchandising”. As cores utilizadas na arte estão bem distribuídas, onde é possível reconhecer todas as imagens, o que torna nítida a proposta de “Satanchandising”. O resultado final da capa, para nós, foi o melhor possível e temos certeza que a arte, mais o nome do trabalho, está agradando aos Headbangers.

Recife Metal Law – A banda chegou a anunciar “Satanchandising Tour 2011/2012”, porém os shows se limitaram ao Estado de São Paulo. Existe a possibilidade dessa tour se expandir para outros Estados do Brasil ou até mesmo para fora do país?
Andy –
Sim, com certeza. Não queríamos sair de São Paulo no segundo semestre de 2011, sendo que o CD foi lançado em julho. Pensamos que seria melhor fazer alguns shows apenas em ‘Sampa’, e em 2012 iniciar shows em outros Estados. Tocar em outros Estados é o nosso ponto forte e estamos analisando alguns shows na Argentina e Colômbia. O único show que fizemos fora do Estado de São Paulo foi em Brasília, que marcou o lançamento do CD, pois a proposta que recebemos para tocar lá foi muito boa e como nunca havíamos tocado naquele território, achamos que não deveríamos perder a oportunidade.

Recife Metal Law – Quais os demais planos do Gestos Grosseiros para o fim de 2011 e ano de 2012?
Andy –
Para 2011 apenas fizemos um show na capital de São Paulo, no dia 03 de dezembro, e vamos pegar esse final de ano para montar nosso marketing, o qual será usado nos shows de 2012. Para o ano que vem, queremos tocar em outros Estados e, quem sabe, fazer uma tour pelo Norte e Nordeste, pois queremos muito mostrar nosso som ao vivo nessas regiões. Bom, Valterlir, em nome do Gestos Grosseiros, quero lhe agradecer e a toda equipe do Recife Metal Law pelo suporte dado para nós todos esses anos. Desejo pra vocês aí um ótimo final de ano, felicidades e, claro, com muito Metal. Valeu!

Site: www.myspace.com/gestosgrosseiros
E-mail: gestosgrosseirosband@gmail

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação