ECLIPTYKA





A banda Ecliptyka surgiu em 1999, na cidade de Jundiaí/SP, mas só lançando um material de forma profissional em 2001, a Demo (que a banda considera um EP) “The First Petal Falls”. Nesta época, apesar dos anos de formada, a banda ainda não tinha um som totalmente definido, o que veio a acontecer com o seu recente lançamento, o aclamado e cheio de características próprias ‘debut’ álbum “A Tale of Decadence”. Atualmente o Ecliptyka é formado por Helena Martins (vocal), Eric Zambonini (baixo), Tiago Catalá (bateria), Hélio Valisc (guitarra) e Guilherme Bollini (guitarra/vocal), tendo este último respondido as perguntas do Recife Metal Law. Confiram e conheçam mais a respeito dessa promessa no meio Heavy Metal brasileiro.

Recife Metal Law – A banda surgiu com o propósito inicial de tocar Heavy Metal tradicional, mas com o tempo foi mudando sua forma de compor e construir suas músicas. A entrada da vocalista Helena Martins foi crucial para essa mudança?
Guilherme Bollini –
Primeiramente, muito obrigado pela oportunidade, é um prazer! A Ecliptyka sofreu uma metamorfose sonora devido a diversos fatores: troca de integrantes, amadurecimento musical e tendências. A entrada da Helena na banda foi de grande influência no direcionamento musical que tomamos, mas mesmo assim, desta época pra cá, muita coisa mudou em nosso som. A Ecliptyka foi se consolidar, como é hoje, com identidade e som único, a partir da entrada do Hélio e do Eric, pouco antes de começarmos as gravações para o primeiro álbum full-length, “A Tale of Decadence”. Pretendemos continuar progredindo e experimentando, mas acreditamos que encontramos nossa identidade e núcleo e pretendemos ser fiel a isso. Estamos no caminho!

Recife Metal Law – Antes mesmo de lançar qualquer material, o Ecliptyka fez diversos shows em seu Estado. Como era fazer esses shows, na época, e não ter nenhum material de divulgação?
Guilherme –
Foi uma época de aprendizado, portanto muito positiva para a banda. Estávamos nos desenvolvendo como músicos e entendendo mais como funciona o meio Metal em nossa região e país. Muitas experiências vividas naquela época são tomadas como base para decisões que tomamos no presente. A banda cresceu bastante com isso e foi exatamente isso que possibilitou o nosso crescimento em conjunto e a gravarmos o primeiro EP.

Recife Metal Law – Em 2007, com oito anos de formação, a banda lançou sua primeira Demo, a qual foi bem recebida no meio especializado, inclusive abrindo as portas para que a banda tocasse na Europa. Tendo em sua discografia apenas uma Demo, essa não foi uma decisão precipitada?
Guilherme –
Já havíamos feito duas Demos em estúdio, mas não lançamos por não acreditar que estavam com a qualidade que nos agradasse a ponto de investirmos nisto. Esse primeiro trabalho, que consideramos um EP, foi feito com muito esforço e dedicação, por isso a demora para o lançamento. Tivemos sorte, pois o mesmo nos possibilitou alçar voos maiores, incluindo essa turnê na Europa. Nosso objetivo primordial, com a turnê, era a experiência e serviu quase como um teste para que sentíssemos a resposta de um público totalmente fora de nosso meio ‘comum’. Nunca tivemos medo de agir, nestes pontos. Quem pensa muito não chega a lugar nenhum e na banda sempre tivemos esse princípio, de nunca pensar que algo é impossível e sim acreditar na luta e na dedicação para alcance dos nossos objetivos. A turnê veio em ótimo momento, pois nos fortaleceu como músicos, pessoas, nosso nome, criamos muitos contatos e deixamos muitas portas abertas por lá.

Recife Metal Law – Essa Demo, intitulada “The First Petal Falls” seguiu um direcionamento mais melódico. Eu não conheço esse trabalho, então gostaria de saber se a banda seguiu uma tendência Gothic Metal na Demo, até mesmo em razão da alternância entre vocais masculinos e femininos?
Guilherme –
Na verdade não. Acredito que o Gothic Metal foi a única tendência do meio do Rock que nunca chegamos a experimentar. Nenhum integrante da banda tem influências voltadas para este estilo, pelo menos até agora. (risos) A alternância de vocais masculinos, tanto limpos como ‘scream’ com os da Helena veio apenas no álbum “A Tale of Decadence”, que segue uma sonoridade mais moderna. O EP “The First Petal Falls” seguiu um direcionamento mais melódico e Power Metal, com bateria veloz, bumbos duplos, solos dobrados e notas agudas.

Recife Metal Law – E como foi todo o processo criativo para o primeiro álbum, “A Tale of Decadence”? Vocês já tinham em mente dar uma guinada no direcionamento musical da banda?
Guilherme –
Sim. Na época sentíamos que precisávamos encontrar um som com mais identidade e que refletisse mais o que todos os integrantes gostavam de ouvir. Procuramos usar influências de todos da banda, e como cada um tem um gosto musicai diferente, o som da Ecliptyka acabou por ser muito particular. As versões finais de todas as músicas foram feitas em conjunto, tocando em ensaios, apesar de ideias, letras e riffs serem trazidos de uma ou outra pessoa. E isso soou muito bem no resultado final, pois mesmo tendo estas variáveis em estilos e gostos particularidades de cada um, o som é agradável e casa muito bem.

Recife Metal Law – A parte lírica da banda mostra sua preocupação com assuntos atuais, tais como destruição da natureza, maltrato de animais, além de política e guerras. O quão importante vocês acham falar de tais temas num álbum do Ecliptyka?
Guilherme –
Nós nos preocupamos muito com isso. Sempre estamos debatendo sobre o tema e procurando nos informar, seja por livros, artigos, revistas, reportagens, documentários, etc. A escolha de ser um álbum temático foi no meio do processo de composição, quando percebemos que a maioria das letras, falavam disso. Acreditamos que a música é um veículo muito poderoso de divulgação de ideias e sentimentos para as pessoas, e sentimos obrigação de expor o que pensamos para que elas reflitam, debatam e se identifiquem com isso.

Recife Metal Law – Existem diversas citações, em cada letra, no encarte do álbum, inclusive citando as fontes. O principal objetivo de tais citações e mostrar para o público o mal que o homem faz ao próprio homem?
Guilherme –
Na verdade, as citações buscam complementar as letras e o tema do álbum em si. Gostaríamos de mostrar o mal que o Homem causa na natureza e, claro, no final a si próprio.

Recife Metal Law – A banda se mostrou altamente segura no seu primeiro álbum, mas é de se destacar a participação de Helena Martins no álbum, que conseguiu criar boas melodias vocais, mas sem ser limpas ou angelicais, o que era de se esperar de uma mulher de feições tão bonitas e numa banda que tem um vocal masculino “gritado”. Como vocês analisam a participação da Helena nesse álbum?
Guilherme –
A Helena é o pilar central de tudo isso; é o rosto e a alma da Ecliptyka. Ela possui uma voz única, quase indescritível, que muitos adoram e se identificam. Ter ela como nossa ‘frontwoman’ já é mais do que essencial, pois a banda não existiria da forma como é sem ela.

Recife Metal Law – Obviamente que o destaque não é só da Helena, afinal a banda mostra linearidade, com um instrumental bem coeso, mostrando não só técnica, mas também punch e peso, como ouvido em “Dead Eyes”, “Hate” e “Why Should They Pay?”, apesar de algumas partes intricadas. Quais músicas poderiam melhor definir a sonoridade do Ecliptyka?
Guilherme –
Obrigado pelos elogios. Sim, nós procuramos não focar a atenção apenas em um integrante e deixamos cada um ter seu momento dentro da banda. A banda funciona muito bem em conjunto, então o importante é destacar este conjunto, como um todo, mostrando os pontos principais de cada um neste trabalho e assim o público consegue sentir a essência de tudo isso. É complicado definir qual música é aquela que mostra nossa sonoridade, pois temos muitas influências e elementos inseridos no nosso som e cada música tem sua particularidade. Decidimos fazer dessa forma para que a audição do trabalho completo não se torne cansativa e seja surpreendente.

Recife Metal Law – A música “Splendid Cradle” ganhou uma versão em português, “Berço Esplêndido”. Por que fazer uma versão em português para “Splendid Cradle”?
Guilherme –
A versão em português surgiu, pois participamos de um concurso em que apenas músicas em português pudessem ser inscritas. Gostamos tanto do resultado que decidimos colocar no álbum no Brasil como uma faixa bônus. Essa ‘tradução’ faz total sentido a essa música; fala especificamente de problemas sociais e políticos que temos no Brasil, como falta de estrutura em transporte, corrupção, acidentes por desleixo público entre outros. É uma música que faz muito sucesso entre muitos fãs da banda e o pessoal sempre gosta quando mesclamos as duas versões. Fizemos sem sombra de dúvida uma grande escolha particularmente.

Recife Metal Law – Ambas as versões teve a participação especial de Danilo Herbert do Mindflow. Outra participação especial foi a de Marcelo Carvalho do Hateful, na música “We Are the Same”. Qual a importância dessas participações nesse álbum?
Guilherme –
Sempre quisemos algumas participações no álbum. Acreditamos que isso sempre engrandece o trabalho e firma parcerias entre músicos e bandas amigas. Durante o processo de gravação alguns nomes surgiram e procuramos as pessoas para saber se havia o interesse delas em participar. Felizmente obtivemos uma resposta positiva de ambos e ficamos muito satisfeitos com o resultado final. Muitos shows que fizemos tiveram a participação deles nas respectivas músicas, o que deixou tudo isso muito mais especial.

Recife Metal Law – A faixa-título foi a escolhida para o primeiro vídeo clipe da banda. Por que essa música foi a escolhida para o clipe, como será a sua divulgação e como vocês vêem a importância do mesmo para a carreira banda?
Guilherme –
Sempre acreditamos que o áudio misturado com o vídeo é muito mais impactante. Visual é muito importante em uma banda de Metal, especialmente para nós que temos um álbum temático. Imagem definitivamente é tudo! Essa música foi escolhida para o primeiro vídeo clipe, pois é a faixa que abre o disco, que está no guitar flash (jogo online) e que a maioria das rádios costuma tocar, além de centralizar de uma maneira bacana a ideia do nosso trabalho neste primeiro álbum. Divulgaremos primordialmente na internet através de nossos meios de comunicação e faremos uma promoção via twitcam para que as pessoas nos ajudem a divulgar mais este novo trabalho. Esperamos que este seja um marco em nossa carreira, pois foi feito com muita dedicação, esforço e empenho para que se torne um grande vídeo e até uma referência que sirva de inspiração às pessoas.

Recife Metal Law – Já existe uma turnê confirmada para julho de 2012 nos Estados Unidos. Quantas cidades a banda irá visitar? Vocês já foram escalados para tocar em algum festival por lá?
Guilherme –
Estamos muito empolgados com esta turnê e as expectativas estão a mil. No presente momento estamos divulgando nosso trabalho por lá e procurando também lançar o disco com algum selo da região. A agência que trabalha conosco (Rage on Stage Management) começará a marcar os shows a partir desse mês de janeiro, por isso no momento não temos nenhum show marcado, só sabemos que estaremos por lá no meio de julho até meio de agosto deste ano.

Recife Metal Law – Falando em turnê, existe a possibilidade de o Ecliptyka fazer uma pelo Brasil?
Guilherme –
No momento não faz parte dos planos, infelizmente. Lançamos o disco em março e de lá pra cá fizemos muitos shows para divulgar esse trabalho. Abrimos alguns shows que ajudaram muito na divulgação do CD, como os shows da Tarja Turunen (ex-Nightwish) em março deste ano no HSBC Hall e também o do The Agonist, em junho no Carioca Club. Gravamos o nosso vídeo clipe, demos inúmeras entrevistas, fizemos crescer a banda e estamos focando nisso sempre, no crescimento do nosso trabalho. Agora temos essa turnê para focar e alguns projetos extras que serão anunciados no ano que vem. Então o foco não é fazer shows como em uma turnê, mas é claro que algumas datas irão aparecer e nós faremos alguns shows sim, com certeza.

Recife Metal Law – Quais são as pretensões da banda com “A Tale of Decadence” em plena divulgação?
Guilherme –
Nosso objetivo não é só com esse álbum, mas com a banda em geral; é conquistar as pessoas, fazer com que elas se identifiquem com nossas ideias e músicas. Estamos trabalhando arduamente para divulgar e aparecer na mídia. Lançamos nosso CD no Japão (via RadTone Music) esse ano, enviamos muito material para que seja divulgado pelo mundo... Enfim, estamos constantemente trabalhando para crescer cada vez mais e criar uma base de fãs fiéis para continuarmos nosso trabalho da melhor maneira possível. Quero agradecer novamente a oportunidade e agradecer ao público e fãs que nos acompanham e sempre nos dão grande suporte ao longo do caminho. Um grande abraço e para quem ainda não conhece a banda entre no nosso site e nos acompanhe nas redes sociais também. Valeu!

Sites:
www.ecliptyka.com
www.myspace.com/ecliptyka
www.facebook.com/ecliptyka
www.youtube.com/ecliptyka


Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, Delfini, Bárbara Martins