NECROBIOTIC





Apesar de ter sido formada há cerca de quinze anos, a banda Necrobiotic não teve uma grande divulgação do seu nome no meio Underground, mas isso se deve ao tempo em que a banda esteve inativa. Só em 2009, com o reencontro dos membros remanescentes J. Hell (hoje guitarra) e F.A.C.O. (atualmente vocalista/guitarrista), é que a banda retornou com suas atividades, que culminou no lançamento do primeiro álbum, “Alive and Rotting”. E o Necrobiotic parece ter engrenado sua carreira, afinal já complementou seu ‘line up’, com a adição de Hel (baixo) e Broka (bateria), teve seu primeiro álbum relançado no exterior e já trabalho em seu próximo material. Confiram mais informações na entrevista a seguir...


Recife Metal Law – O Necrobiotic surgiu em 1994, tendo lançado em 1997 a Demo “Carnal Suffering of the War”, e parou com suas atividades em 1998. O que fez com que a banda decidisse por dar uma pausa em suas atividades?
J.Hell –
Nós éramos todos muito novos. Uns foram estudar, outros se mudaram, outros casaram... Cada um seguiu seu caminho, o que tornou impossível a continuidade da banda.
F.A.C.O. – É por aí mesmo. Eu mesmo me mudei da cidade nessa época.

Recife Metal Law – Vocês ainda lembram como foi a receptividade e divulgação da primeira e única Demo lançada pela banda?
J.Hell –
Foi muito bacana. Fizemos alguns bons shows em nossa região e em Belo Horizonte. Talvez tenhamos passado umas 200 Demos naquela época.

Recife Metal Law – Após mais de uma década inativa, a banda voltou em 2009. Como surgiu a oportunidade de voltar com a banda? Todos os músicos da formação original foram contatados para essa reunião?
F.A.C.O. –
Eu e o J.Hell queríamos voltar a tocar juntos, mas a distância dificultava muito. Em 2009 voltamos a residir na mesma cidade. Com uma semana de mudança já tínhamos um ensaio marcado.
J.Hell – Nem todos da formação original residem mais aqui. Mas nós chamamos mais um membro remanescente da nossa primeira fase, e que ainda mora aqui, mas ele declinou. Para completar a banda convidamos o Broka, companheiro de longa data de Underground, para assumir a bateria, e seu irmão para assumir o baixo. Inclusive recentemente tivemos a entrada da Hel nossa nova baixista.

Recife Metal Law – E durante esse período em que o Necrobiotic esteve parado, os integrantes da banda chegaram a fazer parte de alguma outra banda?
F.A.C.O. –
Eu toquei com o Vector Underfate em Belo Horizonte, com o Everdark aqui em Divinópolis, e tentava montar banda em todas as cidades que eu morei, mas não consegui. (risos)
Broka – Eu não participei da primeira fase da banda, mas durante esse período toquei em duas bandas aqui da cidade, o Glory Dies e o Destrocer.
Hel – Eu entrei recentemente na banda, fiz parte de uma banda Death Metal, que não foi adiante, e tocava, ou melhor, toco numa banda de Black Metal da região.

Recife Metal Law – Quais as principais diferenças ou dificuldades que vocês encontraram, se comparando o período de volta da banda com o período de formação do Necrobiotic?
F.A.C.O. –
Hoje os instrumentos são melhores, os estúdios são melhores, nós todos tocamos melhor, e tudo é mais barato também. A maior dificuldade é encontrar tempo para se dedicar a banda. Todos nós temos diversas outras responsabilidades que nos tomam muito tempo.

Recife Metal Law – O primeiro álbum da banda, “Alive and Rotting”, foi gravado no final de 2010 e lançado oficialmente em 2011. Levando-se em conta que a banda não se limita a fazer um som reto e sem atrativos, como foi o processo criativo para esse trabalho?
F.A.C.O. –
Algumas músicas são mais antigas, como a “Viruses of Your Sicknness” e a “Calamitous Epidemic”, que estavam na Demo e só foram reformuladas. O nosso processo criativo é bem interativo; as músicas nascem em casa, mas só ganham forma nos ensaios, às vezes até os riffs mudam. Todo mundo traz sua ideia e contribuição, de maneira que as músicas ficam meio sem dono, elas são da banda. Acho que essa é a fórmula para ter diversidade, mesmo quando a proposta é ser uma banda de Death Metal extremo. Quem ainda não conhece a banda, pode acessar nosso Myspace (www.myspace.com/necrobioticdeathmetal), e lá encontrará alguns sons do álbum.

Recife Metal Law – Quando se tem esse álbum em mãos, observando seu título, sua capa e o nome da banda, tudo leva a acreditar que se trata de uma banda de Splatter/Death Metal despudorada, mas quando se coloca o disco pra rodar nos deparamos com um trabalho cheio de atrativos, sem se prender a uma única sonoridade, e mesmo assim soando bem Death Metal. Dizer que o Necrobiotic se trata apenas de uma banda de Death Metal não seria o justo, seria?
J.Hell –
É difícil encontrar um rótulo para o Necrobiotic. Dentro do escopo do Heavy Metal e suas vertentes nós temos poucas restrições. A única ressalva é sempre trazer isso de maneira extrema e suja para o Necrobiotic.
Broka – Certamente você vai escutar influências das mais diversas no álbum. Quanto ao rótulo Death Metal, talvez ele não represente tudo que somos, mas ele é o que mais se aproxima. Afinal Dismember, Carcass, não são Death Metal? Mas às vezes parecem Heavy, Doom ou Thrash...

Recife Metal Law – A temática lírica é bem diversificada. O que vocês quiseram transmitir com as letras encontradas em “Alive and Rotting”?
F.A.C.O. –
Escrevemos sobre tudo, praticamente. Alguns temas voltados para o Splatter, Foie Gras e Sweet Slow Death. Anti-religião, Shame. Satanismo, Never Will e Reign of Him. A música “Alive and Rotting” surgiu primeiro como nome para o disco, porque acaba fazendo uma alusão à volta da banda. Depois é que surgiu a letra.
J.Hell – Tentamos passar aquilo que temos em nossas mentes doentes. (risos)

Recife Metal Law – A capa é bem agressiva/violenta, trazendo dois fetos, bisturi, engrenagens, seringas... Em tempo de tanta censura, vocês já tiveram algum tipo de problema com essa capa?
F.A.C.O. –
O álbum foi licenciado para lançamento no exterior, via No Label Records. Quando da negociação, a gravadora nos pediu para fazermos uma nova capa, tanto que esse material será relançado com um novo material gráfico, incluindo já a nossa nova baixista, Hel. Não saberia te dar detalhes sobre a motivação da mudança de capa, mas uma das possibilidades é justamente essa, talvez seja até a mais provável.

Recife Metal Law – Eu achei que a gravação do álbum ficou um pouco crua, por vezes deixando a bateria em segundo plano. O que vocês acharam do resultando final, em se falando da parte sonora do álbum?
F.A.C.O. –
A gravação desse disco realmente ficou crua. O estúdio no qual gravamos não era um estúdio profissional, e tinha diversas limitações, tanto de equipamento como de conhecimento. Por outro lado nós também queríamos algo mais sujo, sem aquelas guitarras sem peso que tanto se vê nas produções atuais do Death Metal.
Broka – A gravação poderia ser bem melhor, mas o resultado final foi decente, levando em consideração os equipamentos e conhecimentos que tínhamos a época.

Recife Metal Law – Como já mencionado, a banda assinou com o selo No Label Records, da Indonésia, o qual distribuirá o ‘debut’ álbum mundialmente. Como surgiu essa parceria e quais os resultados obtidos até o momento?
F.A.C.O. –
A No Label Records recebeu alguns CDs do Necrobiotic através da Goretomb Records, uma distribuidora aqui do Brasil. A prensagem nacional do “Alive and Rotting” já estava no fim, e a No Label Records tem uma estrutura muito boa de distribuição, além de estar em um país que respira Metal Underground. Entrei em contato e perguntei se não havia interesse em distribuir nosso disco no exterior. A resposta foi positiva e teremos uma nova prensagem do álbum, já na versão estrangeira, inclusive com distribuição no Brasil.

Recife Metal Law – Existe a informação de que a banda já trabalha no segundo álbum? Vocês poderiam adiantar alguns detalhes sobre o próximo disco, tais como nome das músicas, título do álbum?
F.A.C.O. –
Já estamos trabalhando no sucessor de nosso ‘debut’, inclusive já apresentamos algumas dessas músicas ao vivo. Até o momento temos seis novos sons. “Death Metal Machine”, “Biological Pleasure”, são alguns dos nomes. Nós pretendemos gravar o sucessor do “Alive and Rotting” no final de 2012. O álbum ainda não tem título.
J.Hell – Nesse próximo trabalho vamos caprichar mais na produção. Estamos trabalhando para que a gravação seja melhor, sem perder toda a sujeira característica do Splatter e do Death Metal.
Hel – Com certeza vamos trabalhar para que seja um álbum mais agressivo...

Recife Metal Law – Quais são as demais metas do Necrobiotic para o ano de 2012?
F.A.C.O. –
Pretendemos tocar o máximo possível. Devemos fechar algumas datas em Belo Horizonte, algumas no Estado de São Paulo e outras aqui na nossa região. Se você organiza um festival na sua cidade e gostaria que o Necrobiotic se apresentasse aí, entre em contato com a gente ([email protected]), vamos tornar isso possível. No final do ano estaremos gravando o próximo álbum.

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação