ANTROPOFAGIA





A banda pernambucana Antropofagia surgiu em março de 2004, trazendo em sua sonoridade fortes influências de Napalm Death , Terrorizer, Mumakill, entre outras bandas de sonoridade extrema.  Apesar dos oito anos de formação, a banda ainda não tem uma grande divulgação de seu nome no meio Underground, algo que vem mudando gradativamente, inclusive depois de sua participação, como banda de abertura, no show do Dying Fetus, ocorrido em janeiro deste ano, na capital pernambucana. A formação atual da banda é Arthur Lemos (bateria), João Grind (guitarra), Fernando “O Gordo” Kenedy (baixo) e Léo Montana (vocal). Mais detalhes sobre o Antropofagia nas palavras do vocalista...


Recife Metal Law – E hoje nós aqui do Recife Metal Law temos a honra de trazer para os leitores uma entrevista com a banda Antropofagia, da cidade de Recife, Pernambuco. Léo, primeiramente, eu gostaria que você falasse a respeito do surgimento da banda e da formação da mesma. Eu sei que a banda já passou por várias mudanças em sua formação... Você, inclusive, foi um dos últimos membros a fazer parte do grupo. A que você atribuiria essas mudanças?
Léo Montana –
Nós é que agradecemos! A banda surgiu em março de 2004, forjada pelas mentes de João Francisco (guitarra) e Fernando Kenedy (baixo). Também faziam parte da banda o baterista Diogo Lyra (hoje na banda Noite de Maio) e Val Dejah nos vocais; em 2007 Augusto Matoso (Headslaughter, God Decapitator, Gored Blood) assumiu as baquetas, e em 2008 eu saí do God Decapitator e me juntei ao Antropofagia. As mudanças que cada um passou em suas vidas e, também, a incompatibilidade pessoal e musical dos ex-integrantes, é que ocasionou as mudanças na formação, permitindo que essa fase atual seja a melhor da banda em seus quase dez anos de existência.

Recife Metal Law – Em Junho de 2011 vocês lançaram o CD “Contos Estúpidos de Uma Nação Decadente”, que foi muito bem recebido pelos fãs de Grind. Você acha que a aceitação positiva se dá pelo fato de ter aumentado consideravelmente o público admirador do estilo?
Léo –
Sem dúvida! Antes Recife tinha uma cena predominantemente Black Metal, mas todos os ‘grinderlocos’ estavam por aí. Conforme mais bandas foram surgindo, todos começaram a frequentar os lugares onde elas se apresentavam. Acredito que o fato do CD ser bem recebido, foi porque mesclamos tudo aquilo que gostamos e que nos serviu de influência ali. Letras provocativas, estúpidas, imbecis, mas com o pé fixo na realidade; levadas rápidas, ‘blast beats’ insanos e aquele toque de desleixo no visual, devem ter feito algumas pessoas se identificarem.

Recife Metal Law – E com relação as músicas do álbum, quem é o responsável pelas composições? Eu pirei na letra de “Excrements of Torture”...
Léo –
Tanto eu, quanto João e o Fernando, fazíamos as letras. Nosso ex-baterista também compôs umas frases... Sempre fomos uma banda bem aberta, e cada um traz a ideia que quer. Gravar “Contos Estúpidos de Uma Nação Decadente” foi tenso, porque todos passaram por problemas internos e houve muita merda relacionada a drogas também. Mesmo tendo todos esses contratempos, nunca a banda monopolizou ou bipolarizou sua administração. O EP “Excrements of Torture” foi gravado em apenas quatro meses após o lançamento do CD anterior, e lançado pela Web um mês após, em outubro de 2011. Não queríamos tempo para revisar letras antigas; Artur Lemos tinha acabado de assumir as baquetas da banda e queríamos logo gravar material novo, pois o CD anterior começou a ser gravado em setembro de 2009 e estava meio que ‘frio’ para nós, apesar de ser um puta disco que amo muito, pois nos fudemos bonitinho e demos o sangue por ele. Então para gravar “Excrements of Torture” queríamos algo novo e extremo, e foi assim que as letras daquele disco surgiram. “Excrements of Torture” é uma composição minha, uma sátira ao título de um disco do Brodequin. A letra é uma ‘irmã gêmea’ mais perversa de “Coprofobia” do primeiro CD, com a estrutura da música feita pelo João, que é um dos guitarristas mais criativos com quem já trabalhei.

Recife Metal Law – E as influências da banda, partem apenas dos clássicos ou também há influências de bandas nacionais no som de vocês?
Léo –
Nossas influências são muito variadas, desde bandas seminais como Black Sabbath e Motörhead, até ‘arregaços’ como Vomit the Soul, Terrorizer, D.R.I., Rotteness, Deranged e Walking The Cadaver. Bandas nacionais como Sepultura, Sarcófago, Violator, Krisiun, Rebaelliun, Rot e, é claro, Ratos de Porão, legitimamente, fazem parte das influências do Antropofagia.

Recife Metal Law – Além da boa aceitação do público em relação ao CD, você acha que a participação em eventos com grandes bandas também ajuda na divulgação do estilo Grindcore? Queria que você nos contasse como foi abrir o evento para os norte-americanos da Dying Fetus.
Léo –
Sim, ajuda e muito quando surgem oportunidades de tocar em grandes eventos. Vou ser sincero com você, não lembro muito daquela noite, pois não estava muito lúcido, mas o que consigo lembrar é dos clássicos matadores do Dying Fetus, e de algumas músicas novas deles, e também um pouco da apresentação do Decomposed God, que foi muito massa, mas não lembro da apresentação do Antropofagia! Acredite! Ainda bem que registramos a coisa toda em vídeo, só assim eu estou lembrando daquela noitada!

Recife Metal Law – Há uma possibilidade de uma turnê para divulgar o “Contos Estúpidos de uma Nação Decadente” em outros países? Quais seriam hoje as principais dificuldades enfrentadas por vocês para organizar este grande feito?
Léo –
Temos colaboradores interessados em relançar nosso material, bem como um próximo, em outros países da América do Sul. Nossa dificuldade é financeira, mas estamos estruturando a banda e preparando nosso merchandising, além de algumas medidas legais para podermos estar assegurados, e divulgar a banda, fisicamente, em outros países.

Recife Metal Law – Eu vejo o Nordeste com uma cena fortíssima do Metal extremo, citando, como exemplo, bandas de Fortaleza e Natal, as quais já têm um espaço bastante apoiado e fortalecido: Expose Your Hate, Scatologic Madness Possession, Facada, Catarro, Sign of Hate... São tantas bandas do estilo que citá-las aqui seria bem demorado. E observo bandas como Rabujos, Lepra, Mente Podre, 7 Dias de Massacre, Hatembrace, Infested Blood, Decomposed God, Falling In Disgrace e outros sons que fazem com que Recife também se destaque no país como  um dos polos da música extrema. Como você vê este crescimento? Como é a relação da banda Antropofagia com as bandas locais?
Léo –
A cena Grind sempre esteve apor aí, só que ela agora explodiu e ligou o ‘foda-se’ a mesmice, saca? Damo-nos muito bem com os parceiros do Expose Your Hate, Lepra, Rabujos, 7 Dias de Massacre, Mente Podre... Márcio e Hugo, do Falling In Disgrace, são meus amigos há doze anos, e sempre levamos um bom papo quando nos vemos. Os caras do Infested Blood vinham pro bairro onde eu moro, e sempre se reuniam na casa do Antonio Rufigan; curti muita ‘chapação’ na casa desse brother, com o Diego, o Beto e o Eduardo, eles são muito gente fina. Memoráveis loucuras! Foi massa dividir o palco com o Decomposed God, é sempre bom vê-los em ação! Muito instrutivo. O Ricardo, do Hatembrace, é um grande chapa do Antropofagia, considero meu amigo, e gosto muito do som da banda dele, além do que, o cara é  um ser humano sem frescura e muito gente fina! Não esquecendo os brothers do Blast Agony e do Headslaughter, The Ax, Alkymenia, Nação Corrompida, Extremocaos, The Price Of Existence, Alcides e Miguel, do  Inner Demons Rise, e também  dos caras da Bonebreaker. “See all of you in the Hell fellas”!

Recife Metal Law – Deixo esse espaço final para suas considerações. Desde já agradeço a participação de vocês aqui no Recife Metal Law. Manda ver!
Léo –
Nós é que agradecemos a oportunidade dessa entrevista, do apoio a cena Metal/Punk de ‘Hellcife’. Breve estaremos com um disco novo na praça, ainda mais extremo do que os dois anteriores. “Keep the fuckin Metal alive!”.

Site: www.myspace.com/antropofagiagrind

Entrevista por Viviane Nihilisme, Introdução por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Valterlir Mendes (ao vivo)