CORPSE GRINDER
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O que se pode falar de uma banda que completa 25 anos de atividades, e  se mantém firme e forte fazendo um estilo que em nenhum momento se  desviou de suas raízes para seguir novas tendências? Essa é a banda  mineira Corpse Grinder, que continua fiel ao Death Metal feito nos  moldes tradicionais, mesmo com todos os percalços que surgiram durante  todos esses anos. Atualmente a banda vem divulgando “Apocalyptic  Terror”, seu mais novo álbum, lançado em 2011 pela Kill Again Records.  Atualmente, após ter passado por mais mudanças em sua formação, o Corpse  Grinder é Júnior (vocal/guitarra), Hélio "Bonegrinder" (guitarra),  Flávio (baixo) e Ednaldo "Edterror" (bateria).
Recife Metal Law – Agora em 2012 o Corpse Grinder completa 25 anos de  total dedicação e amor ao Death Metal. Não se render aos modismos é a  razão para se conseguir tal longevidade?
Junior – Eu acho que essa é uma das principais razões, porque sempre  fomos o que somos, ou seja, verdadeiros Headbangers fãs de Death Metal!  Isto, mais o prazer de tocar o estilo que amamos, sempre falou mais  alto que as dificuldades, os imprevistos, as mudanças de formação e os  problemas particulares de cada integrante. Essa força de vontade que  temos supera tudo e quem acompanha a história de nossa carreira sabe de  nossa luta e fidelidade ao Metal da Morte. À medida que o tempo passa e  as modas vão e vem, os verdadeiros Bangers reconhecem quem é quem no  Underground, e devido a isso, a nossa união e amizade, .jpg) aqui  estamos, quase completando 25 anos de estrada, acreditando em nossa  luta, acabando de lançar um novo álbum e já com novos projetos.
aqui  estamos, quase completando 25 anos de estrada, acreditando em nossa  luta, acabando de lançar um novo álbum e já com novos projetos.   
Recife Metal Law – A banda, mesmo tendo surgido em 1987, só nos anos  2000 é que começou a lançar seus full lenght. Vocês não se ressentem por  não ter lançado nenhum álbum na década de 80, época muito apreciada  pela maioria dos Headbangers?
Junior – Claro que sim. Se nós tivéssemos algum material oficial  dessa época seria muito bom, mesmo que fosse uma “tosqueira” só, valeria  à pena. Só que nessa época nossas condições, tanto de equipamentos,  instrumentos, informação e técnica, eram precárias, tudo era muito  difícil e nem passava na nossa cabeça que um dia lançaríamos um álbum.  Naquela época nós sonhávamos em lançar um 7’ EP, o que ainda era um  sonho muito distante. Mas com certeza uma coisa eu te garanto: se  tivéssemos gravado algum vinil naquela época, seria só para  colecionador, porque pelo que tocávamos eu acho que seria terrível! A  partir de 1992, eu acho que já teríamos condições de lançar um álbum,  que se fossemos ouvi-lo hoje, ainda teria a ver com o som que fazemos  atualmente.
Recife Metal Law – Eu tenho a notícia de que um dos integrantes  deixou a banda em 2011. Qual foi esse integrante (e qual a razão para a  sua saída), já que essa notícia não foi divulgada de forma oficial pelo  Corpse Grinder?
Junior – Essa notícia não foi divulgada oficialmente, devido a nossa  correria do dia a dia em nossos respectivos empregos e a preocupação de  arrumar um substituto logo. O integrante que saiu foi o Kleber  (baterista), uma vez que ele foi trabalhar em Matão, no Estado de São  Paulo, o que tornou impossível ele continuar na banda. Depois que ele  saiu nós testamos alguns bateristas até aparecer o Ednaldo, também  conhecido como “Edterror”, que assumiu o posto de baterista e no momento  já está bem adaptado ao som do Corpse Grinder. É tanto que já estamos  compondo novas músicas. Devido ao tempo para arrumar outro baterista,  nós achamos melhor firmarmos com o novo baterista primeiro, para depois  anunciarmos a troca de baterista, o que agora já está sendo anunciado  oficialmente no site da Kill Again. O Ednaldo é nosso amigo de longa  data; nos acompanhava nos shows há muito tempo  e nossa amizade também o  ajudou a se adaptar a banda.
Recife Metal Law – Antes do novo álbum, a banda havia lançado o DVD “20 Years Grinding Corpses”. Como foi a receptividade e divulgação desse material? O objetivo traçado pela banda, com relação ao mesmo, foi alcançado?
 Como foi a receptividade e divulgação desse material? O objetivo traçado pela banda, com relação ao mesmo, foi alcançado?
Junior – Foi muito bom e importante para nós lançarmos esse  material, porque ele é uma retrospectiva bem completa de nossa história.  Quando ouço o CD de regravações ou vejo o DVD e folheio o encarte, é  como voltar no tempo, e é muito prazeroso ver nossa história apresentada  em um material de excelente qualidade gráfica, sonora e de imagem.  Creio que todos que adquiriram esse material ficaram satisfeitos, porque  foi feito de Headbanger para Headbanger, com muita luta. Pelo que tenho  visto, esse material tem chegado nas mãos dos verdadeiros apreciadores  do Death Metal e as críticas, até agora, têm sido bem positivas.  Portanto acredito que o objetivo está sendo alcançado.
Recife Metal Law – “Apocalyptic Terror” é o novo álbum do Corpse  Grinder. A arte gráfica do mesmo ficou a cargo do guitarrista Hélio  Bonegrinder. O intuito da arte gráfica foi de apenas ilustrar o título  do CD?
Junior – Sim, o intuito da arte foi apenas ilustrar o título. O  Hélio criou aquela figura bizarra, que dá a ideia de uma coisa  aterrorizante, mas que não tem um significado certo, é simplesmente  ilustrativo. Nós achamos o desenho legal com um fundo preto e decidimos  usá-lo como capa. Nós até achamos ilustrações que tinham mais a ver com o  título, mas que já poderiam ter sido usadas por outras bandas, por se  tratar de obras de pintores famosos. Por isso resolvemos usar tal  desenho, para não correr risco de acontecer de um dia aparecer uma banda  com a mesma capa, como é o caso do Chakal/Angel Corpse/Besieged (três  capas iguais), Morbid Angel/Hexenhaus e Hate Eternal/Transgressor, e  outros que já vi e não me vem na memória. A capa do álbum tem que ser um  negócio bem particular, que marque o lançamento e não deve ser nada bom  achar outro álbum, de outra banda, com a mesma capa do álbum de sua  banda. Então a decisão de usar a criatura bizarra na capa foi unânime e o  pessoal, em sua maioria, tem gostado da capa, mesmo alguns a achando  estranha.
estranha.
Recife Metal Law – Esse material mantém a característica da banda,  que é de fazer um som totalmente calcado na velha forma de se fazer  Death Metal. Sinceramente, gosto disso. Quando vocês começaram a compor  para esse disco, já haviam planejado como cada música deveria soar?
Junior – Não, cada música foi surgindo naturalmente. Algumas eu fiz,  outras foram o Hélio e apenas uma, a “Hidden Cemetery”, foi feita em  conjunto por nós dois, pois eu achei aqui em casa um CD do Hélio com  algumas bases gravadas, aproveitei algumas, mudei as palhetadas de  outras, criei outras bases, coloquei no meio e assim saiu o instrumental  dessa música. Mas cada música nossa surge de uma maneira; algumas ficam  prontas em três ensaios e algumas em três meses ou mais. Cada uma é um  caso diferente. O que sempre é igual é quando nos unimos no ensaio para  montar a música, juntar as partes, a letra e colocar tudo para  funcionar. É nessa hora que todos dão sua opinião e decidimos qual é a  melhor maneira da música soar mais Death Metal Tradicional possível, do  jeito que gostamos de ouvir.
Recife Metal Law – A parte lírica continua a mesma, ou seja, falando  sobre os malefícios das religiões (“Apocalyptic Terror”, “Sanctuary in  Flames”, “Hidden Cemetery”) e preocupação com a natureza (“Death Under  the Feet”), apenas para citar dois temas abordados nesse álbum. Também  houve um planejamento sobre a temática lírica a ser abordada no álbum,  mesmo que a banda nunca tenha fugido em demasia de tais temas?
Junior – As nossas letras quem as fazem sou eu, o Flávio e, algumas,  o Hélio, e cada um faz suas letras em casa, quando surge alguma  inspiração. Independente do assunto abordado e de quem está escrevendo,  geralmente nossas letras são sobre coisas que nos revoltam ou nos  preocupam. Mas nunca houve um planejamento entre nós quanto aos assuntos  que serão abordados. Sempre quando alguém escreve uma letra a gente dá  uma olhada, vê se está legal e, caso esteja, eu já vou estudando um  jeito de encaixar cada palavra sobre cada nota e vendo o modo que vou  interpretar a letra sobre o instrumental, de modo que soe o mais pesado e  tenebroso possível. Assim é que construímos sempre nosso Death Metal. A  prioridade é sempre o peso. 
Recife Metal Law – A gravação do álbum, assim como a timbragem  instrumental, de cara, me remeteu a sonoridade feita pelas bandas  mineiras da década de 80, porém com o Corpse Grinder soando como o  próprio Corpse Grinder. Como vocês conseguiram isso?
Junior – Nesse álbum procuramos fazer um som mais cru e deixamos um  pouco de lado os ‘blast beats’, priorizando mais o peso. Tanto que eu  acho as músicas do “Apocalyptic Terror” mais ‘old school’ que muitas(1).jpg) músicas mais antigas nossas e isto, aliado ao processo de gravação,  onde não foram feitos muitos retoques, foi um lance bem natural. Acabou  que conseguimos uma sonoridade bem tradicional do estilo, que é o que  sempre procuramos para nosso som.
  músicas mais antigas nossas e isto, aliado ao processo de gravação,  onde não foram feitos muitos retoques, foi um lance bem natural. Acabou  que conseguimos uma sonoridade bem tradicional do estilo, que é o que  sempre procuramos para nosso som.
Recife Metal Law – O álbum, como um todo, é um deleite para os  apreciadores do tradicional Death Metal. Como vem sendo a aceitação  desse álbum e quais músicas melhor definem a sonoridade do Corpse  Grinder em “Apocalyptic Terror”?
Junior – Até agora as críticas na mídia especializada estão sendo  bastante favoráveis e o pessoal que tem adquirido esse novo trabalho  também tem gostado. Eu gosto de todas as músicas desse álbum, mas acho  que as que mais definem nossa sonoridade são “Sanctuary in Flames”,  “Prepared to Autopsy” e “Death Under the Feet”, e que também são as que  estão se destacando mais, juntamente com a faixa título. 
Recife Metal Law – A música “Alcoholic Lust”, como no próprio encarte  informa, é uma homenagem as bandas de Death Metal mineiras, as quais  influenciaram muitas bandas ao redor do mundo. Como foi trabalhada a  parte lírica e instrumental dessa música, para soar como uma homenagem  mesmo?
Junior – A letra e a música foram feitas pelo Hélio e é difícil  achar no Brasil, e até no mundo, alguém tão fã do Metal de Minas Gerais  como ele. Então acredito que foi fácil para ele idealizar e compor essa  música, porque inspiração ele tem de sobra e, como todos nós, sempre  escuta Sarcófago, Mutilator, Chakal, AAmon Hammer e outros, desde a  época das Demos. Nossa inspiração também ajudou a construir essa humilde  homenagem, feita com muito amor e dedicação ao Metal da Morte Mineiro.
 Recife  Metal Law – O encarte do CD é apresentado num formato digipack,  trazendo um encarte sobressalente com letras das músicas, fotos, entre  outras informações. De quem foi a ideia de lançar o material dessa  forma, ao invés de nas tradicionais caixas de acrílico?
Recife  Metal Law – O encarte do CD é apresentado num formato digipack,  trazendo um encarte sobressalente com letras das músicas, fotos, entre  outras informações. De quem foi a ideia de lançar o material dessa  forma, ao invés de nas tradicionais caixas de acrílico?
Junior – A ideia foi do Rolldão (Kill Again Records) e gostamos,  pois até então não tínhamos nenhum material nesse formato e achamos que a  capa de cor mais escura ficaria legal em digipack. E eu achei que ficou  bom.
Recife Metal Law – A banda, em 2011, novamente tocou em Brasília/DF,  num evento organizado por sua gravadora, a Kill Again. Uma das maiores  dificuldades do Corpse Grinder é poder fazer uma tour que abranja mais  Estados. Vocês não acham que isso limita a divulgação da banda?
Junior – Com certeza limita, mas creio que essa deficiência é um  pouco suprida pela divulgação em sites, fanzines e pela Kill Again, que  esta programando lançar esse show que fizemos em Brasília em DVD. O  problema é que a nossa realidade impede de fazermos uma tour pelo  Brasil, e por enquanto ainda não vemos uma saída. Infelizmente nosso  trabalho diário toma a maior parte de nosso tempo e, às vezes,  trabalhamos até no final de semana. Fica até difícil acertar os ensaios.  Para tocarmos em Estados mais longe, o evento tem que ser programado e  combinado bastante tempo antes, para ser realizado sem problemas, uma  vez que é difícil conciliar a folga do trabalho de cada integrante da  banda e é difícil também ficarmos muito tempo fora de casa. Para  fazermos um ou dois shows próximos em outros Estados ainda dá, mas uma  tour ainda está fora da nossa realidade. Pelo que vejo no cenário  nacional, ainda são minoria as bandas que tem condições de fazer uma  tour e nós, apesar do tempo de estrada, ainda fazemos parte da maioria.
Recife Metal Law – Agora em 2012, como já mencionei no início da  entrevista, a banda completa 25 anos de atividades. Existem planos para  fazer algo especial para comemorar a data?
Junior – Estamos pensando em várias coisas, mas ainda não decidimos.  Temos que ver com a Kill Again. Mas garanto que, independentemente do  que virá, será puramente “Old School Death Metal”! Obrigado pela  oportunidade dessa entrevista. Valeu!
Contatos: A/C Júnior. Rua Santos Silva, 338. Machado/MG. CEP: 37.750-000.
E-mail: [email protected]
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação