DOMINUS PRAELII





Quando se menciona o nome Dominus Praelii, a ligação ao Heavy Metal tradicional é inevitável. A banda já tem doze anos de atividades, muitos shows, no Brasil e fora dele, além de diversos lançamentos, sendo três deles full lenghts, os quais abordam temas históricos e fogem do contumaz, abordado por bandas do estilo. A banda sofreu algumas alterações em sua formação, inclusive nos vocais, mas isso em nada mudou a postura de se fazer um som com características próprias e sem fugir as suas raízes. E é isso que com certeza faz com que muitos admirem o trabalho feito pelo Senhor das Guerras, que continua firme e forte no campo de batalha!


Recife Metal Law – Vamos começar falando sobre a mudança na formação, que ocorreu antes do lançamento do novo álbum. Rafael Guilhen (bateria) e Ricardo Pigatto (vocal) cederam lugar, respectivamente, a Helmut Quacken e Jorge Bermudez. Ricardo estava no Dominus Praelii desde o seu início e talvez tenha sido a mudança mais traumática, afinal mudar um vocalista que, de certa forma, ajudou a moldar a sonoridade da banda, não tenha sido nada fácil. O que de fato ocorreu para tais mudanças e como elas ajudaram ou atrapalharam no desempenho das atividades do Dominus Praelii?
Silvio Rocha –
Salve o Metal! Salve Valterlir e Recife Metal Law! Bem, o baterista Rafael Guilhen, membro fundador da banda, teve que abandonar a banda já após a gravação do “Bastards and Killers”, em 2004. Disco o qual teve dois anos de atraso para ser lançado pela Megahard Records, devido a problemas internos da própria gravadora. Rafael, que é dentista, mudou para região norte do país e foi inevitável a perda. A turnê “Be a Banger or be a Bastard” já foi feita com baterista contratado, o amigo Wagner de Abreu. Já o vocalista Ricardo Pigatto deixou a banda em 2009, no meio do processo de composição do “Keep the Resistance”, já estávamos um pouco desgastados; havia já alguns pontos difíceis de serem corrigidos, optamos pela separação. E acredito que foi o melhor a ser feito pelo Dominus Praelii. E assim seguimos!

Recife Metal Law – Para o posto de baterista, a solução foi “caseira” mesmo, porém para o posto de vocalista vocês optaram pelo colombiano Jorge Bermudez. Não houve, no Brasil, um vocalista que se encaixasse na proposta sonora da banda?
Silvio –
Não houve. Fizemos testes com muitos vocalistas, alguns conhecidos, outros não. E nenhum teve o mesmo resultado que o Jorge. Sem dúvida ele foi escolhido pelo melhor trabalho apresentado. Sua voz combinou muito bem com os velhos e novos hinos do Dominus Praelii. Estamos contentes com o resultado alcançado em “Keep the Resistance”.

Recife Metal Law – Ainda sobre o Bermudez, ele está morando no Brasil?
Silvio –
Sim, está. Ele se casou com uma brasileira e já é cidadão brasileiro. Foi rápida e de grande sorte sua adaptação.

Recife Metal Law – “Bastards and Killers”, lançado em 2006, proporcionou uma imensa turnê pela América do Sul. Vocês se lembram de algum fato curioso ou até mesmo traumático durante essa turnê? Com certeza fazer uma turnê tão longa gerou ótimos momentos para o Dominus Praelii. Quais foram os melhores momentos dessa turnê?
Silvio –
Sim, esta turnê foi a maior que uma banda já fez no continente. Foram 70 shows em nove países sul-americanos. Sem dúvida tiveram muitos momentos marcantes. Os melhores momentos foram todos os shows, pessoas, bandas e lugares que conhecemos e fizemos amizade. Tivemos grandes shows, uma quantia significativa de CDs e camisetas vendidas, entrevistas nos maiores meios publicitários do Heavy Metal e, acima de tudo, contato direto com todas as pessoas que acompanhavam o trabalho da banda desde seu princípio. Foi algo para um dia se escrever um livro. Muitos momentos de aventura! Cada dia, show, país, cidade, viagem foi um capítulo impar. Fantástico recordar isso!

Recife Metal Law – Antes das mudanças na formação, a banda chegou a anunciar o título do que hoje é “Keep the Resistence” como sendo “Invaders Will Be Killed”. Qual foi o motivo para se mudar o título do novo álbum?
Silvio –
Nos veio à mente esse novo nome e realmente condizia com a temática do álbum como também com nosso trabalho de manter a resistência em defesa do Heavy Metal tradicional. Foi inevitável.

Recife Metal Law – Outra mudança, que na verdade não ocorreu, foi no logotipo da banda, que continuou o mesmo e não o que foi feito por Christophe Szpajdel. Por que vocês decidiram manter o tradicional logotipo e não o que foi feito por Christophe?
Silvio –
Você sabe tudo mesmo. (risos) Pensamos bem e vimos que nosso logo original combina mais com nosso som do que qualquer outra forma de escrever. Nele se vê e sente o aço em velocidade, força e vigor. Essa é nossa trilha!

Recife Metal Law – Novamente vocês fizeram um álbum com temática conceitual, dessa vez tratando sobre a história dos Mapuches e Jivaros, dois povos sul-americanos que resistiram à invasão espanhola. O álbum dar enfoque à parte histórica, mágica e obscura desses povos. Num mundo cheio de tecnologia e acesso fácil a informações nada educativas, de que forma vocês acham que a temática lírica chamará a atenção dos fãs atuais do Heavy Metal?
Silvio –
A missão do Dominus Praelii, em sua parte lírica e ideológica, foi a de trazer informação, conhecimento e sabedoria a respeito do mundo, o ser humano e de si mesmo. Trazemos os contos de história de diferentes povos em seus momentos de desafio e superação. Tentamos chamar a atenção das pessoas para um estudo histórico e antropológico. Acredito que essa seja a melhor forma de soar artístico destacando a originalidade. Não me recordo de nenhuma banda que tenha abordado em seus álbuns somente história. Sei de bandas que também fizeram álbuns narrando algum fato histórico. O que é diferente. 99% das bandas se repetem em mensagens e gritos já sem força, efeito gerado pela repetição dos mesmos temas. O Dominus Praelii quer gerar arte em lírica, conhecimento em música, história em arte.

Recife Metal Law – Vocês compuseram as músicas partindo da parte lírica ou foi o contrário? Pergunto isso, em razão das letras tratarem de uma história, de o álbum ser conceitual, ou seja, as letras pediam uma música que abordasse certa parte da história contada ou vice-versa?
Silvio –
Com certeza a temática é um fator determinante na composição dos riffs e estruturas das músicas. É inevitável você cruzar os dois no processo de produção do álbum.

Recife Metal Law – A banda manteve sua forma de fazer música, mantendo a velha pegada ‘old’, mas os vocais de Bermudez têm uma carga maior de melodia, como ouvido em “Leftaro is my Name” e “Mapuches Will Come”. Antes de se inserir os vocais em cada música, houve uma espécie de estudo para saber em qual música cada um se encaixava?
Silvio –
Essa parte foi feita, em sua maioria, da seguinte forma: eu chegava com um solfejo e as músicas prontas, e o Jorge Bermudez e o Jorge Holguin adaptavam a letra e criavam as melodias baseadas nos solfejos. A forma de se expressar do Jorge casou perfeitamente com a forma de se fazer Heavy Metal, a qual o Dominus Praelii segue.

Recife Metal Law – Em se tratando de um álbum conceitual, achei que a arte da capa ficou um tanto simples. Vocês quiseram manter essa simplicidade apenas para manter o foco na história retratada em “Keep the Resistance”?
Silvio –
Eu gostei desse lado mais simples e direto, que é bem o contrário que tínhamos feito nos álbuns anteriores. Mais ao mesmo tempo precisávamos de uma imagem que combinasse com a banda e com a parte lírica. E demos a missão para o artista Enrico Tomasetti – o qual já tinha trabalhado conosco na Demo-tape “The First Battle”, versão CD-R. Nós gostamos do guerreiro humanoide Jaguar, que é o desenho da capa. É a figura central do álbum, os Mapuches, e esse traço de usarem peles de Jaguar em seus corpos como troféu deveria ser destacado. É uma identidade muito forte. Nós gostamos e seguimos.

Recife Metal Law – Tenho a informação de que este novo álbum foi lançado na Argentina, via Pacheco Records, e na Colômbia pela Violent Music & Enternemeint. Como vem sendo a divulgação desse álbum nesses países?

Silvio – Em ambos os países as edições estão esgotadas. Em ambos os países tivemos a produção de shows de lançamento feito pelas próprias gravadoras. Só tenho a agradecer esses parceiros. E fiquei sabendo que teremos a discografia toda relançada na Argentina em breve. Queremos que nosso CD seja lançado e feito em cada país possível, em cada país com uma gravadora, um amigo que acredita e aposta em nosso trabalho. Essa é a nossa meta.

Recife Metal Law – No Brasil o álbum foi lançado pela Distro Rock e pela Open the Road, esse último um selo de propriedade do guitarrista Silvio Rocha. Como vem sendo a divulgação e a parceria entre os selos?
Silvio –
Por aqui a divulgação foi pouco até agora, tudo andou lento, ficou meio para eu mesmo fazer isso. A entrevista da Roadie Crew, do Whiplash e muitos outros ainda não saíram, e devem estar disponíveis em breve. A meta é levar esse álbum até principio de 2013, após isso entrar em estúdio.

Recife Metal Law – Entre cada álbum lançado pelo Dominus Praelii houve um intervalo de quatro anos. Como vocês analisam e qual a importância de cada álbum lançado pela banda?
Silvio –
Cada disco marca uma fase, um momento pessoal e artístico da banda. Acredito que estamos fortes e até agora os passos foram dados com firmeza e postura fundada em nossa ideologia, que é defender as raízes do Heavy Metal Tradicional. Cada álbum trouxe uma alegria diferente e uma etapa vencida, com shows, turnês, entrevistas e inúmeras amizades firmadas nesses aproximados 12 anos de carreira. Só temos que celebrar cada Batalha e cada Conquista. Salve o Senhor das Batalhas!

Contatos: A/C Silvio Rocha. Rua Raul Juliato, 281 – Granville Parque Residencial. Londrina/PR. CEP: 86.047-230.
Site: www.mypace.com/dominuspraelii  /
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Entrevista: Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação