STILL LIVING





O Hard Rock pode não ser um de meus estilos preferidos, mas existem bandas que chamam a atenção desde o lançamento de seu primeiro trabalho. A Still Living é uma dessas bandas. Sempre gostei da sonoridade da banda, desde a época que a banda lançou a Demo “Believe” (2007). Depois de mudanças no posto de vocalista, a banda chegou ao seu primeiro full lenght, o excelente “From Now On”, que mostra uma banda madura e que realmente sabe fazer um som de qualidade. O Hard Rock praticado por esses pernambucanos mostra uma qualidade indiscutível e que pode facilmente figurar entre uma das principais bandas do estilo no Brasil. A entrevista a seguir serve para mostrar um pouco mais desse grata revelação advinda de terras pernambucanas.

Recife Metal Law – Antes do primeiro álbum, duas Demos haviam sido lançadas, sempre com formações diferentes. O que essas Demos e essas trocas de formações acrescentaram a carreira musical do Still Living?
Eduardo Holanda –
Em relação às Demos posso dizer que elas representaram bem o momento que a banda atravessava, cada uma à sua época. Em 2005 lançamos “Still Living”, sem muitas pretensões; já em 2007 veio “Believe”, que nos abriu várias portas, pois tinha uma gravação melhor e o mais importante: um direcionamento! A entrada do baixista Marcelo Almeidano, no início de 2006, foi fundamental, pois ele nos mostrou, de certa forma, que poderíamos desenvolver um trabalho profissional em relação às músicas e objetivar algo mais para a banda. Centralizamos as ideias e praticamente recomeçamos nesse momento. O resultado foi “Believe”, que nos rendeu boas críticas em fanzines e sites ao redor do país. Quanto às mudanças de formação, acho normal isto acontecer. Acredito que cada pessoa deve ser livre para seguir novos caminhos em qualquer tempo.

Recife Metal Law – O álbum de estreia foi gravado na própria cidade da banda, no Alpha Studio, tendo à frente da produção o próprio Still Living. Qual a razão para que vocês mesmos fizessem à produção de “From Now On”?
Renato Costa –
Acredito que a falta de incentivo e de oportunidades tenham sido a principal razão. Em oito anos de estrada, sempre produzimos todos os nossos trabalhos, desde as Demos até o presente álbum. Então, estamos acostumados ao processo de produção. É uma parte importante e prazerosa do trabalho. Acredito que o trabalho seja “mais nosso” dessa forma.
Eduardo – Assumimos esse desafio. Nós confiamos bastante no trabalho de Aldecy Souza, além de um músico espetacular, domina muito bem o que faz em estúdio e sabíamos exatamente como esse álbum deveria soar. Olhando agora tenho certeza que fizemos o melhor com as ferramentas que tínhamos disponíveis, e Aldecy foi fundamental nesse aspecto, pois entendeu a proposta da banda e trabalhou muito para atingir as nossas expectativas. Estávamos conscientes de onde poderíamos chegar, em termos de gravação e produção geral. Acho que “Believe”, gravada também no Alpha Studio, foi um grande aprendizado para a Still Living. Devo acrescentar que o fato de poder gravar em nossa cidade saiu mais barato e cômodo em relação aos horários também.

Recife Metal Law – O CD foi lançado de forma independente. Além da produção, a arte da capa e o seu layout foi feito pelo guitarrista Eduardo Holanda. Foi uma opção de a banda trabalhar de forma totalmente independente para criar uma identidade nesse primeiro álbum?
Renato –
Não é necessariamente uma opção, mas é uma boa alternativa de trabalho quando não se tem apoio. Nosso meio ainda enfrenta dificuldades com relação à visibilidade. A necessidade de mostrar nosso trabalho faz com que nós procuremos formas de nos financiar e de nos produzir e isso acaba sendo uma parte bastante prazerosa do trabalho.
Eduardo – É verdade! Não podíamos pagar um artista ou profissional da área. Estávamos sem grana alguma para fazer isto. Como gosto de desenho, comecei a pesquisar que programas usar para criar a capa e um projeto gráfico para o CD. Não é algo fácil, mas é uma área muito interessante de atuação. Desenvolvi algumas ideias, e fui mostrando aos poucos a banda, ouvindo as opiniões, modificando, aprimorando, até chegar neste resultado. Acredito que, de certa forma, acabamos criando uma identidade que unisse a parte gráfica às músicas do álbum, juntamente com o single virtual.

Recife Metal Law – O álbum é repleto de músicas excelentes, bem construídas, bem tocadas, com técnica, mas também com muito feeling, algo importante para que se faça boa música. Como foi todo o processo criativo das músicas que fazem parte de “From Now On”?
Eduardo –
Muito obrigado pelos elogios. Para explicar melhor este processo preciso voltar a 2008... Com o retorno de Esdras Freitas ao vocal da banda, estávamos sem vocalista de novo, e o procuramos. Lembro de conversar com ele e Clécio sobre uma nova direção musical, isso foi um consenso, e foi o que ocorreu. Mudamos a forma de compor, buscando compactar mais as músicas, dizer mais em menos tempo. Também resolvemos efetivar um tecladista na formação. Clécio é um excelente compositor e Esdras também tinha ótimas ideias. Foi um período de mudanças significativas, gravamos duas músicas dessa fase, “From Now On” e “Life is Too Short” no CD. A Still Living evoluiu muito daí por diante, havia uma direção... Aconteceram mais mudanças na formação da banda, mas Clécio e eu continuamos compondo e começamos uma nova busca para reestruturar a banda. O vocalista que gravou “Believe” retornou e trabalhou conosco até o final de 2010. Dois novos e decisivos integrantes surgiram: Thiago Nascimento (teclado) e Leandro Andrade (baixo), assim retomamos os ensaios apresentando as músicas, mas deixando sempre aberta a possibilidade de alterações nas mesmas, e preparando o que viria a ser o primeiro CD; fizemos alguns shows e testamos algumas das músicas novas... Entramos em estúdio no fim de dezembro de 2009/início de 2010 e começamos a gravar. Vários fatores atrasaram o processo de gravação e nesse meio tempo houve mais uma mudança na formação: em janeiro de 2011 Renato Costa, vocalista da banda de Power Metal Archë, assumiu o posto de vocalista; passamos um período fora do estúdio que serviu para nos readaptarmos. A meu ver, Renato, Thiago e Leandro trouxeram ideias fundamentais para as músicas. Como você pode ver, foi um processo longo concretizar “From Now On”. Acredito que ele reflete bem nossos esforços.

Recife Metal Law – Falando em técnica, devo dizer que Eduardo fez um bom trabalho, criando excelentes linhas de guitarras, principalmente na ótima “Journeyman”. Os demais integrantes da banda dão algum palpite nas partes de guitarra?
Eduardo –
Sim, todos opinam, e não só nas guitarras, todos opinam em tudo, isto é natural na Still Living. Eu gosto de ouvir as opiniões de todos eles, sempre aprendo com esses caras. Thiago é um excelente guitarrista e sempre conversamos sobre abordagens diferentes para as músicas. Clécio também me dá boas sugestões para as guitarras. Muito obrigado pelo elogio em relação ao trabalho das guitarras, ouvindo atentamente você pode perceber que as guitarras trabalham com construções diferentes dos teclados. Dificilmente guitarras e teclados fazem a mesma melodia em nossas músicas. Talvez isto tenha destacado as ideias das mesmas, e “Journeyman” tem uma abordagem bem diferenciada mesmo. Obrigado pelo comentário.

Recife Metal Law – O ‘debut’ álbum também apresenta o novo vocalista Renato Costa, que, diga-se, foi uma ótima escolha, pois faz interpretações vocais maravilhosas. Como vem sendo o trabalho desenvolvido com o novo vocalista? Vocês acham que esse é o vocalista definitivo para o Still Living?
Eduardo –
Trabalhar com Renato é muito fácil, além de ser uma excelente pessoa, tem uma postura muito profissional. Concordo com você em sua afirmação quanto a ter sido uma ótima escolha da banda e também quanto às interpretações dele. Renato entrou no processo de gravação do CD, assumiu o desafio e imprimiu sua personalidade nas composições de “From Now On”. Ele teve total liberdade para trabalhar. Acredito que ele assimilou bem a nossa proposta e ainda trouxe novas ideias para as músicas. Ele também compõe e já estamos trabalhando em material novo. Não imagino mais a Still Living com outra formação.

Recife Metal Law – A banda faz, de certo modo, uma música mais acessível. Vocês já conseguiram espaço em alguma rádio, inclusive daí de Garanhuns, pra ter as músicas de “From Now On” sendo executadas?
Renato –
Sim. A aceitação do nosso trabalho tem sido surpreendente. Já conseguimos alguns espaços em rádios da cidade e temos nos divulgado bastante pela grande rede. É gratificante poder ouvir nossas próprias músicas em uma rádio e depois ouvir comentários do público sobre cada uma delas.

Recife Metal Law – Achei as letras bem interessantes, mas gostaria que vocês comentassem acerca da parte lírica do álbum, para que o leitor se situe melhor na proposta lírica da banda.
Eduardo –
Apesar de não ser um álbum conceitual, “From Now On” tem uma mensagem implícita. A maioria das letras versa sobre superação. Mesmo às vezes parecendo melancólicas, sempre trazem algo positivo. Gosto de letras introspectivas, que possam deixar alguma mensagem. Já escrevi algumas letras para o próximo trabalho, não sei se as usaremos ainda, pois sempre acabamos mudando algo, mas já tratarão de algo bem diferente.

Recife Metal Law – E como vem sendo a divulgação do álbum? Como vem sendo trabalhado esse lado, levando-se em consideração que o material foi lançado de forma independente?
Renato –
Temos trabalhado bastante na divulgação deste álbum. Tivemos sorte de a data de lançamento dele coincidir com a realização do Festival de Inverno de Garanhuns. Acabamos por lançá-lo nesse evento, que reúne pessoas do Brasil inteiro e de gostos e estilos diversos. É uma época onde a cultura ferve em nossa cidade. Então, não havia melhor maneira de começar a divulgação do novo CD. Realizamos dois shows durante este Festival. Tivemos um ótimo feedback e isso nos levou a novas possibilidades de promoção da banda, como entrevistas em rádios e produções de eventos de divulgação. A última cartada foi um show acústico (produzido por nós mesmos) num teatro de nossa cidade. Conseguimos um público excelente e a aceitação da iniciativ
a foi ainda melhor.
Eduardo – Também enviamos material para sites, revistas e fanzines especializados. Estamos tentando firmar várias parcerias para distribuir o CD. Graças a este trabalho, já disponibilizamos o álbum em algumas cidades como Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e Belo Horizonte, até o momento, isto em parceria com algumas lojas. Para outras localidades, basta entrar em contato conosco via internet.

Recife Metal Law – O ano de 2012 está chegando ao fim, mas com um álbum e mãos, quais são os próximos planos do Still Living?
Renato –
Em um meio tão difícil, não podemos parar de ter ideias e deixar de compor em bom nível. Já temos ideias para o próximo álbum, mas temos intenção de trabalhar bastante ainda na divulgação do nosso álbum de estreia. A intenção de alcançar novos palcos é enorme e estamos ansiosos e otimistas quanto a isso. Agradeço a você, Valterlir, e ao Recife Metal Law pelo espaço e pelo trabalho realizado, levando o Rock (seja qual for o seu estilo) para a mídia! Valeu por todo o apoio!
Eduardo – Concordo com Renato. A banda atravessa uma excelente fase. Este foi o ano mais produtivo da Still Living. Como sempre buscamos evoluir em algum aspecto. Tenho boas expectativas quanto ao futuro. Aproveito para agradecer a você, Valterlir, e ao Recife Metal Law por nos permitir falar sobre nosso trabalho com tanta abrangência. Você sempre nos apoiou, tanto no site como no Máquina do Metal Zine, e também a todas as pessoas que tem nos apoiado até aqui. Muito obrigado!

Site: www.myspace.com/stilllivinghardrock
E-mail: [email protected]

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação