PRELLUDE



 

Desde o seu surgimento, em 1995, o Prellude teve como intuito fazer Heavy Metal cantado em português, tendo como grandes influências Harppia, Centúrias, Stress, Salário Mínimo, etc. O primeiro álbum, “A Estrada do Rock”, veio em 1998, e depois desse lançamento a banda optou por fazer um lançamento em inglês, o EP “Raising From The Dead”, logo seguido da Demo “The Great War”. Um tempo depois o Prellude decide voltar as suas raízes e novamente faz músicas em português, culminando no álbum “Máquina do Tempo”, lançado de forma independente. É sobre esse álbum e outros assuntos que tratamos com o fundador da banda, Christian Souza.

 

Recife Metal Law – O início do Prellude se deu em 1995, e já apresentando músicas em português. Como foi esse início, haja vista que naquela época muitas bandas que tocam em nossa língua já havia ‘migrado’ pro inglês e, como hoje, não havia muitas bandas cantando em português?

Christian Souza – Nessa época o Metal ‘oitentista’, em especial cantado em português, estava praticamente soterrado. Então a idéia era mesmo resgatar essa vertente e até trilhar algo diferente do que estava sendo tendência, reverenciando o que a gente gostava de ouvir, embora estivesse há muito esquecido.

 

Recife Metal Law – Depois do primeiro álbum, “A Estrada do Rock”, lançado em 1998, a banda optou por lançar um EP cantado em inglês, o qual foi muito divulgando, inclusive em outros países. A razão para esse lançamento foi à busca por maior espaço no mercado internacional do Heavy Metal?

Christian – Já tínhamos músicas em inglês ‘no pente’ e a idéia de cruzar fronteiras também existia, mas vimos certa relatividade nisso, pois hoje a correria acaba sendo a mesma. Por existir uma infinidade de bandas e diversas ramificações, cantar em inglês se tornou apenas uma das muitas estratégias a ser executada e, assim sendo, as bandas tem que correr do mesmo jeito para ter algum destaque.

 

Recife Metal Law – O lançamento de “Máquina do Tempo” marcou a volta do Prellude a cantar em português. Existe a possibilidade de a banda voltar a compor em inglês futuramente?

Christian – Nos identificamos com o nosso idioma, mas nada impede de compor algumas musicas em inglês futuramente. O que mais nos motiva hoje é se vai rolar com inspiração. Tudo vai do momento, se rolar a energia faremos, mas a ênfase é no português.

 

Recife Metal Law – E como esse novo álbum foi recebido, tanto pelos antigos fãs, quanto por aqueles que apreciaram as músicas em inglês?

Christian – Tanto os antigos fãs como aqueles que apreciaram a fase em inglês nos comentam que notaram um amadurecimento da banda em termos de garra, ‘pegada’ e peso em relação aos outros trabalhos. A fase atual é a identidade que o Prellude vem buscando.

 

Recife Metal Law – “Máquina do Tempo” foi lançado de forma independente, porém conta com a distribuição da Armadillo Records. Há alguma forma de divulgação em outros países?

Christian – No momento focamos a divulgação em nível nacional para fazer algo concreto por aqui primeiro. Havendo oportunidade divulgaremos para fora. Estamos fechando parcerias na Argentina e Polônia, só não podemos perder o foco de cada coisa.

 

Recife Metal Law – A capa, apesar de mostrar um contraste entre passado e futuro, não tem muitos detalhes e, pelo visto, foi desenhada a mão. Isso foi feito de forma proposital, a fim de mostrar que o Heavy Metal e até o Rock N’Roll deve ser como a capa desse álbum, simples e direto?

Christian – A idéia remete às capas de vinil e fanzines da época, desenhados sem a ajuda da tecnologia e até com recortes. Como a proposta é o resgate histórico do Metal ‘brazuca’, pensamos em algo simples e direto que ao mesmo tempo ilustrasse o título com passado e futuro.

 

Recife Metal Law – São notórias as influências do Salário Mínimo, Centúrias, Stress, e outras bandas da época áurea do Heavy Metal brasileiro, mas o Prellude mostra em suas composições uma cara própria. Ainda é válido fazer esse tipo de sonoridade em tempos atuais?

Christian – Está acontecendo um revival deste estilo com bandas antigas voltando e outras surgindo com a mesma proposta daquela época áurea. Se o objetivo é manter a essa chama acesa então é válido. Mas se o objetivo é atingir o mercado cairemos naquela questão relativa onde todas as bandas, independente do estilo, hoje precisam buscar outras estratégias devido às inúmeras opções existentes no mercado.

 

Recife Metal Law – Notei que a música “Estrada do Rock” é a mesma “A Estrada do Rock” anteriormente presente no disco de mesmo nome. Por que colocar novamente essa música no novo lançamento?

Christian – Por ela ser um clássico para quem acompanhou nossa trajetória e por soar bem datada, contrastando, por vezes, com as outras músicas. Tem traços ‘setentistas’ e isso deu uma variada no CD, além da versão atual estar bem diferente e do jeito que queríamos ter feito na época.

 

Recife Metal Law – Uma das músicas que mais gostei nesse lançamento foi à forte “Fúria Calada”, que tem uma ‘pegada’ mais Speed. Seria essa música o destaque desse álbum ou alguma outra poderia ser apontada?

Christian – Poderia muito bem ser, apesar de ser bem requisitada e de, particularmente, ser uma das que mais gostamos. Quem curte um Hard se amarrou em “Viúva Negra”; nossos amigos que curte Thrash preferem a “Sentença Motriz”.

 

Recife Metal Law – Christian, tu és o mentor do Prellude e único integrante original da banda. Qual a razão para a mudança de integrantes na banda?

Christian – Alguns membros deixaram o projeto por não mais poder conciliar ‘trampo’, família e finanças. Outros por diferenças e por não acreditar e desistir no meio do caminho. Enfim, coisas muito comuns principalmente neste ramo.

 

Recife Metal Law – E como tu analisas a atual situação do Heavy Metal no Brasil, principalmente o feito e cantado na língua portuguesa?

Christian – Cara, o Brasil é muito grande. Se tivesse espaço, só no Estado de São Paulo daria para tocar o ano todo sem repetir cidade. O Brasil sempre foi um celeiro de bandas da música pesada, mas o que ocorre? Muitas bandas não vingam e é quase unânime a frase “falta de união”. Muitas vezes pagamos para tocar e muitas casas não abrem espaço se não tiver a certeza de que irão encher. Cobrar cachê quando não se é conhecido na mídia é difícil quando as casas podem chamar ótimas bandas para tocar de graça em seu lugar. As bandas junto com o apoio dos zines, distros e dos brothers é que faz a correria. A cena independente precisa de público.

 

Recife Metal Law – Tendo “Máquina do Tempo” sido lançado em 2007, então é de se imaginar que haja novas músicas prontas. Poderia nos falar algo a respeito?

Christian – Estamos com algumas na gaveta como “Arma de Fogo” e “Senso Comum”. Vamos deixar fluir enquanto trabalhamos no “Máquina do Tempo” e no meio deste ano vamos focar nas novas composições.

 

Recife Metal Law – Deixe uma mensagem final aos nossos leitores.

Christian – Agradecemos a oportunidade e convidamos a todos a visitarem nosso site. Compareçam aos shows, procurem os zines e as bandas. Vamos manter acesa a chama do Metal nacional. Grande abraço e feliz ano novo!

 

Site: www.prellude.com.br / www.myspace.com/prellude

 

Entrevista por Valterlir Mendes

Fotos: Divulgação