KRENAK

A  banda cearense Krenak foi apresentada ao meio Underground através das  Demos “Finis Hominis” (2006) e “Human Artifice” (2009), porém surgiu um  pouco antes, em 2004. Ambos os lançamentos mostraram uma banda de Death  Metal que flertava com o Thrash Metal, só que em 2012 foi a vez de a  banda lançar seu primeiro álbum, “Decimation”, um verdadeiro atentado  Death Metal, ríspido, cru, veloz e direto, e trazendo letras  desconcertantes, assim como sua sonoridade. Pesquisando um pouco mais  (isso é bem fácil, em tempos de internet), é possível saber que o nome  da banda foi retirado da tribo indígena Crenaques, que dominou parte do  Vale do Rio Doce (Minas Gerais e Espírito Santo) até o início do século  XX, algo que eu já havia abordado numa entrevista anterior. Atualmente o  Krenak voltou a ser um trio e o baixista/vocalista Felipe Ferreira nos  fala um pouco mais sobre a atual fase, primeiro álbum, entre outros  tópicos.
Recife Metal Law –  O Krenak surgiu em 2004 e antes do lançamento do álbum de estreia  apresentou ao Underground duas Demos. Qual a importância dessas Demos  para a construção da sonoridade da banda?
Felipe Ferreira – Todas  as nossas experiências em estúdio nos trouxeram algum aprendizado que  foi acrescentado ao “Decimation”. Sempre tivemos a ideia de gravarmos  nosso material no modo ‘track-by-track’, o que não é comum em gravações  de Demo. Acreditamos que essa escolha, aliada à percepção de que o .jpg) Death Metal extremo era onde queríamos chegar, levou ao resultado de “Decimation”.
Death Metal extremo era onde queríamos chegar, levou ao resultado de “Decimation”.
Recife Metal Law – Ainda falando sobre a sonoridade, a banda faz um  Death Metal devastador, odioso, violento. Em quais bandas vocês se  inspiraram para fazer o som do Krenak e de que forma vocês usam tais  influências para que a música não pareça uma mera cópia do que os  grandes nomes do Death Metal já fizeram?
Felipe – Death Metal é nossa palavra de ordem dentro da banda.  Praticamente todas as vertentes que surgiram desde os anos 80 até os  dias atuais têm lugar nas nossas composições. Destacar uma banda que nos  é marcante é um trabalho árduo, mas acredito que Malevolent Creation é  uma banda que mais se aproxima dos nossos gostos comuns enquanto  compomos.
Recife Metal Law – O primeiro full length foi lançado em 2012. É de  se acreditar que a banda teve muita facilidade para trabalhar em  estúdio, haja vista sua experiência com as Demos. Como foi todo o  trabalho no estúdio? Todas as músicas já estavam prontas ou vocês  chegaram a compor algo durante a gravação?
Felipe – Ao chegar no estúdio estávamos com praticamente todas as  músicas compostas. Precisamos apenas de alguns ajustes técnicos com  relação ao equipamento utilizado, bem como com a estrutura de algumas  músicas, que tínhamos meio que em estado bruto nas nossas cabeças.
Recife Metal Law – No encarte existe a informação de que o álbum foi  gravado, mixado e masterizado num Home Studio, sob a produção de André  Noronha. Devo mencionar que a gravação ficou muito boa. Por favor, nos  fale mais a respeito sobre a produção sonora de “Decimation”.
Felipe – André Noronha é um músico de longa data e experiência na  cena Metal fortalezense (já fez parte do Tiglath – Heavy Metal e do  Griefgiver – Death Metal). Recentemente tem investido bastante e feito  excelentes experimentos no mundo da produção musical em estúdio. O fato  de citarmos seu local de trabalho como um Home Studio em nada denigre o  seu trabalho, pois dispomos de uma ampla gama de equipamentos de  referência à nossa disposição, conhecimento e instigação para que o  produto final atingisse o ápice do possível em termos profissionais.
Recife Metal Law – O ‘debut’ traz nove músicas, em pouco mais de trinta minutos de duração. As músicas.jpg) mostram um Krenak ainda mais destrutivo e um Death Metal violento,  voraz. Havia um planejamento para que a banda soasse ainda devastadora  nesse primeiro álbum?
  mostram um Krenak ainda mais destrutivo e um Death Metal violento,  voraz. Havia um planejamento para que a banda soasse ainda devastadora  nesse primeiro álbum?
Felipe – Desde as Demos o Krenak trilha um caminho de violência e  destruição musical que parece aumentar a cada música produzida. O  resultado final chega a ser tão mágico que em muitos ensaios nos  surpreendemos com tamanha brutalidade. As músicas de “Decimation” foram  talhadas sob o signo do caos, e creio que o futuro nos reserva ainda  mais barbárie!
Recife Metal Law – A arte da capa vem bem profana, anticristã mesmo,  com um Cristo sendo dilacerado por um demônio. O autor da capa foi o  competente Alcides Burn, mas vocês chegaram a opinar acerca da capa e  como ela deveria ser feita?
Felipe – Alcides é um artista de mão cheia, e através de nossas  letras soube captar perfeitamente o que queríamos. Desde o início  dialogamos em busca do que melhor retratasse o espírito do álbum, e como  em algumas de nossas letras usamos de uma temática diabólica e  anticristã, tal alegoria pareceu adequada para pormos na capa do álbum. A  imagem transparece ódio, fúria, dizimação, caos e impiedade para com o  filho bastardo da entidade vazia de sentido. É a música do Krenak em  forma de sangramento imagético!
Recife Metal Law – Entre as músicas contidas no álbum, uma delas me  chamou bastante a atenção em razão de sua parte instrumental e os vocais  lembrarem bastante o Unearthly. A música a qual me refiro é  “Decimation”. Qual influência os cariocas do Unearthly exercem na música  do Krenak?
Felipe – Nutrimos um grande respeito pelo cenário Metal nacional,  pois temos a consciência que somos parte dele, e ele é um grande  caldeirão fervente de grandes ideias e excelentes trabalhos. Como foi  explanado acima, geralmente não nos atemos à determinada banda como  influência quando compomos, e sim ao Death Metal como um todo.  Unearthly, assim como vários experimentos de sucesso no Underground  nacional e .jpg) mundo  afora são fontes de inspiração nossa em continuarmos trilhando nosso  caminho de malevolência musical, até que nossa era vulgar seja extinta e  nos tornemos eternidade!
mundo  afora são fontes de inspiração nossa em continuarmos trilhando nosso  caminho de malevolência musical, até que nossa era vulgar seja extinta e  nos tornemos eternidade!
Recife Metal Law – Notei que a banda está fazendo diversos shows para  divulgar o ‘debut’. Podemos considerar essas datas como uma tour  nacional ou ainda existem planos para uma de fato? A banda tem planos de  tocar fora do país? 
Felipe – No momento em que estávamos prestes a lançar “Decimation”,  observávamos como funcionam as turnês de bandas de Metal no Brasil.  Algumas têm a oportunidade de fazer um mês inteiro de shows, enquanto  outras optam pelo esquema do bate-volta de fim de semana. Havíamos  escolhido novembro de 2012 como o mês em que faríamos uma tour de um  mês, inclusive pensando todo o roteiro. No entanto, não nos organizamos a  tempo, e a opção do bate-volta pareceu a mais viável para nossa  condição financeira também. Planos existem, sim, para o Brasil e mundo  afora. É uma questão de tempo e organização financeira.
Recife Metal Law – Vocês estão no Nordeste. Sabemos que os bangers de  sua região recebem muito bem todas as vertentes do Metal e promovem  verdadeiros cultos a insanidade nos shows. Mas, diga, como é a cena  específica de sua cidade? Como rolam eventos? Como os bangers interagem  nos shows Underground? Existe apoio real para a banda?
Felipe – Fortaleza tem fervido bastante nos últimos anos, com  eventos rolando na periferia da cidade, inclusive eventos com bandas  internacionais, que promovem shows históricos, como o que rolou há pouco  tempo com os canadenses do Skull Fist; praticamente detonaram tudo e  voltaram para as terras frias do Canadá com muito amor pelo Brasil,  especialmente pelo Nordeste! Existe um bom número de produtores fazendo o  Underground acontecer aqui, e o público é realmente insano nas mais  variadas vertentes do Metal e do Rock N’ Roll! Temos figuras que já se  tornaram históricas pelo seu apoio às bandas locais (bora “Magão Shupa  Litu”!), e pela destruição ‘mosheira’ que promovem a cada evento! Para o  Krenak, nem preciso dizer o quanto é fodido tocar em Fortaleza e ver  sempre irmãos lá batendo cabeça e dando ‘hails’ ao nosso som! Existe uma  grande irmandade por aqui, pode ter certeza!
Recife Metal Law – Além da divulgação do álbum, o que os fãs da banda podem esperar de novidades da banda? O que o Krenak planeja para 2013? Antecipe em primeira mão para nossos leitores.
 banda? O que o Krenak planeja para 2013? Antecipe em primeira mão para nossos leitores.
Felipe – Nossas mentes insanas não têm descanso, e já estamos em  plena composição do próximo álbum, que com certeza, será o dobro da  destruição que “Decimation” é! Pretendemos em julho entrar em estúdio.  Os próximos shows terão com certeza um bom aperitivo do que vem por aí!
Recife Metal Law – Muito obrigado por sua participação. Desejamos que  a banda siga em vitórias. As últimas ‘linhas’ são suas para  considerações finais que achar necessárias.
Felipe – Em nome do Krenak, gostaria de agradecer de coração a vocês  do Recife Metal Law por mais um espaço cedido em nome do culto à música  extrema, pois é dessa matéria que o Krenak foi forjado! Sigamos unidos  nessa batalha em honra ao nosso verdadeiro valor, o Metal nacional,  “nordestino na ponta da peixeira”! Obrigado a todos! THE TIME TO  DECIMATE IS NOW!
Site: www.myspace.com/krenakband
Entrevista por Valterlir Mendes e Chakal
Fotos: Carlos “Rock” Gadelha