ANDRALLS
Praticante do autointitulado Fasthrash, o Andralls é um dos grupos mais ativos no meio Heavy Metal nacional, sempre lançando álbuns e fazendo shows, seja no Brasil ou na Europa. Desde o lançamento de “Andralls” (2009), a banda contou com alteração em sua formação, com a saída de Alex Coelho e a entrada de Cleber Orsioli (guitarra/vocal), o qual se juntou a Eddie C. (baixo) e Alexandre “Xandão” Brito (bateria). As mudanças não tiraram o foco das músicas do Andralls, mas algumas pequenas diferenças podem ser ouvidas no novo álbum, “Breakneck”. Isso e outros temas são tratados na entrevista a seguir, respondida por Cleber Orsioli.
Recife Metal Law – O álbum homônimo lançado em 2009 foi o último com o antigo vocalista Alex Coelho. Mesmo não constando no encarte tal informação, àqueles que acompanham o Andralls perceberam que era Alex nos vocais. Depois de tantas idas e vindas do antigo vocalista, o que vocês acham desse álbum com ele nos vocais?
Cleber Orsioli – Antes de tudo, muito obrigado, Valterlir, pelo espaço cedido à divulgação do ‘trampo’ do Andralls. Como sempre, dando uma força ao Metal nacional. Valeu mesmo. Tamo junto! Cara, particularmente, gosto muito do CD “Andralls”. Ótimas músicas e levadas, tanto que tocamos ao vivo vários sons daquele álbum. Curto o estilo de voz que o Alex empregava também, então não tenho nada do que falar que não sejam coisas boas sobre aquele álbum e o ‘trampo’ dele.
Recife Metal Law – Os shows de divulgação desse álbum contaram com o atual vocalista, você, Cleber. Definitivamente estás totalmente adaptado ao Andralls. Além da mudança no posto de vocalista, a banda também se tornou um trio. O Andralls seguirá em frente com apenas uma guitarra? Já chegaram a pensar em colocar mais um guitarrista na banda, como era antigamente?
Cleber – Cara, na real, o Andralls seguia como trio desde 2008, quando o Fabiano Penna (Rebaellion / Horned God / The Ordher) saiu fora, pelo fato dele morar em Porto Alegre, na época, e o restante da banda morar em São Paulo. Não rolou uma tour como trio, até porque a banda estava focada na gravação do “Andralls”, mas rolaram vários shows. O fato de fazermos todas as coisas apenas em trio desde que entrei facilita muito toda a engrenagem da banda, pra que ela continue indo pra frente, portanto se rolar algo com uma segunda guitarra no Andralls será talvez apenas algo comemorativo ou algo do gênero. Inclusive, no nosso último show em São Paulo, fizemos a “Andralls On Fire” comigo em uma das guitarras, o Di Lallo na outra e o Alex nos vocais. Foi uma forma de comemorar os corres da banda sem esquecer o pessoal que passou por ela. Mas fora isso, a ideia é continuar, sim, como ‘power trio’.
Recife Metal Law – Antes de lançar o novo álbum, a banda havia anunciado que lançaria um DVD, mas isso ainda não ocorreu. Ainda está nos planos do Andralls lançar tal DVD?
Cleber – O DVD ao vivo no BMU foi engavetado pela antiga gravadora e acabou ficando defasado, infelizmente. Porém, será usado como parte do DVD comemorativo de 15 anos da banda, que irá conter, além de trechos daquele show, várias outras coisas bacanas que rolaram durante esses anos todos na estrada (além de um show completo que iremos gravar em Belém/PA em junho desse ano, clipes, zoeiras de bastidores, etc). O DVD tem que sair até o final de agosto, então logo mais tem coisa bacana na área, e dessa vez sem “zicas” pra “atrasar o nosso lado”.
Recife Metal Law – O novo álbum recebe o título de “Breakneck”, e mantém intacta a forma do Andralls fazer o seu “Fasthrash”. Com as mudanças na formação, como foi trabalhar o lado de composição e parte lírica para o novo álbum? Algo mudou?
Cleber – Todos palpitaram nas composições e testamos cada ideia, por mais idiota que fosse e sem preconceitos. Claro que todos tinham a clara visão do que deveria ser apresentado para as nossas músicas, mas todas as ideias apresentadas foram testadas e escolhidas as melhores. Não posso fazer comparações com os álbuns anteriores pra te falar exatamente o que mudou, pois “Breakneck” foi o meu primeiro ‘trampo’ junto com os caras, mas posso te dar uma noção de como rolaram as coisas nessa última gravação. Primeiro compusemos diretamente nos ensaios oito sons, somente instrumentais, juntando as ideias de cada um e já definindo aonde viria cada coisa (solo, canto, pré-refrão, refrão, ponte, etc). Então o Xandão foi pra ‘gringa’ por causa da Booking Agency dele, ficando lá por quase três meses, e enquanto isso eu fiquei ‘trampando’ mais alguns sons e juntando com as ideias do Eddie. Depois gravei uma “pré” caseira somente com guitarra e voz de todas as músicas, onde comecei a criar as letras que serviriam de base para as letras finais do CD, só pra testar mesmo a rítmica e ver como soava tudo. Quando nos reunimos novamente, fizemos o pente-fino geral e caímos para o estúdio pra ensaiar e deixar tudo “redondo”. Uma coisa que acabou rolando no final da composição do CD foi à troca de ideias pela internet, pois o Eddie estava na casa dele em Mossoró/RN, o Xandão na Europa e eu no ABC paulista. Mas no final rolou tudo muito bem.
Recife Metal Law – Gostei bastante da capa, que ficou bem “Metal”! A arte ficou a cargo de Remy C.. A arte é uma criação somente do Remy ou a banda opinou para que a arte saísse da forma que saiu?
Cleber – Chegamos ao Remy através de indicação de alguns amigos da Itália, que já tinham ‘trampado’ com ele. Após ver o trabalho dele a gente já tinha a certeza que ele saberia o que fazer. Passamos apenas o nome do álbum e o nome das músicas, e falamos a tonalidade da capa que gostaríamos. Pedimos também para que tivessem ossos e crânios na capa. Somente isso. O cara já na primeira proposta apresentou basicamente a capa que saiu prensada. Pedimos apenas para que ele centralizasse o nosso logo e crescesse a palavra “Breakneck”, mas de resto foi tudo como ele mesmo imaginou. O cara realmente é fera!
Recife Metal Law – Mesmo mantendo intacta a forma de o Andralls fazer seu som, algumas músicas apresentam algumas levadas mais cadenciadas, como é o caso de “Lost in Heaven, Found in Hell” e até mesmo “Eye For An Eye”. Apresentar momentos mais cadenciados no álbum é uma forma de não o deixar muito reto?
Cleber – Sim, ou melhor, também. Logo que começamos a compor as primeiras ideias, ficou combinado que faríamos um álbum 100% do Andralls, porém sem que ninguém se prendesse na fórmula que a antiga formação tinha feito. As nossas influências são as mesmas, mas cada pessoa numa banda tem uma visão diferente de como deve soar a sua música. O Alex Coelho e o Denis Di Lallo seguiam uma praia e eu sigo outra, mesmo não havendo uma ‘praia’ certa ou errada. Posso dizer que as ideias dos grooves saíram da minha mão (e cabeça), pois sempre curti em brincar um pouco nessa linha (desde os tempos em que eu tocava no Postwar), mas não soaria Andralls se não fosse o Xandão na batera e o Eddie no baixo, colocando a pegada e influência deles sobre a ideia nova. Mas com certeza essas levadas cadenciadas e levadas ‘bate-cabeças’ trouxeram algo a mais ao tempero que o Andralls já tinha.
Recife Metal Law – Já em pancadas como “Under the Insanity”, “The Legacy of Violence” e “Land of Disgrace” – para citar apenas três – a banda não poupa em agressividade e velocidade, mandando riffs insanos e solos desconcertantes. Músicas como as citadas são aquelas que melhor definem o som do Andralls?
Cleber – Claro! Um álbum do Andralls não soaria fiel se não tivesse sons como esses. Mas todos os sons que estão no CD saíram naturalmente, sem quebrarmos a cabeça. Nesse ponto não houve algo como “vamos fazer algo rápido pra ter no CD” ou algo do tipo. Foi mais como “saca esse riff!” e na sequência já estávamos compondo uma cacetada. Tá na veia, não tem jeito (e nem dá pra ser diferente).
Recife Metal Law – Notei que “Enemy Within” traz um início bem similar a “Curse the Gods” do Destruction, além das levadas no decorrer da música. Isso foi proposital?
Cleber – Na realidade, esse som partiu de uma levada de bateria que o Xandão criou, quando teve uma ideia pra uma intro (de show ou CD). Fomos compondo naturalmente até que se transformasse numa música em si, mas com certeza não foi proposital que lembrasse algo de alguma banda, ainda mais do Destruction, pois todos da banda acham Thrash Metal alemão meio “mais ou menos”, principalmente eles (Exodus e Sepultura na veia... risos...). Mas os caras pelo menos são gente fina (além de uma lenda do Thrash Metal mundial), enquanto o Sodom... (risos)
Recife Metal Law – O CD traz uma faixa multimídia, na verdade traz o clipe da música “Under the Insanity”. Vocês trabalharam de forma contrária, haja vista que as bandas, primeiro, lançam seus álbuns e depois escolhem uma faixa para fazer um clipe. Por que vocês decidiram gravar o clipe para já inserir em “Breakneck”?
Cleber – Exatamente pra ter um “algo a mais” no CD e pra ter o que apresentar pra galera antes do CD sair. Foi uma ideia para que todos ouvissem (e vissem) o Andralls soando comigo na banda, pra terem certeza que a gente não ia mudar de estilo pelo fato da mudança de formação. Escolhemos o som mais direto do álbum e acho que foi uma ideia certeira, pois quando fizemos a turnê promocional do CD a galera já conhecia o som, mesmo antes de adquirir o CD. Valeu à pena.
Recife Metal Law – A banda, nesse novo álbum, apresentou uma música em espanhol, porém não cantada por Cleber. A letra da música foi musicada pelo próprio Andralls, já que tem uma levada mais Punk/Hardcore?
Cleber – O som está em espanhol, com pequenos trechos em português. A parte em português sou eu cantando e as em espanhol tem o Toño (da banda espanhola Rato Raro) cantando, com o irmão dele, Raúl, participando da parte falada. Foi o único som que compusemos pensando realmente em fazer algo mais diferente, meio Ratos de Porão, e mesclado com as nossas influências. Fizemos primeiro todo o som instrumental e surgiu a ideia de chamar o Toño e o Raúl pra participarem. Eles compuseram a parte deles e gravaram as vozes direto na Espanha e mandaram pra gente, que só colocamos no som e gravamos a parte em português. Mas a letra, em si, é deles e o som é nosso.
Recife Metal Law – Novamente a banda mudou de gravadora para um novo lançamento. Como vem sendo trabalhar com a Distro Rock, de Belém/PA?
Cleber – A Distro Rock já tinha lançado o “Andralls” em 2009 junto com a extinta FreeMind, e depois o relançaram sozinho na segunda prensagem do mesmo. Foi à escolha certa a fazer, já que a Distro Rock faz o possível pra levar o nosso ‘trampo’ pra frente. Inclusive o nosso DVD comemorativo será lançado por eles também, já está tudo esquematizado. Não temos do que reclamar até então.
Recife Metal Law – O Andralls é bastante conhecido, também, por ser bastante ativo. Após o lançamento do álbum, a banda novamente foi tocar na Europa, depois voltando para o Brasil para uma tour, que inclusive passou por algumas cidades do Nordeste. Isso significa que os integrantes da banda sobrevivem especificamente de sua música?
Cleber – Infelizmente não. Cada um faz seus corres e passam necessidades, se necessário, para não deixar a peteca cair e o ‘trampo’ ficar pra trás, depois de tanta ralação nesses anos todos. Talvez só conseguisse viver da nossa música se a gente cobrasse cachês com valores mais altos, fora dos padrões, sem mesmo pensar no contratante e no público, e mantendo o mesmo fluxo de shows que vemos fazendo desde pelo menos 2009. Mas sempre tivemos o pé no chão, e temos noção do que cada contratante ou cidade em si pode oferecer. Por isso somos uma das bandas que mais tocam por aí, tanto no Brasil quanto na ‘gringa’, pois respeitamos e somos respeitados por todos na cena.
Recife Metal Law – Recentemente toda essa correria foi amenizada, haja vista que Cleber foi papai. Como vocês vêm administrando esse momento, digamos, mais calmo na banda?
Cleber – Demos uma parada de outubro a fevereiro, exatamente pra eu poder dar um suporte pra minha mulher durante o final da gravidez, mas já estamos trabalhando datas pra março em diante, inclusive com mais uma turnê na Europa em setembro (dessa vez passando pela Alemanha, Polônia, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Noruega e Rússia). De certa forma o Andralls traz renda pros integrantes, então precisamos sempre da estrada, ‘trampando’ bastante e mostrando nosso som pra quem curte o estilo. “A” fasthrasher já nasceu. É uma menina linda chamada Micaella e logo mais será doutrinada para o estilo. (risos)
Recife Metal Law – Depois de um 2012 tão intenso para o Andralls, o que a banda planeja para 2013?
Cleber – Em 2013 será o ano onde a banda comemorará 15 anos de estrada, então terá finalmente um DVD oficial lançado nas lojas, com bastante coisa bacana e curiosidades, tudo com ótima qualidade. Rolará também shows pelo sul e sudeste, uma tour de um mês pela Europa, e logo na sequência daremos início às composições dos sons novos, para entrar no estúdio já no começo de 2014 para ter CD novo na praça no primeiro semestre de 2014. Basicamente isso, mesmo sabendo que é ‘trampo’ pra caramba. (risos) Valeu a todos que acompanham nosso trabalho e obrigado pelo suporte desde sempre. Tamos juntos e nos vemos na estrada. STAY FASTHRASH!
Site: www.andralls.com.br
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Daniel Tossato, Rafael Erdei, Rogério Kubometal, Peter Slaughter, Valterlir Mendes e Divulgação