DEVON
Formada atualmente por Alex Gardini (vocal), Breno Viana e Rafael Greco (guitarras), Rafael DM (baixo) e Heinz Wendland (bateria), a banda de Power Metal Devon, que surgiu em Campo Belo/MG, em 2008, vem trabalhando arduamente para fixar seu nome na concorrida cena Heavy Metal nacional. O seu primeiro (e até agora único) trabalho lançado foi “Unreal”, o qual contou com a produção de Thiago Bianchi (Shaman), e vem ganhando bastante respaldo no meio especializado. Sobre esse lançamento e alguns tópicos sobre a própria banda, o membro fundador e Rafael DM nos fala na entrevista a seguir.
Recife Metal Law – O Devon surgiu em 2008, na cidade de Campo Belo/MG, tendo sido iniciada pelo baixista Rafael D.M. e pelo guitarrista Breno Viana. Os demais músicos são também da cidade de Campo Belo?
Rafael DM – Além de nós dois, o Rafael Greco, nosso outro guitarrista, é também de Campo Belo. O vocalista Alex Gardini e o baterista Heinz Wendland são ambos de São Paulo.
Recife Metal Law – Rafael e Breno já tocavam em bandas covers, mas como surgiu a ideia de montar o Devon? O estilo a ser feito, desde o início, era o Power Metal?
Rafael – A gente sempre quis fazer nosso próprio som. Embora não tivéssemos nenhuma regra de que deveria ser Power Metal, esse caminho foi natural, pois crescemos ouvindo as melhores bandas do estilo. Como a gente sempre quis levar a música pelo lado profissional, sabíamos que o melhor caminho era compor e criar nosso próprio som.
Recife Metal Law – A banda, antes mesmo de lançar algum material, fez alguns shows pela região. Como foi a receptividade da banda nesse período, sem ter qualquer material lançado? Como vocês trabalhavam o ‘set list’ do Devon para os shows?
Rafael – No começo, procurávamos escolher um ‘set’ de covers intercalado com nossas composições próprias. À medida que víamos a receptividade do pessoal com o som que fazíamos, fomos ficando mais à vontade, embora somente com o lançamento do “Unreal” é que passamos a focar nosso repertório em músicas nossas, ainda que façamos alguns covers variados.
Recife Metal Law – Antes do primeiro álbum, geralmente, as bandas costumam lançar alguma Demo. O Devon, sem o lançamento do material desse tipo, lançou logo seu álbum de estreia. Quando vocês perceberam que estavam prontos para lançar o álbum?
Rafael – A gente até gravou uma Demo. Embora a gente não tenha lançado, e nem pretendemos, ela serviu de guia para o início das gravações do álbum, ainda que seja imensamente diferente do resultado final. Era outra formação, com outras ideias e gostos, e muita coisa mudou no intervalo entre essa Demo caseira e o álbum de estreia.
Recife Metal Law – A produção, tanto gráfica como sonora, está num patamar elevado. Para uma banda sem qualquer lançamento anterior, como foi trabalhar todos esses aspectos? O Devon contou com alguma espécie de assessoria para encontrar os profissionais para trabalhar tanto o lado gráfico como de produção sonora?
Rafael – Foi um divisor de águas para todos da banda, acredito. Apanhamos MUITO para passar a entender como as coisas funcionam, e o lado bom disso é que pudemos notar na cara a maturidade que adquirimos nesse meio tempo. O Thiago Bianchi, que nos produziu, nos apresentou algumas pessoas e intermediou essas relações, mas não contamos com nenhum tipo de assessoria.
Recife Metal Law – E como foi o trabalho com o Thiago Bianchi? Vocês já estavam com todas as músicas compostas quando entraram em estúdio para gravar? Thiago chegou a opinar nas músicas, mandou mudar algo?
Rafael – Demos bastante liberdade ao Thiago, que é um cara muito inteligente, para que o melhor pudesse ser tirado de nós para esse álbum. Como ele é um cara muito experiente, não só demos esse espaço como pedimos para que ele opinasse e interferisse no nosso som. O resultado disso foi que as composições ficaram com um aspecto muito mais aceitável ao público, além de estarem mais direcionadas para um trabalho unificado, e não como músicas soltas, apenas.
Recife Metal Law – Com relação à parte lírica, notei que as letras são bem pessoais e foram quase que todas criadas por Rafael D.M.. Algum outro integrante da banda chegou a opinar na parte lírica das músicas que fariam parte de “Unreal”?
Rafael – Algumas composições foram feitas em parceria com o Alex. Entretanto, no Devon tudo sempre rolou de forma muito democrática, todas as letras passaram pelo crivo de todos, tanto da banda quanto da produção, que opinavam diretamente nos assuntos tratados, nos temas, etc.
Recife Metal Law – Uma das letras, que não é tão pessoal assim, está contida em “Call the Brothers”, que basicamente trata sobre Heavy Metal. Qual o real significado dessa música?
Rafael – Eu acho que “Call the Brothers” tem dois objetivos: O primeiro é ser uma homenagem aos caras que começaram tudo isso, que deram início ao Heavy Metal e que nos inspiraram a seguir por este caminho. O outro é de servir de lembrete aos novos de que não deixe o movimento enfraquecer. Claro que não vivi naquela época, mas me parece que as coisas eram mais intensas e divertidas nos anos 80 do que agora, e tento chamar a atenção das pessoas para isso.
Recife Metal Law – Entre as músicas do ‘debut’ existem duas baladas: “Forgetting You” e “Innocence Degrees”. Por que inserir tais baladas no ‘track list’ de “Unreal”?
Rafael – Para tocar na rádio. Canções como “Call the Brothers” não seriam bem aceitas. (risos) Brincadeira. A questão é que todos nós sempre curtimos músicas mais reflexivas. Entre as baladas, a “Innocence Degrees” surgiu primeiro, e tínhamos muito gosto de tocá-la, mesmo que fosse em rodinhas de amigos tocando violão. Aí a “Forgetting You” acabou surgindo, e decidimos lançá-las para dar um equilíbrio ao álbum. Outro ponto é que tais canções são muito mais aceitáveis ao público comum do que as que são mais “porrada”. E sempre tivemos a intenção de que as pessoas passassem a curtir som pesado após ter ouvido a gente, e estas músicas caem muito bem como introdutoras à esse mundo.
Recife Metal Law – A capa traz uma inocente criança em meio a uma cidade em chamas. De quem foi à ideia do conceito da capa e de que forma ela (a capa) interage com o título do álbum?
Rafael – A gente tentou passar a ideia da dualidade existente em tudo. Muitas vezes vemos a inocência sendo arrasada por alguma catástrofe, muitas vezes vemos o nosso mundo perfeito cair e tudo se perder. Em contrapartida, em meio ao caos é possível encontrar pureza, encontrar algo de bom, que nos inspire a seguir em frente. O nome do álbum, além de exprimir a nossa percepção a respeito dessa dualidade, onde sempre negamos que algo assim possa existir, se tornou especial também por ser algo muito especial para nós, de tal modo que não sei ainda bem se já caiu a ficha de que temos um álbum lançado. Isso há alguns anos era apenas um sonho, um sonho muito ousado, e nem dá para acreditar que superamos os desafios que apareceram e pudemos concluí-lo com sucesso.
Recife Metal Law – Após o lançamento de “Unreal” o baterista Gabriel Triani se desligou do Devon e em seu lugar entrou Heinz Wendland. O que motivou essa troca foi o fato de a banda se fixar em São Paulo para obter uma melhor divulgação de shows e contatos?
Rafael – O Gabriel é um cara excepcional, incomparável como batera e como pessoa. Na verdade, ele também é de São Paulo. Entretanto, ele já é um cara bem mais experiente, fez partes de diversas bandas de renome, e sabíamos que seria bem difícil conciliar agendas e compromissos, e optamos pela troca. Começamos os testes para assumir o cargo, e finalmente encontramos o Heinz. Ele é um cara que, como nós, está no começo da estrada, e é cheio de vontade de fazer a banda acontecer. Sem contar que é um nerd na batera, ele arrebenta, e nos sentimos muito confiantes com a substituição.
Recife Metal Law – Atualmente em São Paulo, como vem sendo divulgado o nome do Devon? Essa mudança realmente trouxe benefícios para a banda?
Rafael – Sem dúvidas trouxe. Embora muito do trabalho de uma banda hoje seja feito mais através da internet (divulgação, contatos, envio de material, etc.), estar numa metrópole como essa tem sido primordial. Contamos hoje com uma equipe de assessoria, e temos recebido um feedback muito positivo, tanto pelo álbum quanto pelos shows que realizamos.
Site: www.devonunreal.com
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação