BAIXO CALÃO
A banda paraense Baixo Calão surgiu em 1996 e, desde então, vem espalhando no meio Underground, inclusive tendo tocado no Velho Mundo, seu Grindcore violento e veloz, como o estilo assim o pede. A banda já tem na bagagem dois álbuns lançados, assim como duas Demos e dois splits, sendo que ambos os splits foram lançados neste ano de 2013. Atualmente o Baixo Calão conta em sua formação com A. Fellipe (baixo), William Gomes (bateria), Danilo Leitão (guitarra), Beto-Core (vocal) e Leandro Pörckö (vocal). Na entrevista a seguir o vocalista Leandro fala um pouco sobre a trajetória da banda, planos futuros e rumo de sua musicalidade...
Recife Metal Law – Antes de começarmos a falar sobre o novo lançamento, como vocês analisam o ‘debut’ álbum, “Tu Crias” (2008), para a carreira do Baixo Calão?
Leandro Pörckö – Primeiramente, antes do “Tu crias” (2008) existe o “Homo Postumus” (2003) do qual – por ser nossa primeira vez em um estúdio desde 1996 (ano em que surgiram os primeiros ruídos da banda) – nasceu por meio de uma “ejaculação” presa há sete anos, e contém seis músicas que, de fato, representam o que pretendíamos. Após este primeiro registro, gravamos (em 2006) mais quatros músicas, havendo apenas uma produzida no ano referido acima, e as outras três faziam parte da produção mais primeva da banda, das quais ficaram de fora do “Homo Postumus”; a este registro nomeamos “Repúdio & Descrença”: duas palavras que são uma espécie de fulcros principais da banda, mormente, o que diz respeito às nossas letras. Isto é, desenvolvemos este resumo referente aos primeiros registros, pois, eles são o intróito para o surgimento do “Tu crias”. Ou seja, a banda sempre teve uma condição financeira em que não compactuava e/ou compactua com as nossas vontades e, cônscios disto, nos organizamos (no sentido de tornar os ensaios mais ativos e mais produtivos) para gravar. E como de costume, o dinheiro arrecadado só deu para pagar 15 horas no estúdio. Desse modo, gravamos e mixamos o “Tu crias” em um dia – regado à cachaça e a um denso véu de fumaça que se esticava pelos quatro cantos do estúdio (diga-se de passagem, foi a primeira parceria com o Studio Chaar). No entanto, saímos de lá satisfeitos com o que foi produzido “a pedradas”. Obviamente, se tivéssemos mais tempo disponível (e menos desgaste físico) alcançaríamos algo acima da nossa satisfação! Portanto, para nós, é um registro memorável por conta do que foram essas 15 horas das quais ficamos trancafiados no estúdio.
Recife Metal Law – Levando-se em conta que o primeiro álbum foi lançado de forma independente, o objetivo, em se falando de divulgação, foi devidamente alcançado?
Leandro – No que se refere à divulgação, com base nos dois registros que antecedem o “Tu crias”, pensamos que estes funcionaram como sedimentação para a divulgação do “Tu crias”. Dessa forma, tivemos uma divulgação acima do esperado.
Recife Metal Law – Em 2012, em parceria com o selo paraense Distro Rock, a banda chegou ao seu segundo álbum, “Atmo Mediokra”. Como surgiu a oportunidade de trabalhar com esse selo? A parceria está sendo produtiva?
Leandro – Por meio da divulgação acima do esperado com o “Tu crias” e tendo participado de alguns eventos produzidos pelo Bocão, dono da Distro Rock, não tivemos dificuldade de atar a parceria, na qual ao saber que estávamos produzindo músicas novas e que futuramente estaríamos gravando, ficou interessado em nos apoiar. E a partir desse apóio no lançamento do “Atmo Mediokra”, a Distro Rock tem nos dado apoio no que diz respeito aos lançamentos futuros da banda. Assim, como a Distro Rock, outras parcerias surgiram, tais como a HC80, Rola Bosta Distro, Nervura Distro, Lazybones Recs., e a Bucho Discos.
Recife Metal Law – O novo álbum expele Grindcore da primeira a última faixa! São 17 músicas destinadas aos amantes do barulho bem feito, e ouvidos sensíveis devem passar longe. A meta do Baixo Calão será de sempre fazer um som cada vez mais violento?
Leandro – ...Nossa meta é sempre fazer um som que nos agrade.
Recife Metal Law – As músicas são curtas, assim como as letras, mas devo mencionar que, mesmo sendo curtas, as letras são bem escritas e politizadas. Existe a preocupação, por parte da banda, de se passar algum tipo de mensagem para o ouvinte?
Leandro – Volta e meia fazem-nos esta pergunta e, talvez, a curiosidade esteja na forma em que o Grind é executado. Desse modo, é sabido que, produzir ou escrever um texto tem o propósito de passar uma mensagem; no entanto, penso que, nossas letras não possuem puramente este propósito, isto é, uma vez que nossas letras são uma espécie de observação sobre o ser humano, não cabe a nós limitar a interpretação. Todavia, se alguém pára para lê-las, e absorve algo para si ou, se nossas letras somam em algo (leia-se, mais uma ferramenta para a reflexão), nós agradecemos. Entretanto, a gente vê, de uns tempos pra cá (nos tocadas), que uma parcela significativa se identifica com as letras.
Recife Metal Law – O novo álbum conta com menos de meia hora de duração e a música que mais destoa do que é apresentado é “Pra que Sapiens”, com sua levada hipnótica, pesada e cadenciada, além de ser a mais longa do CD. Qual foi a razão para se colocar uma música nesses moldes num disco tão violento e veloz?
Leandro – Primeiramente, o “Atmo Mediokra” foi um filho que nasceu projetado, sobretudo, as letras. Por intermédio disto, resolvemos tornar a “Pra que Sapiens?” a Palavra-chave do álbum, em particular porque as letras intercalam-se, gravitam sobre o mesmo sentido; e para isso, ela teria de ser digerida com menos pressa que as demais. Sendo esta, uma palavra-chave da qual surge no final das ideias expostas. Desse modo, o “resultado” foi obtido, afinal, quem ouve o “Atmo Mediokra” não deixa de dar atenção a ela.
Recife Metal Law – Eu achei que a gravação, feita no Chaar Studios, deixou a timbragem dos instrumentos num alto nível, e fez com que a banda soasse ainda mais Grindcore. O resultado final, com relação à gravação, agradou totalmente aos integrantes da banda?
Leandro – Mediante uma parceria iniciada em 2007 com o Studio Chaar, tornando-se assim nosso amigo (ou mais um braço da banda), nos dando a total liberdade em opinar em tudo referente ao que estamos gravando, podemos dizer que a gravação do Atmo Mediokra é mais um resultado positivo alcançado por meio desse relacionamento.
Recife Metal Law – Voltando a falar sobre lançamentos anteriores, vocês chegaram a lançar uma Demo intitulada “Burning in the Cross”. Essa Demo faz parte da discografia do Baixo Calão?
Leandro – Cara, a “Burning in the Cross” foi uma coletânea da qual participamos, e nesta coletânea colocaram dos sons da nossa Demo, “Homo Postumus”. Todavia, a gente conta como discografia todos os registros nosso. Com isso, podemos dizer que esta coletânea faz parte da discografia.
Recife Metal Law – Recentemente a banda lançou um Split com a banda Mururoa, no formato LP. Esse material já está disponível no Brasil?
Leandro – As Distros brasileiras estão vendo se conseguem trazer para o Brasil antes de dezembro.
Recife Metal Law – No início da entrevista foi falado sobre desgaste físico. Tendo em vista que o som da banda é bem agressivo, rápido e destruidor, como os músicos ficam, fisicamente falando, após o fim de cada apresentação?
Leandro – Por conta do estilo, após o show o desgaste é certo, no entanto, a sensação de dever cumprido resolve.
Recife Metal Law – Com relação aos shows, como vem sendo trabalhada essa parte?
Leandro – A parte dos shows continua como sempre, por meio da internet. Entram em contato com a gente, daí vemos se tem como todos os integrantes estarem disponíveis no dia agendado. Após isso é que a gente confirma. Geralmente quem está nessa parte dos contatos é o Gomes (baterista) e o Danilo (guitarra).
Recife Metal Law – Obrigado pelo tempo cedido. Fica este espaço para acrescentar algo a mais que não fora perguntado.
Leandro – Como viço nosso, a gente agradece pelo espaço e pelo apoio! Saúde e vida longa!
Contatos: A/C Leandro Pörckö. Conjunto Maguari, Alameda 19, nº 09 – Icoaraci. Belém/PA. CEP: 66.823-083.
Site: www.myspace.com/baixocalao
E-mail: [email protected]
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Alexandre Nogueira, Divulgação