THE UNHALIGÄST
Apesar de ser composta por integrantes de três bandas antigas da cena carioca: Poeticus Severus, Imperador Belial e Flageladör, a The Unhaligäst é uma banda nova. Considero que esse bate-papo com o vocalista e guitarrista Exekutör “The Gravedancer” acontece até tarde, pois eu encontro com os caras várias vezes nos finais de semana. Eles já têm alguma história para nos contar há tempos. Para o leitor ter uma ideia, a Demo de estreia, lançada em 2012, é considerada por muitos bangers amantes de Metal ‘old School’, uma peça de colecionador. Então vamos lá!
Recife Metal Law – Saudações Exekutör! Como a banda é nova, vou começar com o básico. Faça um breve resumo da história do The Unhligäst e aproveite para falar sobre as influências musicais que balizam suas composições.
Exekutör “The Gravedancer” – Em primeiro lugar, muito obrigado pelo espaço cedido. A banda começou exatamente da forma como ela se mostra na cena: com ação afirmativa. Eu tinha umas músicas guardadas, que não combinavam muito com o Flageladör ou com alguma outra banda minha, e resolvi usá-las em uma banda nova. Assim que eu entrei de férias no escritório onde trabalhava, falei com o Gabriel (Bitch Hünter, baterista) e resolvemos aproveitar e gravar esses sons. Foi assim, tão simples quanto possa parecer: eu tinha as músicas prontas, chamei o batera e ele topou, gravamos e começamos a divulgar nesse exato momento. A resposta foi imediata: no momento em que soltamos as quatro músicas da primeira versão da Demo, elas viraram clássicos instantâneos na cena! Essa primeira versão foi gravada apenas por mim (Exekutör, vocais/guitarras) e pelo Gabriel (Bitch Hünter, baixo/bateria). Assim que começamos a divulgar resolvemos correr atrás de um baixista para fechar a formação e podermos marcar shows, e assim eu resolvi chamar o Alan Aguinaga para a banda, por ser um amigo nosso de longa data, e ele vestiu a camisa perfeitamente. Assim sendo, resolvemos regravar a Demo com ele tocando o baixo, e aproveitamos para acrescentar mais duas músicas minhas, e surgiu essa versão que está sendo divulgada incessantemente por aí. As influências principais da banda são: Motörhead, Venom, Bulldozer, Warfare. Partimos desse direcionamento, mas tentando fazer algo original, sempre.
Recife Metal Law – Quais os temas que geralmente são abordados nas letras do The Unhaligäst?
Exekutör – Os temas são histórias do cotidiano, estilizadas em contos de terror, além do nosso dia-a-dia, do estilo de vida headbanger, mas sempre as customizando sobre uma ótica de bruxaria, magia negra, luxúria...
Recife Metal Law – Porque a Demo de estreia, que em minha opinião já estava sensacional, foi regravada e revisada?
Exekutör – Como disse anteriormente, o Alan Aguinaga (Sub Umbra, baixo) não fazia parte da banda quando lançamos a primeira versão da Demo. Resolvemos regravar a Demo para inseri-lo definitivamente no The Unhaligäst, no momento em que a formação se estabilizou.
Recife Metal Law – Um fato curioso é que apesar de Poeticus Severus, Imperador Belial e Flageladör terem estilos bem diferentes dentro do Metal, a banda tem coerência em sua proposta musical e para quem conferiu ao vivo, existe um entrosamento entre você, Sub Umbra “No Class” e Bitch Hünter “The Speedfreak”, que muitas bandas demoram anos para conseguir. A que se deve isso?
Exekutör – Com certeza o Flageladör e o Poeticus Severus têm propostas musicais que vão numa direção bem diferente da banda. A parte rítmica, no entanto, não difere tanto, creio eu. Mas, no fim das contas, todos nós temos essa pegada clássica queimando dentro da alma, e nós três somos fãs incondicionais dessa sonoridade de bandas como Venom e Motörhead. A ideia era fazer o básico, fazer aquilo que nós sabemos fazer. Eu fico o dia todo ouvindo essas bandas, sento com a minha guitarra e fico tentando reproduzir os timbres, tentando tirar os riffs, acompanhando os solos do Mantas ou do “Fast” Eddie Clark (que é o meu guitarrista favorito). Assim, é inevitável que algumas músicas acabem saindo com essa pegada, e foi assim que eu criei as músicas da Demo. Agora que estamos produzindo o nosso primeiro álbum, já estão sendo incluídas músicas dos outros dois integrantes, já começamos a produzir como banda fixa mesmo, tentando partir desse direcionamento proposto por mim no primeiro momento da banda, e que vai de encontro com a veia musical inicial deles também.
Recife Metal Law – A banda está fazendo shows pelo Underground desde o lançamento da Demo e divulgando bem as músicas da mesma. Inclusive todas as faixas de “Outbursting Rock ‘n' Hell” estão liberadas para audição no canal da banda no Youtube. Existem planos de lançar um álbum completo e de uma tour?
Exekutör – Sim, já estamos produzindo o primeiro álbum e ele está saindo com uma pressão animal. O título será “(We are) The Unholy Ghosts”, e deve contar com nove ou dez músicas e não haverá nenhuma regravação das Demos, apenas músicas inéditas (algumas são executadas em todos os shows da banda já). Quanto a uma tour completa, ainda é cedo para dizer, por conta dos compromissos profissionais de todos nós. Mas a ideia é a de aproveitar cada brecha que tivermos para tocar onde der, e queremos ir ao nordeste com o The Unhaligäst. Vamos estudar todas as possibilidades na nossa agenda para fazermos isso.
Recife Metal Law – As letras, sonoridade, estética artística e abordagem ideológica da banda falam por si só e quem conhece a rotina dos integrantes dentro da cena (particularmente aqui no Rio de Janeiro), percebe que existe um envolvimento de todos vocês com alguns os valores do Underground. Comente como é a cena subterrânea de sua cidade para nossos leitores e o que em sua opinião falta para melhorar?
Exekutör – Exatamente! Nós realmente vivemos isso. A nossa rotina é de acordo com a imagem que nós passamos, seja nas fotos, seja nas letras. Os outros caras têm outras bandas, estão sempre tocando por aí. Acho que uma palavra que pode definir a cena carioca é “perseverança”. Obviamente, todos têm empregos, famílias, estudo, mas continuam firmes por aí, comparecendo aos shows sempre que possível. Eu tenho analisado muito essa questão sobre melhoria, sobre o que poderia ser feito para mudar, e realmente não é algo assim tão simples, não depende apenas da cena em si. Mas as casas de show no Rio de Janeiro estão cada vez mais caras, os preços praticados dentro delas para venda de bebidas e alimentos também, o que acaba muitas vezes inviabilizando alguns shows, encarecendo o valor de ingressos. Os produtores estão fazendo a parte deles, as bandas e o público também e, na medida do possível, a cena anda como pode.
Recife Metal Law – Essa fica para toda a banda. Além das bandas que os integrantes da The Unhäligast fazem parte, existem outros projetos que vocês pensam em tocar juntos? Caso não, falem em quais bandas, projetos e rolos que vocês estão envolvidos.
Exekutör – Além do The Unhaligäst, eu toco no Bestialcurse, que é um projeto mais voltado ao Black/Thrash ‘old school’, na linha de bandas como Hellhammer, Bathory, Aura Noir, ao lado do baterista do Grave Desecrator, Márcio “The Slaughterer” Cativeiro. Temos um disco lançado pela gravadora Dark Sun em 2009, e estamos aprontando um EP para 2014, em 7”LP. Também toco no Flageladör, e estamos em turnê (de janeiro a abril), rodando pelo país, além de lançar o terceiro álbum dela após a tour, por volta de maio/junho.
Sub Umbra – Eu toco há tempos com o Poeticus Severus, que manteve a sua formação original desde o princípio. Estou envolvido com outra banda famosa de Brasília, mas por enquanto não posso revelar o nome. E para os amigos de longa data, estou sempre disponível para fazer participações, ajuda e experimentos.
Bitch Hunter – Além do Unhaligäst eu toco no Flageladör, Imperador Belial e tenho alguns projetos como Into the Cave e Embalsamado.
Recife Metal Law – Além do “(We are) The Unholy Ghosts” e a vontade de rodar pelo nordeste do Brasil, fale de outros planos que estejam borbulhando nas vossas cabeças.
Exekutör – Os planos são de irmos aonde pudermos ir, e pretendemos, sim, rodar por alguns Estados brasileiros divulgando o álbum, assim que ele sair. Queremos lançar o disco aqui no Brasil e licenciar para selos europeus lançarem, para, em breve, fazermos uma tour europeia também. Além disso, tocamos em janeiro (10/01) ao lado da grande lenda do Metal britânico, o Angel Witch, em Belo Horizonte/MG.
Recife Metal Law – Valeu Exekutör “The Gravedancer”! Agradeço o tempo cedido meu camarada e deixo essas últimas ‘linhas’ para que você faça suas considerações finais. Fique a vontade o espaço é seu!
Exekutör – Eu é que agradeço, grande irmão, por todo o apoio dado ao longo dos anos para os meus outros projetos ou bandas, e agora cedido também ao The Unhaligäst. Para todos que ficaram interessados em conhecer o nosso som, entrem em contato com a banda, queremos rodar o país levando o nosso Rock ‘n’ Hell malicioso para destruirmos tudo!
Contatos:
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Entrevista por Chakal
Fotos: Divulgação