ATAQUE VIOLENTO
A banda Ataque Violento surgiu na cidade de Campina Grande, a segunda maior cidade da Paraíba, em 2008. De início, o som da banda era um Thrash Metal calcado na ‘velha escola’ e que lembrava muito a Dorsal Atlântica, do disco “Antes do Fim”. Mas isso foi na Demo “Bem Vindo ao Mundo Real” (2009). Após algumas mudanças em sua formação, a sonoridade da banda tomou outros rumos, os quais podem ser ouvidos no primeiro full lenght, “Faces do Horror”, lançado de forma independente, em 2013. Sobre mudanças, lançamentos, entre outros tópicos, a banda – que atualmente é formada por Jairo Tellys (baixo/vocal), Felipe Rodrigues (guitarra) e Jaime “Netão” Guimarães (bateria) – comenta na entrevista a seguir.
Recife Metal Law – Vamos começar falando sobre a mudança na formação da banda. O que motivou a saída do antigo vocalista, Carlos Alberto?
Jaime “Netão” Guimarães – Saudações, Valterlir e leitores do Recife Metal Law! Bem, Carlos fazia parte da formação original do Ataque Violento, desde o final de 2007, junto comigo, Symon e Jairo. Sempre tivemos uma boa relação, de curtir som, beber, ir a shows, etc. No entanto, ele era um pouco desligado com os ensaios e os compromissos do grupo; faltava a ensaios, não pegava as letras, por exemplo. Isso foi se repetindo até que, em 2010, uma semana antes de abrirmos para o Bywar, em Campina Grande, decidimos tirá-lo da formação. Prosseguimos com Petrônio (Necrose) nos vocais – só para a apresentação já marcada – e depois demos continuidade com Jairo assumindo os vocais, além do baixo.
Recife Metal Law – E com relação ao guitarrista Symon Silva, por qual razão ele também não continuou no Ataque Violento?
Netão – Já com Symon, o motivo foi um pouco diferente. As ideias dele não estavam batendo com as da maioria da banda, o que acabava por gerar divergências no grupo e, consequentemente, insatisfação e falta de ânimo para ensaios e shows. Creio ter sido uma coisa natural, passível de acontecer em qualquer coletivo. Depois de uma má apresentação, em Natal, as coisas ficaram ainda mais estranhas. Ainda levamos o Ataque Violento como quarteto por algum tempo, até chegarmos ao consenso da saída de Symon, que aconteceu no início de 2013, antes do lançamento de “Faces do Horror”.
Recife Metal Law – Essas mudanças fizeram com que a banda mudasse, também, seu direcionamento musical, já que as novas músicas, contidas no ‘debut’, são carregadas de influências Death Metal. Isso foi premeditado ou a mudança na formação ‘forçou’ a banda a seguir essa linha sonora?
Netão – Não foi premeditado, e a mudança na formação também não forçou esse ‘desvio’ no nosso direcionamento musical. Na verdade, todas as músicas são ainda da época da formação com duas guitarras. O que aconteceu foi um processo natural, fomos evoluindo com os instrumentos, ouvindo coisas diferentes, e foi inevitável incorporar nas composições. Chegou um tempo em que percebemos: “Isso ‘tá soando muito Death Metal”, e para nós foi muito legal, pois, mesmo soando mais “Death”, ainda preservamos uma veia Thrash muito forte. Até chegamos a baixar a afinação, o que fez soar ainda mais como “música da morte”.
Recife Metal Law – Ainda sobre mudanças, outra perceptível é o novo logotipo. Por que essa guinada em tudo que envolve o Ataque Violento?
Netão – Quanto ao logotipo, já há algum tempo estávamos insatisfeitos com o antigo; achávamos muito “quadrado” e desalinhado. Então, tivemos a ideia de mudá-lo. Jairo mesmo quem desenhou e João “Terrorizer” (Distress/Demonized Legion) o finalizou. Acho que essa grande mudança na banda foi causada por conta de precisões. Precisávamos de um logotipo novo e o fizemos; precisávamos cessar com nossas diferenças e também o fizemos. A banda poderia ter até acabado, mas também precisávamos continuar a fazer música violenta e ríspida. Acho que fomos achando caminhos para sair de insatisfações e fomos encontrando. Hoje, seguimos mais firmes e fortes que nunca.
Recife Metal Law – O primeiro álbum, “Faces do Horror”, foi lançado de forma independente, ano passado. Como foi trabalhar nessas músicas, levando-se em conta que, como já mencionado, elas diferem quase que em sua totalidade do passado da banda?
Felipe Rodrigues – Algumas das músicas já existiam na época da Demo. Aliás, 80% do que é ouvido no disco se trata de material antigo, composto entre 2009 e 2011. Com o tempo, fomos amadurecendo as composições, até chegar ao resultado final de “Faces do Horror”. A mudança, claro, não foi premeditada. O intento do Ataque Violento sempre foi o de explorar ao máximo suas influências, buscando uma essência própria; isto, certamente, nos conduziu a sendas musicais cada vez mais extremas, e caracteriza um novo começo. Aos que ouviram “Faces do Horror”, aguardem próximos atentados violentos.
Recife Metal Law – Mesmo com tais mudanças, notei que a banda ainda carrega consigo muito do Thrash/Speed Metal de outrora, e um bom exemplo disso é a insana “Vícios”. Fazer uma música nesses moldes serviu para mostrar que a banda continua sendo a mesma?
Felipe – Como já dito, somos vítimas de um processo de maturação longo, que se consolida na banda desde sempre. “Vícios”, em especial, nasceu totalmente por acaso, num momento de descontração entre amigos. Netão puxou os riffs com a boca e, a partir daí, a coisa fluiu. (risos)
Recife Metal Law – Esse primeiro álbum não traz qualquer regravação da Demo, mas nos shows o público sempre costuma pedir por “Ninfomaníaca”. Vocês chegaram a cogitar a possibilidade de regravar alguma música da Demo?
Felipe – Mesmo com toda a produção precária, é incrível como as canções da Demo ainda são bastante pedidas pelos chegados. Diria que “Ninfomaníaca” é um de nossos ‘carros-chefe’, haja vista que sempre a levamos nos shows. Quanto a regravar, quem sabe... Seguiremos divulgando o ‘debut’ e estudando possibilidades de entrar em estúdio, ainda no primeiro semestre desse ano.
Recife Metal Law – Com relação à gravação, a achei bem grave, o que evidenciou bastante o baixo e a bateria. Em minha opinião (que de forma alguma pode ser considerada a correta), as guitarras deveriam ter ficado um pouco mais altas. O que vocês acharam do resultado final da gravação de “Faces do Horror”?
Jairo Tellys – Enfrentamos empecilhos que acabaram interferindo no resultado: mudança de formação, falta de grana (algo comum em produções independentes), atrasos no processo de gravação e mixagem, etc. Pensando em refazer a produção, entramos em contato com Alex Prado (que já trabalhou com Lei do Cão, Terrible Force e outras bandas). O cara tem uma postura bastante profissional, e foi bem claro no que poderia ser feito para se chegar mais próximo do resultado – algo que não encontramos no primeiro responsável pelo trabalho. Quanto ao som ‘soar grave’, pode ter sido efeito do tipo de afinação e das referências utilizadas na mixagem. Contudo, ficamos satisfeitos.
Recife Metal Law – A arte da capa foi feita à mão pelo artista Emerson Maia. Houve alguma interferência ou dica da banda para que o resultado final da arte fosse a apresentada em “Faces do Horror”?
Jairo – Emerson Maia tem um talento espetacular, o qual é facilmente constatado pelo vasto trabalho realizado por ele, para bandas, zines, distros, etc. Já tínhamos um conceito formado para a arte. Então, entramos em contato com ele e passamos um ‘briefing’. Sem muita dificuldade, o cara apreendeu as ideias e, somado ao seu potencial artístico, fez um esboço para a banda avaliar, o que, de pronto, foi aprovado. Tentamos mostrar todo o horror que nasce das faces de um livro (bíblia), e que conduz o ser humano entre as limitações mais ignorantes. O resultado é a ‘bela’ capa do disco.
Recife Metal Law – O ano de 2014 está apenas começando. O Ataque Violento fez diversos shows, no ano passado, mas eles se restringiram apenas a sua cidade e algumas outras poucas da Paraíba e Pernambuco. Existe a possibilidade de espalhar o “ataque” por outras regiões do país?
Jairo – Na verdade, em 2013, fizemos apenas shows ‘em casa’ (Paraíba). O ano passado foi de superação para a banda. Além do lançamento do ‘debut’, o Ataque Violento se firmou em nova formação, como ‘power trio’. Já no segundo semestre, focamos na divulgação do álbum e em novas composições. Também fomos felicitados com o relançamento, pouco tempo depois da estreia, pela Cianeto Discos, em parceria com a Godless Records. Aos poucos vamos espalhando nossa sonoridade pelo país e, apesar das letras serem cantadas em português, por que não dizer, pelo mundo? Temos mantido contato com Headbangers de várias partes do Brasil, e de fora também, e sempre somos questionados sobre quando tocaremos noutras terras. Vontade não falta. Nossa intenção é espalhar som cru e rápido para ouvidos que anseiam por Metal. Esperamos que futuramente seja possível esquematizar turnês pelas diversas regiões brasileiras e/ou pelo mundo afora. Agradecemos a Valterlir Mendes e a todos que fazem o Recife Metal Law, pelo espaço e apoio. Estendemos, também, a todos aqueles que nos suportam, direta ou indiretamente. FORÇA AO UNDERGROUND!
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Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, Neto Costa e Sara Andrade