THYRESIS
O Thyresis é uma banda oriunda da capital paraibana, João Pessoa, e surgiu em 2006, tendo a sua frente o baixista/vocalista Victor Hugo Targino e o guitarrista Danilo Rufino. Em 2008 lançou a Demo “Journey Beyond Infinity”, um material de muito bom gosto e que mostra um Death Metal bem construído, com boas melodias. Talvez por causa das melodias encontradas, a própria banda chega a classificar sua sonoridade como Melodic Death Metal, algo que eu não concordo, pois o Thyresis está bem acima desse rótulo. Em 2011 foi a vez do álbum de estreia e homônimo ao nome da banda. Apesar da pouca divulgação, a banda continua firme e forte e é complementa por Demetrius Pedrosa (bateria) e Eduardo Borsero (guitarra). A entrevista a seguir ficou bem elucidativa. Confiram!
Recife Metal Law – Em primeiro lugar, o que significa o nome Thyresis?
Victor Hugo Targino – Antes de qualquer coisa, gostaria de agradecer pela oportunidade! O nome foi uma sugestão de Danilo (Rufino, guitarrista) e, inicialmente, não tínhamos nenhum significado atribuído a ele. Depois, na medida em que as músicas iam sendo compostas e as letras escritas, decidimos criar um conceito para o primeiro disco que girasse em torno de quebra de barreiras, e acabamos por tornar “Thyresis” uma abreviação de “thy resistance”, ou “tua resistência”.
Recife Metal Law – Eu vi a banda pela primeira (e, infelizmente única) no festival Aumenta Que É Rock, realizado em 2008, na cidade da banda, João Pessoa. Naquele ano a banda estava lançando à ótima Demo “Journey Beyond Infinity”. Fiquei impressionado com a qualidade da banda, mas como foi à receptividade inicial ao Thyresis?
Victor – No início fomos muito bem recebidos pelo público; os poucos shows que fizemos para divulgar a Demo sempre repercutiram bem e conseguimos chamar a atenção de muitos e tocar em festivais muito legais, como o citado Aumenta Que É Rock, e a décima edição do ForCaos. Já com o primeiro full length as coisas foram um pouco diferentes; estávamos todos muito ocupados com cursos, trabalho, e acabamos por não trabalhar muito na divulgação do disco.
Recife Metal Law – A banda se rotula como Melodic Death Metal, mas isso não seria limitar o que a banda traz em sua musicalidade, afinal – a meu ver – ter melodias apuradas em sua música não significa dizer que a banda é apenas mais uma no meio do Death Metal Melódico?
Victor – Nós utilizamos esse rótulo para facilitar a identificação de nosso estilo ao fã de Metal que ainda não nos conhece. Mas eu também acho que ele limite um pouco. Nós sempre tentamos transitar por estilos diferentes, desde o Power Metal até o Black Metal, pois ouvimos praticamente de tudo. Eu, pessoalmente, prefiro dizer que somos apenas Death Metal e o resto fica por conta do ouvinte.
Recife Metal Law – O primeiro álbum é homônimo, algo que soou estranho, já que a Demo veio com um título longo. Por que intitular o primeiro álbum apenas com o nome da banda?
Victor – Como falei antes, no início da entrevista, precisávamos atribuir um significado ao nome “Thyresis”, e optamos por fazer isso com um disco conceitual. Por esse motivo, nada pareceu tão certo quanto dar ao disco o nome da própria banda. Todos os demais nomes que sugeríamos e anotávamos pareciam um exagero ao que deveria ser extremamente lógico e sucinto. Acabou que ninguém da banda decidiu e o álbum ficou homônimo.
Recife Metal Law – Com relação à parte lírica, facilmente se nota que este álbum traz uma temática conceitual, inclusive com as músicas sendo divididas em “atos”. Acho que tal temática faz alusão a um introspectivo assassino em série, estou certo?
Victor – Não, o significado não é esse! (risos) Não fazemos nenhuma alusão a serial killers ou nada muito típico do Death Metal. A história gira mais em torno de superação, quebra de barreiras e aborda os pontos de vista pessoal, social e político de um indivíduo em um mundo caótico. No encarte, cada parte possui um texto introdutório explicando em noções subjetivas do que se trata aquela pequena coleção de músicas. As cinco partes seriam “I: Silence Feels No Hold”, “II: Once Silent Voices of Mine”, “III: Silence Feeds No Hope”, “IV: Thy Resistance” e “V: Silence Fills No Hole”, e cada uma possui seu próprio conteúdo referente às músicas nelas contidas. O único ‘porém’ à questão do assassino em série fica por conta da utilização de um discurso de Charles Manson em algumas músicas, mas isso foi apenas uma ironia e nada planejado; o que ele disse fez tanto sentido e pareceu tão lúcido, que chegava a ser engraçado vindo de um sujeito como ele, considerado louco. Muita gente considerada “de bem” ou até inteligente não consegue ser racional como ele foi nessas palavras, e usamos a ironia para complementar as partes sociais e políticas do conceito.
Recife Metal Law – A banda apresenta uma musicalidade carregada de muitas melodias e andamentos cheios de inspiração, com muitas músicas merecendo grande destaque. Eu, por exemplo, posso, facilmente, fazer uma imensa lista de minhas favoritas: “Journey”, “Voices of Me”, “A Dead Resource”... Como foi criar músicas que se destacassem da primeira a última faixa?
Victor – As composições surgiram de forma muito natural. Juntávamo-nos todos e cada um ia soltando um riff, uma sequência de acordes, uma melodia, e assim íamos montando as músicas. Alguns chegam a dizer que certas músicas são ‘fillers’, e não adicionam nada ao conteúdo, mas isso é de cada um. Na realidade, fico muito feliz em saber que você acha que todas são boas e se destacam do começo ao fim! (risos)
Recife Metal Law – Por falar em faixas, algumas são intermezzos, como, por exemplo, “Refugee” e “Broken Home”. Essas partes se encaixam justamente pelo álbum ser conceitual?
Victor – Sim! Elas serviram como o link perdido entre as letras e as partes que dividem o álbum, e ajudam um pouco na fluência da audição.
Recife Metal Law – Apesar de contar com dois guitarristas, em “Thyresis” Victor Hugo Targino, além de ser responsável pelos vocais e baixo, ainda tocou guitarras. Por qual razão?
Victor – Na realidade eu fiz todos os solos que hoje ficam a cargo de Eduardo (Borsero, guitarrista). Na época que estávamos gravando, estávamos sem um guitarrista, pois João Pachá (ex-Befamal, ex-Rest In Disgrace, ex-Madness Factory, ex-Dissidium) tinha saído e decidimos levar a produção adiante assim mesmo. Uma vez finalizadas as gravações, fomos atrás de alguém, mas não teria sido justo creditar as composições a alguém que não estava lá naquele momento. Por isso, meu nome aparece nas partes dos solos e nos créditos também fiquei como guitarrista.
Recife Metal Law – O álbum foi produzido no AVH Studio, de tua propriedade, e masterizado pelo experiente Jens Bogren, no Fascination Street Studios, na Suécia. Essa parte de masterização foi feita por Jens em razão da sonoridade praticada pelo Thyresis?
Victor – Escolhemos Jens por ele ser um profissional extremamente competente e por gostarmos muito dos trabalhos feitos por ele. Nós queríamos que nosso primeiro trabalho tivesse uma qualidade impecável, e ir atrás de alguém do nível dele foi nada menos que natural para nós. Jens é um sujeito muito simpático e prestativo, e foi extremamente competente masterizando nosso disco. Não poderíamos ter ficado mais satisfeitos!
Recife Metal Law – A banda lançou um excelente álbum de estreia, mas não se lê muito a respeito do Thyresis, tampouco a banda faz muitos shows. A que se deve isso?
Victor – Como falei antes, por volta da época estávamos todos muito focados em estudos e trabalho, e a banda acabou ficando um pouco de lado. Nosso último show, inclusive, foi em junho de 2012, o que nos dá dois anos sem fazer nada de novo. Eu fico triste quando paro para pensar no assunto, pois nos esforçamos muito para lançar algo de qualidade e as circunstâncias não nos foram favoráveis. No presente momento, estamos apenas reunindo novas composições, enquanto Demetrius (Pedrosa, baterista) está focado na divulgação do novo disco da Metacrose, e Eduardo (Borsero, guitarrista) no novo do Soturnus, bandas das quais eles também são integrantes. Eu, como produtor, também estou envolvido nas produções de todos esses trabalhos e alguns outros, como Dissidium, Sympherium, Warcursed, Gates of Holocaust, dentre outros. Então mesmo com o Thyresis um pouco quieto, nós estamos plenamente ativos dentro da cena.
Recife Metal Law – E por qual razão o site da banda não vem sendo atualizado desde 2012? Não seria uma boa para que os admiradores da música do Thyresis estivessem sempre atualizados com o que de novo acontece com a banda?
Victor – Pelo mesmo motivo citado acima, além do fato de que tivemos dificuldades técnicas com o designer com quem estávamos trabalhando. Deixamos o site no ar para mostrar que ainda nos importamos, mas ainda não tiramos um momento para discutir a respeito dele.
Recife Metal Law – O ‘debut’ foi lançado em 2011, então é de se imaginar que já existem novas músicas compostas. Essas seguem a mesma linha sonora a que a banda se propôs a fazer ou existe alguma mudança?
Victor – Sim, temos muito material acumulado ao longo dos anos, mas estamos certos de que muita coisa será descartada e que nosso segundo álbum não soará como o primeiro. Muito tempo se passou desde que fizemos essas músicas, e muito mudou em nós e entre nós; somos pessoas diferentes, mais experientes e com outra visão de como fazer música. Orgulhamo-nos muito do que já fizemos, mas depois de tanto tempo, sentimos a necessidade de explorar algo que ainda não fizemos. Mas sem muito alarde, ainda será o Thyresis, apenas refinado e mais maduro! Muitíssimo obrigado pela entrevista tão bem elaborada, e espero que nos vejamos por aí!
Site: www.thyresis.com
E-mail: [email protected]
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação