INSIDE HATRED
Surgida em 2004, a banda baiana de Death Metal Inside Hatred tem diversos materiais lançados em seu currículo, em sua maioria Demos e Splits. Seu único full lenght, “Salvation’s Failure”, foi lançado em 2012, pela Apostasis Records, e continua sendo divulgado. A banda, assim como sua temática propõe, não é de grandes alardes, preferindo ficar mais obscura e apenas chegar aos verdadeiros da arte negra. Mesmo sendo uma banda de Death Metal, o Inside Hatred aborda, em suas letras, temas relacionados ao anticristianismo, medo, além da morte. Atualmente a banda é formada por John Nogueira (baixo), Miquéias Almeida (guitarra) e Rafael Hatred (vocal/guitarra).
Recife Metal Law – Após diversas Demos lançadas no meio Underground, a forma de trabalhar e compor ficou mais fácil para o Inside Hatred?
Rafael Hatred – Primeiramente um grande e um fudido ‘hail’ a todos os verdadeiros MetalHeads que estão a ler esta entrevista! Bom, conforme o tempo vai passando, a gente vai pegando o ritmo e vamos passando a expor melhor as nossas características peculiares. Sendo assim, vamos nos sentindo mais a vontade na hora de compor e as coisas fluem bem melhores que outrora. Compor as faixas do nosso primeiro álbum não foi assim tão fácil. Levei um bom tempo fazendo as músicas, estudando-as, reformulando-as, adicionando novos e novos arranjos, até deixá-las com essa característica em que elas ficaram. Na verdade, eu tentei mesclar um pouco de cada coisa destes (quase, até àquele momento do lançamento do disco) 10 anos de banda. Antes, quem compunha praticamente tudo na banda era o nosso antigo guitarrista Kléber, mas, depois de sua saída, me coloquei a frente deste desafio e passei a ser o principal compositor da banda, então, acredito ter dado certo, pois, todas as pessoas que ouviram, gostaram bastante, assim como todos nós da banda também.
Recife Metal Law – A banda já está há dez anos na ativa, e sempre produziu muito, isso relacionado a materiais fonográficos. Mas com relação aos shows, já que a banda é do interior da Bahia, o Inside Hatred sempre encontra espaço para fazer apresentações?
Rafael – Eu até acho que lançamos poucos materiais. Se as condições em geral (grana, formação e tempo) conspirassem ao nosso favor, certamente haveríamos uma discografia maior. Shows... para mim isto é como uma faca de dois gumes. Às vezes até tem uma quantidade razoável de shows, mas falta estrutura, falta grana, e aí, algum lado acaba saindo perdendo: ou o da produção, ou o das bandas que vão tocar. Sendo assim, nós (até por uma escolha própria, mediante a tais situações) da Inside Hatred procuramos nos resguardar um pouco quanto a “aparições” nos palcos. Se formos chamados para tocar em um evento que nos dê uma condição legal para tocarmos, estaremos lá com certeza, mas, enquanto isso não acontece, continuamos ocultos. Ah... só pra esclarecer algo também: não é que estamos negando convites para shows, pois não estamos recebendo nenhum até o presente momento, mas é certo que damos crédito a algo que nos possibilite a uma boa apresentação.
Recife Metal Law – O primeiro álbum da banda surgiu em 2012, e recebe o título de “Salvation’s Failure”. Para este seis músicas foram compostas, e duas músicas advindas da Demo “The Degenerated World of the Holy Decadents (Illusory Dreamland)”, de 2007, como bônus. As músicas novas, tirando a primeira, “Torment of Fear”, são relativamente grandes. Já havia o pensamento de colocar duas músicas de alguma Demo da banda para complementar o ‘track list’, mesmo como bônus?
Rafael – Sim, sim! Desde quando pegamos firmes nas “decomposições” e na parte dos arranjos do “Salvation’s Failure” nós já havíamos colocado “Eternal Suffering” e “Eclipse of the Sacred Salvation” como parte do ‘track list’ do disco, pois elas são as que mais se aproximam da sonoridade da banda nos dias atuais, já que ambas possuem muitas variedades rítmicas em seus andamentos e mantém àquela áurea negra e obscura que é bastante peculiar em nossas músicas.
Recife Metal Law – O álbum mostra o que a banda sempre se propôs a fazer: Death Metal doentio, denso e malevolente, porém é notório que a banda evoluiu dentro de seu próprio estilo. Como foi o processo criativo das músicas inéditas para o ‘debut’?
Rafael – Como eu disse na primeira resposta: foi um bom tempo estudando todas as composições, reformulando-as, até que elas ganhassem uma “cara” realmente satisfatória para todos os membros da banda e, conforme o tempo vai passando, sua mente passa a funcionar melhor para compor, sendo assim, em alguns casos, em conjunto com tudo isso, vem a “maturidade”, mas confesso que dei uma ousada dentro do que sempre propomos a fazer, pois algumas novidades (para a banda) foram adicionadas. Mas em momento algum deixamos de ser o que sempre fomos, que é: Death Metal Obscuro, com certas influências do Doom e, é claro, do Black Sabbath!
Recife Metal Law – É perceptível, mesmo não soando como mera cópia, a forte influência do Incantation em andamentos mais compassados de músicas como “Black Shadows of Revelations” e “Death and Obscure Dominium”. Essa banda americana sempre servirá de forte influência para o Inside Hatred?
Rafael – Na verdade não só o Incantation é uma das maiores influências do Inside Hatred, bandas como Black Sabbath, Autopsy, Immolation, Morbid Angel, HeadHunter D.C., Embalmed Souls, Sanctifier e Death, sempre foram e sempre continuarão a serem fortes influências para todos nós da banda. Mas, é claro que (eu me rendo... risos) o Incatation é a maior influência para a banda. Porém deixo claro aqui: nunca quisemos ser cópia de banda alguma! É só ouvirem e vão saber do que estou afirmando!
Recife Metal Law – As letras contidas nesse primeiro álbum apresentam forte teor anticristão. Ter uma temática lírica que afronte as religiões e o cristianismo é o que deixa o som da banda ainda mais forte e amedrontador?
Rafael – Eu acho que essa temática é a que melhor nos cabe como pessoas e headbangers. Então, é totalmente normal e natural para nós nos expressarmos de forma mais veemente em nossas músicas. E é isso o que a musicalidade do Inside Hatred pede.
Recife Metal Law – A capa define bem o que encontraremos na parte lírica do ‘debut’ álbum. Ter uma capa que ilustrasse o conteúdo lírico era o que realmente vocês procuravam?
Rafael – Sim! Eu acho que pela primeira vez eu fiquei muitíssimo satisfeito com o resultado final de uma capa de um material nosso. Emerson (autor da capa do “Salvation’s Failure”) captou bem toda a ideia que eu passei para ele, e deu nesta infâmia em forma de arte que vocês puderam conferir.
Recife Metal Law – A banda, ao lado de Vinicius Necrófago, ficou a cargo da produção. Por que o Inside Hatred decidiu por trabalhar na produção do ‘debut’?
Rafael – Primeiramente por conta dos custos. E segundo, por conta do tempo que precisávamos naquele momento, que realmente não era nada pouco. Ir para um estúdio naquele momento não ia ser nada bom para nós e certamente não daria mesmo para chegarmos à conclusão do disco. Tivemos saída de membros em meio ao processo do início das gravações, entrada de novo membro e tudo isso implica em tempo para que todos possam se adaptar uns aos outros até que haja uma hegemonia mútua para que tudo flua natural e mais fácil.
Recife Metal Law – “Salvation’s Failure” foi lançado pelo novato selo Apostasis Records. Como surgiu a oportunidade de trabalhar com esse selo e como vem sendo o trabalho de divulgação?
Rafael – Quem nos indicou este selo foi o Daniel do Sodoma (hail Demônio!). Ele havia me falado sobre um selo novo que estava a surgir e o mesmo deu boas referências ao Pedro da Apostasis Records sobre a banda. Então, em um dia, o Pedro me ligou e me passou a proposta dele, e gostei bastante do que ele me propunha naquele momento. Ocorreu um pequeno atraso no lançamento, mas nada muito grandioso. Eu só achei a divulgação um pouco fraca. Pode ser que com o tempo aumente mais, mas até o momento é isso aí o que achamos.
Recife Metal Law – Vocês conseguiram contrato com algum selo de fora do Brasil para divulgação do álbum?
Rafael – Não, pois a Apostasis Records nos pediu total exclusividade!
Recife Metal Law –O primeiro álbum foi lançado em 2012, então como andam as composições do Inside Hatred? A banda já vem compondo algo novo?
Rafael – Já temos umas 12 músicas prontas, sendo que nove delas serão para o próximo disco. As outras serão para um possível (futuro) Split. O que eu posso adiantar mais sobre o novo disco é que, além de nove faixas, ele terá uma temática conceitual. No mais, fiquem atentos as novidades em torno do Inside Hatred, pois em breve estaremos com mais um novo assalto Death Metálico profano e obscuro. Chequem o nosso Blog, lá contém algumas informações da banda: insidehatred666.blogspot.com.br. Então, por hora é somente isso meus amigos. Dismembraços a todos! Até qualquer show por aí.
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação