DUNE HILL





A banda pernambucana de Hard Rock Dune Hill surgiu em 2009 e decidiu por trilhar um caminho que poucos têm a coragem de fazer, seja por receio ou mesmo por querer fazer algo mais brutal. A realidade é que a banda, mesmo sendo uma das poucas a fazer o estilo em seu Estado, se mostra bem profissional, fazendo músicas fortes, até mesmo com algo do Heavy Metal em algumas passagens. O primeiro trabalho da banda foi o EP “Big Bang Revolution” (2012), que abriu muitos espaços para a banda, inclusive para tocar ao lado de bandas como Dr. Sin, Enforcer, Cangaço e Terra Prima. A banda também tocou, em 2013, no Festival de Inverno de Garanhuns, e este ano no Abril Pro Rock. Atualmente a banda vem divulgando seu primeiro full lenght. “White Sand” foi lançado de forma independente, mas a banda vem travando contatos para que o mesmo seja lançado na Europa e no Japão. Dune Hill é Leonardo Trevas (vocal), André Pontes e Felipe Calado (guitarras), Pedro Maia (baixo) e Otto Notaro (bateria).

Recife Metal Law – A Dune Hill surgiu em 2009 e é uma das poucas bandas a fazer Hard Rock em Pernambuco. Como é trabalhar com uma banda desse estilo em nosso Estado?
Otto Notaro –
É tudo que a gente sempre quis! É uma coisa que deixa a gente muito satisfeito, apesar das dificuldades que encontramos. Todos na banda, apesar de curtir outros estilos, somos muito fãs de Hard Rock, alguns mais outros menos, mas é o que nos une. Fazer Hard Rock acabou se tornando natural, não foi exatamente combinado. Até agora vamos dando nossos pequenos passos e eu acho que a resposta do público pernambucano ao som da Dune Hill vem sendo bastante positiva.

Recife Metal Law – O que noto é que dificilmente existem festivais por aqui que mesclam os estilos. Ou seja, se existe um festival com alguma banda de Hard Rock ou Heavy Metal as outras bandas terão que ser quase que obrigatoriamente nesse estilo, o mesmo acontecendo com os estilos mais extremos. A que se deve isso?
Otto –
Creio que o público de Recife ainda é um pouco segregado. Quem gosta só de som mais pesado dificilmente se dispõe a escutar um som que está rotulado como Hard Rock. Às vezes a pessoa nem conhece a banda, mas já torce o nariz só por ser Hard Rock ou Metal Melódico, por exemplo. Isso desencoraja os produtores um pouco. Mesmo assim já fizemos um belo show no mesmo festival que o Cangaço, por exemplo. Já no interior do Estado, com as poucas participações que tivemos, o pessoal é mais receptivo a mistura de estilos.

Recife Metal Law – Em 2012 a banda lançou o EP “Big Bang Revolution”, sendo seu trabalho de estreia. Como vocês descrevem esse trabalho, tanto para a carreira da banda, assim como para o que a banda viria a compor em seguida?
Otto –
O “Big Bang Revolution” foi nosso primeiro registro e também foi nossa primeira experiência em estúdio. Algumas vezes, sem saber se estávamos fazendo do jeito certo, se ia ficar bom e tal. No fim serviu pra vermos onde acertamos e onde precisávamos melhorar para ter um melhor resultado no nosso ‘debut’. O “Big Bang Revolution” ajudou a nortear a produção do “White Sand”, pois já tínhamos mais ou menos ideia do que fazer daquele momento pra frente.

Recife Metal Law – O álbum “White Sand”, lançado recentemente, foi totalmente gravado em Pernambuco, tendo a frente Daniel Pinho (vocalista do Terra Prima), a própria banda na produção, e Leonardo Domingues na mixagem e masterização. Como foi trabalhar com esses profissionais? O trabalho que eles fizeram satisfez plenamente a banda?
Otto –
Daniel já é amigo da banda de longa data. Ele também coproduziu o “Big Bang Revolution”. Na época ele havia acabado voltar de uma temporada no Mr. Som Estúdio, em São Paulo. Quando pensamos em alguém para dar uma força na produção na parte das composições, lembramos logo dele e sabíamos que ele não ia nos decepcionar. Já o “Leo D”, como todos o chamam, foi sinceramente uma surpresa para todos. Conhecíamos o trabalho dele, alguns amigos já tinham dado algumas referências, mas só depois de trabalhar com ele pudemos ver o quanto realmente ele é um profissional incrível.

Recife Metal Law – Por falar em Daniel Pinho e Leonardo Domingues, eles fizeram participações em algumas músicas. Isso foi uma forma de juntar o útil ao agradável, tendo em vista que a banda já estava trabalhando com eles?
Otto –
Bem, quanto a Daniel não. Realmente queríamos que ele participasse desse álbum cantando alguma coisa, por sua qualidade vocal, então mesmo que ele não tivesse participado da produção ele apareceria cantando. Já “Leo D”, sim, terminou sendo um toque final que no início das gravações não estava nem programado.

Recife Metal Law – Outra participação no álbum foi a de Nando Gomes, responsável pelo assobio na parte final de “White Sand (Part II)”. Vocês não chegaram a pensar em dar um maior espaço ao músico, até mesmo tocando algum instrumento?
Otto –
Nesse caso não. Nando é um grande ‘brother’ da gente, que apenas quebrou um galho, dando aquela assobiada sinistra no final de “White Sand II”.

Recife Metal Law – “White Sand” é um álbum de Hard Rock, com as músicas seguindo essa linha. Mas vale salientar que a banda ainda enverada por outros estilos, principalmente nos riffs e solos de guitarras, por muitas vezes influenciados pelo Heavy Metal. Houve algum tipo de influência externa na hora de compor as músicas do disco de estreia?
Otto –
Sim, muitas! André e Felipe são muito fãs de Heavy Metal tradicional; Pedro gosta muito de Amon Amarth; eu curto muito coisas mais modernas, como Avenged Sevenfold; e Leo Trevas... Bem, eu não sei o que Leo Trevas não gosta. Ele já teve até banda de J-Rock e atualmente também tem uma banda de Blues. Então as influências dele são ilimitadas. Tudo que nós gostamos tentamos trazer para as nossas composições.

Recife Metal Law – Por falar em influência, notei que algumas músicas têm algo do Southern Rock. A meu ver não foi algo proposital, mas tal musicalidade é perceptível. A que se deve isso?
Otto –
O Blues é o pai de todo Rock N’Roll não acha? Temos nossa parte de Blues e por isso, às vezes, soamos meio Southern de uma forma natural.

Recife Metal Law – As músicas mostram boa alternância, dando uma passeada entre vários estilos, mas a temática lírica segue uma linha mais séria, por assim dizer, e isso não é algo típico em bandas de Hard Rock. Tendo em vista que todas as letras foram escritas pelo vocalista Leonardo Trevas, o que ele quis passar com as mesmas?
Otto –
O disco “White Sand” não tem uma temática apenas, mas várias. A faixa-título narra a história de um homem que, à procura de um escape da vida real, encontra a si mesmo (literalmente), e entra em conflito mortal com o seu duplo. É inspirada em um livro do escritor Albert Camus, “O Estrangeiro”, e também no mito do Doppelgänger (NDE.: segundo as lendas germânicas, de onde provém, é um monstro ou ser fantástico que tem o dom de representar uma cópia idêntica de uma pessoa que ele escolhe ou que passa a acompanhar). Em contrapartida, a faixa “Revolution 2” descreve, em três partes, uma criança que repete os abusos sofridos pela família, um mendigo à procura de abrigo e um ex-soldado que volta da guerra, mudado para pior. Há também “Miracles”, que tem uma ‘vibe’ mais metafísica, tratando das questões fundantes do ser humano: a vida, a morte, a religião. Da mesma maneira, há ‘love songs’ (“Seasons” e “Soul Love”, “Perfect Fire” também), e faixas que são verdadeiros odes às farras e à boemia, como “Big Bang” e “Seize the Day”.

Recife Metal Law – E como foi concebida a capa, que retrata bem o título do álbum? O objetivo da capa era de apenas retratar o título do disco de estreia?
Otto –
A capa de “White Sand” é uma síntese da música de mesmo nome. Ela foi feita pelo Rodrigo Bastos. Ele tem um feeling muito bom para nossas capas, porque também curte o nosso som e gosta de Rock N’Roll em geral. Para a concepção da capa apenas damos as ideias, damos elementos, e ele desenvolve toda a arte. Nós nunca levamos nenhum esboço para ele. É um cara que sabe o que a gente quer e sabe o que vai combinar com nosso som.

Recife Metal Law – A música que dá título ao CD contém duas partes e ambas tem uma melodia, digamos, mais melancólica, principalmente a primeira parte, no início. Por que dividir essa música em duas partes?
Otto –
Queríamos que o álbum fosse como um círculo, com começo e fim semelhantes. Passar a ideia que ele termina onde começa e vice-versa. O álbum começa de uma maneira mais calma, e vai crescendo, atinge seu ápice de caos e depois retorna a calmaria no final da melodia de “White Sand II”.

Recife Metal Law – A Dune Hill já tocou em palcos do Festival de Inverno de Garanhuns e no cobiçado Abril Pro Rock. O que falta para que a banda comece a tocar em grandes eventos Brasil a fora?
Otto –
Logo após o Abril Pro Rock tivemos que dar uma rápida parada, pois o Leo Trevas estava morando em São Paulo e ainda estava organizando sua mudança de volta para Recife. Já estamos planejando nossas próximas investidas. Em breve vamos está de volta aos palcos de Pernambuco e de outros Estados.

Recife Metal Law – “White Sand” foi lançado de forma independente. Sendo assim, como a banda vem trabalhando o lado de divulgação, tanto do álbum como do nome da banda?
Otto –
Hoje em dia é possível uma banda trabalhar sem uma gravadora. Como estamos começando ainda, estamos aprendendo. Mas estamos trabalhando para lançar “White Sand” na Europa e no Japão. Já temos alguns contatos para distribuição, mas ainda não possuímos nada concreto. Acredito que no primeiro semestre de 2015 já vai está disponível por lá, e com o álbum lançado lá fora é mais fácil articular uma turnê.

Contatos:
http://soundcloud.com/dunehill
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[email protected]


Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, Matheus Remigio, Gabriel Oliveira e Xando Lucena