HICSOS
A banda carioca Hicsos, mesmo com suas diversas formações ao decorrer dos anos, continua firme e forte e agora, em 2015, completa 25 anos de existência, sempre fazendo Thrash Metal de alta qualidade. Atualmente a banda divulgada seu terceiro trabalho de estúdio, “Circle of Violence”. O álbum teve alguns problemas de divulgação devido ao abandono da Laser Company, mais isso já foi devidamente contornado. Sobre esse detalhe, mudanças na formação, influências, entre outros tópicos, o baterista Marcelo Ledd nos conta na entrevista a seguir.
Recife Metal Law – Antes de começarmos a falar sobre o mais recente álbum de estúdio do Hicsos, vamos falar sobre “Technologic Pain”, lançado em 2007, via Dynamo Records. Foram seis anos divulgando esse trabalho. Quais foram os resultados obtidos com esse disco?
Marcelo Ledd – Nós conseguimos subir alguns degraus. A Dynamo fez um excelente trabalho; obtivemos resenhas e divulgamos bem esse trabalho por toda a América Latina; fomos votados entre as dez melhores bandas de 2007 na revista Roadie Crew; fizemos a tour europeia e lançamos um split com uma banda da Suíça (Mortal Factor) na Europa, que se esgotou em três meses. Sem falar na música “Pátria Amada”, que virou um hino.
Recife Metal Law – Com esse álbum lançado e depois um Split, a banda chegou a excursionar na Europa. Juntando-se tudo isso ao período de atividades da banda, que somam mais de duas décadas, houve algum tipo e influência para novas músicas?
Marcelo – Acho que as influências continuam as mesmas, porém agora que temos o Celso Rossatto na banda acho que poderemos explorar um campo diferente que nunca exploramos antes, que é o Metal Tradicional. Eu, particularmente, ouço muita coisa diferente e isso me traz influências que eu transporto para as músicas e acho que todo mundo é do mesmo jeito. Inclusive, estamos compondo duas novas músicas que vamos lançar em breve, exatamente para sentir essa química com o Rossatto. Com relação às letras, escrevemos o que nos cerca no dia a dia.
Recife Metal Law – O mais recente álbum da banda recebe o título de “Circle of Violence” e foi lançado de forma independente. Vocês estão contando com a ajuda de algum selo para a distribuição desse álbum, seja aqui no Brasil ou fora do país?
Marcelo – Na verdade o disco não é independente, foi lançado pela gravadora Laser Company, que foi também uma grande decepção para nós, porque esperávamos muito mais deles, porém não foi isso que aconteceu. A gravadora simplesmente não fez nada e fechou sem que nós soubéssemos do que estava para acontecer. Então, depois de conseguirmos resgatar os discos que ficaram esquecidos no depósito da Laser Company e passarmos a distribuição para a Voice Music, agora acredito que o “Circle of Violence” vai começar a chegar em nossos fãs. Em breve poderemos falar sobre lançamentos fora do país.
Recife Metal Law – Para quem já conhece o Hicsos, esse novo álbum manteve sua pegada característica: Thrash Metal forte, agressivo e com boa dose de melodia, com palhetadas certeiras e riffs poderosos, além de solos bem postados, ou seja, agradou em cheio os velhos fãs da banda. Mas a banda chegou a pensar em colocar influências diversas para buscar uma nova parcela de admiradores para a banda?
Marcelo – Primeiro, obrigado pelos elogios sobre nossas composições. Quando a gente compõe não pensamos em nada, apenas sai fazendo música, as que consideramos melhores a gente coloca nos discos. Claro que com mudanças na formação essas influências mudam; o antigo guitarrista tinha muita influência de Death Metal e acho que isso, de certa forma, ficou evidente em algumas músicas, mas, no geral, sempre temos aquela mistura de Thrash com Hardcore. Acredito que tenhamos mais detalhes nas músicas novas, que estão vindo por causa das influências do Rossatto (NDE.: Celso Rossato, guitarrista, na banda desde 2012). Mas acredito que nossa honestidade em fazer música nos dá certa cara e isso termina atraindo novos fãs de música pesada e violenta.
Recife Metal Law – O interessante é que mesmo fazendo um estilo que praticamente não aceita influências externas, pois corre o risco de macular o mesmo, a banda sabe dosar peso, velocidade e boas melodias no seu Thrash Metal. Não soa moderno, mas também não soa como uma banda tipicamente ‘old school’. Na verdade soa como Thrash Metal feito pelo Hicsos. Como foi pensada a parte de composição para esse novo álbum? Como é compor a música do Hicsos?
Marcelo – Dessa vez nós fizemos duas pré-produções para esse disco. Tínhamos muitas músicas e escolhemos as que ficaram melhores em nossa opinião. Nós não ficamos pensando em outras bandas ou algo assim, apenas o negócio vai fluindo e misturamos todas as ideias, de todos. As músicas sempre são feitas por toda a banda e acredito que é isso o que nos dá essa cara. Acho que a originalidade vem da mistura das influências dos quatro membros da banda, aliados ao vocal do Anvito (NDE.: Marco Anvito, também baixista) que considero único.
Recife Metal Law – Todo o álbum tem músicas fortes, ácidas, agressivas, como já mencionado, muitas delas com partes mais cadenciadas, convidando ao bagin’, como é o caso de “Now You’re Dead” e “Mirror Eyes”, apenas para citar duas. Quais músicas desse álbum vêm tendo mais respaldo junto ao público?
Marcelo – Nós temos tocado muitas músicas desse disco nos shows e a resposta tem sido muito positiva para canções como “Black Rain”, “You Can’t Hang Terror”, “Destruction”, “Money Becoming God”, entre outras. “Can’t Hang Terror” vai virar vídeo-cliep por causa dessa aceitação. Mas não temos do que reclamar! (risos)
Recife Metal Law – Uma das que mais me chamou à atenção foi a destruidora (desculpem-me pelo trocadilho infame) “Destruction”, com sua veia Hardcore e com seus menos de dois minutos de duração. Uma banda que pratica Thrash Metal tem que sempre mostrar seu lado mais Hardcore?
Marcelo – (Risos) Boa! Claro, a porradaria do Hardcore sempre estará em nossas músicas. Essa é uma das nossas misturas prediletas e “Destruction” sempre tem uma ótima resposta do público nos shows.
Recife Metal Law – As letras continuam bem críticas, tais como “Horrospital” e “Money Becomes God”. Tal temática lírica é comum em bandas do estilo do Hicsos, mas, nesse álbum, quais foram os principais temas que vocês procuraram abordar?
Marcelo – Isso sempre terá uma variedade de temas, porque cada um de nós escreve letras e, às vezes, falamos das mesmas coisas, mas com visões diferentes, então os temas ficam diversificados. Eu gosto de falar sobre as ruas e sobre política, o mesmo que o Saba (NDE.: Antonio Saba, guitarrista). Mas se você for ver nossas letras são completamente diferentes uma das outras.
Recife Metal Law – Houve uma mudança na banda, mais precisamente no posto de guitarrista. Devo dizer que Celso Rossatto mostrou um esplêndido trabalho ao lado do outro guitarrista, Antonio Saba. A dupla deu um show nos riffs, bases e solos, algo essencial para uma banda de Thrash Metal. Qual a análise que vocês fazem do trabalho dos guitarristas?
Marcelo – Isso é um detalhe que realmente atrapalhou um pouco nossa carreira durante esses anos. Mudar a formação nunca é bom no início, mesmo quando isso tem que acontecer, mas depois as coisas se acomodam e aí é que começa a fluir o novo trabalho e podemos dar continuidade a carreira. Todo o trabalho de guitarras foi feito ainda com o antigo guitarrista (Nilmon Filho) e o Rossatto deu conta do recado com total competência... E espere para ver o que vem por aí! (risos)
Recife Metal Law – Claro, não se pode fechar os olhos para a qualidade da ‘cozinha’ formada pelo baixista Marco Anvito (também vocal) e por você, Marcelo (bateria), que ficou bem perceptível em “Black Rain”, com boas variações e viradas na bateria e com um baixo estridente em seu decorrer. Os músicos mostraram total inspiração nesse novo trabalho...
Marcelo – Obrigado pelos elogios! Nós seguimos sempre a opinião de todos na banda, acho que isso ajuda a melhorar a qualidade do trabalho e quando estamos finalizando uma música, às vezes, o detalhe final para baixo e bateria vem de um dos guitarristas e vice-versa.
Recife Metal Law – Mas para que isso tudo ficasse perceptível, o CD contou com uma produção impecável. “Circle of Violence” foi gravado no próprio estúdio do Hicsos, o HCS Estúdio. Como foi o processo de produção do álbum?
Marcelo – Nós optamos em gravar no HCS Estúdio exatamente porque sabíamos da qualidade que conseguiríamos lá. Fizemos a mixagem e a masterização em São Paulo, com o Pompeu e o Heros (Korzus), mas o próximo trabalho deve ser todo feito no HCS, com a produção feita por mim e pelo Marco Anvito. Gravar em casa facilita as coisas porque não tem um relógio te dizendo que o tempo está acabando, e tempo é dinheiro em tudo na vida, inclusive em um estúdio de gravação. Foi a primeira vez que fizemos as coisas com muita calma e com todo cuidado, finalizando as músicas uma a uma, levando em consideração os mínimos detalhes, mas sempre queremos melhorar.
Recife Metal Law – A banda sempre faz muitos shows, porém todos em sua região. Com tantos anos de atividade, não é chegada a hora de uma turnê de maiores proporções no Brasil?
Marcelo – Estamos tentando isso faz tempo, mas como a maior parte da banda (eu, Anvito e Saba) é casada e tem filhos, além de termos trabalhos fora da banda, não podemos sair por aí por meses. Mas já tocamos em Fortaleza uma vez e estamos a caminho de fazer uma gig pelo norte/nordeste este ano, além de estarmos desbravando o sul também. O tamanho do Brasil às vezes atrapalha muito para viabilizar uma tour tão abrangente, mas vamos tentar fazer isso em pequenos pedaços. Obrigado por mais uma entrevista para o Recife Metal Law! Estaremos sempre à disposição de vocês e esperamos que em 2015 possamos levar nossa violência musical para sua região. Thrash Violence!
Site: www.hicsos.com.br
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação