CLENCHED FIST
“The Gift of Death”, o mais recente álbum da banda brasileira de Heavy Metal tradicional Clenched Fist, foi lançado em setembro de 2012, portanto há mais de dois anos, mas ainda continua a ser divulgada. Aproveitando que a banda continua a divulgar esse seu segundo álbum, aproveitei para ter uma conversa com o vocalista/fundador Vagner Fist, que na entrevista a seguir nos esclarece alguns fatos sobre esse mais recente álbum, além de mudanças da formação e planos para o futuro, incluindo os trabalhos de composição do novo álbum.
Recife Metal Law – Quais foram os principais frutos colhidos com o lançamento do ‘debut’ álbum “Tribute to the Braves Ones”?
Vagner Fist – No nosso ‘debut’ conseguimos alcançar alguns locais e pessoas que não se pode chegar apenas fazendo shows, pois, falando apenas de Brasil, ou seja, um território muito grande fica muito difícil percorrer todo essa área. Não que isso não esteja nos planos da banda. Obviamente está, mas muitos entraves existem no caminho, e com esse lançamento conseguimos quebrar esse paradigma e espalhar um pouco mais nossa música.
Recife Metal Law – Após o lançamento do primeiro álbum ocorreram algumas mudanças na formação, e com tais mudanças existe um período de adaptação. Então, como foi trabalhar a sonoridade da banda com novos músicos para que sua música não fosse alterada drasticamente?
Vagner – Primeiro tivemos que encontrar músicos com as características musicais semelhantes para a empreitada. Depois disso uma boa conversa para sabermos se esses músicos concordavam com as temáticas; depois dessa fase mais teórica, tivemos que entrar no estúdio e ralar muito para ver se tudo iria correr bem na prática. No nosso caso deu certo por algum tempo. Mais tarde ocorreram alguns problemas que ocasionaram novas mudanças.
Recife Metal Law – “The Gift of Death” é o segundo trabalho do Clenched Fist e foi lançado pelo selo francês Infernö Records. Por que a banda procurou um selo de fora do Brasil para lançar esse disco?
Vagner – Tentamos mandar a matriz para algumas gravadoras nacionais, mas não rolou nenhuma proposta realmente interessante. Ainda temos um preconceito por parte de algumas pessoas com bandas de Heavy Metal tradicional no Brasil, mas vou me abster desse fato por agora. Voltando a Infernö, ela foi quem nos deu respaldo, por isso assinamos com uma gravadora de fora. Além disso, o dono é um cara apaixonado pelo Metal, e já conhecia a banda e apreciava nosso trabalho.
Recife Metal Law – Tendo em vista que o segundo álbum foi lançado por um selo europeu, como vem sendo o trabalho de divulgação do nome da banda naquele continente?
Vagner – Está sendo positiva. Estamos satisfeitos com as críticas e, claro, que não se pode agradar a todos, pois fazemos música porque acreditamos na sua essência. Queremos agradar nossos ouvidos e corações primeiramente, se conseguirmos agradar a outras pessoas, isso se torna fantástico! Mostra-nos que estamos no caminho certo.
Recife Metal Law – O mais recente álbum manteve as características primordiais da sonoridade do Clenched Fist, com instrumental e vocais grandiosos e épicos. Esse tipo de sonoridade deixa a música de vocês bem característica, própria. Ao compor esse disco, vocês pensaram nisso, que assim deveria soar?
Vagner – Na verdade não. Isso já é natural para nós; já tenho tudo em mente, e quando entramos no estúdio para compor já sei o que é Clenched Fist e o que não é. Dessa forma as coisas se tornam um pouco mais fáceis nessa fase de composição, no caso, na época da composição do último álbum.
Recife Metal Law – No ‘debut’ vocês colocaram algumas músicas em português. Por qual razão vocês não fizeram o mesmo em “The Gift of Death”?
Vagner – É muito difícil compor em português. Para uma música ser gravada na nossa língua ela tem que soar realmente fantástica aos nossos ouvidos. Não foi o caso nesse álbum. Até tínhamos algumas coisas em português, mas não seria algo marcante, por isso ficaram de fora. Talvez no próximo nos venha alguma ideia que realmente seja diferenciada, aí sim gravaremos uma música na nossa língua novamente.
Recife Metal Law – A temática lírica continua a tratar de temas medievais, históricos e Heavy Metal. Todas as letras foram criadas por Chÿrs Clenched e Vagner Fist, mas houve interferência, na parte lírica, dos demais integrantes da banda? Alguém chegou a propor outra temática a seguir?
Vagner – O Clenched Fist nasceu assim, com esses temas e com esse tipo de som. Mudar isso seria trair a nós, primeiramente. Mas se algum integrante vier com alguma ideia que se encaixe dentro desses aspectos, aceitamos sem problemas, e foi o caso em alguns acertos na parte final do álbum.
Recife Metal Law – Falando em Chÿrs Clenched, no mais recente álbum ela participou apenas como letrista e fez os vocais de apoio, deixando o baixo para Sadistic Noise. Tempos depois ela deixou a banda. O que de fato ocorreu para que a Chÿrs, uma das fundadoras da banda, mudasse suas funções e depois deixasse o Clenched Fist?
Vagner – Isso ocorreu por conta de um problema de saúde que ela teve um tempo atrás, uma tendinite que a impossibilitou de tocar. Mas, na verdade, ela nunca saiu da banda, continua ativa, me ajudando nas composições, na divulgação, parte gráfica e, como você mesmo disse, nos vocais. Ela sempre esteve atuante.
Recife Metal Law – “The Gift of Death” foi gravado e produzido no próprio estúdio da banda, tendo à frente Vagner Fist na produção. Além de baratear os custos finais da produção, quais outras vantagens à banda conseguiu com isso?
Vagner – Na verdade gravamos em um estúdio comercial, mas com os nossos equipamentos. Alugamos amplificadores da década de 70 para tudo soar como realmente queríamos; mesa de som analógica, ou seja, como se fazia na época gloriosa, sonoridade e tudo em uma banda com os nossos pensamentos de resgates. Sobre os custos, isso acabou diminuindo um pouco os gastos sim.
Recife Metal Law – Nas músicas “Spirit of the Death” e “Asgard” existe a informação, no encarte, de que Jones Bittencourt gravou as guitarras. Há, ainda, o informe de que esse músico é um membro fundador da banda. Mas em qual fase ele participou do Clenched Fist?
Vagner – Não, Jones Bittencourt esteve na banda apenas da época do “The Gift of Death” e ajudou a compor essas músicas que você mencionou. Aliás, ajudou bastante. Logo após as gravações ele saiu do Clenched Fist. Mas, esclarecendo, ele nunca foi um membro fundador.
Recife Metal Law – Em “Old School Avenger” a banda colocou na letra nomes de álbuns clássicos, de bandas clássicas. Isso é algo que já fora feito por outras bandas, então por que vocês decidiram fazer uma letra nesses moldes?
Vagner – Sabíamos que isso na verdade já foi usado, mas a ideia aqui é poder citar algumas de nossas influências. Também quisemos fazer uma música em homenagem a todos que, de alguma forma, resgatam o Metal oitentista. Todos esses são, na verdade, “vingadores da velha escola”.
Recife Metal Law – A banda já vem trabalhando em novas músicas, para um vindouro álbum. O que podemos esperar desses novos sons?
Vagner – Primeiramente, muito obrigado pelo espaço que o Recife Metal Law está dando para o Clenched Fist e que também oferece a todas as bandas de Metal. Sim, já estamos trabalhando pesado nas composições. Aproveitamos que o nosso batera teve que viajar a Espanha para trabalho, onde ficou por quatro meses. Sendo assim, não pudemos tocar nesse período. Foi a pausa que precisávamos para debruçarmos nas novas composições. No novo álbum todos podem esperar o Clenched Fist de sempre, porém estamos mais experientes no fato de compor. Estou muito empolgado com os resultados até agora, tudo está soando 100% Heavy Metal!
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Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação