WARCURSED





Warcursed é uma banda que podemos chamar de prolífica. Com este nome (a banda surgiu com o nome de Post Mortem, em 2004), lançou dois álbuns, sendo que o primeiro, “Escape From Nightmare” (2012), lançado de forma independente, recebeu ótimas críticas, além de proporcionar à banda diversos shows na sua região de origem. O mais recente recebe o título de “The Last March”, lançado em 2014, via Eternal Hatred Records, mostrou uma evolução natural do Warcursed, e as críticas, assim como ocorreu no lançamento de estreia, são efusivas. Após o lançamento do segundo álbum, diversos shows, inclusive alguns na Europa, o vocalista/baixista Jean Sauvé precisou deixar o seu posto, que foi preenchido por Luciano Miranda. Complementada por Marsell Senko (bateria), Richard Senko e Eduardo Victor (guitarras), o Warcursed continua sua jornada e mostra que está pronto para marchar e conquistar ainda mais vitórias no árduo caminho do Underground.

Recife Metal Law – “Escape From Nightmare”, lançado de forma independente, em 2012, teve um bom respaldo perante a mídia especializada, e também parece que convenceu o público do poderio do Warcursed, já que a banda fez diversos shows pelo Nordeste. A banda alcançou o objetivo traçado para o ‘debut’?
Marsell Senko –
Certamente! Podemos afirmar que ultrapassou nossa expectativa, pois não imaginávamos que “Escape From Nightmare” obtivesse tanta repercussão. Aliás, não possuímos mais cópias desse disco, mas pretendemos ainda fazer um relançamento desse álbum.

Recife Metal Law – Como dito, a banda fez diversos shows na sua própria região, mas isso é algo que muitas bandas, de qualquer parte do país, não conseguem. Por que o Warcursed consegue fazer tantos shows?
Marsell –
Os shows surgem de acordo com as oportunidades. Além do mais, existem muitas cidades no interior em que o público é mais forte do que na capital, e sempre é garantia de casa cheia. Acreditamos que nossa força de vontade conta bastante, pois além de termos o espírito de estar na estrada, sempre buscamos novos contatos de produtores e bandas interessados em divulgar nosso trabalho pelo mundo afora.

Recife Metal Law – Jean Sauvé foi o vocalista/baixista que gravou o mais recente álbum da banda, “The Last March”, fez alguns shows de divulgação do disco, mas teve que sair da banda, por ter que sair do Brasil. Tendo em vista o carisma de Jean e seu estilo único como ‘frontman’, como a banda absorveu essa saída?
Marsell –
A saída de Jean Sauvé foi completamente planejada e nós já contávamos com esse afastamento. Sua saída foi tranquila e acredito que isso se deu pelo fato da banda está em um nível mais maduro em relação ao meio musical. Jean, sem dúvida, teve um papel importante dentro do Warcursed, e somos gratos por tudo o que conseguimos construir juntos! Nossa amizade permanece e conversamos vez ou outra. Ele sempre acompanha e pergunta sobre as novidades da banda.

Recife Metal Law – E como foi a procura para um substituto? Havia a preocupação de achar um ‘frontman’ com as mesmas características de Jean?
Marsell –
Todo ‘frontman’ possui sua característica única, assim, nossa tarefa de encontrar um substituto não foi nada fácil! Fizemos testes com alguns músicos e tivemos a felicidade de encontrar Luciano Miranda, que já conhecia o trabalho do Warcursed e demonstrou versatilidade quanto ao seu trabalho. Qualidade essa que poderemos utilizar em futuros trabalhos, sem falar que foi uma pessoa que se integrou com facilidade, pois o que ele não tem de altura e cabelo, tem de humildade e carisma sendo, assim, um cara fácil de conviver e lidar quando estamos na estrada.

Recife Metal Law – “The Last March”, diferentemente do álbum anterior, foi lançado por um selo, Eternal Hatred. A boa receptividade do álbum anterior foi fator crucial para essa parceria? E como vem sendo o trabalho do selo? Vem agradando a banda?
Marsell –
Sim, foi um fator importante, pois eles confiaram em nosso trabalho e investiram em nossa proposta. O trabalho realizado é importante para nós, pois estamos nos envolvendo mais com as questões burocráticas da música, atitude esta que até então não estávamos dando a devida atenção. Sobre nossa satisfação, só teremos certeza disso com as próximas atividades. Resta-nos esperar para ver como essa parceria se firmará.

Recife Metal Law – A banda sempre praticou um Death Metal com influências do Thrash, mas o novo álbum traz uma carga maior de melodias em seu Death Metal, porém sem descaracterizar a sua sonoridade. Houve um planejamento para que o álbum viesse com mais melodias?
Marsell –
Houve planejamento na pré-produção do álbum. Pouco em relação às melodias, pois tivemos um cuidado maior com cada uma das músicas e em cada parte desta, em razão de não ter sido algo que fizemos em nosso ‘debut’, devido a nossa inexperiência na época. Todo esse desfecho foi resultado da nossa dedicação e estudo, além do nosso tempo de experiência como músicos.

Recife Metal Law – As músicas não carregam, entre si, grande disparidade de sonoridade. Não estou dizendo que soam iguais, mas, sim, trazem grande coesão, deixando claro o que a banda quis fazer em termos musicais. Se acham que Death Metal não tem técnica, “The Last March” está aí para desmentir isso, com sua musicalidade forte e técnica, porém carregada de ‘feeling’.
Marsell –
Quando estamos produzindo uma música nova sempre pensamos em juntar um pouco de técnica e ‘feeling’ ao Death Metal. Apesar de não sermos bandas como o Necrophagist, Death ou Atheist, continuamos a gostar do resultado.

Recife Metal Law – Outro ponto a se salientar é a parte lírica. A banda escreve muito bem, mas o que quiseram passar, na verdade, com a temática contida nesse novo disco?
Marsell –
O tema que gostamos de abordar, principalmente no “The Last March”, é a manipulação, controle e conquista das pessoas e territórios, algo comum atualmente. Fazemos alusão sobre esses três pontos de diversas formas, e seu objetivo é demonstrar como é bastante fácil corromper a população utilizando uma ideia estúpida.

Recife Metal Law – Sobre letras, “Deathmachine” é uma música que faz uma homenagem ao Underground paraibano… Além da letra, que ficou muito boa, apesar de não ser uma grande novidade, a parte sonora é destruidora, trazendo peso e um grande trabalho de guitarras de Richard Senko e Eduardo Victor. Como foi o trabalho para a construção musical dessa faixa e a criação da letra?
Marsell –
A letra de “Deathmachine” foi um trabalho inspirado na música “Victory”, do Megadeth, onde o objetivo inicial foi realizar uma homenagem ao Underground, inserindo bandas da Paraíba e do Nordeste. Inicialmente a proposta foi desafiadora, pois não queríamos apenas colocar os nomes das bandas, mas, sim, mesclá-los com a ideia da letra da música. O resultado para nós foi verdadeiramente satisfatório, e por mais que não tenhamos conseguido incluir todas as bandas que estávamos planejando, ter incluído 17 bandas foi incrível! Esperamos que as bandas tenham gostado da homenagem.

Recife Metal Law – “Renegades From Hell” foi a música que aguçou a curiosidade dos bangers com relação ao mais recente álbum, já que foi lançada em forma de clipe antes do lançamento do álbum. Por que a banda decidiu lançar esse clipe antes do lançamento do disco?
Marsell –
A decisão veio justamente com o intuito de divulgar o novo álbum, uma vez que queríamos mostrar que viríamos com tudo no lançamento do segundo CD, com a mesma qualidade do “Escape From Nightmare”, porém mais agressivo e maduro musicalmente. Portanto, a escolha dessa música se deu ao fato de que seria um bom prelúdio para o lançamento do álbum.

Recife Metal Law – A capa de “The Last March” traz duas crianças usando máscara de gás, uma fazendo o símbolo do “Bode de Mendes” e a outra com um crânio na mão, como uma espécie de bola de futebol. A tonalidade usada foi o verde. Quem criou o conceito da capa e por que ela trouxe tantos detalhes?
Marsell –
O responsável pela capa foi Emídio Medeiros, o mesmo artista do “Escape From Nightmare”. Ele quem criou toda a ambientação, e como nós achamos incrível a utilização de símbolos e de mensagens subliminares, ficou bem fácil a construção dessa capa. A ideia surgiu dele, pois devido às guerras biológicas, o resultado final seria a destruição total, assim remanesceriam somente as crianças. Com isso trabalhamos em cima dessa ideia, mostrando que elas estariam na última marcha encarando terror e inocência.

Recife Metal Law – Em suporte ao novo álbum a banda fez uma turnê na Europa. Muitas bandas falam maravilhas sobre tocar fora do país, outras relatam que não é nada fácil, como muitos pensam. E como foi, para o Warcursed, essa experiência de tocar na Europa? Quais foram os pontos positivos e quais foram os negativos?
Marsell –
A turnê na Europa foi algo sublime, pois além da experiência em ótimos shows e alguns que foram complicados, percorremos durante 20 dias mais de 15.000 quilômetros e passamos por sete países diferentes, ou seja, uma experiência que bandas profissionais vivem ao longo dos anos de carreira. O ponto positivo foi a experiência de tocar em outro continente para um público totalmente diferente, onde éramos desconhecido. Depois do show sempre fomos super bem recebidos pelos europeus, onde recebíamos todo apoio e críticas positivas do nosso trabalho e, claro, tomando muita cerveja. Tivemos grandes momentos com as bandas que dividiram o palco conosco: Nervochaos e Centurian, sem falar das bandas que encontramos durante a Eurotour. Para as bandas que falam que é complicado uma turnê europeia, realmente é, mas aqui no Brasil não é diferente, os mesmos problemas e dificuldades que enfrentamos por lá, já passamos por aqui.

Recife Metal Law – O Warcursed estará em São Paulo agora em outubro. Farão uma apresentação no Estúdio Showlivre e alguns shows. Não é nada fácil para bandas do Underground tocar em São Paulo, uma cidade que sempre tem muitos shows de bandas de fora do país. Quais são as expectativas da banda para esses shows?
Marsell –
A expectativa é a mesma para todo show ou apresentação, contudo, é claro que temos uma ansiedade maior pelo fato de estar em uma cidade da qual nunca tivemos apresentações, por mais que alguns fãs já tenha nos cobrado por shows em São Paulo. Esperamos que seja uma ótima divulgação e que tenhamos um bom trabalho, que possamos dar o máximo de nós nessas apresentações, pois sem dúvida vamos aproveitar e nos dedicar ao máximo para abrir novas portas e oportunidades para a banda. Vamos estar junto ao Cangaço e ao Necromesis, as quais já tem certa estrada. O objetivo é divulgar o máximo possível a turnê Clava Forte Brasil, a qual pensamos em expandir para o restante do país. Agradecemos a todos os fãs que sempre acompanham nosso trabalho e ao Valterlir Mendes por todo apoio e pelo convite da entrevista.

Site: www.warcursed.com

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Ricardo Silva