Formada em 2004 em Garibaldi/RS, o Anestesya se formou das cinzas de bandas de seus integrantes e tem esse nome em homenagem ao falecido baixista Cliff Burton do Metallica, por causa da música “Anesthesia”, contida no álbum “Kill’em All”. A banda faz um som sem rótulos, porém com muita criatividade e técnica, como podemos conferir em seu álbum de estréia, “Cruel Fear”. O álbum foi lançado totalmente independente e certamente colocou o nome do Anestesya de vez na cena nacional. Aqui Bruno Entropic (guitarra, vocal e violino) nos fala da trajetória da banda e dos planos para o futuro do Anestesya, que tem muita ‘lenha para queimar’. Confira isso e muito mais nessa entrevista exclusiva concedida ao Recife Metal Law.
Recife Metal Law – Formada em 2004, quatro anos depois é lançado o ‘debut’ álbum “Cruel Fear”, que certamente firma o nome do Anestesya dentro da cena Heavy Metal nacional. Faça um breve histórico da banda, do seu início aos dias de hoje.
Bruno Entropic – Bom, o Anestesya surgiu em 2004 com a proposta de fazer som próprio, de forma original e sem rótulo. Não criamos uma banda de Heavy ou Thrash, nós apenas nos reunimos e tentamos tirar algo de nós mesmos. O nome veio de “Anesthesia” (música instrumental do “Kill’em All”), já que o baixista, na época, tocava essa música nos ensaios. Modificamos para Anestesya, tendo um nome único, que não significa nada, além da nossa banda. Tivemos algumas mudanças de formação até então estabilizar. O álbum “Cruel Fear” foi gravado no período de 2005 a 2007. Na verdade iríamos fazer duas Demos, mas decidimos ‘guardar’ o material para o ‘debut’, sendo esta a causa da demora, além de problemas no atraso da prensagem, arte gráfica e gravações. Mas, finalmente, saiu do buraco! E agora estamos melhores do que nunca, como músicos e como pessoas.
Recife Metal Law – A banda faz um som sem rótulos ou influências diretas ao seu som. Mas e possível perceber a veia Thrash Metal ‘old school’ nas composições. Quais as principais influências da banda e como você define o som do Anestesya?
Bruno – Pois é. Como falei anteriormente, tocamos Metal. E não nos limitamos apenas nisso, pois existem dois tipos de música (boa ou ruim) apenas. Não temos estilo definido, pode nos chamar como quiser. Mas a principal influência da banda é o bom e velho Thrash ’80, com uma pitada de música progressiva e erudita. Talvez por isso recebemos algumas críticas com Thrash/Heavy Progressivo.
Recife Metal Law – Em 2008 foi lançado o álbum “Cruel Fear”. Qual a temática das letras desse álbum? Comente sobre a concepção desse disco.
Bruno – Ótima pergunta! Muitas pessoas não comentam isso, mas eu acho a principal parte da banda. Aquilo que querem passar ao público. A nossa idéia principal é fazer as pessoas pensarem sobre as coisas que nos cercam e sobre as perguntas mais antigas da nossa 3existência. Morte, medos, filosofia, guerras, religiões... De onde viemos? Como estamos aqui? Como devemos ser? A música “Cruel Fear” (traduzida: “Medo Cruel”) fala da fraqueza humana; o homem desiste de seus sonhos e concepções por medo do desconhecido (“Assassinos nunca morrem, pois o medo é ilusão”). Mas sempre falamos de forma filosófica e às vezes de difícil compreensão, justamente para fazer as pessoas pensarem.
Recife Metal Law – Mesmo sendo um álbum independente a produção é de primeiríssima linha, desde a gravação, encarte, até a arte da capa, que tem tudo a ver com o título. Deixe seu parecer sobre esse assunto.
Bruno – Foi muito sofrido para a banda chegar até aqui. Foi tudo de forma independente: gravação, mixagem, masterização, arte gráfica, fotos, prensagem, custos, divulgação... O material não saiu 100% da forma que esperávamos, até pela nossa inexperiência, mas gostamos e apostamos nele. Gostamos da arte, que foi desenvolvida por Iginnis Infernis, um amigo próximo da banda. Trabalhamos bastante em cima do material gráfico para que enquadrasse bem com a idéia das músicas. Conta com várias fotos, letras, agradecimentos, etc. E o CD foi prensado em SP.
Recife Metal Law – O álbum e super interessante, mas uma faixa que me chamou a atenção foi “Concerto In F# Minor Op.1”. Foi muito interessante a junção do violino ao instrumental pesado criado pela banda. Conte-nos sobre essa faixa. De quem foi essa idéia?
Bruno – Foi uma idéia bem inovadora. Eu sempre gostei muito de música clássica e erudita, então comprei um violino ‘fulero’ e comecei a brincar. Até que surgiu a idéia de fazer um concerto Thrash. Gostamos muito do resultado, apesar de que foi complicado acertar timbres no estúdio. Mas ainda tenho muito que aprender nesse instrumento, que exige muita técnica.
Recife Metal Law – Vocês tocam essa faixa ao vivo? Como e a receptividade por parte do público?
Bruno – Sim! Executamos algumas vezes ao vivo, mas nem sempre dá tempo, pois a música é extensa, como a maioria de nossas músicas. Mas é engraçado, o pessoal sempre fica curioso pra ver o que vai sair. Alguns acham estranho, outros adoram.
Recife Metal Law – Existe alguma faixa do álbum que merece destaque?
Bruno – O pessoal curte muito “Resist, Insist”. Ela passa uma energia muito boa para bater cabeça.
Recife Metal Law – Quantas cópias do CD já saíram? Como esta sendo a aceitação por parte de público e crítica?
Bruno – Não contabilizamos, ainda, pois tem bastante material fora, para venda e consignação. Mas acredito que em torno de 400 cópias neste lançamento. Até agora tivemos apenas críticas acima da média. Mas soa ‘estranho’ para alguns, talvez por se tratar de um estilo diferente.
Recife Metal Law – E sobre shows, como anda a agenda?
Bruno – Estamos tocando em diversas cidades no interior do Rio Grande do Sul. Esperamos, em breve, um convite para fora do estado. Houve um convite para abrirmos o show de Phil Anselmo, no seu projeto solo, que ocorreria em fevereiro de 2009, em Porto Alegre/RS, mas a turnê brasileira acabou sendo cancelada. Agora estamos esperando por oportunidades novas e sempre quebrando tudo em cima do palco!
Recife Metal Law – Indique cinco álbuns de bandas nacionais e cinco de bandas internacionais que você considera como referencia para o Anestesya.
Bruno – Nacionais: Sarcófago – “The Laws Of Scourge”; Violator – “Violent Mosh”; Sepultura – “Arise”; Predator – “Homos Infimus”; e Korzus – “Ties of Blood”. Internacionais: Metallica – “Kill’em All”; Slayer – “Show no Mercy”; Death – “The Sound of Perseverance”; Kreator – “Endless Pain”; e Destruction – “Mad Butcher”.
Recife Metal Law – Quais os projetos futuros do Anestesya?
Bruno – Já estamos com duas músicas prontas para o novo material. E, em nossa opinião, está muito superior ao “Cruel Fear”. Então quem gostou do álbum de estréia, vai pirar com o nosso novo material, que provavelmente se chamará “Universal Lie”. Aguardem!
Recife Metal Law – Considerações finais...
Bruno – Primeiramente gostaria de agradecer ao Leonardo pela oportunidade, e pela sua força ao Underground. Agradeço a todos que nos ajudaram nessa difícil estrada do Metal: amigos, bandas, parentes, revistas, distros, webzines... E queremos tocar por este Brasil afora que, apesar da corrupção, tem muita coisa boa e pessoas maravilhosas, além de ótimas bandas. Podemos não ser na economia, mas o Metal aqui é de primeiro mundo! Convido a todos entrarem em contato conosco através do e-mail ([email protected]), visitar nossa página (www.anestesya.com) e curtir nossos sons no Myspace (www.myspace.com/anestesya). Muito agradecido!
Entrevista por Leonardo Cunha
Fotos: Divulgação