NEOGENESE





O Neogenese surgiu em 2005, no interior do Paraná: São José dos Pinhais. Mesmo com mais de uma década de formação, a banda não tem seu nome muito divulgado no meio Heavy Metal, algo que o grupo vem trabalhando incansavelmente para mudar. Em sua discografia consta o primeiro full lenght, homônimo, o qual continua a ser divulgado. O trabalho foi lançado de forma independente, com bastante sacrifício, obstáculos, mesmo assim o Neogenese conseguiu o seu intuito principal, que era ter um full lenght lançado. A seguir um dos fundadores, Benito Cordeiro (guitarra e atualmente vocal), fala sobre o ‘debut’, um pouco da história da banda, percalços superados, entre outros tópicos...


Recife Metal Law – A palavra “neogênese”, com o acento circunflexo, significa regeneração de tecidos. Mas por qual razão vocês nomearam a banda com a palavra sem o acento?
Benito Cordeiro –
Realmente tem esse significado, mas etimologicamente significa “novo começo”. Usamos sem o acento para ficar algo mais internacional. (risos)

Recife Metal Law – A banda teve início em 2005, com você no baixo e Maicon Menta na bateria. Quando finalmente o Neogenese teve uma formação completa?
Benito –
Em 2005 mesmo tínhamos uma formação completa, mas preferimos resumir toda a história, pois a rotatividade de integrantes era muito grande, e tivemos vários hiatos por falta de integrantes. Eu mesmo fui tocar guitarra e, inclusive, cantei um tempo, porque não tinha guitarrista e vocalista. Recentemente tivemos mais uma mudança de formação: nosso baixista passou para a segunda guitarra, e recrutamos outro baixista.

Recife Metal Law – Qual o nome do novo baixista?
Benito –
Nosso novo baixista é o Jesse Pereira

Recife Metal Law – E como foram criadas as primeiras composições? Nota-se que o som da banda é bastante influenciado pelos grandes nomes do Heavy Metal tradicional.
Benito –
Surgiu na brincadeira. Nos tempos vagos (que na época eram muitos) eu e o Maicon nos juntávamos e ficávamos brincando com alguns riffs, e quando vimos já tinha duas músicas praticamente prontas. Então as músicas vieram antes da banda, pois éramos apenas nós dois. Tanto eu quanto o Maicon crescemos ouvindo muito Heavy Metal por causa dos irmãos mais velhos, e os demais integrantes atuais também tem uma boa escola no Metal. Mesmo que haja gostos um pouco diferentes, no Heavy tradicional todos nós entendemos.

Recife Metal Law – No release da banda existe a informação de que vocês procuram mesclar influências do Heavy Metal dos anos 80 e 90 à sonoridade do Neogenese? Quais são os estilos musicais e bandas que mais exercem influência a sonoridade de vocês?
Benito –
Todos nós ouvimos muita coisa e tudo influencia direta ou indiretamente. Nas nossas músicas tem desde uma balada Metal até pegadas Thrash, passando pelo Heavy tradicional. Uma banda que faz isso, de tocar simplesmente Metal, é o Iced Earth, e suas influências são muito variadas, assim como as nossas.

Recife Metal Law – O nome da banda, apesar de ter uma década de formação, ter participado de coletâneas e lançado um EP, não é tão divulgado no meio Heavy Metal nacional. A que se deve isso?
Benito –
Principalmente falta de integrantes, o que fez a gente parar várias vezes. Era difícil divulgar uma banda que ficava mais parada do que ativa, acabava desanimando. Eu cheguei a ficar sozinho na banda, e essa foi a melhor parte, porque depois de um tempo sem contato encontrei o Maicon e o irmão dele, Diego, que era o baixista, e convenci os dois a tocar novamente. Aí voltamos com tudo, decididos a elevar o nome Neogenese.

Recife Metal Law – Ano passado a banda lançou o seu primeiro álbum, homônimo. A meu ver, pelo tamanho do disco e número de músicas, esse trabalho poderia ter saído no formato EP. Por que lançar um full lenght com tão pouco tempo de duração e com tão poucas músicas?
Benito –
Não é só isso, ele poderia ter saído com mais qualidade. A ideia era ter oito músicas. Saiu assim porque queríamos lançar logo um material, e tivemos vários atrasos nas gravações. A gente tinha acabado de juntar a banda de novo e estávamos animados, inclusive surgiram duas novas músicas e fizemos duas apresentações aqui na nossa cidade. A formação era eu na guitarra e vocal, Maicon Menta na bateria, e Diego Menta no baixo. A bateria, o baixo e a guitarra base de quatro músicas estavam gravadas e eu comecei a gravar o vocal de duas delas. Como não ficou bom, recrutamos o Tiago para cantar, e isso atrasou um pouco as gravações, pois ele tinha que pegar as músicas. Em seguida chamamos o Marlon Cerqueira para a guitarra solo, e isso atrasou mais um pouco. Por fim, só tínhamos quatro músicas e queríamos lançar logo, então eu usei duas músicas já gravadas anteriormente e não lançadas para finalizar o disco, ambas com o meu vocal. Então, resumindo: lançamos assim porque ficamos afobados para lançar algo logo, e não chamamos de EP, porque já estava tudo certo para ser um full lenght.

Recife Metal Law – A parte instrumental do álbum é bem coesa, com músicos construindo bem as músicas, mas os vocais de Tiago Souza não mostraram a força que as músicas têm. Faltou mais ‘punch’ e, a meu ver, mais experiência por parte do Tiago. O que vocês têm a dizer sobre isso?
Benito –
Isso se deve ao que eu falei na resposta anterior. Ele teve pouco tempo para pegar as músicas, e a gente acabou apressando o processo. Com mais tempo, com certeza, teria ficado melhor. Ele é um baita vocalista, já fez vários shows e inclusive gravou com bandas anteriores.

Recife Metal Law – Com relação a gravação, ela ficou um pouco abafada, mas não chega a atrapalhar o desempenho do instrumental. Como foi trabalhar em estúdio para esse álbum?
Benito –
Tentamos tirar o melhor de cada instrumento no processo de gravação, mas há estúdios e estúdios. Nesse caso, não gravamos num estúdio que tem mais sensibilidade com o Metal, mas as próximas gravações serão num estúdio mais voltado ao nosso estilo.
Foi cansativo pela demora devido aos atrasos, mas no fim é sempre bacana ver a cria pronta.

Recife Metal Law – A parte gráfica também não teve o cuidado de um full lenght, vindo demasiadamente simples, parecendo encarte de uma simples Demo. Acredito que o que mais atrapalhou no resultado final foi trabalhar de forma independente e ter poucos recursos. Estou certo?
Benito –
Eu acho engraçado isso, porque se tivéssemos grana para lançar em vinil, a capa seria considerada algo foda. A capa é genial, feita pelo então guitarrista Marlon Cerqueira. As cópias são simples sim, e nisso você está certo. É pela dificuldade de se fazer algo de forma independente. Optamos em fazer assim, para que nosso material chegasse a todos os cantos. Se fosse uma Demo, acredite, não teria essa qualidade, e nem tampouco uma capa fudida dessas.

Recife Metal Law – Mas eu não falei da capa, da arte da capa, mas da parte gráfica, como um todo, tendo em vista que o encarte é simples, sem letras, entendeu?
Benito –
Claro que entendi. Apenas ressaltei que infelizmente pode passar batida a arte por conta disso. Mas como eu disse, achamos melhor fazer mais simples, para poder chegar a mais pessoas.
 
Recife Metal Law – Uma das músicas que mais me chamou a atenção foi “Out in the Fields”, onde os vocais do Tiago até que se saíram bem. Existe alguma mudança da banda tocando ao vivo para o que podemos ouvir saindo do estúdio?
Benito –
Estúdio é estúdio, ao vivo é ao vivo. Tocar exatamente como está no disco, de forma mecânica, tira a alma da coisa. Tudo num show influencia no que a banda está executando. Nenhum show sai igual ao outro. Como disse Heráclito: “Um homem nunca entra duas vezes num mesmo rio”.

Recife Metal Law – A parte lírica procura tratar de assuntos relacionados a pesadelos, angústias, histórias medievais, etc. Como foram criadas as letras para esse trabalho e quem é o principal letrista da banda?
Benito –
Eu escrevi muita coisa, o Diego e o Maicon também, e a maior parte mesmo foi escrita em conjunto por nós três. Surgia uma ideia, um levava para os outros, e íamos trabalhando em cima disso.

Recife Metal Law – O que esperar do Neogenese de agora por diante?
Benito –
O que todos podem esperar é muito empenho de nossa parte, tanto nas gravações, quanto nos shows, para fazer um som com qualidade para os que curtem. E esperamos alcançar novos ares, lançar material novo e divulgar nosso trabalho onde for possível.

Site: www.facebook.com/Neogenese

Entrevista: Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação