Joe Satriani: já à venda novo álbum
A versão do ‘carpe diem’ de Joe Satriani parece estar continuamente em jogo, como um mantra pronto para entrar em ação sem importar quais sejam as circunstâncias exatas. “The Elephants of Mars”, o 19º álbum de estúdio do virtuoso guitarrista, ganhou vida quando uma inesperada pandemia mundial se alastrou pelo globo.
Como tantas outras pessoas, o músico de São Francisco tinha planejado um 2020 bem agitado: a ideia original era lançar o seu álbum “Shapeshifting” e entrar em turnê mas, devido à situação mundial, ele mudou todos os seus planos e decidiu se manter ocupado gravando “dois álbuns soltos”, um instrumental e outro estruturado em torno do vocal, enquanto aguardava o dia que pudesse voltar à estrada. No entanto, à medida que o período de pandemia se alongava, ele percebeu que fazia sentido mudar, novamente, o foco e trabalhar para fazer um álbum instrumental apropriado.
Desde o início, Satriani tinha como objetivo criar um “novo padrão” para os álbuns instrumentais de guitarra. Ele reconhece que há muitas maneiras diferentes de se fazer isso e menciona os diversos álbuns de jazz, fusion e Rock que já existem por aí, além da “atual safra de músicos jovens e brilhantes” que estão tocando “diversos estilos”. Sem deixar de reconhecer tudo isso, ele observa que “eu sou produto da minha geração e sou o resultado final de todas essas influências”.
Ele se desafiou então a se afastar do que ele descreve como o tom “Rock Clássico” apresentado nos seus últimos álbuns e fazer “uma nova plataforma de seu próprio design”. “Ok, eu sei que tudo mundo está fazendo isso. Mas quero estar nessa nova área”, explica o guitarrista. “Quero mostrar às pessoas que um álbum instrumental de guitarra pode conter elementos muito mais criativos e divertidos do que acho que as pessoas estão usando atualmente”.
A faixa que abre o álbum, “Sahara”, imediatamente mostra que Satriani e sua banda estão indo fundo em um território anteriormente inexplorado, construindo rapidamente uma paisagem sonora cinematográfica que, musical e ritmicamente, parece estar cercado por uma desolação desértica. Originalmente a música foi pensada para ter vocal (com o título “Sahara Love Is the Answer”), mas o tecladista Eric Caudieux pediu que Satriani desse uma segunda olhada na faixa para convertê-la em um instrumental. Como resultado dessas trocas de ideias musicais com Caudieux, surgiu uma das músicas favoritas do guitarrista que decidiu que a esta música abriria o álbum.
O contínuo trabalho do Satriani em músicas relacionadas a sua série de história em quadrinhos Crystal Planet deu origem à faixa-título. Ele comentou que a versão demo tinha uma batida do tipo Nine Inch Nails construída em torno de sintetizadores e uma seção de guitarra em que ele havia trabalhado anos atrás. Ele ficou fascinado com uma parte que soava em seus ouvidos como “elefantes eletrônicos com o ar passando pelas trombas e tudo mais”. Pegando a mesma parte de guitarra como inspiração, Satriani gravou uma nova versão da linha de guitarra e começou a manipular outras partes da música. “Eu escrevi uma seção onde poderia fazer um solo de guitarra totalmente aberto e tive a ideia de usar a escala simétrica”, lembra ele. “Eu só pensei que era muito divertido e tão estranho que se encaixaria no significado da música”.
Construindo uma seção intermediária e um solo final, agora era a hora de libertar os elefantes. “A ideia era que tínhamos que aumentar esses elefantes porque isso realmente define a música”, começa Satriani. “Mas como conseguir que aquele patch estranho de sintetizadores combine com Kenny, Bryan e Joe indo à loucura? No fim, Rai entrou e fez uma espécie de Jon Lord do Deep Purple durante toda a música”. Satriani complementou: “Estávamos literalmente trabalhando em seções e cruzando os dedos para que funcionasse”. Felizmente, eles conseguiram alcançar a tempestade perfeita.
O baterista Kenny Aronoff e Caudieux estavam em Los Angeles e puderam trabalhar juntos com o produtor nas partes de Aronoff no estúdio do baterista. Com cada um isolado em diferentes áreas do estúdio, Caudieux conseguiu extrair uma excitante variedade de performances da lenda da bateria. “Recebi algumas das coisas mais loucas dessas sessões”, reflete Satriani. As partes de marimba em “Night Scene” foram inéditas tanto para o guitarrista quanto para o baterista. E da mesma forma, todos os músicos tinham a liberdade de usar a criatividade no “The Elephants of Mars” e compartilhar um lado de si mesmos que nunca antes foi mostrado. “Eric e eu estávamos realmente interessados em garantir que todos sentissem isso, que cada canção era uma oportunidade para eles mergulharem de cabeça na música como uma entidade única”, esclarece o guitarrista.
Com tom futurista, “Through a Mother’s Day Darkly” é outra música que tem um pezinho no mundo de Crystal Planet. Satriani escreveu um esboço inicial num violão de sete cordas que estava empoeirando no estojo há vários anos. Ele gostou da “performance suja e punk do violão de sete cordas”, mas não sabia para onde ir a partir daí. E mais uma vez, foi o Caudieux que “salvou o dia” e apresentou a ideia de adicionar elementos orquestrais. Porém, foi uma luta que durou meses descobrir como manter a “guitarra crua na performance” que ambos viam como parte fundamental da música.
A dramática narração de Ned Evett, parceiro de Satriani na HQs, contribui para dar um inesperado toque de ficção científica a “The Elephants of Mars”. “Through a Mother’s Day Darkly” leva os ouvintes a uma emocionante jornada que se encaixa surpreendentemente bem na sequência do álbum.
Em última análise, “The Elephants of Mars” se destaca por ser um dos álbuns mais intrigantes e interessantes da carreira de Satriani pois o guitarrista e seus companheiros de banda pegaram as estradas menos percorridas.
“Como eu quero que meu fã se sinta quando ouvir este álbum?”, indaga Satriani. “A mensagem que você tenta passar e todo o resto está fora de seu controle de qualquer maneira. Você não pode decidir o que as pessoas devem gostar ou não gostar, então você apenas segue seu coração”. E isso já é mais do que suficiente para que você se arrisque nesta experiência.
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Um lançamento da parceria Shinigami Records/earMUSIC/Sound City Records.