EUTANOS
Apesar de não ser um nome tão propagado no Brasil, a banda equatoriana Eutanos já tem uma ligação com o nosso país que já dura anos. Em parceria com o ColdBlood, com quem, inclusive, já dividiu um Split, a banda já tocou por esses lados. Ativa desde 2003, a banda é bastante ativa, fazendo diversos lançamentos entre Demos, splits, full lenght. Como muitas bandas do Underground, a Eutanos já passou por diversas formações, e atualmente conta com German Mora (baixo), David Tomaselli (bateria), Roberto Hurtado e David Armas (guitarras) e James Peterson (vocal). James nos contou um pouco sobre a história da banda, turnês, percalços para sobreviver no Underground, entre outros tópicos.
Recife Metal Law – O Eutanos surgiu em 2003 e de lá para cá mantém uma regularidade em seus lançamentos. O quão importante é manter esse regularidade de lançamentos para a banda?
James Peterson – Saudações a todos os leitores do Recife Metal Law! A regularidade de lançamentos da banda é unicamente uma questão de continuar evoluindo com nosso trabalho; com cada álbum nosso aprendemos mais e arranjamos força para continuar compondo e tentando chegar ao maior público possível. Nossos lançamentos não tem uma data exata, simplesmente fluem. E quando fazemos alguma tour, queremos levar material novo (perdão pelo meu ‘portunhol’. Espero que os leitores possam entender completamente, caso contrário aprendam espanhol, porra! risos). (NDE.: James respondeu a entrevista tentando o português, na verdade, como ele próprio mencionou, em ‘portunhol’. Devidamente revisada, passei a entrevista toda para o português).
Recife Metal Law – Eu conheci o Eutanos a partir do Split que a banda lançou ao lado do ColdBlood. Mas a banda já vem mantendo certa proximidade com a cena Underground brasileira faz um tempo. Quais os frutos colhidos com essa proximidade com o Underground do Brasil?
James – Nós conseguimos muitos shows bons no Brasil. Obrigado a parceria, Markus (baterista do ColdBlood)! Nós tocamos com o Krisiun, Malevolent Creation, Ratos de Porão, Hellkommander, Lastima, Anonymous Hate (agora Visceral Slaughter), entre outras bandas, e os frutos colhidos foram foda! Agora Equador e Brasil tem muita comunicação e intercâmbio de bandas. A imprensa especializada tem falado de nós. Quando eu viajei com a banda The Grief muitas pessoas me reconheceram e ao meu trabalho com o Eutanos. Precisamos voltar novamente. Esperamos poder fazer isso ainda em 2017.
Recife Metal Law – E de onde vem o nome Eutanos? Qual o seu real significado?
James – A banda começou quando éramos muito jovens; tínhamos em torno de 17 anos quando começamos. Queríamos um nome que nenhuma outra banda no mundo tivesse, então criamos a Eutanos, a raiz da Eutanásia, a boa morte. Acreditamos que essa palavra tem um significado único; é o Black e Death Metal técnico contra toda a religião e lixo político que tem nos atrapalhados neste sistema da merda!
Recife Metal Law – O mais recente trabalho da banda é o álbum “The Satan God”, que mantém as características primordiais do Eutanos, ou seja, um feroz Black Metal com partes instrumentais influenciadas pelo Grindcore. Como foi o processo criativo desse álbum?
James – Esse álbum pode ser o resultado do giro brasileiro do Eutanos. Conhecemos muitas pessoas, muitas bandas e o resultado simplesmente tem que ser melhor cada vez. Os compositores do álbum foram mais Roberto Hurtado (guitarra) e Bismarck Leyton (ex-guitarrista). Eles moravam a três minutos um do outro, então sentaram e compuseram a maioria dos riffs e ideias. As letras são minhas e, sim, estamos sempre tentando fazer um som extremo, sem tocar somente um gênero. Você pode encontrar Death, Black, Grindcore, um pouco de Thrash e até Black and Roll! Agora me encontro regravando os vocais desse álbum (não fiquei satisfeito com o resultado final). Gravamos, editamos e masterizamos todo o álbum em apenas 22 dias. Foi muito louco! Mas queríamos apresentar essas novas músicas na Europa. Este CD tem melhores músicos e este é o resultado.
Recife Metal Law – A produção sonora e gráfica do álbum estão acima da média, porém o encarte não traz letras e nem foto da banda. Isso foi uma decisão da banda ou se deu em razão de limitação de verba?
James – Como falei antes, tínhamos uma tour europeia e não podíamos fazer muito; dinheiro e o tempo foram uma decisão difícil; toda a banda gastou cerca de 26 mil dólares nessa tour. Recebemos muito pouco dinheiro, mas, também, muita energia, aprendizagem, LSD, maconha, Borovitchka, cervejas e a beleza das mulheres. (risos) Na verdade uma banda não pode tocar pela Europa se não tiver culhões. As coisas são muito profissionais e têm muita competência. Editamos uma K-7 faz pouco tempo, trazendo um poster com as letras e as novas músicas regravadas e remasterizadas. Vou compartilhar o link ao fim da entrevista para que possam ouvir como é o novo som desse álbum.
Recife Metal Law – As sete músicas contidas nesse trabalho contém um grande poder de destruição. Algumas músicas são cantadas em espanhol. Por que usar o idioma nativo da banda em algumas músicas desse álbum?
James – Nós acreditamos que o idioma e um fator de relevante importância. Cantamos extremo assim para que a mensagem tenha que ser lida na posterioridade. (risos) Mas existem algumas coisas que não vão ter um som tão destrutivo se cantado em inglês e vão ter mais sentido em nosso idioma. Acredito que é o mesmo com o português se você pode colocar toda sua força em falar “filho da puta!” do que falar “motherfuckers” (entende?). Vamos tentar em outros CDs utilizar mais idiomas antigos, como sumério, qichua (idioma dos indígenas no Ecuador) sânscrito, etc.
Recife Metal Law – Uma das músicas que mais me chamou a atenção foi “Satanico Pra Caralho”, obviamente em razão de seu título. Mas a parte instrumental é bem atrativa e violenta. Como surgiu a ideia de fazer essa música e de a intitular assim?
James – (risos) A história tem muita graça, pois a banda de Heavy Metal Syren (do Rio de Janeiro) ficou na minha casa e Markus falando com eles contou que a próxima placa do Coldblood iria ficar “Satânica Pra Caralho” (“Chronology of Satanic Events), então eu disse que esse era um bom nome para uma música. Despois quando o Coldblood fez uma tour sul-americana conosco, fizemos a composição da música. A letra desse som é em português e espanhol e o tema é mandar tomar no cu todos esses filhos da puta testemunhas de Jeová! (risos)
Recife Metal Law – Ainda sobre essa música, MKult, da banda brasileira ColdBlood faz uma participação nela. Eutanos e ColdBlood parecem ter uma proximidade muito grande. Como se deu essa parceria?
James – Nós fizemos o primeiro show internacional do ColdBlood no Equador em 2009 e eles nos ajudaram a tocar pelo Brasil em 2012. É a parceria e irmandade entre as bandas do Underground, cara! Qualquer banda que queira trabalhar em conjunto para a cena, sem egoísmo e individualidade, são bem vindas aqui no Equador e com o trabalho que fazemos com a Black Dragon Prods.
Recife Metal Law – Sobre participações no álbum, foram diversas, inclusive com uso de instrumentos e vocais exóticos, em se falando do estilo praticado pela banda. De que forma vocês trabalharam essas participações e quais os resultados que vocês queriam alcançar?
James – Queria misturar mais coisas, usar vocais que eu não posso fazer e que iriam enriquecer a nossa música. A música que tem mais elementos de artistas convidados é “One Thousand Headed Goddess Cum”.
Recife Metal Law – “The Satan God” foi lançado em 2014, então é de se esperar que a banda já tenha novas músicas compostas. Vocês já pensam em lançar um novo material, talvez em 2017?
James – Vamos lançar um split agora em 2017. Esperamos que sejam com uma banda da Hungria, com a qual estamos conversando: Grave Crusher. Se eles não aceitarem, podem dar uma ouvida. É uma boa banda, recomendada pra caralho! (risos) Estamos agora compondo novos temas e serão muito mais evoluídos que o “Satan God”. Assim preparem suas massas encefálicas, porra!
Recife Metal Law – O Eutanos já tocou em alguns países, tanto da América do Sul como da Europa. Quais são os principais obstáculos que a banda encontra para tocar fora do Equador?
James – O único problema é o mesmo problema em todo o mundo, cara: pouco público. Então, a maioria do investimento para viajar cobre a banda ao menos nas passagens de avião. Temos convites para tocar em festivais, mas não podemos fazer mais que uma boa tour a cada dois anos. A tour pela Europa foi em 2014 e ainda não acabamos de pagar o booking e passagens. Mas fazer Metal nunca foi pensado como um negócio, mas como um prazer, um estilo de vida e algo que alimenta O FOGO da arte e da subversão. Curta nossa página no Facebook e quem quiser fazer o download de nossa tape compilação pelos 13 anos da banda, clique aqui mediafire.com/download/4glbrb8ooopa51d/Eutanos_-_13_cthulhu.rar.
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Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação